ebook img

Santo Agostinho - O mérito, o perdão dos pecados e o batismo dos bebês PDF

1.9 MB·Portuguese
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview Santo Agostinho - O mérito, o perdão dos pecados e o batismo dos bebês

Santo Agostinho O Mérito, o Perdão dos Pecados e o Batismo dos Bebês Tradução: Souza Campos, E. L. de Teodoro Editor Niterói – Rio de Janeiro – Brasil 2018 O mérito, o perdão dos pecados e o batismo dos bebês. Santo Agostinho Refutação daqueles que afirmam que Adão morreria, mes- mo que ele não tivesse pecado e que a geração não transmite ab- solutamente nada desse pecado aos seus descendentes. A morte do ser humano foi a consequência, não da necessi- dade da natureza, mas do mérito de seu pecado. Toda a descen- dência de Adão foi, aliás, englobada em seu pecado e os bebês recebem o batismo para a remissão desse pecado original. Livro I A morte vem do pecado Capítulo 01 Prefácio Jogado como que no meio de temíveis vagas de preocupa- ções e problemas que levantam ao nosso redor os pecadores que abandonam a Lei de Deus1 e obrigado, aliás, a imputar essas tem- pestades aos tristes méritos de nossos pecados pessoais, mais uma 1 Provavelmente uma referência aos donatistas, que perturbavam naquele momento a Igreja da África. Santo Agostinho – O mérito, o perdão dos pecados e o batismo dos bebês dívida nos foi criada, bem amado Marcelino, por sua consulta tão confiante, o que o que o torna, aos nossos olhos, ainda mais inte- ressante e mais amável e, apesar de todos os obstáculos, eu não quis __ ou, para ser mais sincero, eu não pude __ adiar por mais tempo a quitação de minha dívida para com você. Eu me senti levado a isso, seja pelo amor, graças ao qual somos um só nesse Ser sublime que não pode mudar, mas que nos mudará um dia para melhor, seja pelo medo de ofender em você o Deus que inspirou em você esse desejo, enquanto que, ao atendê- lo eu serviria Aquele que lhe sugeriu esta ideia. Sim, repito, eu me senti levado, pressionado, arrastado a re- solver, na medida das minhas forças tão enfraquecidas, as ques- tões que você me colocou por escrito. Desde então esses proble- mas assumiram, em minha mente, prioridade sobre todos os outros assuntos e hoje me decidi a fazer um trabalho qualquer que fosse capaz de provar que eu quis me colocar __ se não de forma sufici- ente, pelo menos com obediência __ a serviço da boa vontade que você demonstra e todos aqueles que se interessam por estas ques- tões. 3 Santo Agostinho – O mérito, o perdão dos pecados e o batismo dos bebês Capítulo 02 Adão não morreria se não tivesse pecado. Muitos afirmam que Adão foi criado com a condição de morrer, mesmo que ele não tivesse merecido isso por causa do pecado. Isso teria sido para ele não uma punição por um erro, mas uma necessidade da natureza. Consequentemente, quando lemos na Lei de Deus esta sentença terrível: Não comas do fruto da ár- vore da ciência do bem e do mal, por que, no dia em que dele co- meres, morrerás indubitavelmente2, dizem que isso não se refere à morte física, mas à morte que o pecado provoca na alma. A essa morte cuja obra o Senhor mostrou nos infiéis, quando, falando deles, disse: “Siga-me e deixe que os mortos enterrem seus mor- tos”3. Mas, o que responder, diante desta hipótese, ao texto onde lemos que, logo após o pecado, Deus dirige ao ser humano esta sentença de condenação: És pó e pó te hás de tornar4? Evidentemente que não era sua alma que era pó, mas seu corpo e era com a morte desse corpo que o ser humano deveria retornar ao pó. 2 Gênesis 2: 17. 3 Mateus 8: 22. 4 Gênesis 3: 19. 4 Santo Agostinho – O mérito, o perdão dos pecados e o batismo dos bebês Da mesma forma também, mesmo sendo pó com seu corpo, mesmo conservando por um tempo esse corpo puramente animal, com o qual ele foi criado, ele deveria, no entanto, se não tivesse pecado, ser um dia transformado em um corpo espiritual e passar, assim, sem a experiência da morte, para a condição nova de incor- ruptibilidade que é prometida aos fiéis e aos santos. Um feliz es- tado em que somente sentimos o desejo em nós mesmos, mas cujo conhecimento temos através desta lição do Apóstolo: Por isto suspiramos e anelamos ser sobrevestidos da nossa habitação ce- leste, contanto que sejamos achados vestidos e não despidos. Pois, enquanto permanecemos nesta tenda, gememos oprimidos. Desejamos ser, não despojados, mas revestidos com uma veste nova por cima da outra, de modo que o que há de mortal em nós seja absorvido pela vida5. Concluamos que, se Adão não tivesse pecado, ele não teria sido despido de seu corpo, mas receberia sobre a carne uma ves- timenta de imortalidade e incorruptibilidade, de sorte que o ele- mento mortal teria sido absorvido pela vida, ou seja, a parte ani- mal nele teria se tornado totalmente espiritual. 5 2 Coríntios 5: 2-4. 5 Santo Agostinho – O mérito, o perdão dos pecados e o batismo dos bebês Capítulo 03 Diferença entre ser mortal e ser sujeito à morte. De fato, podia ser que o ser humano vivesse por mais tempo em seu corpo animal e que ele não tivesse que temer o peso da velhice e os lentos progressos da idade que o teriam levado à mor- te. O Deus dos israelitas não concedeu às suas vestimentas e aos seus calçados o privilégio de não se desgastarem durante os lon- gos anos de sua peregrinação no deserto?6 Seria então uma coisa espantosa que a obediência do ser humano lhe tivesse valido, por parte desse mesmo soberano poder, um favor análogo, que seria ter um corpo animal e mortal, mas dotado, no entanto, de uma estabilidade que o impediria de se en- fraquecer, apesar do acúmulo dos anos e que o fizesse ir do estado mortal à imortalidade, no tempo marcado por Deus e sem a inter- mediação da morte? De fato, ninguém dirá que nossa carne, tal como a temos no presente, não possa ser ferida, alegando que não é necessário que ela se fira, da mesma forma que não se poderia pretender que a carne do primeiro ser humano fosse imortal por que não era ne- cessário que ela morresse. 6 Cf. Deuteronômio 29: 5. Eu vos conduzi durante quarenta anos pelo deserto, sem que vossas vestes se gastassem sobre vós, nem os sapatos de vossos pés. 6 Santo Agostinho – O mérito, o perdão dos pecados e o batismo dos bebês Esta é, eu penso, a condição em que Deus quis colocar aque- les que ele transportou para fora deste mundo sem fazê-los sofrer a morte, mas lhes conservando, no entanto, seu corpo animal e mortal. Henoc e Elias não se desgastaram em uma velhice decrépita, apesar de sua vida tão prolongada e, no entanto, não creio que é uma mudança como esta que nos é prometida por ocasião da res- surreição, cujo exemplo nos foi fornecido pelo próprio Jesus Cris- to Nosso Senhor, tendo já espiritualizado sua carne; exceto em um ponto talvez: eles não teriam atualmente necessidade do alimento que consumimos para manter nossas forças. Depois de sua elevação, pelo contrário, eles viveriam sem experimentar a fome, como Elias viveu quarenta dias sem alimen- to, com somente um vaso d’água e um pedaço de pão7. Ou, se eles ainda precisarem dos alimentos que sustentam a vida, talvez eles os encontrem no Paraíso, como Adão encontrava antes de mere- cer, por causa de seu pecado, ser expulso dele. Pelo que eu posso imaginar, as plantas em geral ofereciam ao nosso primeiro pai o necessário para reparar os desgastes comuns e a árvore da vida, em particular, lhe propiciava um estado de estabilidade que o pre- servava da velhice. 7 1 Reis 19: 1-8. 7 Santo Agostinho – O mérito, o perdão dos pecados e o batismo dos bebês Capítulo 04 A morte do corpo vem mesmo do pecado. Eu não sei mesmo como é possível entender de outra manei- ra a morte física; essa sentença pronunciada pela vingança divina: És pó e pó te hás de tornar. Mas, além deste oráculo, há outros em que se vê com toda evidência que o pecado fez o gênero humano inteiro merecer a morte, não somente da alma como também do corpo. Como esta passagem de São Paulo aos romanos: Ora, se Cristo está em vós, o corpo, em verdade, está morto pelo pecado, mas o espírito vive pela justificação. Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós8. Uma máxima tão clara e tão evidente não precisa, eu acho, ser comentada, mas apenas ser lida. Ele diz: o corpo está morto, não por causa de sua fragilidade terrestre e por que é feito do pó da terra, mas, pelo pecado. Que dúvida ainda há? Ele cuidadosamente evitou dizer: “o corpo é mortal”. Ele disse: o corpo está morto. 8 Romanos 8: 10 e 11. 8 Santo Agostinho – O mérito, o perdão dos pecados e o batismo dos bebês Capítulo 05 Diferença entre mortal, morto e certeza de morrer. Antes de ser passado para esse estado de incorruptibilidade que nos promete a ressurreição dos mortos, o corpo podia ser mor- tal sem jamais, de fato, ter sofrido a morte, exatamente como nos- so corpo no estado atual, se posso falar assim, pode ser capaz de adoecer mesmo que a doença, de fato, não o atinja. Suponhamos uma pessoa que morra sem nunca ter ficado doente. Podemos dizer que sua carne não era suscetível à doença? Assim, o corpo de Adão era mortal no início, mas essa mor- talidade seria eliminada por uma transformação que lhe daria uma incorruptibilidade eterna, se a sua justiça, ou seja, sua obediência tivesse persistido. Mas esse corpo mortal se tornou morto por cau- sa do pecado. Pelo contrário, assim será, na ressurreição que virá, nossa feliz transformação, que não guardará, não apenas nenhum germe dessa morte causada pelo pecado, como também a mortalidade que o corpo animal tinha antes do pecado. Desta forma, São Paulo não diz: O Espírito daquele que res- suscitou Jesus dos mortos dará a vida aos vossos corpos “mor- tos”, mesmo tendo utilizado antes a expressão “corpo morto”. Mas ele diz: dará a vida aos vossos corpos “mortais”, para nos 9

See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.