Saberes tradicionais e locais reflexões etnobiológicas Marcelo Guerra Santos Mariana Quinteiro (orgs.) SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros SANTOS, M.G., and QUINTERO, M., comps. Saberes tradicionais e locais: reflexões etnobiológicas [online]. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2018, 191 p. ISBN: 978-85-7511-485-8. https://doi.org/10.7476/9788575114858. All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license. Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribição 4.0. Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento 4.0. Saberes tradicionais e locais UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Reitor Ruy Garcia Marques Vice-reitora Maria Georgina Muniz Washington EDITORA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Conselho Editorial Glaucio José Marafon (presidente) Henriqueta do Coutto Prado Valladares Hilda Maria Montes Ribeiro de Souza Italo Moriconi Junior José Ricardo Ferreira Cunha Lucia Maria Bastos Pereira das Neves Luciano Rodrigues Ornelas de Lima Maria Cristina Cardoso Ribas Tania Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira Anibal Francisco Alves Bragança (EDUFF) Katia Regina Cervantes Dias (UFRJ) Marcelo Guerra Santos Mariana Quinteiro (Organização) Saberes tradicionais e locais Reflexões etnobiológicas Rio de Janeiro 2018 Copyright (cid:3)(cid:164) 2018, EdUERJ Todos os direitos desta edição reservados à Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de parte do mesmo, em quaisquer meios, sem autorização expressa da editora. EdUERJ Editora da UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Rua São Francisco Xavier, 524 – Maracanã CEP 20550-013 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil Tel./Fax.: 55 (21) 2334-0720 / 2334-0721 www.eduerj.uerj.br [email protected] Editor Executivo Glaucio Marafon Coordenadora Administrativa Elisete Cantuária Coordenadora Editorial Silvia Nóbrega Assistente Editorial Thiago Braz Coordenador de Produção Mauro Siqueira Supervisor de Revisão Elmar Aquino Revisão João Martorelli / Iris Figueiredo Capa Júlio Nogueira (cid:51)(cid:85)(cid:82)(cid:77)(cid:72)(cid:87)(cid:82)(cid:3)(cid:42)(cid:85)(cid:105)(cid:191)(cid:70)(cid:82)(cid:3) Emilio Biscardi Diagramação Editora Morandi CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/REDE SIRIUS/NPROTEC S115 Saberes tradicionais e locais : reflexões etnobiológicas [recurso eletrônico] / Marcelo Guerra Santos, Mariana Quinteiro, organização. - Rio de Janeiro : EdUERJ, 2018. 1 recurso online (192 p.) : ePub. (cid:70)(cid:14)ISBN 978-85-7511-48(cid:22)(cid:14)(cid:25) (cid:18)(cid:15) Biologia. 2. Botânica. 3. Ecologia. I. Santos, Marcelo Guerra. II. Quinteiro, Mariana. CDU 57 Bibliotecária: Leila Andrade CRB7/4016 SUMÁRIO Apresentação .............................................................................................................. 7 Prefácio ...................................................................................................................... 9 CAPÍTULO I. Saberes tradicionais e a história da paisagem ................................... 15 Rogério Ribeiro de Oliveira CAPÍTULO II. Agroecologia e as práticas tradicionais: reconhecendo os saberes ancestrais ............................................................................................... 29 Mariana Martins da Costa Quinteiro e Karla Beatriz Lopes Baldini CAPÍTULO III. Saberes tradicionais e a segurança alimentar .................................. 51 Odara Horta Boscolo e Joyce Alves Rocha CAPÍTULO IV. Plantas medicinais: saberes tradicionais e o sistema de saúde ........73 Marcelo Guerra Santos e Ana Cecília Bezerra Carvalho CAPÍTULO V. Pesquisas etnobotânicas em unidades de conservação no estado do Rio de Janeiro, Brasil ........................................................................101 Viviane Stern da Fonseca Kruel, Juan Gomes Bastos e Cyl Farney Catarino de Sá CAPÍTULO VI. Os saberes tradicionais e locais e as indicações geográficas: o caso das plantas medicinais do Brasil .................................................................127 Lucia Regina Rangel de Moraes Valente Fernandes, Sandra Aparecida Padilha Magalhães Fraga e Vanise Baptista da Costa CAPÍTULO VII. Saberes tradicionais e o desafio da multiculturalidade nas instituições de ensino.......................................................................................149 Mariana Martins da Costa Quinteiro e Lana Cláudia Fonseca CAPÍTULO VIII. Relatos históricos e sustentabilidade: um campo de possibilidades fundamentado na etnobotânica .................................................... 169 Luci de Senna Valle, Maria Franco Trindade Medeiros e Luiz José Soares Pinto Sobre os autores ........................................................................................................ 183 Sobre o ilustrador ..................................................................................................... 191 APRESENTAÇÃO A conservação da natureza passou a fazer parte das prioridades das socie- dades modernas. Confrontada com diferentes formas de degradação, em escala planetária, a humanidade atual tem como um de seus principais en- foques a proteção do mundo natural. Nesse contexto, a biodiversidade tem ganhado especial destaque, com grande ênfase dada às espécies de flora, fauna de determinada região. Tornou-se assim comum a crença de que o paradigma do uso ilimi- tado dos recursos naturais deve ser substituído pelo paradigma da “sus- tentabilidade”, que sugere responsabilidades socioambientais nas mais diversas dimensões do “estar no mundo” pelo ser humano. Em torno do conceito de “sustentabilidade” estão reunidos diferentes grupos sociais, que buscam uma visão alternativa de futuro para responder efetivamente à crise ambiental. Para alcance desse objetivo, foram criadas diferentes formas de políti- cas públicas, Unidades de Conservação, currículos acadêmicos e escola- res, protocolos de plantio e de segurança alimentar, entre outras ações. Entretanto, a simples implantação dessas iniciativas não é suficiente para proteção e recuperação dos ecossistemas ameaçados, sendo necessá- ria a inclusão de propostas de manejo para que a própria sociedade seja responsável pela sua conservação. A nova concepção da sustentabilidade requer uma mudança fundamental na percepção de que o meio ambiente não está limitado aos ecossistemas biofísicos, mas inclui uma rede de in- terações entre a consciência humana, os sistemas sociais e o meio natural. O conceito de “etnobiodiversidade” nos mostra que a diversidade bio- lógica é influenciada não apenas pelas condições ecológicas, mas também pelas tradições culturais e a experiência acumulada por comunidades hu- manas durante o manejo de seu ambiente. 7 8 SABERES TRADICIONAIS E LOCAIS: REFLEXÕES ETNOBIOLÓGICAS Assim, muito se tem discutido sobre o impacto negativo da socieda- de humana sobre a biodiversidade, em especial pelo forte desequilíbrio gerado pelas sociedades industrializadas modernas. Entretanto, pouco se tem estudado sobre como comunidades locais exploram, conservam e enriquecem a biodiversidade, compondo a “sociodiversidade” de deter- minada região. Muitos ecossistemas brasileiros abrigam comunidades humanas de grande diversidade sociocultural, que desenvolveram estilos de vida rela- cionados aos ambientes naturais específicos, com suas visões de mundo particulares, conhecimento extenso e minucioso dos processos naturais. Estabelecem, também, relações com o mundo natural distintas das que prevalecem nas sociedades urbano-industriais. É evidente que, nessas discussões, generalizações não são apropriadas em nenhum dos sentidos. Incorreria um erro a visão simplista do “Mito do bom selvagem”, romantizando as formas de viver das comunidades tradicionais como sempre sendo de impactos positivos em seus meios na- turais. Igualmente, as sociedades modernas promovem incríveis avanços no sentido da proteção da biodiversidade. O que se propõe aqui é uma reflexão ao nosso modelo de conservação e educação vigentes, base da “sustentabilidade” que buscamos alcançar, considerando a importância dessas culturas rústicas, de seu resgate e va- lorização. Algumas perguntas que nortearam os apontamentos que se seguem versam sobre os “saberes tradicionais” da sua relevância em um mundo globalizado. Qual a importância de trazer à tona essas formas tradicionais de conce- ber o universo se as culturas e os modos de observação da realidade que nos cerca se encontram em constante mudança? Quais ferramentas dispomos para tanto, ou seja, como podemos exer- cer práticas em que esses saberes sejam, efetivamente, ressignificados? Marcelo Guerra Santos Mariana Martins da Costa Quinteiro