A Teoria Social, enquanto um fluxo constante de palavras e práticas, sempre passou por transformações, ganhando novos contornos ao longo do tempo, assim como um rio ajusta seu curso dependendo da geografia do espaço. Sua face contemporânea é mais radical, intensa, muitas vezes até ácida, indo muito além do que Jeffrey Alexander chamou de novo movimento teórico, ultrapassando o simples compromisso de síntese de categorias. As transformações, ao menos recentemente, seguem um padrão descentrado, rizomático, sem aquela rigidez e centralidade que costumavam conduzir o percurso sociológico. O propósito dessa tese, toda ela costurada no formato de um ensaio, é compreender um pouco esse instante vivido pela Teoria Social Contemporânea, essa espécie de retomada teórica, ao perceber seus limites e suas implicações, recorrendo, ao mesmo tempo, às principais obras do sociólogo francês Bruno Latour, como “Irreductions”, tendo como background os escritos de Graham Harman e tantos outros representantes da OOO (Ontologia Orientada ao Objeto). “Irreductions”, na verdade, é um anexo do livro “Pasteurização da França”, publicado em 1984. Com suas 86 páginas, acompanhadas de um tom aforismático, muito próximo ao nietzschiano, Latour deixa transparecer o seu vínculo com a Teoria Social Alternativa (T.S.A), retomando figuras como Espinosa, Nietzsche, Deleuze, Whitehead, Gabriel Tarde e muitos outros. Como consequência dessa abertura epistemológica, da superação daquilo que Latour chamou de ciências transcendentais, uma pluralidade de instâncias de sentido começa a reivindicar terreno no campo sociológico, esse não mais sufocado por uma única cadeia de significação. Teoria Social, agora, deixa de ser apenas o estudo das interações humanas, ao abrir espaço para outras potencialidades (ou seriam virtualidades?), incluindo até mesmo seres inanimados.