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Rubem Braga - um cigano fazendeiro do ar PDF

573 Pages·2013·7.89 MB·Portuguese
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RUBEM BRAGA: UM CIGANO FAZENDEIRO DO AR MARCO ANTONIO DE CARVALHO Copyright © 2007 by Marco Antonio de Carvalho Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida – em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação etc. – nem apropriada ou estocada em sistema de bancos de dados, sem a expressa autorização da editora. Texto fixado conforme as regras do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo no 54, de 1995). Editor responsável: Ana Lima Cecilio Editor assistente: Juliana de Araujo Rodrigues Editor digital: Erick Santos Cardoso Preparação: Helyo da Rocha Revisão técnica: Alvaro Costa e Silva Revisão: Carmen T. S. Costa, Lucimara Carvalho Diagramação: Negrito Produção Editorial, Paula Korosue Índice: Luciano Marchiori Capa: Delfin [Studio DelRey] Foto da capa: Vítor Nogueira Digitalização e fotografias das imagens do ieb: Denis Pierre Araki 1ª edição, 2007 2ª edição, 2013 CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ Carvalho, Marco Antonio de, 1950-2007 C325r Rubem Braga : um cigano fazendeiro do ar / Marco Antonio de Carvalho. - [2. ed.]. - São Paulo : Biblioteca Azul, 2013. il. ISBN 978-85-250-5544-6 1. Braga, Rubem, 1913-1990. 2. Escritores brasileiros - Biografia. I. Título. 13-02138 CDD: 928.69 CDU: 929:821.134.3(81) Direitos de edição em língua portuguesa para o Brasil adquiridos por Editora Globo s.a. Av. Jaguaré, 1485 – 05346-902 – São Paulo – sp www.globolivros.com.br Sumário Capa Folha de rosto Créditos Agradecimentos Epígrafe Apresentação Abertura 1870, PORTUGAL - OS IRMÃOS DE BRAGA 1896, CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM - OS COELHO BRAGA 1922 - RUBINHO VÊ O RIO 1928 - “O CORREIO DO SUL” 1929, NITERÓI - A MORTE E A ALIANÇA LIBERAL 1930, RIO DE JANEIRO - VARGAS E O FIM DO CORONEL 1931, RIO DE JANEIRO - A NOVA ORDEM 1932, BELO HORIZONTE - UMA ALMA PURA E DELICADA 1932 (AINDA), BELO HORIZONTE - ESTADO DE MINAS 1933, SÃO PAULO - GAROA E POLÍTICA 1934 - UM HUMORISTA IRRITADIÇO 1935, RECIFE - “FOLHA DO POVO” 1936 - O CONDE E O PASSARINHO 1937, SÃO PAULO - UM ESTADO NADA NOVO 1939, PORTO ALEGRE - UMA FUGA ESTRATÉGICA 1940, SÃO PAULO - O COZINHEIRO DO TRIVIAL 1946, RIO DE JANEIRO - A CASA DAS BICICLETAS 1947, PARIS - PROUST E TONIA 1950, PARIS - A TENDA DE SAPATEIRO 1951 - A CRÔNICA DA CIDADE 1952-53 - COMÍCIO E MANCHETE 1954 - A VIDA SEM VARGAS 1957 - FUTURO ÓRFÃO DE JÂNIO 1960 - NOSSO HOMEM EM HAVANA 1961, MARROCOS - O SENHOR EMBAIXADOR 1963 - O SABIÁ DE IPANEMA 1964 - OPERAÇÃO COCÔ OU O GOLPE ANUNCIADO 1968 - A CIDADE MUDA 1970 - A LONGA NOITE NO ANTONIO’S 1975 - HOJE NA GLOBO 1980 - TEMPO DE PEQUENAS MORTES Epílogo Nota Do Autor Entrevistas Agradecimentos Bibliografia Nota Editorial Índice Remissivo Caderno de fotos O autor agradece a Higner Mansur, cachoeirense e amigo da cultura, que deu condições para que as primeiras pesquisas deste trabalho fossem realizadas. O autor agradece a Carlos Onofre Penha, Flávio Sader e o Movimento Avança Cachoeiro, que tornaram possível a realização das últimas entrevistas que fazem parte desta biografia. O autor agradece à Conexão Eventos, de Guapimirim, e a José Carlos Della Vedova, pelo silêncio do Sítio Dedo de Deus, onde pôde escrever em paz. * Esse livro é especialmente dedicado a Julia que, apesar de tudo, ainda acredita no pai dela. E a Isabel Themudo, que me deu tempo para me dedicar ao texto, enquanto cuidava de mim e do pequeno Gabriel. Este livro deve muito a ela. Eu também. Houve um tempo em que sonhei coisas – não foi ser eleito senador federal nem nada, eram coisas humildes e vagabundas que entretanto não fiz, nem com certeza farei. Era, por exemplo, arrumar um barco de uns 15, 20 metros de comprido, com motor e vela, e sair tocando devagar por toda a costa do Brasil, parando para pescar, vendendo banana ou comprando fumo de rolo, não sei, me demorando em todo portinho simpático – Barra de São João, Piúma, Regência, Conceição da Barra, Serinhaém, Turiaçu, Curuçá, Ubatuba, Garopaba – ir indo ao léu, vendo as coisas, conversando com as pessoas – e fazer um livro tão simples, tão bom, que até talvez fosse melhor não fazer livro nenhum, apenas ir vivendo devagar a vida lenta dos mares do Brasil, tomando a cachacinha de cada lugar, sem pressa e com respeito. Isso devia ser bom, talvez eu me tornasse conhecido como um homem direito. Rubem Braga Apresentação A ARTE DE VIVER EM VOZ ALTA (OU OS TRUQUES DO VELHO BRAGA) Alvaro Costa e Silva É curioso que Rubem Braga, o inventor da crônica moderna no Brasil, não tenha se dado bem no seu casamento com a cidade grande, sendo a crônica um gênero urbano por excelência. Ao longo da afanosa carreira de jornalista, ele viveu em muitas delas – São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, até Paris, antes de acomodar-se de vez no Rio de Janeiro – mas nunca conseguiu desligar-se de Cachoeiro de Itapemirim, onde nasceu. Mais: elegia a roça, o mar, os rio – lugares onde gostaria de ficar para sempre, caçando, pescando, dormindo, bebendo, fumando, pensando na morte da bezerra ou fazendo absolutamente nada. De preferência, sozinho e calado. Isso se não tivesse uma mulher bonita por perto. Quem melhor flagrou nele essa característica de bicho do mato cosmopolita foi José Lins do Rego (aliás, um dos poucos romancistas brasileiros cuja leitura lhe caía bem), ao comentar: “O que quer, se quando está em Florença quer voltar ao Vermelhinho, se quando vai a Paris prefere estar pescando em Marataízes?”. O bar da Cinelândia carioca ou a cidade no litoral sul do Espírito Santo não saíam do seu horizonte. Paulo Mendes Campos, com quem Braga dividiu na década de 1940 um apartamento em Copacabana, contou, na apresentação do livro As boas coisas da vida (o último que o cronista publicou em vida, em 1988), que “nenhuma boate lhe deu prazer parecido ao que sentiu na choupana de um velho caboclo do Acre, onde compartilhou da cachaça e do peixe moqueado do seringueiro, entre vozes distantes de bichos noturnos”. Rubem Braga buscava o mato na cidade. E, por vias tortuosas ou inesperadas, sofisticadamente líricas, sempre o encontrava. Não fosse assim, como teria escrito “A borboleta amarela”, um de seus textos mais conhecidos e que dá título à antologia publicada em 1955? Na verdade trata-se de uma sequência de três crônicas em que narra a perseguição, a distância e sem a rede do entomologista, a uma borboleta por um homem encantado, depois que ela lhe mexeu com as asas nos cabelos, exatamente na esquina da avenida Graça Aranha com a rua Araújo Porto Alegre, um das mais movimentadas do centro do Rio. Braga é possessivo: “A minha borboleta! Isso, que agora eu disse sem querer, era o que eu sentia naquele instante: a borboleta era minha – como se fosse meu cão ou minha amada de vestido amarelo que tivesse atravessado a rua na minha frente, e eu devesse segui-la. Reparei que nenhum transeunte olhava borboleta; eles passavam, devagar ou depressa, vendo vagamente outras coisas – as casas, os veículos – ou só vendo; só eu vira a borboleta, e a seguia, com meu passo fiel”. O jornalista Marco Antonio de Carvalho, autor deste Rubem Braga: um cigano fazendeiro do ar, sabia que, para dar um retrato integral do homem que escolheu para biografar, precisava entender e explicar quem foi o menino Rubinho, para a vida inteira marcado pelo seu tempo de formação em Cachoeiro de Itapemirim. É sintomático que, na “Nota do autor”, Carvalho refira-se à professora de literatura Maria de Lourdes Patrini, que insistiu para que ele, também nascido em Cachoeiro, não apenas lesse com cuidado a obra de Rubem Braga, “mas que contasse a sua história, a partir da minha vivência cachoeirense”. Foi o estopim desta biografia, que o autor, infelizmente, não viu publicada: a primeira edição saiu no fim de 2007, e ele morreu em junho daquele ano. Conheci Marco Antonio de Carvalho durante o período de pesquisa e escrita para a feitura do livro, e posso dar testemunho de sua total dedicação, até mais, obsessão, para com a figura e personalidade de Rubem Braga, que ele não conheceu pessoalmente. Como se Carvalho visse na figura sisuda do cronista, com aqueles bigodes em forma de trapézio e as casmurras sobrancelhas, a sua íntima “borboleta amarela”, a qual devia perseguir em busca da leveza, da beleza e do mistério que Braga soube emprestar a simples crônicas. Até pouco antes de terminar a biografia, Marco Antonio de Carvalho não se dava por satisfeito: “Sinto que ainda me falta alguma coisa, preciso escarafunchar mais. É muito difícil para o biógrafo abandonar o biografado. Mas tenho de cumprir o prazo que dei a meus editores, dar um ponto final nessa loucura”, contava ele, que bancou grande parte do trabalho do próprio bolso. A investigação consumiu dez anos. Primeiro grande ponto a favor: não teve as limitações de tempo e espaço que, muitas vezes, prejudicam trabalhos dessa natureza. Um segundo: incluiu 270 entrevistas realizadas em Cachoeiro de Itapemirim, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Roma, Paris, entre outras cidades. Como se sabe, para realizar uma investigação como esta, é fundamental a informação em primeira mão, que só se consegue em longas conversas (muitas vezes, mais de uma) com aqueles que conviveram com o objeto principal da biografia. Com faro e perspicácia, Marco Antonio Carvalho descobriu ou teve acesso

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