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Rousseau PDF

442 Pages·1973·45.469 MB·Portuguese
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os 11 ) )Ok) .s . nsa XXIV JEAN-JACQUES ROUSSEAU DO CONTRATO SOCIAL % ENSAIO SOBRE A ORIGEM DAS LÍNGUAS * DISCURSO SOBRE AS CIÊNCIAS E AS ARTES * DISCURSO SOBRE A ORIGEM E OS FUNDAMENTOS DA DESIGUALDADE ENTRE OS HOMENS Tradução de Lourdes Santos Machado Introduções e notas de Paul. Arbousse-Bastide e Lourival Gomes Machado EDITOR: VICTOR CIVITA Títulos originais: Du Contrat Social Essai sur 1’Origine des Langues Discours sur les Sciences et les Arts Discours sur l’Origine et les Fondements de 1’Inégalité par mi les Hommes l.a edição — março 1973 c Copyright desta edição, 1973, Abril S.A. Cultura) e Industrial, São Paulo. Tradução publicada sob licença de Editora Globo, Porto Alegre. Sumario Do Contrato Social ....................................................................,.......... 7 Ensaio sobre a Origem das Línguas ....................................................... 153 Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens ....................................................................... 207 Discurso sobre as Ciências e as Artes ................................................. 329 Respostas dadas por J.-J. Rousseau as Objeço~es dirigidas a seu Discurso ...................................................................................... 361 DO CONTRATO SOCIAL' OU PRINCÍPIOS DO DIREITO POLÍTICO Advertência A presente edição traz notas do Autor (identificadaspor N. do A.), notas da Tradutora (N. da T.), de Paul Arbousse-Bastide (N. de P.A.-B.) e de Lourival Gomes Machado (N. deL.G.M.). Introdução DE LOURIVAL GOMES MACHADO 1. Circunstâncias da composição Conta Rousseau nas Confissões: “O Contrato Social imprimia-se com bastante rapidez. O mesmo não acon­ tecia com o Emílio, cuja publicação eu esperava para efetivar o descanso que planejara. De tempos em tempos, Duchesne enviava-me modelos de composição para escolha; quando eu escolhia, em lugar de começar o trabalho, enviava-me novos modelos. Quando, enfim, chegamos a um bom entendimento acerca do formato e do tipo, havendo já muitas folhas impressas, ele, por causa de uma pequena modificação minha nas provas, tudo recomeçou — ao fim de seis meses, estávamos menos adiantados do que no primeiro dia ”1. Assim, seguramente, alterou-se um dos planos mais carinhosamente traça­ dos por Jean-Jacques, que desejava ter no Emílio uma espécie de termo conclu­ sivo de suas idéias sobre a educação e, ao mesmo tempo, um elemento prenun­ ciador do Contrato. Projetara tão firmemente tal sucessão temporal de suas obras, que incluiu no Emílio um resumo, assaz longo, das idéias centrais do tra­ balho a aparecer e que expressamente anunciava. Não se tratava de um expe­ diente de propaganda (como poderia apressadamente supor o leitor moderno), porém sobretudo de firmar bem claramente a importância capital do conheci­ mento da vida política no estudo do homem. A morosidade, talvez calculada, dos editores do Emílio e a rapidez de Rey, a quem fora confiado o Contrato, frustra­ ram-lhe o plano. Em abril de 1762, surge o Contrato Social, algumas semanas antes do Emí­ lio. Rousseau, que estava então nos cinquenta anos, era um escritor célebre. Fazia um ano, a Nova Heloísa dera-lhe as glórias do mais intenso e comovido interesse público. Consolidava-se, desse modo, o que havia de benévolo no con­ ceito de que anteriormente gozava, enquanto declinava, ao menos por um instan­ te, a fama de “singular” que alcançara nos primeiros passos da carreira. Os dois Discursos e a Carta a d’Alembert, somados ao êxito mais ou menos ruidoso das peças musicais e teatrais, representavam os alicerces duma indiscutível celebri­ dade. Como, depois do Contrato, só assinaria obras polêmicas ao modo da Carta a Beaumont, das Cartas da Montanha, de Rousseau, Juiz de Jean-Jacques, podemos concluir, sem forçar a interpretação, não lhe ter escapado encontrar-se Confissões, XI. (N. de L. G. M.) 10 INTRODUÇÃO em posição especial desde a publicação da Heloísa e,pois, ter chegado o momen­ to de lançar o seu livro mais querido e mais ambicioso. “Das várias obras que tinha no estaleiro, aquela sobre a qual meditava havia muito tempo, de que me ocupava com mais gosto, na qual desejaria traba­ lhar durante toda a vida e que deveria, segundo acreditava, selar minha reputa­ ção, eram minhas Instituições Políticas. Havia treze ou catorze anos que conce­ bera a primeira idéia, quando, estando em Veneza, encontrara ocasião de observar os defeitos desse governo tão louvado. Depois disso, muito se amplia­ ram minhas vistas pelo estudo histórico da moral. ” Essas palavras, com que Rousseau registra suas cogitações no período promissoriamente calmo da Ermi- tage2, confirmam e esclarecem o desígnio que o animaria a publicar, em momen­ to e condições bem estudadas, o Contrato Social. Não se julgue, contudo, que a redação final do livro ou sequer a drástica redução do primitivo plano das Instituições Políticas foram, também elas, fruto de uma decisão inspirada tão-só pelas circunstâncias momentâneas. Pelo contrá­ rio, a obra amadureceu lentamente. No ano de 1743, em Veneza, germina a pri­ meira semente. E aparentemente abandonada nos anos seguintes, mas impõe-se compreender que a concepção política de Rousseau dependia, para estruturar-se completamente, dos progressos que fizesse no “estudo histórico da moral”. Acre­ dita Vaughan que, pela altura de 1750-51, houve uma primeira redação do plano, enquanto Halbwachs não ousa inferir o mesmo senão para o ano de 1753. O certo é que, nesta última data, circula o Discdrso sobre a Desigualdade, denun­ ciando um grande progresso e mesmo uma reelaboração das idéias anteriormente expostas no Discurso sobre as Ciências e as Artes. Entrevê-se em muitas passa­ gens e afirma-se na última parte um esboço dos principais problemas do Con­ trato Social. A Dedicatória, de 1754, propõe claramente as teses centrais do futu­ ro tratado. Mais tarde, o artigo sobre Economia Política levanta, pela primeira vez, a teoria da “vontade geral”, pedra-de-chave de todo o Contrato, enquanto à célebre carta a Voltaire, de 18 de agosto de 1766, ficaria reservada a tarefa de rasgar perspectivas básicas acerca da relação entre a lei e a liberdade. Antes, porém, Rousseau já teria chegado ao primeiro rascunho do Contrato Social, o tão comentado Manuscrito de Genebra. No século passado, foi identificado, na Biblioteca de Genebra, um manus­ crito que continha uma versão do Contrato Social acompanhada de alguns frag­ mentos da Economia Política. Quem primeiro noticiou sua existência foi o Pro­ fessor Ritter, da universidadegenebrina, em 1882. Em 1887, Alexeijf reproduziu- o em apêndice de uma obra de dois volumes, editada em Moscou, com o título Estudos sobre Jean-Jacques Rousseau. Essa edição, contudo, não poderia tornar mais conhecido no Ocidente europeu o Manuscrito de Genebra, sobre o qual Bertrand escrevia um artigo, em 1891, que conseguiu suscitar maior interesse. Cinco anos depois, aparecia em Paris a clássica edição do Contrato Social de Edmond Dreyfus-Brisac, que recolhera, repusera e comentara a forma definitiva do texto rousseauniano, confrontando-o com as versões primitivas autografas de Genebra e Neuchâtel. Então, pôde-se estabelecer uma série de elementos esclare­ cedores. Em primeiro lugar, que o Manuscrito de Genebra não é um rascunho do Contrato, mas uma verdadeira versão passada a limpo e cuidadosamente emen­ Confissões, IX. (N. de L. G. M.)

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