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Romance K PDF

190 Pages·1995·58.598 MB·Portuguese
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VASSILIS VASSILIS VASSILIKOS VASSILIKOS r- cn >= cn cn r- 7': o cn ......... ( (\ "VOU contar uma história cujo herói é o dinheiro. Na época em que O grande romance estamos entrando. o dinheiro, que sempre governou o mundo, .- da corrupção financeira, continua governando. mas sem os molhos com que vinha coberto do estado e da imprensa. antigamente. Hoje o dinheiro está nu. Nào é temperado por nenhuma ideologia, nenhuma cruzada. É o dinheiro pelo Na trilha de "Z", dinheiro." sucesso literário mundial. É assim que Vassilis Vassilikos apresenta seu novo romance. Tráfico de influência, corrupção. desvios de verbas, fraudes no sistema financeiro,jogos de poder são ingredientes que tornam esse romance um retrato do nosso tempo. Vassilis Vassilikos conduz o leitor pela intrincada história de Jorge K.: "Ele era insaciável. Queria tudo para si. Todos os bancos. todo o mundo, todos os times de futebol, todo o mar Egeu. Mas, como todo sistema financeiro é, em si mesmo. uma fraude velada, K. nunca fez outra coisa senão roubar os que já roubavam bem antes de ele se interessar por bancos." Qualquer semelhança entre a história de K. e fatos recentes da história brasileira é mera coincidência? ISBN 85-85669-27-6 EDITORA '# se .Lu.ll e~aÍo MOVIM~NTO DE. IDEIAS IDEIAS EM MOVIMENTO VASSILIS VASSILIKOS K " D emonstrar o mecanismo universal da corrupção. da falsifi cação e do poder"" - é o que faz Vassilis Vassilikos neste romance., desvendando os meandros do sistema financeiro internacional e sua ligação com a política. Expondo o escândalo que mobilizou a Grécia em fins dos anos 80 e início dos 90. explicita a condição do mundo contemporâneo. A história do falsário Jorge K.. que comprou um banco com o dinheiro do próprio banco, é a história da década de 80, "a década da dinheirama, dcsar- mada e cosmopolita. que se estenderia por todo o planeta. como uma epidemia. O reaganismo e os raiders. esses piratas da Bolsa, iam consolidar os I'310res do pós-modernismo". História de uma "nova época. a do dinheiro fictício". em que as fronteiras entre o legal e o ilegal. o ceno e o errado se diluem, em que a imagem é mais importante que a verdade. Sem qualquer traço de maniqucísmo. Vassilis Vassilikos desnuda o entrelaçamento dos mais diversos interesses econômicos, políticos e pes- soais. de acusados. acusadores e testemunhas. assim como os da grande imprensa. que desempenhou papel fundamental nos acontecimentos. (""'Prostíbulos do pensamento. depósitos de veneno. que superam O mais sórdido comércio do mercantilismo c da especulação'. disse Balzac sobre os jornais da sua época. Algo mais a acrescentar?"') Como pano de fundo, a difícil transição grega. após o fim da "ditadura dos coronéis"", o atraso e o marasmo. a limitação. Qualquer semelhança entre a história de K. e fatos recentes da história brasileira é mera coincidência? Na intenção do autor. sim. Na lógica do mundo contemporâneo. certamente não. 1 ILIS SERViÇO DE ATENDIMENTO DIRETO IKOS Solicito o envio direto e imediato das obras abaixo relacionadas. Farei o pagamento em cheque nominal à Editora Ensaio. uma vez notificado do valor correspondente. "E le era mais rápido que os oUlroS. Os cambalachos e as ladroeiras que algumas pessoas levama nos para arquilelar ele apromava em TíTULO N' DE EXEMPlARE alguns dias. algumas semanas no máximo. Era isso que desarranjava o mecanismo do reló gio da sociedade:' "K. foi acuado semp iedade. porque nào era ninguém. não linha partido. não perten 2----- cia a uma boa famnia. não linha diplomas. linha. .. linha só dinheiro e. com aquele dinheiro. arrancava máscaras. Esse desnudamemo nào foi perdoado. ídolos. famnias acima de qual· 3 - -- quer suspeila. devOlos e descrenles encheram os bolsos. E os que não liveram lempo de 4- - ------, servir·se foram os que mais se obslinarame m defender a honra de quemh avia conseguido. Mas que país. meu Deus. Que povo! Que govemanles'" 5---- - 6------ Vassilis Vassilikos. um dos mais importames aUlores gregos da alUalidade. nasceu em NOME------------ ------- 1933 em Kaválla. no norte da Grécia. Passou a maior parte de sua infância na Salônica. cidade ENDEREÇO ----------- - - - -- que evocou em váriosd e seus livros. nOladarnenle --- --- ------ ----- N"---j Ze Les PholOgraphies, Escrilor engajado. publi cou mais de 80 livros. o primeiro aos 18 anos. já BAIRRO -------- CEP -------- emA lenas. CIDADE - ----------- UIF-----j Og olpe de eSlado de abril de 1967 o levou a sele anos de exmo na França e na hália, dumme os quais jamais deixou de mililar pela voha da democmcia, Retomou à Grécia em 1974, pas sando a colabomr em diversosj omais, De 1981a 1984. foi direlor·adjumo da televilão grega ASSINATURA ....... ., ,. ... .,., ........... ., ...................... , .. ., .................... , ,. . ,. ...... . ERT. Em 198-1 deixa esta alividade para se dedicar exclusivamente à lilcmlum. hntr.: ,,, escrilores que mais o marcamme Slão Gide. Camus. Sanre, Kafka c 10ncICo, ROMANCE VASSllIS VASSllIKOS ...... EOI10RA ; • ensaio MOVIMEN10 OE.lOEIAS IDEIAS EM MOVJMEN10 TíTULO ORIGINAL K © DA EDiÇÃO GREGA: ÉDITIONS PLEIAS/l992 © DA EDiÇÃO FRANCESA: ÉDITIONS DU SEUIL/l994 © DA EDiÇÃO BRASILEIRA: EDITORA ENSAIO/SP/l995 TRADUÇÃO DO FRANCÊS IVONE BENEDETTI CAPA CHRISTOF GUNKEL REVISÃO TEREZINHA FERRARI (ORIGINAIS) E EQUIPE ENSAIO DIAGRAMAÇÃO, COMPOSiÇÃO E FILMES I ENSAIO - EDITORAÇÃO ELEmÔNICA IMPRESSÃO E ACABAMENTO UNHA GRAFlCA E EDITORA LIDA. Dodos hlemOCOOO6 de Catalogação rIO Publi:::ação (CIP) (CÔrroIO Blasileia do lM'o, SP. 810sir) Vossllikos. Vossilis. 1933- KJVossib Vossiikos; troduçOo Ivone 8enedetti. . São Paulo: Ensaio, IW5. Título oliglnol: K. 1, Romance gl8Ço l Título. 95-4852 COD-889.33 ISBN B5 85669 27-6 hdices POIO Cotólogo SslarTÓli::o 1. Rol'TOnces: Século 20: UlerotulO grego 889.33 2. Século 20: Romances: Uleroturo grego 889.33 1995 TíTULO SELECIONADO PELA ~o Tupi 784 01233-1lXl - São Poub -SP A VASSIUA. SOTIRIS. EUA E KOSTA STAMATlOU lelefone . (Oll)~4036 I Fax-Modem: (011)66-3168 PARTE I Elo um ganl/emon, dISSe Sleven, um capitalista ploplieládo de ações, um homem capaz de fOZ91 o pO/lomenlo votar urro leI. um ogrcuttor de meia·polaco .. JAMES JOYCE. ULISSES. o Que loz um banco? Oferece-lhe um guordo-chuva quando loz 9:)1 e orranco-.o do sua mão quando chove. ANÔNIMO. A liturgia boncária é sir'll:>lesmenle o emprésli"no de dinheiro, Sem nenhuma preocupaçõo com a 100rm • hipoteco. comê/cio. crédito. COmplO de ações, o que se quisef ", um elTlp19shrno é serrpre um erT'préslmo. O dinheio é vHol poro nossa época, corro o OI e o cometo. An do hó lugares no felfo onde se pode llocoI urro dúZia de babnetos poI' urna cosleb de boi. Mos, elJldenlemenle. nôo é ali que o história e o progresso se fazem. O que falerres nós. os bonqueios, com o dinhello? ~w8slilTOS em ações e em hlX>tecos. em negócios e 91'T'p1éstirros peSSXlis.. Usomos o dinheifo. Dizemos a ele o que deve fozeI. POfO cada qualro dólores que nos confiam. criamos um novo 00101. Poda sei que nossos nelos peguem um preço alto por isso. mos por enquanto o dinheiro e o corrt>chele. Pof hós de cada automóvel. de coda aporeho Que se vende. es conde-se um homem Que QUEH vender crédito. POI tros desse homem cIssInJIo-se lXTl orgal1l9T'O rilonceJo. corrunado por um banco QUe fo, nece dlnhellO. mois dinheiro. cado vez mais dinheho. Com certeza você se eslorâ pefgunlondo de onde sai tonlo dinheMO. E no enlanto sobe. Sol das rróquinos de lazer dinhe.o. Em ouhos paIoVlOS, nós c,io rros hrloçõo. lenho urre veho fibsofio que. se losse apicoda. forio o 9s1erro ex· pIodi'. ~ o ponlO de vi!ita de um bonqueio. Que 99 opóo numa bngo experiênCia com credito. Escute: se você dese;O alguma coisa. abole esse desejo de POSSUf.1a iTlediolorrente. Junle antes o dinheiro neces.. SÓre. t provâvef que o terrpo de ~Jntor o cmheio acobe vencendo o seu desejo. LESUE WAUm O BANQUEIRO. IN\SSIl5 VASSllIKOS K K PARTE I - Digamos que sou uma codorna solitário. respondeu o estrangeiro. oferecendo o bochecha ao barbeiro loquaz. - E de onde nos chega vosso senhoria? perguntou o C anta uma história. vovô. bOfbeiro. executando sobre a pele dele um impecável - . Era uma vez, antes de você vir ao mundo ... passe ascendente. - Eu não vim ao mundo. vovô, o mundo velo a mim. - Do Egito. De Alexandria. Cheguei antes de ontem ao - Tudo bem. não vamos começar o brigar... Não se es- Plreus e, como náo queria esperar a ordem de pagamen queço de que eu lhe contava histórias quando você ain to lá. naquela balbúrdia. decidi descobrir a pátria dos da estava no barriga de suo mãe. aquela maluco do ni meus antepassados. Pedi Informoçáes e me Indicaram esta nho filho. que lhe ensinava Inglês com gravador. Você não ilha. Justamente naquela hora um barco estava de partido. passava de um feto. Talvez tenha sido por isso mesmo que me deram essa indi Como eu estava dizendo... numa ilha. devastado. em cação. Por isso. decidi >1r e ficar até que o banco me no pleno verão, na época dos meltemes. como consagrou ~fique ... Odysseas Elytls em suo poesia ... Você parece rico. senhor. .. Elytis quem é. vovó? Dionisio. O prêmio Nobel. meu neto. .. . Seu Nini. repe~u o barbeiro. O que é Nobel. vovô? Rico náa! Bem de vida. conno se diz em Alexandria. Nobel? São aquelas bombinhas que você gosta de Rico vou ficar quando chegar a ordem de pagamento: sdtar para me assustar. .. VoItanda à história... Era umo vez. E contou-lhe rapidamente sua história: um dos tios. riquís nas Espórades da Egeu. naquela ilha. Skyros. onde sopram simo. que acabava de morrer em Alexandria. fizera dele terríveis meltemes. Um homem. certo dia. desembarcou. seu herdeiro universal. No Egito. disse ele. preparavam-se Não tinha presente. não tinha passado. mas tinha futuro grandes perturbaçáes. os na~vos queriam se apoderar dos para revender. O barco o deixou na Escala e. no mesma bens dos estrangeiros. Por isso. tinha preenchido com cui tarde. ele subiu para o povoado. Era outono. os últimos dado os documentos necessários e encarregado os advo turistas tinham Ido embora. se bem que naquele tempo. o gados de mandar~he o dinheiro da herança diretamente ano do nosso história, 1954, não houvesse turismo organizo para a Grécia. do. como nós entendemos hoje. O estrangeiro. todo estran Ainda falaram bastante sobre Alexandria. O barbeiro geiro. ficava visível como mosca em leite. E principalmente conhecia. tinha trabalhado nos barcos. aquele. que chegava bem vestido. com chapéu de feltro. "Quando issa? perguntou Dionísio. bengala e falando grego com algum sotaque. - Oh! Faz bem uns dez anos. a guerra tinha acabado Ainda meio atordoado pela viagem. queria achar de de terninar. pressa um abrigo contra o vento. Em vez de entrar no - A cidade mudou muto de lá para có. a ralé árabe único café da ilha e tentar conseguir trn quarto. preferiu Ir resolveu acordar." ao único barbeiro do lugar. Lá. trataria com uma pessoa O barbeiro aspergiu ógua-de-colônia e o alexandrino só. No café. teria de enfrentar várias. Como aristocrata. contemplou com orgulho O rosto soudãvel no espelho. A que parecia ser, preferiu ... travessia o cansara. Agora queria descansar. O barbeiro. O barbeiro perguntou. enquanto afiava a navalha numa solicito. recomendou·lhe a casa do vizinha. dona Angelina. velha clnta de couro. que bons ventos o levavam àquelas uma velho senhora da alto' sociedade. agora arruinado. paragens. principalmente naquela época do ano. em que que alugava quartos para os viajantes abastados. até o pessoal do lugar abandonava a Ilha. que o inverno Ele tirou uma moeda para pagar. Quando o barbeiro rigoroso nóo demoraria a Isolar. >1u a libra inglesa. da época isobelina. no mão do cliente. ·Só as codornas nos visitam nesta estação. disse ele. ficou perturbada. Fazia anos que não via uma daquelas. Nuvens inteiras recuperam o tôlego sobre nosso costa de desde a guerra. A moedlnha brilhava como um sol em pOis de um longo périplO sobre o mar Egeu. ninlatura. \l\SSIl5 VASSllIKOS K K PARIE I "Me dê o troco". disse com seu ar de rico de noscen receIam-lhe entôo um almocreve que o transportou até o ço o seu Dionísio. porto. como um paxá. Mos o barbeiro recuSOU. E nunca mais o viram. Nem mesmo ouviram falar dele, 11 "Não é nada. disse ele. você me paga da próxima do sr. Dionísio. o Alexandrino. Até o dia em que a secretá vez: rio da administração municipal leu um pequeno ar~ga de O sr. Dionísio in~s~u. Estava precisando de dinheiro em rodapé de um pasquim ateniense. contando que no pe queno burgo de Aspropyrgos. na Ática. haviam detido um espécie. "Onde encontrar tonto floco. meu caro senhor Nini? dis certo Dloní~o K. pC! suas várias trapaças e que ele la ser se-Ihe o barbeiro. Po< aqui somos todos pobres. julgado imediatamente. - E o banco. onde é? "Acha que é ele?" - o barbeiro foi o pnmeiro a pergun _ Se aqui existisse um banco. nós. o gente náo estaria tar. mais aquI. Os banqueiros estariam no nosso lugar: O artigo falava de uma bengala. de um Chapéu de E. como velho marinheiro que havia ~ngrado os mares feltro e de uma pequena valise. de umc libra Inglesa e da do mundo. explicou com grande sabedoria que ali ero a herança de um ~o de Alexandria ... I Grécia. náo liverpool. E se Skyros lá tinha sido. como de Os honrados aldeôes custavam o crer. Nâo podiam ima· fato faro. umc ilha práspera. definhara depois da guerra. ginar que tinham sido vítimas de uma trapaça. Com a pequeno valise na mão, Dionísio dirigiu-se para Insistiram então pora que o único poliCiai que tinham a casa de dona Angelina. acionasse a manivela do telefone e ligasse para Aspropyr Passou uma semana na ilha. E. durante todo esse tem gos. peias dividas que seu Nini havia contraído na ilha: ele po. comeu e bebeu a crédito no boteco e no café. pois devia dinheiro ao dono da café. da mercearia. da boteco. ninguém tinha dinheiro suficiente para dar o troco à sua a dona Angelina. O barbeiro Inscrevera-se por último na lis libra. As roupas dele eram lavadas e passadas pela filha ta. "Essa é boa!. repetiam todos. assanhou todo mundo de Angelina. que o oihava de soslaio. como a um possível com a libra dele e deixou a gente a ver navios·. marido. O homem ela afóvel e os Ilhéus tinham simpatiza do com ele. - O que você quer dize~ vovô? Um dia. chegou o telegrama. O funcionário do correio - Que rico. meu neto. é aquele que os outros acham levou-o até o café. no momento em que ele estava jo que é rico. gando canastra com os velhos capltáes e bebendo rol<i. - É essa a história que você vai contor. vovô? "Senhor Dionísio. um telegrama .. : - Vou contar uma história, meu nelo, cujo herói é o leu em silêncio. "Retorno Imediato ao Plreus. Stap. Para dinheiro. recepçáo ardem de pagamento. Stop. Herança seu tio. No época em que estomos entrando, que por sorte Stop: Sabia que telegramas daquele tipo náo permane deixo para trás mas que você vai viver. o dinheiro. que cem secretos por muito tempo em lugarejos como aquele. sempre governou o mundo. continua governando, mas sem O carteiro trota de pôr todo mundo a par. Por isso. náo os moihos com que vinha coberta antigamente. Hoje o disse palavra. dinheiro está nu. Nôo é temperado po< nenhumc Ideologia. Em casa de dona Angelina. pegou a malinha e suplicou nenhuma cruzada. É o dinheiro pela dinheiro. como se diz à anfitriá que náo alugasse o quarto a ninguém. pois voi arte pela arte. Quem a possui tem o direita de filosofar. tarla com o próximo barco. No barbeiro. por onde passou Quem náo o tem náo é ninguém. para uma último barba. prometeu que a próxima seria - Então você nóo é ninguém. vovô? poro a navalha dele. Planejava negócios no ilha. queria - Apesar de tudo eu sou alguma coisa. Ah! É com dotar o Escalo de uma mOfino poro que os cúteres de muita custo que meu dia começa a caminhar. Ainda não regata pudessem arribar ali. Apaixonara-se pelos habitantes emergi do limbo da noite. Para que eu possa contar a de Skyros e ... história. para que nosso conto se adorne com os véus do Os habitantes da terra náo podiam acompanhá-lo. Ofe- mito. preciso esvaziar minha cabeça. Preciso ... Em frenle. WSll5 VASSllIKOS K K PARTE I vamos nessa. amalfem os cintos. Vamos tomar o latinha do em vez de mel. Sentia-se insuficiente num mundo de sufi ·rei dos rubis·. como mais tarde fará o nosso herÓI, e so ciência. 13 brevoar Skiothos. a ilha de nossa gloriosa ancestral. Alexan O Irmão. ao contrária. era a tal: primeira em futebol. dras Papadlamandis. Vamos. vamos tentar ver. antes do em joga de nipper. nas tratontices da mcrocosmo de sua escândalo. a sua origem. a sua semente. K.. ele mesmo. a aldeia. antes: de Astoria. em Nova York. depoiS. banqueiro. - Mas qual é a relação com Dionísio K.? Assim. a Jorginho. a queridinho da mamãe. a sra. Stro - Nenhuma. Só a ano coincide. É em !954 que come- voula. decide dar feições diferentes ao mundo. Como a ça a história de Dioní~o. a Alexandrino. E em 1954 que mundo aceita e julga em função da aparência. como a nasce. em Asprapyrgos. na Áflca. Jorge K. . filho mais velha identidade corpórea é a única verdade. ele vai tentar de Vassilis e Stavroula. que seu irmão caçula. Steve. calfe- desenvolver outras capacidades. 90 debaixo das asas ao desembarcar no América. com a Idade de 15 anos ... Inteligente ele é. mas preguiçosa. Na escola. descobre a diffcil arte da cola e nela se exercita. SUlfipla as redoçães • das colegas e copia-as. matizando o conteúdo de tal moda que ninguém percebe que elas foram plagiadas. Par trás das grades da prlsáo de Solem. K. rememoro Uma arte que ele vai refinar desde tenra Idade. dedican mais uma vez seu passado ilustre. Faziam fila pora vê-lo. do-lhe as intermnáveis horas de sua salidão. J Era disputadís~ma nas recepções. Todos queriam ser os A partir dessa época até a momento em que falsifica I primeiros O acolhê-lo em cosa. O número de pessoas livros bancários. contas. códigos e chaves de código. diplo que queria vê-lo era bem maior do que o dos pessoas mos e fichas salariais. Jorge traça um ~inerárlo paralelo ao para as quais ele tinha tempo. Supondo-se que ele nõa dos corpos estelares ou. se quiserem. de um cometa que fizesse mais nada. além de responder a convites. não nos roça e deixa uma nuvem de carbono coma herança. I teria tido tempo de aceitá-los todas e. com certeza. ti Termnará seu per cursa na seio daquele espaço restrito que nha mais a que fazer. Em sua cela. sua vida vai desfi escolheu par teatro: a Grécia. Vai alfepender-se disso. Che lando como um sonho bom. seu sonho. que, bem de gará a dizer. mais tarde. que poderia ter ida para qual pressa. muita mais depressa do que esperava. transfor quer outra lugar. Conversa fiada I É sá na telfa dele. em mou-se num Interminável pesadelo. nosso telfa. meu neto. que tudo a que ele fez é passivel. Nessa telfo ande a "falta total de Infra-estrutura". cama • dizem os sociólogas. é tão gritante que reina um bordel Indescritível. Exclu~vamente nesta telfo. ande cada um sá I Jorge K. . como todos os que emgrom para o. América pensa em salvar sua própria pele e os outros que se da em busca de futura melhor. começou por baixa. E por Isso nem! Portanto. profissão: falsória. Mas falsária genial. que. mais tarde. fará várias dooçães ã sua aldeia natal. É certa que não se pode falar. honestamente. em pro Aspropyrgos. Vai querer até erigir uma estátua em memó fissão: é um talento. Mais que lJ1'l talento: um vício. Se al ria da avô. Todos os que se lembram dele na escola - sá guém lhe perguntasse a que lhe dó mais tesão. ele res frequentou o colégio grego até o quarta ano - guardam ponderia - se pUdesse responder - que não é tanto o di dele uma Imagem de criança bem alimentada. que pena nheiro. mas o "plasma" do dinheiro. que não é tanto o va para andar de patinete e de bicicleta coma todos as sangue. mas o "plasma" do sangue. É o poder de fazer outros guris. Não conseguia e vivia caindo. Quando queria passar o simulacro pela verdade. de projetar a Imagem no jogar futebol. os colegas. cruéis cama vocês. crianças. sa lugar do santo. bem ser. zombavam dele. E expunha-se a apoquentaçães. Aí estó. meu neta. a história de K.. história de um ho ele que nunca apoquentava ninguém. Ele era o gordo. o mem que. multo jovem. conhece as piores dificuldades. gorducho. o rechonchudo. o lokoum lambuzada de suor que. muito jovem. a~nge a maturidade: casa-se com uma WSll~ VASSllIKOS K K PMTE I mulher três anos mais velha e torno-se pai de uma família ;::~~~ :~~e d~ ~~~1~~ê s~,~~: ~, ~hÓ:i~e~i~fr~rm(e~r~~ ~,j!; de cinco fUhos. Muito lavem. antes dos 30 anos. sua pátria [,.•;. . ·5..•;. ...' • •. :• .,. ,·,:1;.i.,• ... prostra·se a seus pés. E. muito lavem. cai. Condenado. pre rio do escrivão) e. no centro do círclio. University oI For- •. > so. esfá sujo para sempre. Pode-se dizer que. mLito jovem. dham. Bronx. New York. fez de tudo. Diz-lhe que tem a autorização desses três estabelecimen tos. onde estudou. para encomendar esses Impressos e. em vez de confiar esse trabalho a um estrangeiro. prefere dar a oportunidade a um compatriota. cuja ~pagrafia ele co nhece pelos jorna~ da diáspora. A encomenda compreen de. para cada uma das universidades. 2.500 envelopes com o endereço impresso. coma nos modelos que ele vai 2 deixar. bem como mil folhas com timbre. para a transcri COMO O liNOTIPISTA YANNIS ção das notas. I É A CAUSA INVOlUNTÁRIA DE UM INQUÉRITO 'Quanto ao preço. o senhor precisa falar com o dono". diz Yannls. Mas o homem não parece estar preocupado POliCIAL CONTRA JORGE K. EM NOVA YORK com Isso. "As universidades pagam". diz ele. estendendo<he a autorização. que Yannis repele; de qualquer modo. não Q uando. naquele sábado de manhã. 21 de novem entende inglês. Combinam um reencontro para 15 dias bro de 1974. a linotipista Yannis vê a homem jo depois. quando a encomenda estará pronta. vem e gordate entrar na ~pagrafia e apresentar-se cama Mas na segunda-feira. Clearca. o dono. entra louco de Jorge O.. estudante. a fisionomia cãndida da visitante não raiva. desperta nele nenhuma desconfiança. Ao contrária. parece 'Você devia ter posto aquele homem no oiho da rua. lhe saido diretamente do arcebispadO. tanto a sua Impo - Nunca se menda um cliente embora'. replica o dig nência recende a igreja. no lino~pista. que gosta do chefe. apesar de mais Jovem A tipografia fica na 3' andar de um entreposto. na cru que ele. porque lhe ofereceu um teto e. principalmente. a zamento da 7' Avenida com a rua 33. no coração de possibilidade de exercer seu velho oficio. de verfer o chum Manhattan. Seu dono. Clearco. como todos os sábados. bo nos moldes e de reunir os caracteres em linhas e as não Irá à tipografia. Mas Yannls está lá. pois tem muito tra linhas em foihas compactas. bolho. 'Dedo-duro eu nunca fui. fulmino Clearco. mas você Está Inclinado sobre suo velho Unotype. Ainda nào teve não entendeu. este é um caso de falsificação grosseira: I coragem de obandoná-Ia. ligodo que está ao metol tradi Yannis fica atônito. Incapaz de fazer a associação entre cional como o ciclista à sua bicicleta. "A fotocomposlção o rosto sorridente do jovem. seu olhar doce. e a terrível é coisa boa. tem o costume de dizer (naquela época acusação do chefe. está-se generalizando nos Estados Unidos). mas o prazer do Quinze dias depois. em 6 de dezembro de 1974. por gráfico está na linotipia: E vai reunindo os caracteres. gre volta de 12:30h. o sr. Jorge O. • cujo verdadeiro nome. gos (nunca aprendeu inglês. apesar de viver há mais de coma se saberá. é Jorge K.. domiciliado na avenida Sed dez anos na América). dos textos do arcebispadO. de to guisk 2.805. Bronx. vem pegar sua encomenda. É interpela dos os tipos de convites para bailes e manifestaçães de do pelo Inspetor de polícia James Rodnguez. do escritório seus compatriotas. do Jornal semanal da Associação dos do promotor público de Nova York. acusado de ter man Epirotas e da revista da diáspora helênica. O jovem come dado fazer slnetes e Impressos universitários com o fim de ça a explicar o que quer. Um nada de nada. se é que outorgar diplomas falsos em troca de recompensa pecuniá se pode dizer. Queria simplesmente matrizes para três uni ria. O interrogatório demonstra também que '0 acusado versidades: Uehman. Fordham e Universidade de Nova York. falsificou suas notas para obter o diploma de Fordham. pois Da primeira e da última. tem envelopes para servir de apresentou uma transferência de 30 pontos de Uehman.

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