UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO RODRIGO FARIA GONÇALVES IACOVINI RODOANEL MÁRIO COVAS Atores, Arenas e Processos SÃO PAULO 2013 RODRIGO FARIA GONÇALVES IACOVINI RODOANEL MÁRIO COVAS Atores, Arenas e Processos Dissertação apresentada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo, Área de Concentração Planejamento Urbano Orientadora: Prof. Raquel Rolnik SÃO PAULO 2013 I Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. E-MAIL: [email protected] Iacovini, Rodrigo Faria Gonçalves I11r Rodoanel Mário Covas : atores, arenas e processos / Rodrigo Faria Gonçalves Iacovini. – São Paulo, 2013. 211 p. : il. Dissertação (Mestrado - Área de Concentração: Planejamento Urbano e Regional) - FAUUSP. Orientadora: Raquel Rolnik 1. Rodoanel – São Paulo (SP) 2. Políticas públicas 3. Áreas metropolitanas – São Paulo (SP) I.Título CDU 625.712.1 II RODRIGO FARIA GONÇALVES IACOVINI RODOANEL MÁRIO COVAS – Atores, Arenas e Processos Dissertação apresentada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo, Área de Concentração Planejamento Urbano Aprovado em: BANCA EXAMINADORA Prof. Dr._________________________ Instituição:______________________ Julgamento:______________________ Assinatura:______________________ Prof. Dr._________________________ Instituição:______________________ Julgamento:______________________ Assinatura:______________________ Prof. Dr._________________________ Instituição:______________________ Julgamento:______________________ Assinatura:______________________ III A todos aqueles que lutam para fazer da cidade o lugar da libertação do homem. IV AGRADECIMENTOS À origem de tudo: minha mãe. Seu exemplo de amor, carinho, coragem, força e determinação são essenciais para o meu caminhar. Ao meu irmão, que, além de compartilhar comigo família, ideais e risos, se torna cada vez mais meu principal interlocutor e companheiro de militância. À minha avó, pela paciência e serenidade com que encarou um período de muita rabugice e desorganização. A todos os meus amigos, especialmente àqueles que comigo estão na “Faixa de Gaza”, sem os quais ficaria difícil imaginar qualquer forma de felicidade. À Annadia Leite, sempre um esteio nas horas difíceis e o riso querido nas ligações telefônicas de madrugadas (im)produtivas. À Valéria Pinheiro, por acreditar em mim quando eu mesmo já tinha deixado de acreditar. À Danielle Klintowitz, a qual acompanhou todos os passos desse trabalho e que, além de livros, me emprestou seu tempo, conhecimento e profunda amizade. À Raquel Rolnik, cuja orientação, suporte e confiança foram essenciais para percorrer diversos caminhos nos últimos anos. À toda equipe do LabCidade, pela troca de ideias, de carinho e de alegria e por me tornarem um profissional cada vez melhor. À Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), por ter me possibilitado o aprendizado da liberdade de criação. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), cuja bolsa de mestrado concedida possibilitou todo esse trabalho. V “As ideias estão no chão; Você tropeça e acha a solução” Titãs VI RESUMO Como ideia e como prática urbanística, o Rodoanel nasce muitas décadas antes de ser efetivamente iniciado, fruto da progressiva construção técnica e política de um modelo radioconcêntrico de circulação e expansão urbana que até hoje estrutura a RMSP, baseado numa cultura rodoviarista de priorização do transporte individual sobre pneus e na abertura de frentes de expansão e valorização imobiliária profundamente entrelaçados com interesses privados. O objetivo deste trabalho foi desvendar, nesse contexto, os atores, arenas e processos responsáveis pela definição e implementação do projeto. A partir da análise de documentos, atos administrativos, matérias veiculadas na mídia e da realização de entrevistas, foi possível concluir que o ator central para o processo de definição e implementação do Rodoanel foi o Governo do Estado de São Paulo. Com a entrada de Mário Covas na gestão estadual em 1994, passa o estado a desenvolver ações e articulações no sentido de viabilizar o projeto com o objetivo de constituir uma marca de sua gestão, aquecer a economia estadual e satisfazer seu compromisso de realizar uma obra rodoviária. Outros atores (União, municípios da RMSP, sociedade civil organizada e empreiteiras) também participaram da trajetória de decisão e implementação do projeto, sob liderança do governo estadual. Para o relacionamento com cada um deles, são utilizados/mobilizados pelo estado espaços e estratégias diferentes, individualizando os tempos e objetos da negociação. Com alguns, principalmente União e Prefeitura de São Paulo, são travadas negociações diretas entre os chefes do executivo, tendo como objeto o aporte de recursos federais e municipais em troca da participação na execução do projeto, possível fonte de capital político. Com outros atores, especialmente no caso dos demais municípios afetados pelo Rodoanel e da sociedade civil organizada, a principal arena utilizada para negociações são os espaços propiciados pelo processo de licenciamento ambiental, constituindo as medidas de compensação ambiental as principais moedas de troca. Com a iniciativa privada, envolvida principalmente na fase de implementação, são detectados tanto espaços formais quanto informais de negociação, tendo por objetos de negociação os contratos das principais obras do empreendimento e possíveis doações de campanhas efetuadas pelas empreiteiras aos candidatos e partidos. O que se conclui, portanto, é que o Rodoanel Mário Covas, apesar de incidir significativamente na reestruturação da região metropolitana, não foi implementado nem a partir, nem levando em consideração um processo de planejamento metropolitano. Sua concretização representa uma significativa confluência de fatores institucionais, políticos, sociais e urbanísticos, todos conectados a partir de articulações promovidas pela ação do governo estadual junto a atores públicos e privados, realizadas em diferentes arenas e processos de negociação. Palavras-chave: Rodoanel Mário Covas – Processo decisório – Implementação – Atores – Arenas – Processos 1 ABSTRACT As an idea and urbanistic practice, the Rodoanel was born many decades before being actually initiated, fruit of the progressive technical and political construction of a radioconcentric model of circulation and urban expansion that still structuring the São Paulo Metropolitan Area, based in a rodoviarist culture of priorization of individual transport upon wheels and in the opening of expansion and real estate valorization fronts deeply interlaced with private interests. The objective of this work is to unveil, in this context, the actors, arenas and processes responsible for the definition and implementation of the project. Starting from the analysis of documentation, administrative acts, articles from newspapers and interviews; it was possible to conclude that the main actor in the definition and implementation of the project was the Government of the State of São Paulo. With the beginning of the Mário Covas administration in 1994, the state starts to develop actions and articulations in the sense of making feasible the project, with the aims of building a mark of the administration, heat up the state’s economy and satisfy his commitment of building a new road. Other actors (federal government, municipalities of the SPMA, organized civil society and the construction companies) also participated in the trajectory of decision and implementation of the project, under the leadership of the State’s Government. For the relationship with each one of them, the State uses/mobilizes different spaces and strategies, individualizing the time and the objects of the negotiation. With some, mainly the Federal Government and the São Paulo Municipality, direct negotiations are conducted between the heads of Executive, targeting the inclusion of federal and municipal funds in exchange of the participation in the execution of the project, a potential source of political capital. With the other actors, especially with other municipalities of the metropolitan area, the main arena used to the negotiating process were the spaces provided by the of environmental licensing process, constituting the environmental compensation measures the main trade currency. With the private sector, involved mainly in the phase of implementation, formal and informal moments of negotiation are detected, being the contracts negotiations of the major works of the project and the possibilities of campaign donations by the companies to the parties and candidates as the prime issue. The conclusion therefore is that the Rodoanel Mário Covas, despite of incur significantly in the restructuring of the metropolitan region was not implemented taking into account a process of metropolitan planning. The concretization of the project was a significant confluence of institutional, political, social and urbanistic factors, all connected from the articulations promoted by the actions of the State’s Government with the public and private actors, conducted in different arenas and negotiation processes. Key-words: Rodoanel Mário Covas – Decision-making process – Implementation – Actors – Arenas – Processes 2 LISTA DE FIGURAS Figura nº Descrição Pág. Figura 01 Rodoanel Mário Covas 09 Figura 02 Localização da RMSP no estado 16 Figura 03 Municípios integrantes da RMSP 16 Figura 04 Anéis viários implantados no séc. XIX 23 Figura 05 FHC participa de vistoria ao Rodoanel 101 Figura 06 Fernando Henrique Cardoso inaugura Trecho Oeste 101 Figura 07 Assinatura de novo convênio entre União e Estado 104 Figura 08 Visitas ao projeto “Autorama do Rodoanel” 109 Figura 09 Ilustração do Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas 109 Figura 10 Distribuição de cartilhas no “Espaço Rodoanel” 109 Figura 11 Número de contratos 173 Figura 12 Volume de Contratação 173 Figura 13 Distrib. de Recursos Contratados – Obras Pequenas 173 Figura 14 Distribuição de Recursos Contratados – Ass/Cons/Ger 173 Figura 15 Distribuição de Recursos Contratados – Obras Grandes 173 Figura 16 Distrib. de Recursos entre lotes do Trecho Norte 177 Figura 17 Distribuição entre Vencedoras – Trecho Norte 179 Figura 18 Distrib. dos Recursos Doados Empresas de Des. Urb. 188 Figura 19 Distrib. das Doações de Empresas Contratadas 188 Figura 20 Fluxograma fluxo de capitais Estado/empreiteiras 193 3
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