RITUAL DO ~ APRENDIZ MA9OM ContendooCerimonial, aExp1ica~odetodososSimbolosdoQrau etc. por J.-M. RAGON AntigoVener~ve1, Fundador dastr~s Oficinas dosTrin6sofosemParis, autot doCursoInterpretativo dosInicia~t5esetc. Tradu~o Frederico OzanamPessoadeBarros EDITORA PENSAMENTO S~o Paulo INDICE Origem do nome Franco-ma~om 7 Verdadeira origem dos antigos mist6rios e, posteriormente, da Franco-ma~onaria 11 Sum~rio 19 Ritual do grau do aprendiz 21 Pref~cio 21 Os rituais 23 Preliminares 24 — Apresenta~o para a iniciavio, a afi1ia~o ou a — regu1ariza~o 24 Intervalos a observar na colavio dos graus 25 — Das demissbes e 1icen~as 26 — Das honras e preced&ncias ma~6nicas 27 — Prepara~o do recipiendgrio 29 — Camara das reflex6es 29 — Disposi~io e decora~o d~i loja 30 — Adornos dos oficiais 32 — J6ias 33 — Abertura dos trabaihos 35 Instru~o 63 — Loja de mesa 75 Reinfcio dos trabaihos 81 Inicia~io de urn surdo-mudo 93 Fiia~o Nota a respeito do n~imero 3 97 Profecia dos tr~s irm~os 113 Observa~o 115 Indice anaiftico dos assuntos 117 ORIGEM DO NOME FRANCO-MA§OM Muito antes de Aschmole, isto antes de 1646, os inicia- ~, dos nos antigos mist~rios, corn a finalidade de conservar suas doutrinas, se haviarnmisturado aos pedreiros (ma~ons) e ajuda- varn-nos em suas assernbl~ias, por todos os meios que sua posi~&o civil ou de fortuna ihes permitiarn; e, para suas reuni~es intimas, dispunham, sern despertar a susceptibilidade das auto- ridades, do local que pertencia ~ confraria dos oper6rios em constru~Ao. Aschrnole, o sThio autor de nossos rituais sirnb6li- cos, tendo sido aceito nessa confraria, agiu da mesma forrna corn seus intirnos, para seus concili~bulos secretos relacionados tanto corn a sua politica em favor dos Stuarts quanto corn o estabelecirnento da nova ordern baseada nos antigos mist~rios, para cuja propaga~o eles elirninararn, pouco a pouco, de seu sejo, os oper~rios em constru~o, at~ que chegasse o rnornento de propagar abertarnente, sern perigo, essa nova ordern, que logo deveria invadir o globo. Foi o que ocorreu em Londres, a24 de junho de 1717. Mas, para n~o fazer sornbra aos rnagis- trados, eles continuarama se reunir sob o nomede free masons, pedreiros-livres (isentos de taxas), express~o que n~o corres- ponde exatarnente ao sentido de franco-rna~orn. Em 1725, rna~ons ingleses, partid6.rios do Pretendente, fundaram em Paris, por sua livre iniciativa, duas lojas que tive- ram sucesso e irnitadores. A rna~onaria material n~o teria conseguido mais ~xito na Franga do que o norne de ma~om- 7 -livre; e j~ que houvera urna transforrna~io da coisa, seria urna falta grave n~o modificar-Ihe a denornina~o e adotou-se essa express~o feliz: franco-ma~om. “Esse titulo fez sentir de tal modo a alta importancia da miss~o civilizadora imposta pela nova institui~o, que as bias francesas rejeitaram a vaidade ridicula das prociss~es piiblicas, abandonadas pelas corpora~6es de artes~os, e deixararn de soli- citar sua adrniss~o ou participa~o na co1oca~o das prirneiras pedras dos monumentos pubblicos, cerirn6nias de todo estranhas a seus rituais e finalidades, a menos que se tratasse da cons- tru~o de urn edificio ~scustas da ordem, para seu uso ou para ser consagrado ~ sua benefic~ncia. 0 frances sabia muito bern quen~o se tratava de construir uma parede, por menor que ela fosse, ao adotar o titulo de Franco-ma~orn; mas cornpreendeu que, iniciado nos mistdrios ocultos sob o norne de Franco-ma- ~onaria, nada mais poderiarn ser do que a continua~o ou a renova~io dos antigos mist~rios, ele se tornava ma~om ~ maneira de Apobo, de Anfi~o. Sabernos que os amigos poetas iniciados, falando da funda~o de uma cidade, referiam-se ao estabelecimento de urna doutrina. ~ assirn que Netuno, deus da razao, e Apolo, deus das coisas ocultas, apresentararn-se, na qualidade de rna~ons na casa de Laornedon, pal de Priarno, para ajud~-bo a construir a cidade de Tr6ia, isto para estabe- ~, lecer a religi~o trolana. ~ assirn que Anfi~o, usando de alegoria serneihante, construiu os muros de Tebas, ao som de sua lira, simbobo das leis (Ortodoxia ma~,6nica).” A1i~s, devernos nos lembrar de que, originariarnente, nos rnist&ios de Ekusis, os ne6fitos eram polvilhados corn gesso, em rnern6ria do gesso de que se haviarn coberto os tit~s para se disfar~arem quando assassinaram o jovem laco. 0 v~u que cobre o norne de ma~ons, para significar que se trata de construtores simbdlicos ou fundadores de doutrinas, n~o portanto, moderno e, se ~ conservado, o ~sobretudo por ~, 8 causa das interpreta~6es engenhosas e morais que se acharn corno que simbolizadas pelos diferentes utensiios consagrados ~ arquitetura. 9 VERDADEIRA ORIGEM DOS ANTIGOS MISTi~RIOS e, posteriormente, DA FRANCO-MA~ONARIA Quandon~asesabe deandesevejo ondeandesesaiu, n~asesabeoque se ouparaonde sevat. Urn (inico hem nos vejo da India:’ a INICIA~AO, isto 6, a VERDADE, a protetora dos hornens. A Franco-rna~onaria 6 a re- nova~o dessa Inicia~io e dessa Verdade; achamos que ela chegou ~ G~t1ia por interm6dio dos druidas e dos celtas, funda- dores de Bibracte (Autun), de Al6sia, de suas rnaravilh~s e de seus col6gios inici6ticos, de onde alguns iniciados escaparam ao b6rbaro massacre ordenado, 54 anos antes de nossa era, por Jfilio C6sar, por ocasi~o do saque de Al6sia (V. Ortodoxia ma- ~6nica). Eases iniciados propagararn secretarnentesuas doutrinas durante dezesseis s6culos at6 Aschmole, renovador, corn eles, dos antigos rnist6rios. 1. Da India yam todos os males, on todos os erros: a feudalisma, a desigualdade social entre os homensdivididos em castas, a maioria dos mist6rios religiosos, as aberra~6es penitenciais, a abjura~o absoluta de si mesmo, as fustiga~6es, as jejuns, as mortifica~6es, a isolamento nos claustras, etc. Mas, a mais louco de tados os fan~ticos, na nossa Europa que tanto se compraz em imitar, ngo passaria de um inocente ao lado de urn fanAtico hindu. 11 ORIGENS. A India prirnitiva, sern diivida bern anterior ao tempo em quevivia INDRA, n~o pode ser considerada sen~o co- mo urn foco lurninoso pela concentra~o dos conhecirnentos adquiridos, dispersos mais tarde e refletidos, em parte, sobre as na~6es que a sucederarn. Essa 6 a origern da Teogonia de Indra, recoihida por Zoroastro, o (inico a nos transrnitir os ensinarnen- tos, que se tornararn seus, desse prirneiro dos legisladores ou fundadores de doutrinas, os prirneiros benfeitores da hurna- nidade. Indra proclarnou a unidade de Deus, de onde decorre a unidade do g~nero hurnano; e os hornens, tendo urn s6 pai, cornurn a todas as ra~as, formarn urna casta (mica. Dessa forma, estabeleceu-se no mundo a igualdade civil que produz a Irater- nidade universal e a liberdade de pensar e de escrever, prirneira base moral dos rnist6rios e da Franco-rna~onaria que encontra af, corno ponto de partida, sua prirneira coluna hercules, J.~.. A pureza desses principios civilizadores alterou-se pela tradi~o. Muitos s6culos depois, surgiu MANU, corn suas leis apre- sentadas como reveladas e recoihidas em doze livros. Ele ante- cedeu de muito o aparecimento do c6lebre Valmiki, o pai da poesia sanscrita. Manu proclarnou tr~s deuses ou tr~s s6is: o sol da prima- 2 o sol do ver~o: vera (primum tempus): nascirnento, forma~o; crescimento, propaga~iio; e o sol de inverno: destrui~o, trans- forma~&o. Ou urn s6 Deus, urn Sol (nico, representado sob tres modalidades de a~o. Essa antiga doutrina dos tr&s princi- pios ou das tr~s idades do homem e do ano, que ent~o tinha apenas tr6s esta~es, 6 a fonte de todo o sisterna trinit6rio ma- nifestado depois; ela tornou-se a base dos rnist6rios e, mais tarde, a base da Franco-rna~onaria, cujos tr&s graus estao em perfeita re1a~o corn os s6is de Manu. Deve ser evidente, para todo rna~orn de boa-f6, para o escoc~s, para o misrairnista, 2. Era a ~pocada abertura dos grandes mist~rios no Egita. 12 assim corno para omenfisiano e outros, que a Franco-rna~onaria n~o pode admitir nenhurn grau racional depois do grau de Mestre, isto 6, que n~o existe nenhuma reve1a~o possivel a ser ~eitadepois ciatransforma~o que sesegue ‘a morte do individuo ou ‘a sua desr~ersonifica~o. Oito s6culos depois, os tr~s s6is de Manu forarn personi- ficados, e tivemos BRAHMA, deus formador, que faz nascer, 1~a idade; VISHNU, deus conservador, que faz crescer e propagar, 2.~ idade; e RUDRA ou VIVA, deus destruidor, que personifica e transforma, 3.~ e tiltirna idade todas as tr6s refletidas em — nosso simbolismo. Os sacerdotes dessa trindade rnitol6gica, os brarnanes que,corno Manu, ignoravarn os principios civilizadores de Indra, adotararn em grande parte os livros de Manu, que, diziam eles, erarn revelados, o que n’ao pode ser porque s~o anti-sociais, isto 6, contr6rios ‘a lei divina, ‘a lei natural. Mas a fama de Indra era tal que os brarnanes dele fizerarn urn deus e urn dos guardi~es do mundo, senhor do c6u, governador do ar e das esta~6es; eles o representam sentado sobre urn elefante, corn quatro bravos, que cornandam os quatro pontos cardeais, e empunhando urna for de I6tus. O ilustre ZOROASTRO (o astro de ouro), o reformador dos magos que se tornaram seus discipulos, surgiu 2.160 anos antes de nossa era. Imbuido dos principios sociais e das leis de Indra, ele desprezava o brarnanismo corno algo anti-social por sua legisla~o, pela sanyo que ele dava, em vez de reforrn’a-la, ‘a divis~o dos povos em castas, ao isolarnento das farnilias, ao desprezo pelo trabaiho e ‘a sujei~o da muiher. Zoroastro ensinou a astronornia aos hindus, aos bactrianos, de quern se diz ele foi rei, e aos persas. Sua moral baseava-se no amor ao pr6xirno; seu dogma, na unidade de Deus; tinha em grande respeito o fogo, corno tipo verdadeiro da Divindade invisivel, e urna forte antipatia por Arirna, principlo n~o co-eter- no a Deus. 13 Zoroastro instrufa seus discipulos em reuni6es secretas que corne~avarn ao rneio-dia e terminavarn ‘a meja-noite nurna refei- ~o modesta de amigos. Daf, sern diivida, a origern do hor6rio que serve para abrir e para fechar nossos trabaihos sirnb6licos. Ajudado por seus discipulos, ele civilizou a Ariana, ou Aria, regi~o central da India, da qual difere por sua temperatura sempre arnena. Na India, os ver6es s~o fortissirnos e os invernos terriveis. Ld Os climas s~o r~o diversificados corno as ra~as: existern 16 05 homens brancos das montanhas, Os filhos de Schir; depois os hornens arnarelos, os negros, e muitos rnesti~os em diferentes graus. Os civilizados, os iniciados, charnados as flihos de Deus, acharnbelas as filhas dos arnarelos, e desposarn- -nas. Os costumes hindus s~o detest6veis: o orguiho, o egoismo, o desprezo pelo trabaiho e pela muiher, o fanatismo, o 6dio pela associa~ito, a astiicia, dorninam entre os hindus. Passernos para o lado oposto: em Ariana, china temperado, hitnina (mica e mesma ra~a, fehiz e pr6spera, sob as sitbias leis de Zoroastro: a muiher nito 6 mais urna serva, mas a dirigente dolas; corno o hornern, ela pode aspirar ao sacerd6cio; 16, nito existern classes privilegiadas, nito hit mais sudras ou escravos; em Ariana, o trabaiho 6 considerado urna prece e o trabalho agricola como a prece mais agraditvel a Deus. Entre esse povo afortunado, entre os quais a mitxirna de Zoroastro: Ama a teu pr6ximo coma a ti mesmo 6 praticada em toda parte, o teto conjugal 6 respeitado, a moralidade, honrada; as indiistrias e otrabalho sito encorajados, as re1a~6es de arnizade entre todos, mesmo corn os anirnais, muito recomendadas. 0 deus de Zoroas- tro e dos magos era infinitarnente misericordioso: os pr6prios dem6nios deveriarn arrepender-se e conseguir o perd~o, isto 6, tinharnurn purgat6rio, urn paraiso e nada de inferno. Mais tarde, esses ensinarnentos, que fazern de Zoroastro o mais ilustre dos iniciados e o modelo dos rna~ons, serito recoihidos pelos budis- tas e pelos fil6sofos da Asia (a doutrina de Zoroastro encon- tra-se no Zendavesta e no Bundehish). 14 Enfirn, surgiu Gauzama, apelidado de BUDA, que quer dizer 3 o Sdbio;ele nasceu no ano 1029 antes de nossa era. Os brarnanes haviarnproclarnado oito encarna~6es de Brah- ma, o que 4uer dizer que eles haviam estabelecido oito graus de educa~o religiosa; Buda vein dar ao mundo, n~o urna nova educa~o, mas a demonstra~o de urna luz mais vivificante, tirada do antigo lar de Indra e transinitida pelos magos de Zo- roastro. Ele declarou-se o reformador do brarnanismo, cujas institui~6es anti-sociais ou contritrias ‘a lei natural aboliu. Pro- clarnou urn Deus (inico, formador do universo e pai de todos os hornens, os quais, semeihantes tanto por dentro quanto por bra,formam, por certo, umas6 costa quedeve viver nurn estado de igualdade social e de fraternidade universal, sob oregime de umasolidariedade reciproca. Livres de regras pueris, de pritticas supersticiosas e degradantes, de preconceitos bitrbaros e ernbru- tecedores, enfirn, de tudo o que se op~e ‘a raz~o hurnana, os budistas abrirarn o caminho do progresso e carninhararn por ele, resolutarnente; tirararn a muiher de sua indignidade, decla- rando-a igual ao hornem; moralizararn os lagos de farnilia e as rela~es sociais; permitiram o uso da came de animais, etc. 3. Sua lenda 6 maravilhosa,coma a de Krishna,a de Zoroastro, a de Mois6s, a de Pit4goras,quanasceu quatro vezes e ressuscitou dos mortos, e a de outros fundadores de doutrinas; todas estao cheias de milagres: Buda desceu ciasregi6es celestes at6a ~eiode ~ filha do mais nobre sangue real, e virgem, embora casada co~ Saudhadana, e permanecendo sempre virgem e imaculada. Ele foi con~b~do sem pecado e colocado no mundo sem dor pelo lado ~ireito, aop6 de uma Arvore, scm tocarna terra. Os reis e as sAbias do pais, prevendo seu destina glorioso, apres- saram-se eni ir at6 o seuber~o para saudA-lo. Logo ap6s seu nascimento, ele foi divinizado. Sua infAncia foi admirAvel: podemos convencer-nos disso pelas narrativas singularmentesemeihantes ‘as do evangeiho sobre a inf~ncia de Jesus, que a IgrejaCat6lica considera ap6crifas; ambos dis- cutemcamos doutores da lei e confundem-nos pelasua sabedoria. Dei- xandoriquezas paternas, impressionada apenas camas mis6rias pfiblicas, Buda foi meditar no deserto e se preparar para sua divine missao cam o jejum ~a ora~o. Depois ele vpltou ao mundo e pregou sua dautrina, ‘a qual se ~ppverteu qu~se tq4a a Asia. 15
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