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Riqueza e distribuição geográfica de espécies arbóreas da família Leguminosae e implicações para conservação no Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio, Rio de Janeiro, Brasil PDF

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1 Riqueza e distribuiçãogeográficadeespéciesarbóreas da FAMÍLIA LEGUMINOSAEEIMPLICAÇÕES PARA CONSERVAÇÃONOCENTRO deDiversidade Vegetal de CaboFrio, Rio deJaneiro,Brasil1 Robson Daumas Ribeiro 2-3-4 &Haroldo Cavalcante de Lima34 Resumo RiquezaedistribuiçãogeográficadeespéciesarbóreasdafamíliaLeguminosaeeimplicaçõesparaconservação ( noCentrodeDiversidadeVegetaldeCaboFrio, RiodeJaneiro,Brasil) Leguminosaeapresentacercade727 gênerose 19.325espéciesdistribuídaspelomundo,sendoumadasprincipaisfamíliasnacomposiçãodaflora arbóreadeambientesestacionais. AregiãodeCaboFrioéoprincipal núcleodeflorestassecasdoestadodo RiodeJaneiroeporpossuirelevadadiversidadeeendemismoéumdosseiscentrosdediversidadeindicados para a Mata Atlântica. Com o objetivo de conhecer a diversidade de Leguminosae arbóreas no Centro de DiversidadeVegetal deCaboFrio(CDVCF)eseuspadrõesdedistribuiçãogeográficaforamregistrados 8 táxonsereconhecidoseispadrõesdedistribuição. Baseadonosendemismoseemanálisesdecomposiçãode algumasáreasdoCDVCF,foipossível indicarosremanescentesdeflorestassobreTabuleironasproximidades daPraiadaGorda,Armaçãodos Búziosedos morrotes mamelonaresdos municípiosde Araruama,Iguaba, Saquaremae SãoPedrodaAldeiacomo prioritáriosparaaconservação. Palavras-chave: Fabaceae,Leguminosae,árvore.MataAtlântica,diversidadeedistribuiçãoespacial. Abstract (SpeciesrichnessandgeographicdistributionofLeguminosaetreesandimplicationsforconservationinthe CaboFrioCenterofPlantDiversity.RiodeJaneiro,Brazil) Leguminosae,withabout727generaand 19,325 speciesdistributedworldwide,isoneofthemainfamiliesinthecompositionoftreefloraofdryenvironments. TheCaboFrioregionholdsthemaincoreofdry forestsinRiodeJaneiroState.Becauseofhighdiversityand endemism, it isoneofsix Centers ofPlant Diversity indicated fortheAtlantic Forest. Inordertoknowthe diversity oftree Leguminosae ofthe Cabo Frio Center of Plant Diversity (CDVCF) and their pattems of geographic distribution, 81 taxa were recorded and six distribution pattems were recognized. Based on endemics and composition analyses ofseveral areas ofthe CDVCF, it was possible to indicate the forest remnantsonTabuleiroin the vicinityofGordaBeachandonthe lowhillsofAraruama, Iguaba. Saquarema and São Pedroda Aldeiaas priorities forconservation. Keywords Fabaceae,Leguminosae,trees,rainforest,diversityandspatialdistribution. : Introdução Bruni 1998) e de outras formações florestais A família Leguminosae possui cerca de do Neotrópico (Forero & Gentry 1988). 727 gêneros e 19.325 espécies (Lewis et al. A floresta tropical atlântica do Brasil é 2005), que ocupamos mais variados habitats. umimportantecentrodabiodiversidademundial Oconhecimentode suasespécies,atravésdos (Barthlott et al. 1996), que se encontra estudos taxonômicos e ecológicos, vem criticamente ameaçado. Principalmente por demonstrando a importância desta família na encontrar-se em tal situação, este domínio flora tropical, a exemplo de sua significativa fitogeográficoéconsideradoprioridadeparaa riqueza na composição arbórea da Mata conservação (Bibby et al. 1992; Mittermeier & Atlântica(Leitão-Filho 1982;Peixoto Gentry etal. 1998; Myersetal.2000). Paraaumentar 1990; Lima & Guedes-Bruni 1997; Guedes- a eficácia das estratégias de conservação. Artigorecebidoem05/2008.Aceitoparapublicaçãoem02/2009. ‘Parteda Monografiadoprimeiroautor.InstitutodeCiênciasBiológicaseAmbientaisdaUniversidadeSantaUrsula. :BolsistadeIniciaçãoCientificadoConselhoNacionaldeDesenvolvimentoCientíficoeTecnológico-PIBIC/CNPq. ‘InstitutodePesquisasJardimBotânicodoRiodeJaneiro.R.PachecoLeão915.JardimBotânico,22460-030.RJ,Brasil. ‘Autoresparacorrespondência:[email protected]:[email protected] SciELO/JBRJ cm 13 14 15 16 17 18 19 .. W 112 Ribeiro. R. D. & Limo. //. C. particularmente na expectativa de protegeras os resultados do inventário das Leguminosae áreasdegrande relevânciaparaa manutenção arbóreas em diferentes remanescentes deecossistemasnaturais, foramdefinidosseis florestais do CDVCFsão discutidos, com um centrosdediversidadevegetalemseudomínio, entoque naavaliaçãoda riquezadeespéciese estando um deles localizado na região dos nasrelações florísticas, bemcomopara inferir Lagos, no estado do Rio de Janeiro, o Centro as implicações para a conservação nesta deDiversidadeVegetaldeCaboFrio(CDVCF). singularregiãodoestado do Riode Janeiro. Arelevantediversidadeeendemismodeplantas nesta região (Araújo 1997), bem como a Materiale Métodos referênciacomoumenclavevegetacionalcom Caracterização da área de estudo ligações florísticas do domínio das caatingas O (Ab'Saber 1974, 1977), fundamentaram asua Centrode Diversidade Vegetal deCabo indicação (WWF & IUCN 1997). Frio (CDVCF) está localizado na Região dos Atualmente, mesmohavendoimportantes Lagos,estadodoRiodeJaneiro, Brasil,entreas estudos sobre a diversidade e a composição coordenadas22°3()’-23°00'Se41°52'—12°42' florística no CDVCF (Araújo 2000: Sá 2006; (Fig. 1)epossuicercade 1.500kmlÉintegrado Sá & Araújo 2009, neste volume), pouco se pelos municípios de Araruama, Armação de sabe sobre as variações destes atributos nas Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba, diferentesfitofisionomias.Portanto,obternovos Saquarema e São Pedro da Aldeia, sendo dadosédeterminanteparaindicarasprioridades limitada a leste e sul peloOceano Atlântico, a de conservação. Para supriresta necessidade. oeste pela Serra do Mato Grosso e ao norte Figura 1 -LocalizaçãodoCentrodeDiversidadeVegetaldeCaboFrio.RiodeJaneiro.Brasil. Rodrigufsia 60 (I): 111-127. 2009 SciELO/ JBRJ cm 13 14 .. RiquezaedistribuiçãogeográficadeLeguminosaenoCDVCF, RiodeJaneiro 113 peloslimitessuperioresdaLagoadeAraruaina Mori 1990; Pirani 1990; Prado& Gibbs 1993; e pelos eursos inferiores dos rios Una e São Oliveira-Filho& Ratter 1995;Limaetal. 1997; João. O clima, de acordo com o sistema de Lima2000). Krippen. é do tipo Bsh, árido quente com Para o reconhecimento das formações temperaturasmédiasanuaispróximasde25°C. florestais daregião doCDVCFfoi utilizadoo podendochegara40°Cnoverão.Asprecipitações sistemadeclassificaçãodavegetaçãobrasileira pluviométricasficamemtornode800mm/ano, (Velosoetal. 1991)esobadenominaçãogenérica com cinco meses de seca (WWF & 1UCN de Mata Atlântica são reunidas às formações 1907). Estas características climatológicas florestaisombrófilaseestacionaisextra-amazônicas, estão mais relacionadas com as áreas entre além dasformações nãoflorestaisassociadas, Cabo FrioeArraial do Cabo. sendoo restante como manguezais, restingas e campos de do CDVCF áreas de transição para o clima altitude (Câmara 1991; Joly etal. 1999). tipo Aw. tropical com chuvas de verão e seca Otrabalhode identificaçãoeatualização no inverno, mas ainda sob forte influência de domaterial botânicofoi realizadocomousode déficit hídrico (Barbiéri & Coe Neto 1999). literaturaespecializadaerevisõestaxonômicas As fisiografias predominantes na região recentes,comparaçãocomespécimesdoherbário sãoasplaníciesarenosascosteiras,osdepósitos do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do alúvios-colúvios,aslagunas,os monosbaixos RiodeJaneiro(RB)econsultaaespecialistas. daspenínsulasArmaçãodeBúzioseCaboFrio Todasasinformaçõesdeetiquetadacoleção e as encostas da Serra de Mato Grosso. A deLeguminosaearbóreaprovenientedoCDVCF altitude varia desde o nível do mar até cerca edepositadanoherbárioRB estãodisponíveis de500metros,sendomenosde 10%daregião no bancode dadosJabot - Bancode Dadosda acima dos 100 metros (Araújo 2000). FloraBrasileira[http://www.jbrj.gov.br/jabot]. Amostragem e análise dos dados Resultados e Discussão O inventário das espécies arbóreas da Diversidade taxonômica famíliaLeguminosaenoCentrodeDiversidade O resultado do inventário das espécies Vegetal de Cabo Frio foi realizado a partirde arbóreasdafamíliaLeguminosae noCentrode levantamentobibliográfico(artigosecapítulos Diversidade Vegetal de Cabo Frio (CDVCF) é de livros, além de teses, dissertações e monografias referentes à região e à família apresentado na Tabela 1, constando da lista de espécies e infra-espécies e os resultados Leguminosae),examedascoleçõesdosprincipais herbários do estado do Rio de Janeiro (GUA, relativos à distribuição geográfica. Foram R, RB, RBR, RFA e RUSU, aqui citados de listados81táxonssubordinadosa41gêneros,sendo acordocomHolmgrenetal. 1990)etrabalhosde 19/12Caesalpinioideae,23/12Mimosoideaee campo(iniciadosem2002efinalizadosem2007). 39/17 Papilionoideae. Coletas foram realizadas em remanescentes A diversidadetaxonômicadeespéciesde Leguminosae arbóreasnoCDVCFmostrou-se florestais nos sete municípios que integram o CDVCF. utilizando-se o método de coletas bastante elevada quando comparado com assistemáticas através de caminhadas livres. outras áreas estudadas (Tab. 2). Aexpressiva Adotou-se para árvores a definição de riqueza de espécies da família Leguminosae indivíduoslenhososdetronconãoramificadona na Mata Atlântica foi relatada em vários baseequealcancem3metrosoumaisdealtura. estudos (Guedes-Bruni et al. 1997; Araújo Asdistribuiçõesatuaisdeespécies foram 2000; Lima2000;Kurtz&Araújo2000;Morim definidasatravésdosdadosdeherbário,bibliografia 2006; Morim & Barroso 2007). O estudo etrabalhosdecampo,enquantoseusrespectivos realizadoporLima(2000)paraconheceravariação padrõesgeográficosseguirammodelosdisponíveis da riqueza na flora arbórea de Leguminosae na literatura (Prance 1979; Mori et al. 1981; emdiferentesremanescentesnoestadodoRio Rodriguésia 60 (1): 111-127. 2009 SciELO/JBRJ 13 14 15 16 17 18 4 1 1 Ribeiro. R. D. &Lima. II. C. Tabela 1 - Lista das Leguminosae arbóreas registradas para o Centro de DiversidadeVegetal de CaboFriocomseusrespectivospadrõesdedistribuiçãogeográfica.Abreviações: NEO-Neotropical; ACO - América do Sul Centro-Oriental; SE/NE - Atlântico Sudeste-Nordeste; SE/S - Atlântico Sudeste-Sul; SE - Sudeste; RJ - Rio de Janeiro. Táxoas Padrões _ Abaremacochliacarpos(Gomes)Bameby&Grimes SE/NE Acosmium lentiscifolium Spreng. SE/NE Albiziapolycephala(Benth.) Killip ACO Amburanacearensis(Allemao)A.C.Sm. ACO Anadenantheracolubrina(Vell.) Brenan ACO Andiraanthelmia(Vell.)Macbr. ACO Andirafraxinifolia Benth. ACO Andiralegalis(Vell.)Toledo SE Apuleialeiocarpa (Vog.) Macbr. NEO Bamebydendron riedelii (Tul.)Kirkbride NEO Baiihinia albicans Vog. SE/NE Baubiniaforficata Link ACO Bauhiniapentandra (Bongard) D. Dietrich ACO Caesalpinia echinata Lam. SE/NE Caesalpiniaferrea Mart. SE/NE Caesalpinia pluviosa DC. ACO ACO Calliandra harrisii Benth. Centrolobium tomentosum Benth. ACO Chamaecristaensifonnis (Vell.)I.& B. ACO Chloroleucontortum (Mart.) Pittier RJ Copaifera lucens Dwyer SE Copaifera trapezifolia Hayne ACO ACO Erythrina speciosa Andr. Exostyles venusta Schott SE/NE Grazielodendronrio-docensis H.C.Lima SE Hymenaeacourbaril L. ACO NEO Inga capitata Desv. Inga cordislipida Mart. SE NEO Inga edulis Mart. NEO Ingalaurina(Sw.)Willd. NEO IngamarginataWilld. Ingamarítima Benth. SE Ingasubnuda Salzm. e.xBenth. subsp. luschnathiana (Benth.)T.D. Penn. SE/S LonchocarpuscampestrisMart.ex Benth. SE/NE Lonchocarpiiscultratus(Vell.)Az.-Tozzi&H.C.Lima NEO Lonclwcarpus virgilioides(\bg.) Benth. SE/NE Machaerium brasilienseVog. ACO Machaeriumfimium(Vell.)Benth. RJ Machaeriumfluminense Rudd SE Machaeriumhirtum(W11.)Stelfeld NEO Machaeriumincorruplibile(Vell.) Benth. SE/NE Machaerium leucopterumVog. SE/NE Machaeriumnictitans(\fell.)Benth. ACO Rodriguésia 60 (1): 111-127. 2009 SciELO/JBRJ cm 13 14 .. RiquezaedistribuiçãogeográficadeLeguminosaenoCD\'CF. RiodeJaneiro Táxoiis Padrões Machaeriumnigrum Vog. SE Machaeriumobovatum Kuhlm. & Hoeline RJ Machaeriumpedicelatum Vog. SE Machaeriumpunctatum(Poir.) Pers. ACO Machaeriumstipitatum DC. Vog. ACO ( ) Melanoxylon brauna Schott ACO Mimosaarenosa(Willd.)Poiretvur. arenosa NEO Mimosabimucronata(DC.) Kuntz. NEO MyrocarpusfastigiatusAllemao SE/NE MyrocarpusfnmdosusAllemao ACO Ormosiaarbórea(Vell.)Harms ACO Parapiptadeniapterosperma (Benth.) Brenan SE/NE Peltogyne discolor Vog. SE/NE Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. NEO Piptadenia gonoacantha (Mart.) Macbr. ACO Piptadenia paniculata Benth. ACO Plathymenia reticulata Benth. ACO Platymisciumfloribundum Vog. var.floribundum ACO Platymisciumfloribundum \bg. var. latifolium(Benth.) Benth. SE/S PlatymisciumfloribundumVog.var. nitens(Vog.)Klitgaard ACO Poecilanthefalcata (Vell.)Heringer SE/NE Pseudopiptadeniacontorta(DC.)GP.Lewis&M.P.Lima ACO Pseudopiptadenia inaequalis (Benth.) Rauchert SE Pseudopiptadeniaschumanniana(Taub.)G.P. Lewis&M.PLima RJ Pterocarpus rohrii Vahl NEO Pterogyne nitensTul. ACO Senegaliabahiensis(Benth.) Seigler& Ebinger SE/NE Senegaliapolyphylla (DC.) Britton & Rose NEO Sennamacranthera(Collad.)I.& B. NEO Sennamultijuga (L.C. Rich.)I.&B. var.lindleyana (Gardn.)I.&B. ACO Sennasilvestris(Vell.)I. &B.var. silvestris NEO Swartzia apetala Raddi var. apetala SE/NE Swartziaapetala Raddi var. glabra (\bg.)Cowan SE/NE Swartziaflaemingii Raddi var.flaemingii SE/NE Swartziaglazioviana(Taub.)Glaziou RJ SwartziamyrtifoliaJ.E. Smith var.elegans(Schott)Cowan ACO Sweetiafruticosa Spreng. ACO ZoUemiaglabra (Spreng.)Yakovl. SE deJaneiro indicou uma maiordiversidadeem É interessante ressaltar que ariqueza de altitudes abaixode500 metros, principalmente gêneros entre as áreas estudadas mostrou-se nos maciços litorâneos isolados da cadeia mais alta em locais com floresta estacionai central da Serra do Mar.A elevada riqueza de (Caratinga, CDVCF), contrastando com a árvores da família Leguminosae no CDVCF menorriquezaemlocaiscomflorestaombrófila corrobora com estes dados, já que a referida (Cairuçu, Itatiaia e Macaé de Cima). Este região está enquadrada nesses limites resultado parece seguir uma tendência geral altitudinais. observadaparaafamília,cujasáreasdemaior Rodriguésia 60 (I): 111-127. 2009 SciELO/JBRJ cm 13 14 .. ) Ribeiro, R. D. &Lima. H. C. Tabela 2 - Quantificação de gêneros e espécies de Leguminosae arbóreas em outras áreas da região Sudeste do Brasil. Abreviações: CDVCF, Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio-RJ (presente estudo); CAIRUÇU, APA de Cairuçu-RJ (Marques 1997); CARATINGA. Estação Biológica de Caratinga-MG (Mendonça Filho 1996); ITATIAIA. Parque Nacional dè Itatiaia (Morim 2002); MACAÉ DE CIMA, Reserva Ecológica de Macaé de Cima-RJ (Lima et al. 1994). CDVCF CAIRUÇU CARATINGA ITATIAIA MACAÉ DECIMA N°de gêneros 41 20 41 30 18 N° de espécies 81 36 65 47 35 diversificaçãoestãolocalizadasem ambientes estacionais para a composição florística do estacionais(Lewisetal. 2005).Taldiversificação CDVCF. Poroutro lado. ariquezadeespécies supõe-semuitoantiga,poisremontariaaoTerciário, em Inga e Swartzia, respectivamente sete e quandoasflorestassecasdominavamasprincipais cinco espécies, gêneros com preferência por regiõesdomundo(Penningtonetal.2004).Além ambientes úmidos (Cowan 1967; Pennington disso, a associação da família com bactérias 1997; Mansano 1997; Richardsonetal. 2001 fixadorasdenitrogêniotemsidoapontadacomo podetambém indicarainfluênciadasflorestas ummeioeficienteparaaocupaçãodeambientes ombrófilasadjacentes,emparticulardacadeia pobresem nutrienteseemregeneração(Franco daSerradoMar,nacomposiçãodeLeguminosae etal. 1992;Mckey 1994;Sprent 1994;Campello nas florestas do CDVCF. Estes resultados 1997; Faria 1997; Faria& Lima2002; Fariaet sugerem que a elevada riqueza florística al. 2006).Portanto,entreaspossíveisexplicações constatada para esta região (Araújo et al. paraaelevadariquezadeleguminosasarbóreas 1998;Araújo2000;Sá2006;Sá&Araújo,2009. no CDVCF, uma das mais consistentes pode neste volume) podetambém serexplicada por estar relacionada com a elevada diversidade essa co-ocorrência de espécies. destafamíliaem florestasestacionaistropicais A análise do inventáriode Leguminosae e a alta capacidade desta família em ocupar arbóreasnoCDVCFtambémcontribuiparaum locaiscom solos pobres em nutrientes e áreas melhorconhecimentodadiversidadeflorística degradadas, que são freqüentes na paisagem da Mata Atlântica. Foram registrados cinco CDVCF do e de toda a Mata Atlântica. táxonscitadospelaprimeiravezparaoestadodo Os gêneros e os respectivos números de RiodeJaneiro,sendoelesAtnburanaceareitsis, espécies/infra-espécies estão apresentados na Lonchocarpus campestris, Machaerium Tabela 3.Trêsgênerosestãorepresentados por fluminense, M. nigrum e Senegalia hahiensis. cincoou maisespécies, enquanto 12 possuem Estas novas descobertas de leguminosas duasoutrêsespécieseos26gêneros restantes arbóreasnosremanescentesdeMataAtlântica por apenas uma espécie. Destaca-se o gênero deste estado, onde estudos florísticos vêm Machaerium com 12 espécies, cuja elevada sendo realizadosdesde o século XVIII (Lima riquezajáfoiconstatadaparaaregiãoneotropical 1995).demonstramoquãodistanteestamosde (Hoehne 1941; Rudd 1987; Mendonça-Filho um inventáriocompletodadiversidadedestas 2002),principalmenteem formaçõesvegetais florestas. Este resultadoésurpreendente, pois submetidasàbaixapluviosidade(Lima2000). ressalta a insuficiência de amostragem de Isto reforça a suposição sobre a contribuição coletaemalgunstrechosdestebiomanoestado de elementos relacionados com florestas do Rio de Janeiro e a necessidade de estudos Rodriguésia 60 (I): 111-127. 2009 BciELO/JBRJ cm 13 14 15 16 17 18 19 .. RitpiezítedistribuiçãogeográficodeLeguminosaenoCDVCF. RiodeJaneiro 117 Tabela3-Quantificaçãodonúmerodeespécies fortalecer a indicação da região de Cabo Frio e infra-espécies por gêneros no CDVCF. como um centro de diversidade. Macbaeriiim 12 Bamebydendron 1 Padrões de distribuição geográfica Inga 7 Calliandra I Foramdefinidosospadrõesdedistribuição Swartzia 5 Centrolobium 1 geográfica de 81 táxons específicos ou infra- Andira 3 Chamaecrista Bauhinia 3 Chloroleucon 11 eesspteãcoídfeilciosne(aTdaobs.n1a).FOisgupraadr2õeessudmeadriisztraidbousiçnãao Caesalpinia 3 Erythrina 1 Lonchocarpus 3 Exostyles 1 Tabela 4. Platymiscium 3 Grazielodendron 1 Pseudopiptadenia 3 Hymenaea 1 Neotropical (NEO) Senna 3 Melanoxylon 1 Representado por 15 espécies (ca. 19%) Copaifera 2 Ormosia I ocorrentesnoCDVCF.queabrangeaAmérica Mimosa 2 Parapiptadenia 1 do Sul e Central e estende-se até o México. Myrocarpus 2 Peltogyne 1 Destacam-se neste padrão as espécies Piptadenia 2 Peltophonan 1 generalistas que ocorrem nas mais distintas Senegalia 2 Platymenia 1 formaçõesvegetais,comotambémverificados Abarema i Poecilanthe 1 porLima(2000)eMorim(2006).Pterocarpus Acosmium i Pterocarpus 1 rohrii (Fig. 3a) é uma espécie que habita Amburana Pterogyne i 1 frequentemente as florestas ombrófilas e Albizia i Sweetia 1 estacionais neotropicais, mas também se Anadenanthera Zollernia i 1 Apuleia TOTAL 41/81 estende pelas matas ciliares até às áreas de i cerrado e caatinga. Algumas espécies, como por exemplo, higa capitata, I. edulis e I. taxonômicosemgênerosarbóreos. Emtermos lauriiia possuemampladistribuiçãoassociada , de avaliação da diversidade, o resultado às principais bacias hidrográficas, ocorrendo alcançado para o CDVCF é muito relevante, preferencialmente em florestas ribeirinhas e pois indica que a diversidade florística de planícies de inundação (Pennington 1997). florestas estacionais fluminenses pode estar Apenas Bamebydendron riedeliimostra uma subestimada,contrastandocomoconhecimento distribuiçãodisjunta,ocorrendoemflorestasda atual das florestas ombrófilas, como já foi América Central, da Amazônia e do Brasil apontado por Janzen (1997) e Mooney et al. Sudeste (Wanvick et ol. 2008). 1995) para outras regiões tropicais. ( NoestadodoRiodeJaneiro,poucossãoos América Centro-Oriental (ACO) estudos florísticosemflorestasestacionalmente Representado por 31 espécies (ca. 38%) secas(Farág 1999; Silva&Nascimento2001; ocorrentes no CDVCF, que abrange o Brasil Spolidoro2001 Sá2006;Nascimento& Lima Central, Nordeste e Sudeste, podendo se ; 2008; Maioli-Azevedo 2008). No CDVCF a estender até o Nordeste da Bolívia, Paraguai. totalidade dos trabalhos realizados se refere Uruguai e Argentina. Categorizadas sob às florestas sobre áreas de colinas, vestígios estepadrão,amaioriadasespéciesdoCDVCF detabuleirosdaformaçãoBarreiraseplanícies mostrou adistribuiçãoassociadapreferencial- arenosas. Assim, são ainda precárias as mente com as áreas de florestas estacionais informações florísticas sobre as florestas das tropicais, a exemplo de Amburana cearensis elevações mais úmidas (Sá 2006), entre as (Fig. 3b), Anadenanthera colubrina, quais se destacam as serras da Castelhana e Caesalpinia pluviosa e Macliaeriuin de Mato Grosso. Futuros inventários nestas brasiliense (Oliveira-Filho & Ratter 1995; serras provavelmente darão conhecimento a Lewis 1987). Entretanto, foi ainda observado novos registros botânicos, corroborando para quealgumasespéciespossuemumadistribuição Roilriguésia 60 (1): 111-127. 2000 SciELO/JBRJ 13 14 15 16 17 18 118 Ribeiro, R. D. & Lima. //. C. Figura2—Delimitaçãogeográficadospadrõesdedistribuição(abreviadosdeacordocomaTabela 11verificadosparaas LeguminosaearbóreasdoCentrodeDiversidadeVegetaldeCaboFrio. Rodriguésia 60 (1): 111-127. 2009 SciELO/JBRJ 13 14 15 16 17 18 19 RiquezaedistribuiçãogeográficadeLeguminosaenoCDVCF. RiodeJaneiro 1 19 Tabela4-Númerodeespéciese porcentagem Atlântico Sudeste-Sul (SE/S) dos padrões de distribuição geográfica. Representadoporduasespécies(ca. 2%) Abreviação dos Padrões: NEO - América do ocorrentesnoCDVCF,queabrangeaextensão ACO Sul,CentraleMéxico; -Centro-Oriental, Sudeste-Sul dacosta atlântica, desdeoestado Nordeste da Bolívia, Paraguai, Uruguai e do Espírito Santo no território brasileiro até a Argentina; SE/NE - Costa atlântica, desde o Argentina. Estas espécies, Inga subnuda estadode São Paulo até oCeará; SE/S -Costa subsp. luschnathiana e Platymiscium atlântica, desde oestadodo Espírito Santoaté floribiindum var. latifolium(Fig. 3d),ocorrem a Aigentina; SE - estados do Rio de Janeiro, preferencialmente em florestasombrófilasou Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo: RJ florestas ribeirinhas (Pennington 1997; - Endêmicas do estado do Rio de Janeiro. Klitgaard2005). % Padrões N"deEspécies Sudeste (SE) NEO 15 19 Representado por 10 espécies (ca. 12%) ACO 31 38 ocorrentes no CDVCF, que abrange a porção SE/NE 18 22 A central dacostaatlânticabrasileira. maioria SE 10 12 das espécies têm preferência pelas florestas RJ 5 6 SE/S 2 2 estacionaisdeterrasbaixas,comoporexemplo, Grazielodendron rio-docensis (Fig. 3e) e Machaeriumfluminense (Lima 1983; Ribeiro & Lima 2007). Entretanto, foi constatado que associadaàsflorestasombrofilas,porexemplo, algumas espécies também ocorrem em Onnosia arbórea Pseudopiptadenia , restinga, a exemplo de Andira legalis e Inga contorta e Snartzia myrtifolia var. elegaiis. marítima. Neste padrão, Pseudopiptadenia Estas espécies alcançam o Brasil Central e inaequalis é a única espécie com preferência Nordeste,ondeocorrememredutosflorestais, porflorestasombrófilas. emgeral ribeirinhosoumontanos(Lima2000). Rio de Janeiro (RJ) Atlântico Sudeste-Nordeste (SE/NE) Representado por cinco espécies (ca. Representado por 18 espécies (ca. 22%) 6%)ocorrentesnoCDVCF,equesecaracteriza ocorrentesnoCDVCF.queabrangeaextensão pelas espéciesendêmicasdoestadodo Riode Sudeste-Nordestedacostaatlânticabrasileira. Janeiro. Incluídonestepadrãoestãoàsespécies A maioria das espécies com este limite de Machaerium obovatum e Swartzia glazioviana distribuição mostrou também preferência por (MendonçaFilho2002;Mansano&Azevedo- florestas estacionais, algumas exclusivas das Tozzi 1999),quepossuemdistribuiçãorestritaaos florestas litorâneas e restingas, como por limitesdoCDVCFeasespécies Chlowleucon exemplo. Caesalpinia echinata (Fig. 3c) e tortum (Fig. 3f), Machaerium firmum e Loncbocarpus virgilioides. Essas espécies, Pseudopiptadeniaschumanniana que possuem dentre outras, possuem uma distribuição uma distribuição mais abrangente dentro do associada às florestas estacionais sobre estado (Lima 2000; Ribeiro & Lima 2007). tabuleiros de formação barreiras e planícies Estudos biogeográficos sobre plantas arenosas de origem marinha. Entretanto, foi arbóreas das formações florestais do Brasil verificado ainda que algumas espécies como OrientalAtlânticopodemserinfluenciadospelo Bauhinia albicans e Machaerium leucopterwn esforçodecoletaconcentradoemcertasregiões, possuemumadistribuiçãodisjunta,ocorrendo como também pelas lacunas de conhecimento em remanescentes florestais do CDVCF e da botânico em algumas áreas (Mori etal. 1981; caatinga, no nordestedo Brasil (Lima 2000). Mansano&Azevedo-Tozzi 1999).Entretanto,no Rodriguésia 60 (I): 111-127. 2009 SciELO/JBRJ, 13 14 120 Ribeiro, R. D. &Lima, H. C. eFc'hfmUartacr3,d.DlPsltartibyum|iÇsac°iguemofglroárfiicbaunddeuLmevgaurm.ilnatoisfaoeliaurmb:óer.eaGsr:aaz.iPetleordoecnadrrpounsrroihor-idro,cbe.nAsimsb;uf.raClndaocreoalreeuncsoins•tcorCtauems.cdpinia Rodriguésia 60 (I): 111-127. 2009 SciELO/JBRJ 13 14 15 16 17 18 19

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