ebook img

Revolta Contra o Mundo Moderno PDF

490 Pages·1989·50.514 MB·Portuguese
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview Revolta Contra o Mundo Moderno

REVOLTA CONTRA O MUNDO MODERNO JULIUS EVOLA REVOLTA CONTRA O MUNDO MODERNO Tradução de José Colaço Barreiros Breve nota sobre a vida e a obra de Julius Evola por Rafael Gomes Filipe PUBLICAÇÕES DOM QUIXOTE LISBOA 1989 Publicações Dom Quixote, Lda. Rua Luciano Cordeiro, 116-2.° 1098 Lisboa Codex — Portugal Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor © 1969, Edizioni Mediterranee Título original: Rivolta contro il mondo moderno l.a edição: Fevereiro de 1989 Depósito legal n.° 24940/88 Fotocomposição: Grafilis - Reprodução e Artes Gráficas, SA. Impressão e acabamento: Gráfica Manuel Barbosa & Filhos, Lda. Distribuição: Diglivro — Rua Ilha do Pico, 3-B, Pontinha, Lisboa Movilivro — Rua Gomes Leal, 93, Porto ISBN: 972-20-0672-2 ÍNDICE Introdução.............................................................................................................. 9 Primeira Parte O MUNDO DA TRADIÇÃO 1 — O princípio.............................................................................................. 23 2 — A realeza ................................................................................................ 27 3 — 0 simbolismo polar. 0 senhor de paz e de justiça ......................... 39 4 — A Lei, o Estado, o Império ................................................................. 49 5 — 0 mistério do rito ................................................................................. 59 6 — Sobre o carácter primordial do patriciado 67 7 — Sobre a virilidade espiritual .................................................................. 77 8 — As duas vias do além-túmulo 83 9 — Vida e morte das civilizações 93 10 — A iniciação e a consagração ................................................................ 101 11 — Sobre as relações hierárquicas entre a realeza e o sacerdócio 109 12 — Universalidade e centralismo 115 13 — A alma da cavalaria 123 14 — A doutrina das castas ........................................................................... 135 15 — As participações e as artes — a escravatura 149 16 — Bipartição do espírito tradicional. A ascese....................................... 161 17 — A grande e a pequena guerra santa.................................................... 167 18 — Jogos e vitória 181 19 — 0 Espaço — 0 Tempo — A Terra 199 20 — Homem e mulher .................................................................................. 217 21 — Declínio das raças superiores ............................................................... 229 Segunda parte GÉNESE E FISIONOMIA DO MUNDO MODERNO 1 — A doutrina das quatro idades ............................................................. 239 2 — A idade do ouro ................................................................................... 247 3 — 0 «pólo» e o local hiperbóreo ........................................................... 253 4 — 0 ciclo nórdico-atlântico....................................................................... 261 5 — Norte e Sul ............................................................................................ 273 6 — A civilização da mãe............................................................................. 285 7 — Os ciclos da decadência. 0 ciclo heroico .......................................... 295 8 — Tradição e antitradição ......................................................................... 311 a) Ciclo americano — Ciclo mediterrânico oriental b) Ciclo judaico — Ciclo ariano-oriental 9 — 0 ciclo heróico-urânico ocidental ........................................................ 337 a) 0 ciclo helénico b) 0 ciclo romano 10 — Síncope da tradição ocidental. 0 cristianismo das origens............... 367 11 — Translação da ideia do Império. A Idade Médiag ibelina 377 12 — 0 ocaso do ecúmeno medieval. As nações 395 13 — 0 irrealismo e o individualismo 407 14 — A regressão das castas.......................................................................... 425 15 — Nacionalismo e colectivismo 437 16 — 0 ciclo encerra-se .................................................................................. 447 a) A Rússia b) A América Conclusão .......................................................................................................... 463 Apêndice — Sobre a «Idade obscura».......................................................... 473 Breve nota sobre a vida de Julius Evola...................................................... 477 índice de autores e de textos anónimos........................................................ 483 INTRODUÇÃO r A alar do «declínio do Ocidente», da crise da civilização actual, dos seus perigos, das suas destruições ou das suas alie- nações, há muito tempo que se tornou quase um lugar-comum. Por outro lado, formulam-se profecias sobre o futuro europeu ou mundial e lançam-se também apelos para a «defesa» de um ou do outro. Nas suas linhas gerais, em tudo isto mal se ultrapassa um mero diletantismo de intelectuais. Seria demasiado fácil demonstrar como existe aqui tantas vezes uma falta de verdadeiros princípios; como grande parte daquilo que se pretendia negar é afirmado pela maioria dos que propõem reagir contra isso; como se sabe pouquíssimo o que se quer e como se obedece mais a impulsos irracionais, especial- mente quando se passa para o campo prático com manifestações incorrectas e vio- lentas de uma «contestação» que por vezes pretendia ser global quando afinal é apenas inspirada por formas consequenciais e terminais da presente civilização. Embora fosse insensato em fenómenos deste género vislumbrar algo de posi- tivo, eles têm incontestavelmente o valor de um sintoma. Vêm avisar-nos de que já se sente que campos considerados firmes afinal são movediços e que as perspec- tivas idílicas do «evolucionismo» já perderam a sua actualidade. Mas um instinto inconsciente de autodefesa impede que se ultrapassem certos limites — tal como o poder que inibe aos sonâmbulos a percepção do vácuo em que caminham. Ainda não se pode «duvidar» para além de certas marcas — e certas reacções intelectuais ou irracionais parecem quase que são concedidas ao homem moderno apenas para desviá-lo, para o deterem na via da total e temível visão perante a qual o mundo actual surgiria como sendo somente um corpo privado de vida caído por um precipício, em que em breve já nada conseguirá detê-lo. 9 Julius Evola Há doenças que incubam durante muito tempo, mas que só se tornam eviden- tes quando a sua obra subterrânea já quase chegou ao fim. Assim acontece com a queda do homem ao longo das vias da que ele glorificou como sendo a civiliza- ção por excelência. Se apenas hoje os modernos conseguiram ter a sensação de um destino sombrio para o Ocidente1, já há séculos que têm vindo a agir cau- sas, a estabilizar-se condições espirituais e materiais de degenerescência, de tal modo que retiram à maioria a possibilidade não só da revolta e do retorno à nor- malidade e à salvação, mas também, e acima de tudo, a de compreender o que significam a normalidade e a salvação. Assim, por muito sinceras que sejam as intenções de alguns dos que dão um alarme e se insurgem contra a situação, não podemos ter ilusões sobre os seus resultados. Não é fácil ter a noção de como se tem de escavar bem fundo até se encontrar a raiz primordial e única de que são naturais e necessárias conse- quências não só as formas de que já é visível para todos o lado negativo, mas também muitas outras, que até os espíritos mais audaciosos não cessam de pressu- por e de admitir no seu próprio modo de pensar, de sentir e de viver. «Reage-se», «contesta-se». Como se poderia deixar de fazê-lo perante certos aspectos desespe- rados da sociedade, da moral, da política e da cultura contemporâneas? Mas trata-se — só e precisamente — de «reacções», e não de acções, não de movimen- tos positivos que partam de dentro e testemunhem a posse de uma base, de um princípio, de um centro. Pois bem, com acomodamentos e «reacções» já se anda no Ocidente a brincar há muito tempo. A experiência demonstrou que por esse caminho não se consegue chegar a nada do que realmente importa. Não é de se virar de um lado para o outro no leito de agonia que se deveria tratar, mas sim de despertar e levantar-se. As coisas chegaram a tal ponto que hoje nos perguntamos quem será capaz de assumir o mundo moderno não em qualquer um dos seus aspectos particulares — «tecnocracia», «sociedade de consumo», etc. —, mas sim em bloco, até apreen- der o seu significado último. Só este poderia ser o princípio. Mas para isso é necessário sair do círculo de atracçâo. É necessário saber con- ceber o outro — conseguir criar novos olhos e novos ouvidos para coisas que o afastamento tornou invisíveis e mudas. Só remontando aos significados e às vi- sões em vigor antes que se estabelecessem as causas da civilização presente, é pos- sível ter um ponto absoluto de referência, a chave para a compreensão efectiva 1 Dizemos: «entre os modernos» — porque, como se verá, a ideia de um declínio, de um progressivo afastamento de uma vida mais elevada e a sensação da vinda de tempos ainda mais difíceis para as raças humanas futuras, eram temas bem conhecidos da antiguidade tradicional. 10 Revolta Contra o Mundo Moderno de todos os desvios modernos — e ao mesmo tempo achar o baluarte sólido, a linha de resistência inviolável para aqueles a quem, apesar de tudo, será concedido o manterem-se erguidos. E hoje em dia o que conta — precisa e exclusiva- mente — é o trabalho de quem souber conservar-se dentro das linhas da superiori- dade: firme nos princípios; inacessível a qualquer concessão; indiferente perante as exaltações, as convulsões, as superstições e as prostituições a cujo ritmo dan- çam as gerações modernas. Só conta o silencioso manter-se firme de poucos, cuja presença impassível de «convidados de pedra» sirva para criar novas relações, no- vas distâncias e novos valores; para construir um pólo que, se obviamente não impedirá este mundo de desviados e exaltados de ser o que é, contudo será válido para transmitir a alguém a sensação da verdade — sensação essa que talvez até poderá ser o princípio de alguma crise libertadora. Dentro dos limites das possibilidades de quem o escreve, o presente livro pre- tende ser um contributo para essa obra. A sua tese fundamental portanto é a ideia da natureza decadente do mundo moderno. O seu objectivo é pôr em evidência essa ideia, por meio da referência ao espírito da civilização universal, sobre cujas ruínas surgiu tudo o que é moderno: e isto, como base de qualquer outra possibi- lidade, e como legitimação categórica de uma revolta, porque só então se tornará claro não só aquilo contra o que se reage, mas também, e acima de tudo, aquilo em cujo nome se reage. * * * Como introdução, diremos que nada se torna mais absurdo que a ideia do progresso que, com o seu corolário da superioridade da civilização moderna, criou os seus álibis «positivos» falsificando a história, insinuando nas mentes mi- tos nocivos, proclamando-se soberana nas banalidades da ideologia plebeia às quais, em última análise, foi buscar as suas origens. É preciso ter-se descido muito baixo para se poder fazer a apoteose do saber morto: pois não se pode chamar de outra maneira o saber que, no homem moderno, que é o homem actual, não vê o homem antigo, o decrépito, o derrotado, o homem crepuscular, mas que pelo contrário só glorifica o vencedor, o justificador, o realmente vivo. De qualquer modo, deve-se ter chegado a uma singular cegueira, para os modernos pensarem seriamente que podem medir tudo com os seus parâmetros e que podem conside- rar a sua civilização como privilegiada, em que estava quase pré-ordenada a histó- ria do mundo e para além da qual só se poderiam encontrar as trevas, a barbárie e a superstição. 11 Julius Evola Tem de se reconhecer que, perante os primeiros abalos com que se tornou evi- dente até mesmo materialmente a decomposição interna do Ocidente, a ideia da pluralidade das civilizações, e portanto da relatividade da moderna, para muitos já não se apresenta, como outrora, com o aspecto de uma herética extravagância. Contudo isso não basta: é preciso saber reconhecer que a civilização moderna não só poderá até desaparecer como tantas outras sem deixar vestígios, como também que ela pertence ao tipo daquelas cuja desaparição, tal como a sua vida efémera, têm um valor meramente contingente em relação à ordem das «coisas-que-são» e de todas as civilizações aderentes às «coisas-que-são». Para além de um «relati- vismo da civilização», importa reconhecer portanto um «dualismo da civiliza- ção». As presentes considerações irão girar constantemente em torno de uma opo- sição entre o mundo moderno e o mundo tradicional, entre o homem moderno e o homem tradicional, a qual, para além de — e mais que — histórica, é ideal: morfológica e inclusivamente metafísica. Quanto ao aspecto histórico, é oportuno indicar desde já o alargamento de horizontes que se impõe em relação aos termos «mundo moderno» e «civilização moderna». As primeiras forças da decadência no sentido antitradicional, com efeito começaram a manifestar-se de maneira palpável logo entre os séculos vm e vi a. C., como se pode verificar pelas primeiras e esporádicas alterações carac- terísticas ocorridas nesse período nas formas da vida social e espiritual anterior de muitos povos. Por essa via, o limite vai frequentemente coincidir com o mesmo dos chamados «tempos históricos», visto que para muita gente o que fica antes da época aqui indicada deixa de constituir objecto da «história», entra na lenda e no mito, e as investigações «positivas» tornam-se incertas. Isto não impede que, segundo os ensinamentos tradicionais, a época referida tivesse por sua vez reco- lhido efeitos de causas bastante mais remotas: nela preludiou-se apenas a fase crí- tica de um ciclo ainda mais vasto, chamado no Oriente «idade obscura», no mundo clássico «idade do ferro» e no nórdico «idade do Lobo»2. De qualquer maneira, dentro dos tempos históricos e na área ocidental tem-se uma segunda fase mais visível com a queda do Império Romano e com o advento do cristia- nismo. Por fim, inicia-se uma terceira fase com o crepúsculo do mundo feudo- -imperial da Idade Média europeia, chegando ao seu ponto decisivo com o Huma- nismo e a Reforma. Desde esse período até aos nossos dias certas forças, que ainda actuavam isolada e ocultamente, foram ascendendo ao primeiro plano, to- mando a direcção manifesta de todas as correntes europeias da vida material e espiritual, individual e colectiva; determinando fase por fase o que em sentido 2 R. GUÉNON, La crise du monde moderne, Paris, 1927, pp. 21 e segs. 12

See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.