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Relatos, análises e ações no enfrentamento da violência contra mulheres PDF

320 Pages·2017·1.924 MB·Portuguese
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Cristina Stevens Edlene Silva Susane de Oliveira Valeska Zanello (Organizadoras) Relatos, análises e ações no enfrentamento da violência contra mulheres eBook (PDF) ISBN: 978-85-92918-15-6 Brasília 2017 Technopolitik i Technopolitik Editora - Conselho Editorial Ana Lúcia Galinkin - Universidade de Brasília Ana Raquel Rosa Torres - Universidade Federal da Paraíba Claudiene Santos - Universidade Federal de Sergipe Marco Antônio Sperb Leite - Universidade Federal de Goiás Maria Alves Toledo Burns - Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto Maria Lúcia Montes - Universidade de São Paulo - Capital Maria das Graças Torres da Paz - Universidade de Brasília Revisão: Maurício Galinkin/Technopolitik Capa: Paulo Roberto Pereira Pinto/Ars Ventura Imagem & Comunicação Projeto gráfico e diagramação: Maurício Galinkin/Technopolitik Créditos da imagem de capa: painel produzido pela artista Vanessa Rosa com o tema "Violência contra as Mulheres" para a exposição itinerante "Pequim+20 em Graffiti" que contou com a participação de artistas do Rio de Janeiro e do Distrito Federal, promovida pela ONU Mulheres como parte do debate sobre os avanços pela igualdade de gênero desde o estabelecimento da Plataforma de Ação de Pequim, em 1995. Imagem cedida pela ONU Mulheres em apoio III Colóquio de Estudos Feministas e de Gênero. Foto: ONU Mulheres/Flávio Sandoval. Esta publicação contou com o apoio da Cfemea Ficha catalográfica (catalogação-na-publicação) Iza Antunes Araújo – CRB1/079 _________________________________________________________________ R382 Relatos, análises e ações no enfrentamento da violência contra mulheres / Organização Cristina Stevens, Edlene Silva, Susane de Oliveira, Valeska Zanello .--Brasília, DF : Technopolitik, 2017. 319 p. ; il. e-Book (PDF) ISBN: 978-85-92918-15-6 1. Violência contra a mulher. 2. Desigualdade de gênero. 3. Feminismo. 4. Direitos da mulher I. Stevens, Cristina (Org.). II. Silva, Edlene. (Org.). III. Oliveira, Susane (Org.) IV. Zanello, Valeska (Org.) CDU: 396.3 ________________________________________________________________ Technopolitik (MEI) Tel: (61) 98407-8262. Correio eletrônico: [email protected] Sítios eletrônicos na internet: http://www.technopolitik.com.br e http://www.technopolitik.com © A reprodução do conteúdo deste livro é permitida somente para fins não comerciais, desde que citada a fonte e informado às organizadoras. ii Sumário Apresentação iv Sobre as organizadoras e autoras xi Encaminhamento de "mães ofensoras" à rede de garantia de direitos das crianças: violência de gênero 16 do Estado? Aline Xavier e Valeska Zanello Relações cotidianas entre clérigos e mulheres no Brasil setecentista 43 Lana Lage Meditações sobre feminismos, relações raciais e lutas antirracistas 70 Rivane Fabiana de Melo Arantes Violência de gênero e denúncias registradas 105 Maria Beatriz Nader Guerras e violência sexual nos livros didáticos de história brasileiros: análises e orientações 131 pedagógicas feministas Susane Rodrigues de Oliveira Historicizando a violência contra as mulheres: uma proposta feminista de abordagem de filmes históricos no ensino de 168 história Rebecca Maria Queiroga Ribeiro e Susane Rodrigues de Oliveira Internet, estupro, assédio sexual e ativismo na campanha online “primeiroassédio” 200 Edlene Oliveira Silva Lei Maria da Penha: onze anos de conquista e muitos desafios 234 Ebe Campinha dos Santos e Luciene Medeiros A representação das mulheres negras por mulheres afrodescendentes: violência simbólica em Erna 259 Brodber Norma Diana Hamilton Mulheres e violência na literatura contemporânea: da resistência à re-existência 293 Cristina Stevens iii APRESENTAÇÃO Este livro é mais um desdobramento positivo do projeto “Mulheres e violências: interseccionalidades”, que desde 2015 vem reunindo um conjunto de professoras, estudantes e pesquisadoras de algumas universidades (UnB, Ufes, PUC-Rio, Ufpe, UFF), grupos de pesquisa (Vozes Femininas/UnB e Saúde Mental e Gênero/UnB); e organizações feministas brasileiras (Cfemea e SOS Corpo) com o objetivo de estabelecer intercâmbios e difundir conhecimentos feministas interdisciplinares que constituem relatos, análises e ações no enfrentamento da violência contra as mulheres. No âmbito desse projeto organizamos, também em 2016, o III Colóquio de Estudos Feministas e de Gênero, dedicado ao estudo, pesquisa, avaliação e prevenção, das diversas manifestações da violência – física, sexual, psicológica e simbólica – contra as mulheres1. Este evento interdisciplinar contou com aproximadamente 386 participant@s de vários estados brasileiros, e de diversas áreas e instituições que, direta ou indiretamente, trabalham no enfrentamento deste grave problema. Entretanto, as 628 páginas do livro2 que foi publicado com a seleção de trabalhos apresentados durante o referido evento, não esgotaram as inúmeras pesquisas que continuam sendo desenvolvidas sobre o tema em questão. __________ 1.Cf. https://www.coloquiofeminista.com/ 2. STEVENS, Cristina; OLIVEIRA, Susane Rodrigues de; ZANELLO, Valeska; SILVA, Edlene; PORTELA, Cristiane (orgs.). Mulheres e violências: interseccionalidades.   Brasília: Technopolitik, 2017. 628 p. Disponível em: https://docs.wixstatic.com/ugd/2ee9da_7655fb848516489fa7634659ebf497f2.pdf. iv Apresentação Em razão disso, decidimos continuar com este projeto, que acreditamos ter relevância não apenas para a consolidação teórico-acadêmica feminista sobre a questão da violência contra as mulheres, mas também para pôr em evidência iniciativas de questionamento e intervenção em diversos âmbitos (institucionais, sociais, clínicos, educacionais, comunicacionais, literários, filosóficos, políticos, jurídicos, econômicos, epistêmicos, representacionais, dentre outros) que constroem e naturalizam as hierarquias e desigualdades de gênero. Além disso, buscamos evidenciar as vozes emblemáticas de mulheres que enfrentaram e sobreviveram ao tratamento monstruoso e desumano promovidos pelo patriarcado enquanto sistema de dominação e exploração do feminino em nossa sociedade. A motivação deste livro obedece ainda a um dos ensinamentos mais fecundos dos feminismos: “o pessoal é político”. As pesquisas, análises, questionamentos, propostas e estudos de caso, amparados em sólida fundamentação teórica, problematizam as evidências de relatos individuais de violência contra mulheres, que espelham uma dimensão coletiva da realidade cotidiana de muitas mulheres nas sociedades contemporâneas. A fundamental questão da 'voz'3 e de “histórias nas perspectivas das mulheres” também se fazem presente em todo o trabalho, permeando os inúmeros relatos de mulheres que conseguiram romper o silêncio, e até reverter, as gravíssimas situações de violência a que foram submetidas. Essas características certamente vão manter a atenção d@s leitor@s, principalmente daquel@s engajad@s nas lutas, ainda necessárias, pela igualdade de direitos das mulheres, aqui entendida à luz das relevantes discussões em torno das questões de gênero e suas intersecções com a raça, classe, sexualidade, etnia, religião, nacionalidade e outros eixos identitários. __________ 3. No texto “Ethics and Feminism”, Marilyn Friedman e Angela Bolte comentam sobre uma nova área dos estudos feministas: “voice theory” (teoria da voz), que explora precisamente esta questão do silêncio como uma das causas fundamentais para a incapacidade de ações efetivas por parte da maioria das mulheres no mundo moderno. Cf. in: ALCOFF, Linda Martin; KITTAY, Eva Feder (eds.). (2007). Feminist Philosophy (pp 81-101). Malden: Blackwell Publishing Ltd.. v Apresentação Os dez trabalhos aqui reunidos exibem um significativo mapeamento da situação atual de violência contra as mulheres no Brasil e no mundo. Apesar das evidências e dados alarmantes, as pesquisas apresentam não apenas lúcidas análises dessa situação, mas também apontam para políticas públicas e outras iniciativas de enfrentamento deste problema, o que nos faz acreditar no processo de mudança que gradualmente se expande e consolida. Com isso, esperamos que este trabalho possa ainda colaborar no questionamento, na construção e aprimoramento de ações para a igualdade de gênero e o enfrentamento da violência contra as mulheres em nossa sociedade. A violência simbólica não é menos nociva. O primeiro texto dessa coletânea, de autoria de Aline Xavier e Valeska Zanello, evidencia que, não menos violenta, é a 'microfísica do poder' que naturalizou posições patriarcais com relação aos papéis das mulheres em nossa sociedade, como é o caso do papel da mulher como mãe. Essas autoras demonstram, através da análise de encaminhamentos de "mães ofensoras" ao Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas, no Distrito Federal), por diversas instâncias institucionais do Estado, o quanto é tomado de forma naturalizada o cuidado das crianças como tarefa das "procriadoras", não apenas quando fazem algo considerado inadequado mas, sobretudo, quando deixam de cumprir o que a elas é imputado como "mães". Já os homens-pais são encaminhados, em geral, apenas quando fazem algo, tal como cometer abuso sexual ou usar drogas na frente de menores; raramente, ou nunca, são encaminhados por negligência. O Estado também perpetra, assim, violência de gênero contra as mulheres. O segundo capítulo dessa coletânea, de autoria de Lana Lage, trata da documentação eclesiástica, principalmente produzida pela Igreja [Católica, nota do Editor] para regular as relações entre clérigos e mulheres no Brasil colônia. Ela realiza uma 'genealogia' dos discursos religiosos sobre as mulheres que as atrelou definitivamente ao sexo e ao pecado no pensamento cristão. Essa antiga convicção se traduziu em uma grande preocupação, por vi Apresentação parte da Igreja, em controlar o comportamento feminino, sobretudo o sexual, e vigiar as relações sociais entre clérigos e mulheres, já que elas eram consideradas as verdadeiras culpadas pelo desvirtuamento dos sacerdotes. Esta imagem da mulher como “tentação potencial” ainda hoje é mobilizada para culpar as mulheres pelas agressões sexuais que venham a sofrer, contribuindo para construir o que, muito tempo depois, o pensamento feminista caracterizaria como “cultura do estupro”. Rivane Arantes, no terceiro capítulo, nos apresenta uma abordagem feminista, antirracista e decolonial sobre a magnitude do problema do racismo no Brasil, em suas articulações com o patriarcado, o capitalismo e a colonialidade, pensando-os como sistemas de exploração e de poder que, embora providos de lógicas próprias, se produzem e reproduzem-se mutuamente no cotidiano de relações e práticas de violência, que afligem especialmente as mulheres negras. Seus questionamentos e análises interseccionais sobre gênero, raça e classe evidenciam a indissociabilidade das dimensões pessoal/pública, bem como a natureza necessariamente política de práticas de resistência dos feminismos negros a essas múltiplas formas de opressão, ainda fortemente presentes na contemporaneidade. No quarto capítulo, Beatriz Nader faz uma análise histórica das lutas das mulheres contra a violência de gênero, especificamente no Estado do Espírito Santo. A autora apresenta uma pesquisa desenvolvida pelo Laboratório de Estudos de Gênero, Poder e Violência (LEG), da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), sobre 1.400 denúncias de violência recebidas pela Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher (DEAM) no ano de 2003, na cidade de Vitória. Nesse estudo apresenta particularidades do imaginário e práticas sociais da sociedade do Espírito Santo para explicar os porquês desse Estado brasileiro ser o que mais apresenta casos de violência contra mulheres no Brasil. Susane Rodrigues de Oliveira examina, no quinto capítulo, as representações de violência sexual (estupro, nudez forçada e assédio sexual) vii Apresentação contra mulheres em cenários de guerra, difundidas em livros didáticos de história destinados ao Ensino Médio nas últimas décadas. Ela nos alerta que tais representações podem promover uma “pedagogia da crueldade” ao retratar o estupro e assassinato de mulheres nas guerras como algo a-histórico, banal e natural. Diante do aumento da centralidade do estupro como arma de guerra na contemporaneidade, o ensino de história não pode ignorar a historicidade desse tipo de violência. Nesse sentido, a autora apresenta questionamentos e reflexões pedagógicas que podem subsidiar @s professor@s em uma ação educativa feminista – desnaturalizadora – do tema da violência sexual contra as mulheres no ensino de história. Seguindo também essa proposta de ação pedagógica feminista nas escolas brasileiras, o sexto capítulo, de autoria de Rebecca Maria Queiroga Ribeiro e Susane Rodrigues de Oliveira, nos apresenta algumas análises e orientações para o uso de dois filmes históricos – Alexandria (2009) e Joana D’Arc de Luc Besson (1999) – como recursos didáticos na promoção de um ensino de história que eduque para o reconhecimento do caráter histórico e cultural da violência contra as mulheres. Os dois filmes tratam, respectivamente, de duas mulheres, Hipátia (Alexandria/Egito, 370 a 8 de março de 415 d.C) e Joana D’Arc (França, 1412 a 30 de maio de 1431 d.C), que viveram em épocas e lugares distintos, mas que apresentaram comportamentos e subjetividades que escapavam aos padrões de gênero – patriarcais, cristãos e androcêntricos –, e por isso foram vistas como bruxas e assassinadas por homens representantes de instituições patriarcais, cujo poder se impunha cada vez mais na Europa. Um fenômeno de raízes históricas profundas, o estupro e o assédio sexual contra as mulheres no Brasil, bem como a violência sexual contra crianças e adolescentes, vem adquirindo proporções cada vez mais alarmantes na sociedade contemporânea, como nos mostra Edlene Silva, no sétimo capítulo, em estudo sobre os depoimentos de mulheres postados no Twitter durante a campanha “Primeiro Assédio”, que foram colhidos na internet entre os meses de novembro de 2015 a maio de 2016. Analisando a viii Apresentação perspectiva das próprias vítimas sobre a violência que sofreram, e fundamentada em relevantes contribuições teóricas, a autora observa que essas novas tecnologias podem servir como mais uma plataforma que auxilia o ativismo feminista a desnaturalizar e denunciar a cultura patriarcal, e lutar por seus direitos. Ela conclui que essas inaceitáveis formas de violência são produto de diferentes tecnologias sociais, representações e práticas sobre os papéis femininos e masculinos em nossa sociedade, que perpetuam e reforçam os estereótipos e os preconceitos que submetem as mulheres à vontade e ao poder dos homens. No oitavo capítulo, Ebe dos Santos e Luciene Medeiros apresentam uma retrospectiva histórica de formulação da Lei 11.340/06, conhecida como “Lei Maria da Penha”, em seus onze anos de vigência, destacando o protagonismo dos movimentos de mulheres e feministas brasileiros nesse processo. Para isso discorrem sobre os Tratados Internacionais que se destacaram nessa temática e que foram importantes para o processo de construção da Lei, que teve o protagonismo dos movimentos de mulheres e feministas brasileiros. Por fim, as autoras chamam atenção para os desafios e necessidade de avanços no campo das políticas públicas de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra as mulheres. No nono capítulo, a jamaicana Norma Diana Hamilton, que trabalhou em sua pesquisa de doutorado com escritoras jamaicanas, contribuiu com a análise da questão da violência contra as mulheres, sobretudo a violência simbólica. A dimensão pós-colonial, bem como a interface raça e gênero, são contempladas em sua análise do romance Jane and Louisa will soon come home (1980), da escritora Erna Brodber. Trabalhando também com a literatura, Cristina Stevens analisa, no décimo e último capítulo dessa coletânea, o problema da violência contra as mulheres em um corpus de 30 romances publicados em língua inglesa, produzidos por escritoras contemporâneas. Observamos a mudança radical de tratamento desta temática na contemporaneidade, quando as mulheres ix

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