O interesse pelas festas dos negros no âmbito das irmandades religiosas surgiu quando eu fazia a pesquisa para minha dissertação de mestrado.1 Naquela ocasião notei que apesar da pujança que as festas populares mantinham em Parati, a despeito das reiteradas afirmativas quanto à sua decadência, as manifestações de influência nitidamente africana, como as congadas e jongos, não eram mais realizadas no município, mas existiam em várias localidades da região vizinha do vale do Paraíba. Ainda presente na memória dos mais velhos, as “danças de pretos” só eram realizadas quando grupos de Cunha, Lorena e Guaratinguetá vinham se apresentar nas festas do Divino Espírito Santo e de São Benedito em Parati. Nesses momentos podia-se assistir aos cortejos e apresentações, ao lado da igreja, de grupos de congada e moçambique, com suas fardas, barretes, faixas e rosários cruzando o peito, bastões e guizos usados em algumas danças, tendo à frente o rei com uma coroa de papel dourado, seguido do capitão, que comandava as danças.