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Reiki, um estudo sobre terapias alternativas-diss PCB PDF

125 Pages·2001·3.24 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS – UFSCar CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS – CECH PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS – PPGCSo PAULA DE CAMPOS BABENKO REIKI: UM ESTUDO LOCALIZADO SOBRE TERAPIAS ALTERNATIVAS, IDEOLOGIA E ESTILO DE VIDA SÃO CARLOS 2004 PAULA DE CAMPOS BABENKO Reiki: Um estudo localizado sobre terapias alternativas, ideologia e estilo de vida Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos como requisito parcial à obtenção do título de Mestre. Área de Concentração: Relações Sociais, Poder e Cultura. Orientadora: Profa. Dra. Marina Denise Cardoso. São Carlos 2004 Ficha Catalográfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitária da UFSCar Babenko, Paula de Campos. B113re Reiki: um estudo localizado sobre alternativas, ideologia e estilo de vida / Paula de Campos Babenko. -- São Carlos : UFSCar, 2004. 114 p. Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São Carlos, 2004. 1. Antropologia. 2. Antropologia da saúde. 3. Terapias alternativas. 4. Reiki. I. Título. CDD: 301 (20a) ii FOLHA DE APROVAÇÃO PAULA DE CAMPOS BABENKO Reiki: um estudo localizado sobre terapias alternativas, ideologia e estilo de vida Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos como requisito parcial à obtenção do título de Mestre. Área de Concentração: Relações Sociais, Poder e Cultura. Aprovação em: 23/09/2003. Banca Examinadora: Prof. Dr. José Guilherme Cantor Magnani Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – PPGAS Universidade de São Paulo – USP Prof. Dr. Luiz Henrique Toledo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – PPGCSO Universidade Federal de São Carlos – UFSCar Profa. Dra. Marina Denise Cardoso Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – PPGCSO Universidade Federal de São Carlos – UFSCar iii AGRADECIMENTOS Agradeço à Marina Cardoso, orientadora e amiga, por aceitar a proposta desta pesquisa e constantemente estimular o aprimoramento e a divulgação dos resultados. A José Guilherme Magnani e Luiz Henrique Toledo, participantes da banca avaliadora desta dissertação. A Paul Charles Freston, que juntamente com José Guilherme Magnani integrou a banca de qualificação. Ambas as leituras mostraram-me as inúmeras possibilidades e os limites do meu trabalho. Como não considero as discussões realizadas encerradas, procurei incorporar ao texto algumas das críticas e sugestões que julguei pertinentes à minha proposta de investigação. Aos interlocutores em campo serei sempre grata por participarem da construção desta etnografia, ainda que em graus e momentos diferenciados. À minha família, por seu amor incondicional e inesgotável apoio. À Lígia e Valdir Babenko dedico este trabalho. Juntos, ainda que aos tropeços, estamos aprendendo a conviver com a distância. Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos, pela oportunidade de realizar o mestrado. E, finalmente, à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP, pela concessão da bolsa de pesquisa e financiamento deste trabalho. iv “Uma coisa é observar as pessoas executando gestos estilizados e cantando canções enigmáticas que fazem parte da prática dos rituais, e outra é tentar alcançar a adequada compreensão do que os movimentos e as palavras significam para elas”. Victor Turner. O Processo Ritual. v RESUMO BABENKO, P. de C. Reiki: Um estudo localizado sobre terapias alternativas, ideologia e estilo de vida. Dissertação de Mestrado, 114p. Programa de Pós- Graduação em Ciências Sociais, Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, 2004. Demonstrando como a consolidação das práticas alternativas pode traduzir o gradual deslocamento da problemática do indivíduo para a esfera das terapias, esta dissertação analisa o reiki, prática terapêutica alternativa cuja principal característica reside na adoção de concepções holistas do corpo, da doença e da própria “pessoa”. Evidenciando o processo de expansão e progressiva institucionalização dessa prática terapêutica, a etnografia dos espaços reikianos em Campinas/SP aponta para a reestruturação dos serviços oficiais de atenção à saúde, especialmente do campo da Psicologia, que ao fundamentar seu discurso na noção de “indivíduo” moderno passa a agregar o reiki à sua prática clínica. Palavras Chave: Antropologia. Antropologia da saúde. Terapias alternativas. Reiki. vi SUMÁRIO PARTE I: AS PRÁTICAS TERAPÊUTICAS ALTERNATIVAS...............................................................1 1. A acusação da demanda......................................................................................................4 2. Sobre a realização da pesquisa........................................................................................... 21 3. O paradigma holístico e a construção do objeto investigado.................................................... 24 PARTE II: A TRAJETÓRIA DO REIKI......................................................................................... 29 4. A redescoberta do reiki e as modificações recebidas no Ocidente............................................. 29 5. O reiki no Brasil............................................................................................................... 36 PARTE III: O REIKI COMO RITUAL.......................................................................................... 40 6. Fundamentações da prática............................................................................................... 41 7. O rito de iniciação............................................................................................................ 48 8. As sessões terapêuticas de purificação................................................................................ 55 PARTE IV: CIRCUITOS E TRAJETOS ALTERNATIVOS COMO CONTEXTO ETNOGRÁFICO................... 59 9. Origens da rede alternativa................................................................................................ 59 10. Regulamentação profissional............................................................................................ 63 11. Circuito reikiano: prática e profissionalização...................................................................... 67 12. Trajetos do reiki............................................................................................................. 74 13. Os espaços alternativos................................................................................................... 78 13.1 Os espaços terapêuticos espiritualistas........................................................................ 81 13.2 Os espaços terapêuticos psicológicos........................................................................... 83 14. O reiki no campo das psicologias alternativas..................................................................... 84 14.1. O discurso junguiano............................................................................................... 88 14.2. O discurso gestáltico-terapêutico............................................................................... 96 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................................107 BIBLIOGRAFIA CITADA....................................................................................................... 110 ANEXOS............................................................................................................................115 PARTE I AS PRÁTICAS TERAPÊUTICAS ALTERNATIVAS Um dos fenômenos que tem chamado bastante a atenção durante os últimos anos diz respeito à formação e disseminação das práticas alternativas1. Sob o ponto de vista antropológico, embora exista um conjunto substantivo de pesquisas evidenciando tal expansão, muito pouco tem se falado sobre uma das ênfases abordadas por essas práticas e que, de uma maneira bastante simplificada, podem ser definidas como medicinas ou terapias alternativas2, e a sua importância na interpretação e tratamento da doença. Reputadas por alguns como excentricidade, mas vividas por outros como o exercício de novos valores, uma das principais características compartilhadas entre os afiliados às práticas terapêuticas alternativas reside em “novas” percepções do corpo, da doença e da terapia. Neste sentido, dentro da cosmologia alternativa3, a passagem da doença à saúde corresponderia a uma reorientação mais ampla do comportamento dos indivíduos, na medida em que é transformada a perspectiva pela qual os afiliados a essas terapias passam a organizar sua visão de mundo, seus relacionamentos interpessoais. Caberia, portanto, identificar os meios pelos quais as terapias alternativas, ao conformarem um campo de serviços de atenção 1 A denominação práticas alternativas refere-se ao conjunto de práticas de origens diversas, cuja fundamentação assenta-se em princípios holísticos e que parece ser típico dos estratos médios e intelectualizados da população urbana. Embora outras denominações como “holísticas” ou “neo-esotéricas” também lhes sejam freqüentemente associadas, não há um consenso sobre qual seria a maneira mais adequada para definir esse conjunto em sua totalidade. 2 As medicinas ou terapias alternativas correspondem a uma das vertentes das práticas alternativas que abarca um conjunto de práticas medicinais terapêuticas fundamentadas predominantemente em preceitos filosóficos orientais. 3 Aqui entendida como o conjunto de preceitos de origens diversas que compõe o universo simbólico dessas 2 à saúde que é desenvolvido paralelamente ao sistema biomédico4 efetuam essa transformação. Tendo em vista essas considerações, esta dissertação tomou o reiki como objeto privilegiado para a realização de suas análises tratando investigar como essa terapia alternativa vem sendo incorporada aos serviços oficiais de atenção à saúde. Neste sentido, procurou-se compreender como a constituição e a consolidação das práticas alternativas no mundo contemporâneo pode traduzir o progressivo deslocamento da problemática do indivíduo5 para a esfera das terapias. Para fundamentar tais análises recorreu-se a entrevistas com os afiliados ao reiki6 e as observações participantes que foram realizadas na cidade de Campinas/SP e que corresponderam, fundamentalmente, a três etapas etnográficas: (a) a primeira delas, realizada entre os meses de junho e julho de 2001; (b) a segunda, que correspondeu aos meses de dezembro de 2002 e março de 2003 e; (c) a terceira, iniciada na última quinzena de junho e finalizada em agosto de 2003. práticas alternativas. 4 O sistema médico oficial ou simplesmente modelo biomédico refere-se à teoria e prática médicas predominantes no Ocidente e amplamente disseminadas em todo o mundo, tendo como sinônimas algumas expressões que, em geral, definem a medicina como “oficial”, “tradicional”, “científica” e “alopática”. O sistema médico oficial apresenta dentre suas principais características o foco sobre o ser humano enquanto entidade essencialmente biológica (Kleinman, 1980). 5 De acordo com Dumont (1985), a passagem da “sociedade tradicional” para a “sociedade moderna” deu-se a partir de uma “inversão de valores”, onde a noção de “pessoa”, anteriormente associada às “sociedades tradicionais” e ao princípio de hierarquia social, passou a “coincidir” com a própria noção de “indivíduo”, que passa a valorizar seu próprio “universo interior” em detrimento da idéia de sociedade. Portanto, se partirmos do suposto que a categoria “pessoa” é uma lenta construção de cada grupo sobre os seus membros, tem-se que a “pessoa”, agora transformada em “indivíduo”, torna-se uma expressão localizada das representações coletivas - no sentido durkeimiano do termo - ou da ideologia - na terminologia dumontiana -, que se traduz na formação de comportamentos constitutivos dessas “novas personalidades”. 6 Adota-se a denominação afiliados ao reiki para referir-se tanto às pessoas que oferecem serviços relacionados à sua prática, como a realização de cursos de formação, palestras e workshops; quanto àquelas que apesar de não terem passado pelo processo de formação em reiki utilizam esses serviços. Dessa denominação mais ampla deriva um outro termo: reikiano, que ao se referir às pessoas que além de praticarem o reiki também oferecem seus serviços, em relação ao seu grau de “envolvimento” com o reiki podem ser denominadas: iniciadas, pessoas que cursam o nível I do reiki; terapeutas reikianos, aqueles que cursam pelo menos os níveis I e II do reiki e que são “capacitadas” a realizar a aplicação da terapia em si mesmo ou nos outros; e os mestres, pessoas que cursaram os níveis I, II e III do reiki e que além das aplicações terapêuticas estão aptas a iniciar outras pessoas nessa prática. A denominação afiliados ao reiki, portanto, refere-se não apenas aos usuários desses serviços, os também denominados clientes, mas engloba o vasto conjunto de reikianos, que pela sua própria definição abarca seus iniciados, terapeutas e mestres.

Description:
de “energia vital universal”, comum a todos os sistemas de reiki. entrevistado, motivado pela própria psicóloga, recebeu a iniciação em reiki.
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