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Reconhecimento de Padrões (Trilogia Blue Ant) PDF

387 Pages·2015·1.35 MB·Portuguese
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Para Jack SUMÁRIO Capa Folha de rosto Dedicatória Reconhecimento de Padrões 1. O website daquela noite de horror 2. Piranha 3. O anexo 4. Granadas matemáticas 5. O que elas merecem 6. A fábrica de fósforos 7. A proposta 8. Marca d´água 9. Trans 10. Lances de Jack, carinhas de Jane 11. Boone Chu 12. Apofenia 13. Barquinho 14. O rosto gaijin da Bikkle 15. Singularidade 16. No modo celular 17. Tocando o terror 18. Hongo 19. Dentro dos místicos 20. Ossuda 21. Os mortos se lembram 22. Tarn 23. Babacas 24. Chipre 25. Sigil 26. Sigint 27. A forma do entusiasta 28. Dentro da intenção 29. Protocolo 30 .ru 31. O protótipo 32. A mística da participação 33. Bot 34. Zamoskvarech 35. Кофеин 36. A escavação 37. Kino 38. Puppenkopf 39. Poeira vermelha 40. A academia dos sonhos 41. Um brinde ao Sr. Pollard 42. A falta que ele faz 43. Correspondência Agradecimentos Sobre o autor Créditos e copyright RECONHECIMENTO DE PADRÕES 1. O W E B S I T E D A Q U E L A N O I T E D E H O R R O R Cinco horas de jet lag em relação a Nova York e Cayce Pollard acorda em Camden Town como se seu ritmo circadiano interrompido fosse uma matilha de lobos maus trotando ao seu redor. É aquela não hora vazia e espectral, encharcada em ondas límbicas, o tronco cerebral reagindo de acordo, piscando exigências reptilianas inadequadas de sexo, comida, sedação, todas as alternativas anteriores, e, falando sério, nenhuma delas uma opção agora. Nem sequer comida, porque a cozinha nova de Damien está tão despida de conteúdo comestível quanto as vitrines da Camden High Street estão vazias dos displays de seus designers. Muito bonitos, os gabinetes superiores apresentam uma parte dianteira de laminado amarelo-canário, os inferiores de compensado de alta densidade Appleply laqueado e sem manchas. Muito limpa e quase inteiramente vazia, a não ser por uma caixa contendo dois saquinhos ressecados de cereais Weetabix e umas bolsinhas soltas de chá de ervas. Absolutamente nada na geladeira alemã, tão nova que seu interior tem cheiro somente de frio e de monômeros de cadeia longa. Agora ela sabe, com certeza absoluta, ao ouvir o ruído branco que é Londres, que a teoria de jet lag de Damien está correta: que sua alma mortal ficou a léguas de distância e está sendo rebobinada por algum cordão umbilical fantasma seguindo a trilha já desaparecida do avião que a levou até ali, a centenas de milhares de pés de altura sobre o Atlântico. Almas não conseguem se mover assim tão rápido, são deixadas para trás, e precisam ser aguardadas, no desembarque, como bagagens que se perderam. Ela se pergunta: isso vai ficando pior com a idade, essa hora sem nome fica mais profunda, mais nula, e seu efeito é ao mesmo tempo mais estranho e menos interessante? Anestesiada ali na semiescuridão, no quarto de Damien, debaixo de um negócio prateado da cor daquelas luvinhas de fogão, que seus criadores provavelmente nunca imaginaram que alguém pudesse usar para dormir. Ela estava cansada demais para procurar um cobertor. Os lençóis entre sua pele e o peso daquela colcha industrial são sedosos, feitos com um tipo luxuoso de fibra, e exalam um cheiro suave de, ela deduz, Damien. Mas não é ruim. Na verdade, não é desagradável; qualquer ligação física com um companheiro mamífero parece um bônus a essa altura do campeonato. Damien é um amigo. As pecinhas menino-menina do Lego deles não se encaixam, diria ele. Damien tem trinta anos. Cayce é dois anos mais velha, mas ele tem um certo módulo de imaturidade cuidadosamente fabricado com isolamento, alguma coisa tímida e teimosa que assustava o pessoal do dinheiro. Ambos são muito bons no que fazem, mas parece que nenhum dos dois tem a menor ideia de por que isso ocorre. Coloque Damien no Google e você encontrará um diretor de videoclipes e comerciais. Coloque Cayce no Google e encontrará “coolhunter”, caçadora de tendências, e se você procurar com mais atenção vai encontrar sugestões de que ela é uma “sensitiva” de alguma espécie, uma rabdomante no mundo do marketing global. Embora a verdade, Damien diria, esteja mais próxima da alergia, uma reatividade mórbida e às vezes violenta à semiótica do mercado. Agora Damien está na Rússia, evitando renovação e alegando que está rodando um documentário. Cayce sabe que a tênue atmosfera que o local tem hoje de ligeiramente usado é trabalho de um assistente de produção. Ela rola para fora da cama, abandonando a paródia sem sentido do ato de dormir. Tateia à procura das roupas. Uma camiseta masculina pequena e preta da Fruit of the Loom, completamente amarrotada, um pulôver cinza-clarinho com gola em V adquirido num lote de meia dúzia das mãos de um fornecedor de uniformes para escolas preparatórias na Nova Inglaterra e um par novo e acima de seu tamanho de Levi’s 501, cada marca registrada removida cuidadosamente. Até mesmo os botões dessa calça foram limados até ficarem lisos, sem nenhuma marca, por um chaveiro coreano intrigado, no Village, há uma semana. O interruptor da luminária de chão italiana de Damien parece alienígena: um clique diferente, projetado para conter uma voltagem diferente, uma eletricidade britânica estrangeira. Agora em pé, depois de vestir os jeans, ela endireita o corpo e estremece. Mundo-espelho. As tomadas dos aparelhos eletrodomésticos são enormes, com três polos, para uma espécie de corrente que nos Estados Unidos só alimenta cadeiras elétricas. Os carros são ao contrário do lado de dentro: a esquerda fica à direita; os aparelhos telefônicos têm um peso diferente, um equilíbrio diferente; as capas dos paperbacks parecem dinheiro australiano. Pupilas dolorosamente contraídas pelo brilho solar da luz halógena, ela aperta os olhos para se enxergar em um espelho de verdade, encostado em uma parede cinza, esperando que o pendurem, onde ela vê um boneco desconjuntado de pernas pretas, cabelo dormido espetado para cima igual a uma escova de vaso sanitário. Ela faz uma careta para ele, pensando por algum motivo em um namorado que insistia em compará-la à foto de Jane Birkin nua tirada por Helmut Newton. Na cozinha, ela abre uma torneira que deixa a água passar por um filtro alemão e cair dentro de uma chaleira elétrica italiana. Brinca com os interruptores, um na chaleira, um na tomada do aparelho, outro na tomada de parede. Inspeciona com neutralidade a vastidão amarelo-canário de gabinetes laminados enquanto deixa a água ferver. Um saquinho de algum substituto para

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