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Rebeliao Escrava no Brasil: A Historia do Levante dos Males em 1835 PDF

292 Pages·2004·6.23 MB·Portuguese
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REBELIÃO ESCRAm NO BRASIL a história do levante dos malês (1835) JOÃO JOSÉ REIS editora brasiliense Uma rebelião muçulmana no Brasil? Reconstituindo as falas dos escravos envolvidos na revolta, este livro é uma minuciosa investigação do Levante dos Malês, singular acontecimento que teve lugar na Bahia de 1835. Durante algumas horas, centenas de escravos africanos adeptos do Islã lutaram nas ruas de Salvador contra tropas da cavalaria e milícias. Quem eram os rebeldes, de onde vieram, como viviam, por que decidiram se rebelar, qual o papel da religião em suas vidas e em sua rebelião? Estas e outras questões são aqui discutidas. Uma história da luta dos escravos pela afirmação da dignidade e da vida, num importante estudo sobre a questão negra no Brasil. João losé Reis Rebelião escrava no Brasil A história do levante dos malês 1835 Í» 0) <A 19 8 6 Copyright © João José Reis Indicação editorial: Paulo Cesar Souza Capa: Carlos Matuck Foto da capa: Amuleto malê apreendido pela polícia em 1835 (Reichert, Os do­ cumentos árabes, Salvador, 1970, documento 28). Foto da contracapa: Ferros usados pelos escravos condenados, depois do açoite (Paul Harro-Harring, Arte no Brasil, 26, Abril Cultural, p. 520). Revisão: José W. S. Moraes Márcia Copola ÜU Editora Brasiliense S.A. R. General Jardim, 160 01223 - São Paulo - SP Fone (011)231-1422 índice Prefácio..................................................................... 7 Parte 1 SOCIEDADE, ECONOMIA, REBELIÕES NA ÉPOCA DOS MALÊS Sociedade e conjuntura econômica................................. 13 As revoltas da plebe livre................................................ 37 A tradição rebelde: revoltas escravas antes de 1835 .......... 64 Parte 2 A REBELIÃO DE 1835 E OS MALÊS A batalha pela Bahia............................................... 87 Os filhos de Alá na Bahia................................................ 110 Um califado baiano? Os malês e a rebelião...................... 136 Perfis males .................................................................. 156 Parte 3 A COMUNIDADE AFRICANA EM REVOLTA Raízes: razões étnicas em 1835 ....................................... 169 Trabalhadores escravos e libertos: perfil ocupacional dos presos.................................................................... 197 Arranjos de vida: os africanos longe do trabalho............. 216 Parte 4 O REVIDE ANTIAFRICANO A repressão após o levante ....................... • • O castigo...................................................... Epílogo......................................................... Glossário de termos malês e africanos........... Referências bibliográficas............................ para minha mãe e meu pai Prefácio noite do dia 24 para 25 de janeiro de 1835, um grupo de escravos de origem africana ocupou as ruas de Salvador, Bahia, e durante mais de três horas enfrentou soldados e civis armados. Os organizadores do levante eram “malês”, como eram conhecidos na Bahia da época os africanos muçulmanos. Embora durasse pouco tempo, foi o levante de escravos urbanos mais sério ocorrido nas Américas. Centenas de afri­ canos participaram, cerca de 70 morreram e mais de 500, numa estimativa conservadora, foram depois punidos com pe­ nas de morte, prisão, açoites e deportação. Se uma rebelião das mesmas proporções acontecesse hoje (1985) em Salvador, com seus 1 milhão e 500 mil habitantes, resultaria na punição de cerca de 12 000 pessoas. Isso dá uma idéia da dramática experiência vivida pelos africanos na Bahia em 1835. A rebelião teve repercussão nacional. No Rio de Janeiro a notícia provavelmente chegou ao público através dos perió­ dicos que publicaram o relatório do chefe de polícia da Bahia. Temendo que o exemplo baiano fosse seguido, as autoridades cariocas passaram a exercer vigilância estreita sobre os ne­ gros. Os rebeldes da Bahia também reavivaram no Parla­ mento nacional os debates sobre a escravidão e o tráfico de escravos da Ãfrica. A seriedade com que as classes dirigentes encararam a rebelião se revela na extensa devassa que se fez. Esses pro­ cessos resultaram numa formidável coleção de documentos so­ 8 JOÃO JOSÊ REIS bre a rebelião e os africanos que viviam na Bahia. Mais uma vez, a história dos dominados vem à tona pela pena dos es­ crivães de polícia. A qualidade e a quantidade desses docur mentos toma-os um testemunho único sobre a escravidão ur­ bana e a cultura africana nas Américas. Temos aí, por exem­ plo, mais de duzentos interrogatórios em que, apesar do óbvio constrangimento da situação, os africanos falam, além da rebelião, de aspectos de sua vida cultural, social, econômica, religiosa, doméstica e até amorosa. Este livro se baseia nessas falas dos africanos presos e em outros documentos da devassa. Nele narramos à história dos rebeldes e da rebelião de 1835. Na Parte 1 discutimos o cená­ rio social, econômico e político da Bahia na época. Os leitores que preferirem ir direto à ação principal, encontrarão o relato do levante no capítulo “A batalha pela Bahia Nos dois capí­ tulos seguintes descrevemos a formação da comunidade mu­ çulmana na Bahia e analisamos o papel que ela desempenhou na rebelião. Em seguida, no pequeno capítulo “Perfis malês", apresentamos aos leitores os personagens mais destacados do movimento. Na Parte 3 discutimos a formação de uma cultura africana fortemente influenciada pela identidade étnica e ex­ pressa na organização do trabalho e da vida cotidiana. Suge­ rimos também como a consciência étnica, a escravidão urbana e as condições de vida dos africanos teriam influenciado a re­ belião. Por fim, na última parte do livro■ estudamos a repres­ são aos rebeldes e os castigos que sofreram. Muitas pessoas contribuíram para a realização deste li­ vro. Maria do Carmo Barreto e Aída Valadares qjudaram-me na coleta de dados. Os funcionários do Arquivo Nacional e do Arquivo do Estado da Bahia facilitaram meu acesso à docu­ mentação. Uma versão bem diferente deste texto, apresentada como tese de doutorado ao Departamento de História da Universi­ dade de Minnesota, ou outros estudos meus sobre o assunto, foram gentilmente comentados por Kátia Mattoso, Stuart B. Schwartz, Emília Viotti da Costa, Eugene Genovese, Dale To- mich e Renato da Silveira. Muitos de seus comentários foram aqui aproveitados. REBELIÃO ESCRAVA NO BRASIL 9 Durante muito tempo o apoio de Cicinha e Demian foi fundamental e quero agradecer a ambos com carinho. Ela acompanhou de perto e comentou várias partes do trabalho de tese. Ele insistia para que eu pusesse o ponto final, o que fun­ cionou como incentivo. Em sua presente versão o texto foi melhorado pelas su­ gestões e revisões de meus amigos João Santana Filho, Lu- ciano Diniz e Paulo Cesar Souza. Paulo se interessou desde o início pela preparação deste livro, e acompanhou-o até o fim. Maria Amélia contribuiu com críticas valiosas e carinhoso estímulo, principalmente nos últimos e críticos meses de re­ dação. Ê com muito afeto que menciono essa dívida. Partes deste trabalho foram comentadas por colegas e alunos do Departamento de História e do Mestrado em Ciên­ cias Sociais da UFBa. Agradeço o apoio do Prof Luís Hen­ rique. As fotos foram feitas por Sofia Olszewski com muita gen­ tileza, e a datilografia final por Anatálio da Cruz, com muito atraso e bom humor. Contei com o financiamento das Fundações Ford (1979) e Rockefeller (1981-1982) para a realização de pesquisas e es­ tudos sobre o tema do livro. Fiz pesquisas adicionais e redigi o texto final enquanto pesquisador do CNPq (1983-1984). O Mestrado em Ciências Sociais da UFBa financiou a datilogra­ fia final. O Recôncavo Baiano

Description:
Na noite de 24 para 25 de janeiro de 1835, em Salvador, enquanto os católicos comemoravam, na igreja do Bonfim, a festa de Nossa Senhora da Guia, negros africanos celebravam o Ramadã em suas senzalas. A celebração evoluiu para uma revolta, da qual não participaram exclusivamente muçulmanos, ma
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