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Raízes Unitárias - Uma Introdução PDF

119 Pages·2015·1.52 MB·Portuguese
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Raízes Unitárias – Uma Introdução Artur C. B. da Silva Lopes Versão 3.02, Setembro de 2014 Instituto Superior de Economia e Gestão Universidade de Lisboa 2 Conteúdo 1 Introdução: motivações e aspectos preliminares 7 1.1 Estacionaridade vs. não estacionaridade: o caso do AR(1) . . . . . 8 1.2 Processo integrado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.3 Caracterização de séries I(0) e I(1) sem componentes determinísticos 14 1.4 Tendências nas séries económicas: “TSP” vs “DSP” . . . . . . . . 19 1.4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 1.4.2 Estacionarização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 1.4.3 Multiplicadores dinâmicos. A persistência dos choques ou inovações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 1.4.4 Previsão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 1.4.5 Resumo e comentários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 1.4.6 A decomposição de Beveridge-Nelson . . . . . . . . . . . . . 31 1.5 Introdução aos processos de Wiener . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 1.6 Regressões espúrias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 2 Processos de tendência determinística 53 2.1 Os casos mais simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 2.2 O caso geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 2.3 Estimação e inferência no caso I(1) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 3 Testes DF de raiz unitária 59 3.1 Formas de apresentação de um processo de raiz unitária . . . . . . 59 3.2 Testes no contexto AR(1): testes DF . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 3.3 Regressores determinísticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 3.4 Testes DF no contexto AR(p) e ARMA: ADF . . . . . . . . . . . . 70 3.4.1 O teste ADF para o caso do AR(2) . . . . . . . . . . . . . . 70 3.4.2 Os testes ADF para o caso AR(p) . . . . . . . . . . . . . . 72 3.4.3 O caso ARMA(p,q) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 3 4 CONTEÚDO 3.4.4 Como escolher k? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 3.4.5 Um exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 4 Outros testes 83 4.1 Os testes de Phillips e Perron (PP) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 4.2 Um exemplo de TSP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 4.3 Testes KPSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 4.4 Outro exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 4.5 Testes DF-GLS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 5 Testes de raiz unitária e quebras de estrutura 97 5.1 A abordagem inicial de Perron . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 5.2 Quebras de estrutura com datas endógenas . . . . . . . . . . . . . 101 5.3 Outros testes para o caso de alteração de nível . . . . . . . . . . . 103 5.4 Observações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 6 Anexos 107 6.1 Processo assimptoticamente estacionário . . . . . . . . . . . . . . . 107 6.2 Previsões com passeios aleatórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108 6.3 Decomposição de Beveridge-Nelson: forma alternativa . . . . . . . 109 6.4 Programa para estudo de simulação de regressões simples espúrias 110 6.5 Programa para análise de sensibilidade ao parâmetro de deriva . . 112 6.6 Testes de raiz unitária ao log do PIB português (1947—2002) . . . . 113 CONTEÚDO 5 Prefácio Este pequeno livro tem origem recente nas notas que escrevi em computador para apoiar a leccionação de um capítulo da disciplina de Macroeconometria I, o do 1 ano do mestrado em Econometria Aplicada e Previsão do ISEG—UL, no ano lectivo de 2009/10. A sua verdadeira origem situa-se em meados dos anos 90, pois boa parte deste material foi empregue na leccionação de disciplinas de mestrado desde essa altura. Desde 2009/10 o ritmo de introdução de alterações e de acrescentos aumentou e espera-se que o texto tenha agora alcançado uma versão com interesse para uma audiência mais alargada. Naturalmente, contém ainda erros, imprecisões e omissões, mas espero continuar a introduzir melhorias. Agradeço comentários e sugestões nesse sentido. Apesar da sua origem, este texto nem sempre possui o estilo e a estrutura típicas dostextosde leccionaçãoe, em boaverdade, também procuraservircomo texto de introdução e de divulgação para alguns leitores, em particular para os investigadores na área da macroeconomia. Um pressuposto importante é que o leitor já possui alguns conhecimentos dos métodos para séries temporais. No referido mestrado, a disciplina de Macro- econometria I é precedida por uma de Séries Temporais e este texto é fortemente influenciado por esse facto. Por exemplo, assume-se que o leitor se encontra fa- miliarizado com a manipulação de polinómios no operador de desfasamento (L). Também se assume familiaridade com a modelação (ARIMA) de Box & Jenkins. Por outro lado, note-se que a perspectiva aqui adoptada está bastante mais pró- ximadadaEconometriaclássica, causal, que daanálise purade sériestemporais. Em termos de objectivos, este texto pretende ser intermédio, algures a meio caminho entre os textos menos sustentados de licenciatura e os mais avançados, detalhados e extensos, como a excelente obra de Hamilton (1994) (na qual este texto se baseia frequentemente). No entanto, algum material mais técnico é apresentado apenas nos anexos. Também alguns dos programas de TSP que deram origem aos resultados de simulação apresentados são relegados para os anexos. Uma restrição importante mas usual é que serão considerados apenas proces- sos lineares. Desta forma, tal como na quase totalidade da literatura, usar-se-á de forma simples o termo estacionário para designar um processo estacionário e fracamente dependente ou ergódico. Materiaisdeapoiocomplementaresaestetextoserãodisponibilizadosnosítio http://pascal.iseg.utl.pt/~asl/livro_TRU.htm. 6 CONTEÚDO Capítulo 1 Introdução: motivações e aspectos preliminares Nas últimas duas décadas e meia a metodologia econométrica sofreu uma revo- lução, com a descoberta que, ao contrário do que se supunha, muitas séries económicas não são estacionárias (em tendência), isto é, têm uma raiz unitária no polinómio auto-regressivo (da sua representação auto-regressiva). Como é agora bem sabido, esta presença de raízes unitárias pode criar prob- lemas ao trabalho empírico, mas também abre novas oportunidades para esse trabalho: a) problemas — em muitas das regressões com séries com raízes unitárias, os estimadores OLS nem sequer convergem em probabilidade para os (ver- dadeiros) valores dos parâmetros, isto é, nem sequer são consistentes; b) oportunidades — noutras regressões, pelo contrário, os estimadores OLS são consistentes e convergem para os valores dos parâmetros com uma veloci- dade ainda maior do que nas regressões com variáveis estacionárias, o que, em fases posteriores da modelação, permite tratar os parâmetros como se fossem conhecidos. Adicionalmente, em ambos os casos, em geral, a teoria usual das dis- tribuições assimptóticas dos estimadores e das estatísticas de teste não é aplicável,oqueconstituiumproblemaadicional. Estefactoderivadeseaban- donar o ambiente (estacionário e) ergódico usual, com os momentos amostrais e, mais geralmente, as estatísticas a não convergirem em probabilidade para cons- tantes. Pelo contrário, como veremos nalguns casos mais adiante, as estatísticas 7 8CAPÍTULO1. INTRODUÇÃO:MOTIVAÇÕESEASPECTOSPRELIMINARES baseadas em processos não estacionários convergem, fracamente, para variáveis aleatórias (muitas deles funcionais de processos de Wiener). O estudo que irá ser feito é introdutório. Nalguns pontos o leitor será convi- dado a consultar bibliografia adicional. Neste capítulo introdutório serão apresentadas as razões da importância dos testes de raiz unitária nas séries económicas. Começar-se-á por estudar o caso mais simples do AR(1) puro. 1.1 Estacionaridade vs. não estacionaridade: o caso do AR(1) Recorde-se que, para que um processo estocástico y seja estacionário em sen- t { } tido fraco ou em covariância (ou de segunda ordem), devem ser satisfeitas as seguintes condições: i) E(y )=µ < , t, t ∞ ∀ ii) Var(y )=σ2 < , t, t y ∞ ∀ iii) Cov(y , y )=γ , t,k. t t−k k ∀ Recorde-se, também, que se poderia ter dispensado ii) escrevendo a condição iii) para k =0: Var(y )=γ =σ2, t. t 0 y ∀ Ou seja, um processo é estacionário em covariância quando tem média e va- riância (finitas e) constantes ao longo do tempo e a covariância entre dois ele- mentos do processo só depende da distância no tempo a que se encontramum do outro. Analise-se o processo AR(1): y =α+ρy +ǫ , com ǫ iid(0, σ2). t t−1 t t ∼ 1 1. Supondo que o processo é estacionário ou estável , isto é, que ρ < | | 1, repare-se que ele se comporta como um modelo de correcção de erros (MCE). Na realidade, trata-se do caso mais simples de MCE pois E(y )=α+ρE(y ), t t−1 1Alguns autores preferem referir-se a processo assimptoticamente estacionário; sobre este assunto, veja-se o primeiro anexo,no último capítulo. 1.1. ESTACIONARIDADEVS.NÃOESTACIONARIDADE:OCASODOAR(1)9 isto é, fazendo µ E(y ), y ≡ t α µ E(y )= . y ≡ t 1 ρ − Ora, subtraindo y a ambos os membros do processo: t−1 ∆y =α+(ρ 1)y +ǫ , t t−1 t − isto é, α ∆y =(ρ 1) y +ǫ , t t−1 t − − 1 ρ (cid:1) − (cid:2) ou seja, ∆y =(ρ 1)(y µ )+ǫ , t t−1 y t − − e note-se que se trata, de facto, de um MCE, pois a satisfação da condição de estacionaridade assegura que o coeficiente (ρ 1) é negativo: ρ < − | | 1 1 < ρ < 1 2 < ρ 1 < 0. Note-se também que é a média do ⇔ − ⇔ − − processoquerepresentaoseuvalorousoluçãodeequilíbrio(delongoprazo), isto é, o valor para o qual o processo é atraído. Desta forma, (y µ ) t−1 − y representa o desequilíbrio ou erro de equilíbrio do período anterior, e como o seu coeficiente é negativo, o processo apresenta uma tendência de retorno para a situação de equilíbrio, dada pela sua média. Dadaapresençadeǫ (querepresentaoschoquesouinovaçõesdoprocesso), t pode acontecer que o processo se mantenha acima ou abaixo da sua média durante algum tempo; todavia, existe uma tendência para que ele acabe porregressaraessevalor. Estecomportamentoéchamadode regressão ou reversão para a média (mean regression ou reversion) e é típico de qualquer processo estacionário. 2. Ocasoemque ρ >1époucointeressantesobopontodevistaeconómicoe | | 2 é facilmente detectável pois o processo é explosivo . Por exemplo, no caso maisinteressanteemqueρ>1,considere-sey =1.05y +ǫ ,casoemque t t−1 t ataxamédiadecrescimentoéde5%porperíodo. Umcomportamentodeste tipo também se consegue obter com um modelo de tendência exponencial: y =exp(δt+u ), t t 2Na terminologia de Box & Jenkins, trata-se de um caso de não estacionaridade não ho- mogénea pois o processo não se torna estacionário por diferenciação. 10CAPÍTULO1. INTRODUÇÃO:MOTIVAÇÕESEASPECTOSPRELIMINARES para o qual se tem, ignorando os erros, dy/dt = δexp(δt) = δy, isto é, também uma taxa de variação constante. Mais adiante consideraremos este tipo de modelo com atenção. 3. Ocasodeρ= 1tambémtemmuitopoucointeresseemtermoseconómicos − pois em cada período o processo tenderia a assumir o valor simétrico do do período anterior. Por outras palavras, trata-se de um caso de raiz unitária 3 que não tem relevância para aplicações económicas . 4. Ocaso mais interessante em economia é o deρ =1, caso em que se tem um passeio aleatório. Comece-se por analisar o caso do passeio aleatório sem deriva (drift): y =y +ǫ . t t−1 t Resolvendo por substituição recursiva e representando com y o valor inicial do 0 processo tem-se y =y +ǫ t t−1 t =y +ǫ +ǫ t−2 t t−1 =... =y + t ǫ y +TE 0 i=1 i ≡ 0 t ondeTEt ≡ ti=1ǫirepresentaacha(cid:3)madatendênciaestocásticaqueoprocesso contém, pretendendo com esta designação referir-se que o seu comportamento de (cid:3) longo prazo muda de forma lenta, suave, e não determinística, com a acumulação dos choques aleatórios. De facto, recorde-se que a previsão (univariada) óptima de y (a um passo) t+1 é y =E (y )=E (y +ǫ )=y . t+1|t t t+1 t t t+1 t Mas também a previsão óptima de y , s>0, formulada em t (a s passos), é t+s ∀ y =E (y )=E (y +ǫ +...+ǫ )=y . t+s|t t t+s t t t+1 t+s t Istoé,pormaiorquesejaohorizontedeprevisão(s),estacontinuaaserdadapor y . Todavia, se avançarmos s 1 períodos, isto é, se nos colocarmos em t+s 1, t − − a previsão óptima de y passa a ser dada por t+s t+s−1 y =E (y )=E (y +ǫ )=y =y + ǫ . t+s|t+s−1 t+s−1 t+s t+s−1 t+s−1 t+s t+s−1 t i i=t+1 (cid:4) 3Todavia,se a ordem do processo autoregressivo fosse 4 ou superior,passaria a ter interesse para séries observadas trimestralmente e a raiz 1 seria chamada de raiz unitária sazonal. −

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Este pequeno livro tem origem recente nas notas que escrevi em computador para apoiar a leccionação de um capítulo da disciplina de Macroeconometria I, do 1º ano do mestrado em Econometria Aplicada e Previsão do ISEG-UL, no ano lectivo de 2009/10. A sua verdadeira origem situa-se em meados dos
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