Raça novas perspectivas antropológicas Osmundo Araújo Pinho Livio Sansone (orgs.) SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros PINHO, AO., and SANSONE, L., orgs. Raça: novas perspectivas antropológicas [online]. 2nd ed. rev. Salvador: EDUFBA, 2008, 447 p. ISBN 978-85-232-1225-4. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>. All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license. Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribição 4.0. Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento 4.0. Raça novas perspectivas antropológicas RAÇA_Livio Sansone_FINAL.pmd 1 21/8/2008, 14:55 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Reitor Naomar Monteiro de Almeida Filho Vice-Reitor Francisco Mesquita EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Diretora Flávia Goullart Mota Garcia Rosa CONSELHO EDITORIAL Titulares Angelo Szaniecki Perret Serpa Caiuby Álves da Costa Charbel Niño El Hani Dante Eustachio Lucchesi Ramacciotti José Teixeira Cavalcante Filho Maria do Carmo Soares Freitas Suplentes Alberto Brum Novaes Antônio Fernando Guerreiro de Freitas Armindo Jorge de Carvalho Bião Evelina de Carvalho Sá Hoisel Cleise Furtado Mendes Maria Vidal de Negreiros Camargo RAÇA_Livio Sansone_FINAL.pmd 2 21/8/2008, 14:55 Raça novas perspectivas antropológicas Osmundo Araújo Pinho Livio Sansone (organizadores) 2ª Edição revista ABA EDUFBA Salvador, 2008 RAÇA_Livio Sansone_FINAL.pmd 3 21/8/2008, 14:55 © 2008 by Autores Direitos para esta edição cedidos à Edufba. Feito o depósito legal. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, sejam quais forem os meios empregados, a não ser com a permissão escrita do autor e das editoras, conforme a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. PROJETO GRÁFICO E ARTE FINAL Gabriela Nascimento REVISÃO Susane Barros Flávia Rosa Biblioteca Central Reitor Macêdo Costa - UFBA Raça : novas perspectivas antroplógicas / Livio Sansone, Osmundo Araújo Pinho (organizadores). - 2 ed. rev. Salvador : Associação Brasileira de Antropologia : EDUFBA, 2008. 447 p. ISBN 978-85-232-0516-4 1. Antropologia. 2. Relações raciais. 3. Questão racial - Brasil. 4. Globalização. 5. Sexo. 6. Religião e raça. 7. Juventude. 8. Políticas públicas. I. Sansone, Lívio. II. Pinho, Osmundo Araújo. CDD - 301.81 Editora da UFBA Rua Barão de Jeremoabo, s/n – Campus de Ondina 40170-115 – Salvador – BA Tel: +55 71 3283-6164 Fax: +55 71 3283-6160 www.edufba.ufba.br [email protected] RAÇA_Livio Sansone_FINAL.pmd 4 21/8/2008, 14:55 Sumário Prefácio 7 Livio Sansone Introdução 9 Osmundo Pinho Censo e demografia 25 A variável cor ou raça nos interior dos sistemas censitários brasileiros Marcelo Paixão Luiz M. Carvano Cor e raça 63 Raça, cor e outros conceitos analíticos Antonio Sérgio Alfredo Guimarães Genótipo e fenótipo 83 Qual “retrato do Brasil”? Raça, biologia, identidades e política na era da genômica Ricardo Ventura Santos Marcos Chor Maio Saúde 121 Cor/Raça, Saúde e Política no Brasil (1995-2006) Simone Monteiro Marcos Chor Maio Urbanismo, globalização e etnicidade 151 Livio Sansone Raça e nação 193 Sebastião Nascimento Omar Ribeiro Thomaz Gênero 237 Dialogando com os estudos de gênero e raça no Brasil Ângela Figueiredo Relações raciais e sexualidade 257 Osmundo Pinho RAÇA_Livio Sansone_FINAL.pmd 5 21/8/2008, 14:55 Religião e etnicidade 285 Religião e relações raciais na formação da antropologia do Brasil Vagner Gonçalves da Silva Quilombos 315 José Maurício Arruti Política(s) Pública(s) 351 Antonio Carlos de Souza Lima João Paulo Macedo e Castro Juventude 393 Juventude, raça/etnia – Diferenciais e desempenho escolar Mary Garcia Castro Ingrid Radel Ribeiro Educação 421 Raça e educação: os elos nas Ciências Sociais Brasileiras André Brandão Anderson Paulino da Silva RAÇA_Livio Sansone_FINAL.pmd 6 21/8/2008, 14:55 Prefácio Livio Sansone O tema da criação da diferença, do Outro etno-racialmente construído, assim como da produção de identidades de cunho etno-racial sempre foi importante na antropologia. Este âmbito de pesquisa sempre levantou questões éticas para os antropólogos envolvidos – descobridores, defensores e até porta- vozes de seus objetos de pesquisa. Hoje o contexto é diferente e a relação pesquisador-objeto se dá de outra forma, mas o tema continua central, também na antropologia no Brasil. Há mais antropólogos que pesquisam nestes âmbitos e uma antropologia mais aberta e interdisciplinar (mais do que antes há antropólogos e antropologias operando fora dos departamentos e programas disciplinares em antropologia). Tudo isto leva, já em si, a criação de um conjunto multi-vocal e, às vezes, polifônico. Se já houve uma antropologia brasileira entendida como um conjunto unido, ou pelo menos um conjunto articulado em paradigmas pouco questionados entre colegas antropólogos, hoje, nesta etapa já de maturidade e maior complexidade da comunidade dos antropólogos e da própria profissão do antropólogo, há questões e soluções que mais que antes dividem os antropólogos. Talvez a questão racial ou étnica – ou, melhor dito, o que fazer para reverter nossas desigualdades de cunho étnico-racial – seja o tema que mais divide os antropólogos em frentes “opostas”. Estamos convencidos que o debate faz bem e que antropologia feita no Brasil se enriquece nele. Por isso a Comissão de Relações Étnicas e Raciais (Crer) da Associação Brasileira de Antropologia quer manter o meio campo funcionando, criando e cultivando espaços para o debate e o diálogo, sabendo que há anti-racismo e propostas interessantes de luta a desigualdades em ambos os lados da linha de frente que hoje opõe, por exemplo, defensores ou opositores de medidas como as assim ditas cotas ou do projeto de Estatuto da Igualdade Racial. Sabendo também que os desafios de tipo ético e político tendem a aumentar ao longo de um processo que leva a antropologia Raça: novas perspectivas antropológicas • 7 RAÇA_Livio Sansone_FINAL.pmd 7 21/8/2008, 14:55 mais e mais próxima de nosso cotidiano e de nossas escolhas pessoais – hoje como dizia Clifford Geertz somos todos nativos. Este livro quer mostrar esta nova e interessante porosidade da antropologia – aberta para um trânsito mais intenso com as outras disciplinas assim com reconhecendo que há um intercâmbio entre as idéias dos antropólogos e as imagens e representações da mídia e da opinião pública. O livro quer também mostrar como esta nova complexidade cria novos espaços para os antropólogos que aceitam o desafio de pesquisar em um contexto tenso onde a autoridade do antropólogo está menos estável e garantida que antes. É nossa intenção apontar pelo fato da pesquisa e a análise em torno dos processos de racialização assim como de produção de identidades de cunho étnico-racial mostra como estes fenômenos levantam questões centrais para as ciências sociais do novo milênio: a produção de diferença e identidade em um contexto caracterizado por uma crescente homogeneização cultural – ou, pelo menos, pelo aumento e uniformização do conjunto de símbolos por meio dos quais se pode construir identidade e diferença; a construção de identidades que convivem e se retroalimentam de outras; o trânsito intenso entre o olhar analítico e o popular – com a intermediação da mídia; os processos de naturalização (e, às vezes, biologização) das diferenças. Este livro, pensado como um aporte ao debate assim como ferramenta para o ensino, sobretudo em nível de graduação, tenta lidar, sem nenhuma pretensão de completude, com uma série de desafios proporcionados por esta nova fase da sociedade brasileira, onde, talvez pela primeira vez e obviamente de forma contraditória, ser índio e negro deixa de ser ônus para se tornar, às vezes, até bônus. Neste contexto contar a cor é imediatamente político, porque pode estar associado a uma redistribuição de recursos e pensar em educação inspirada por algum multiculturalismo, com indica a Lei federal n. 10.639, obriga os antropólogos a refletir sobre vantagens e desvantagens do uso, em determinado contextos, de certas categorias, como etnicidade, raça, índio, negro ou afrodescendente e quilombola. Até mesmo a pesquisa sobre vivencia da religião parece obrigar os antropólogos mais que antes a lidar com as questões da liberdade religiosa e a ter que tomar posição em defesa de grupos novamente estigmatizados. No esforço de buscar dar luz ao negro e o índio (que aqui não pôde ter o justo espaço) como agente de sua própria condição e não somente e sempre como vítima, novas frentes, que também questionam a nossa ética, foram aqui somente apontadas, mas precisam aprofundar-se. Práticas e representações em torno da beleza e do consumo parecem hoje se constituir na nova frente de luta por cidadania e respeito. 8 • Raça: novas perspectivas antropológicas RAÇA_Livio Sansone_FINAL.pmd 8 21/8/2008, 14:55 Introdução A Antropologia no Espelho da Raça1 Osmundo Pinho2 Atendendo a uma convocação da Comissão de Relações Étnicas e Raciais (Crer) da Associação Brasileira de Antropologia pretendemos, nessa coletânea, reunir conjunto expressivo de autores e pontos de vista distintos sobre os estudos raciais e étnicos atualmente prevalecentes na Antropologia Brasileira. Concebida para tornar-se um instrumento útil no ensino de graduação sobre o tema, a publicação teria então dois compromissos, tornar visível e claro o acúmulo histórico sobre o tema em suas diversas articulações e variações; e retratar a relevância, os impasses e os desafios atuais dos estudos étnicos e raciais. Observando-se a diversidade de temas e das abordagens materializadas nesta obra, resulta evidente o fato de que a “raça”, como categoria de análise sociológica e como conceito êmico, ainda persiste. O que, por certo nos obriga à consideração criteriosa de sua constituição e reprodução social. Na verdade, a “raça” parece estar no centro de uma constelação de debates cruciais, não só no Brasil, mas no mundo; não só na antropologia, mas na vida pública. Dos estudos aqui apresentados, e de um balanço crítico que poderíamos fazer sobre o campo, assinalaríamos alguns pontos. Em primeiro lugar parece evidente que, uma vez execrado o racialismo prevalecente nos primórdios de constituição de um interesse sobre o tema, e contestado o culturalismo de inspiração freyreana, os estudos sobre relações raciais, padecem de uma relativa orfandade de paradigmas, um cenário onde nenhuma teoria abrangente e consensual se impõe. Isso se reflete, em segundo lugar, e positivamente, na diversidade de abordagens que, como veremos combina grande multiplicidade de interesses temáticos, que se valem na maioria dos casos de abordagem etnográfica. Em terceiro lugar, e por fim, verificamos que, de um modo em geral, os estudos antropológicos sobre relações étnicas e raciais, identidades e cultura negra, transitam em campo interdisciplinar. Raça: novas perspectivas antropológicas • 9 RAÇA_Livio Sansone_FINAL.pmd 9 21/8/2008, 14:55