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PUC-SP Andrei Venturini Martins Amor Próprio e Vazio Infinito PDF

275 Pages·2011·1.7 MB·Portuguese
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Andrei Venturini Martins Amor Próprio e Vazio Infinito: uma análise do homem sem Deus em Blaise Pascal DOUTORADO EM FILOSOFIA São Paulo 2011 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Andrei Venturini Martins Amor Próprio e Vazio Infinito: uma análise do homem sem Deus em Blaise Pascal DOUTORADO EM FILOSOFIA Tese apresentada à Banca Examinadora como exigência parcial para obtenção do título de DOUTOR em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob a orientação do Prof. Doutor Luiz Felipe de Cerqueira e Silva Pondé. São Paulo 2011 Banca Examinadora: _________________________________ _________________________________ _________________________________ _________________________________ _________________________________ À minha mãe e meu pai AGRADECIMENTOS Quero agradecer à minha família: minha mãe, Maria Geni Venturini, quem mais de perto acompanhou a Solidão de escrever este trabalho; meu pai, Dorival Rodriguez Martins, este grande amigo; minha irmã, Andressa Isaura Venturini Martins dos Reis, pela paciência, assim como agradeço seu esposo Rafael dos Reis, que é um irmão para mim. Se algum dia lerem este trabalho saberão por que não voltarei a ser o mesmo e, desta forma, entenderão que amor, sofrimento e morte são a expressão trágica da Beleza. Meu muito obrigado a toda família Venturini, Martins e Reis. Agradeço a meus amigos: José Cesário da Silva, Ricardo Tavares Teves, Daniel Almeida Baldi e Beatriz Leme Curado. A Amizade é uma arte! Ao Carlos Alberto Araújo de Sousa e Jussara Almeida, obrigado pela Força que faziam despertar no meu coração durante meu séjour na França. Agradeço a Lúcia, Augusto e seu filho e amigo Junior. Vocês são a apoteose da Gentileza. Agradeço aos mestres: - Prof. Luiz Felipe de Cerqueira e Silva Pondé (PUC-SP), exemplo de Coragem desde meus primeiros passos na graduação em Filosofia, até o fechamento de meu trabalho de doutorado. Um Grande Abraço Pascaliano no seu Coração! - Profa. Rachel Gazolla (PUC-SP), a voz da Grécia nos meus ouvidos. Faço das palavras de Epicteto as minhas: Rachel, “tintura de púrpura, esta pequena quantidade de matéria brilhante que dá ao resto seu brilho e sua beleza” (Epicteto. Entretiens, I, II, 18). Agradeço também o Instituto Hypnos que trabalha por uma nova Paidéia no Brasil: este trabalho é mais um fruto deste esforço contínuo de formação deste Instituto. - Prof. Vincent Carraud (Université de Caen Baisse-Normandie), por ter feito eu me sentir em Casa mesmo estando tão distante. Agradeço pelas conversas pascalianas e pelo seu Cuidado. - Prof. Élcio Verçosa (Instituto Internacional de Ciências Sociais), Prof. Ênio José da Costa Brito (PUC-SP), Prof. Gilles Olivo (Université de Caen Baisse-Normandie), Prof. Alberto Frigo Carraud (Université de Caen Baisse-Normandie), Prof. Luís Cesar Oliva (USP), Prof. Domingos Zamagna (UNIFAI), Prof. Juvenal Savian Filho (UNIFESP) e Profa. Cecília Cavaleiro de Macedo (UNIFESP), Prof. Marcelo Perine (PUC-SP), Prof. Edélcio Ottaviani (UNIFAI) e Prof. Fernando Altemeyer (PUC-SP). A todos meu muito obrigado! Meu agradecimento se estende à Andréia, secretária do Programa de Estudos Pós- Graduados em Ciências da Religião, e à Gisele, secretária do Programa de Estudos Pós- Graduados em Filosofia, da PUC-SP, que muito contribuíram para a resolução das questões práticas. Agradeço a todos os componentes da Equipe de Pesquisa NEMES: Maria José Caldeira do Amaral, Maria Cristina M. Guarnieri, Ana Cláudia A. Patitucci, Rodrigo Inácio, Luiz Bueno, Soemis Guzman Mariz, Suzie Marra, Andréia Vasconcelos, Roberto Miguel, Maruzania Dias, Pe. Alexandre A. Martins, Rodrigo Petronio, Ana Enésia Sampaio, Pe. Alberto Marques de Sousa, Marcos Fleury de Oliveira, Wilma Tommasio e Lílian Wurzba, esta última a quem agradeço também pelo importante auxílio na revisão deste trabalho. Que toda a equipe de pesquisa sinta-se incluída neste agradecimento. Agradeço à CAPES pela bolsa concedida, possibilitando a realização desta pesquisa na Université de Caen Baisse-Normandie, sob a co-orientação do Prof. Vincent Carraud. Nesta Universidade pude conhecer algumas pessoas que não poderia deixar de mencionar: Laura Verhaeghe, Alberto Frigo, Julia, Anielka e Gaby. Agradeço ao meu avô Carlos Venturini (in memoriam). Agradeço a Deus. “A alma: ao meu Senhor falarei, ainda que seja pó e cinza (Gn 18, 27). Se eu me tiver em maior conta, eis que vos ergueis contra mim, e ao testemunho verdadeiro que dão meus pecados, não posso contradizer. Mas se me tiver por vil e me aniquilar, deixando toda a vã estima de mim mesmo, e me reduzir a pó, que sou na verdade, ser-me-á propícia a vossa graça, e a vossa luz há de vir em meu coração, e todo sentimento de amor próprio, por mínimo que seja, perder-se-á no abismo do meu nada e perecerá para sempre. Ali me dais a conhecer o que sou, o que fui, a que ponto cheguei; porque sou nada – e não o sabia.” (KEMPIS, Tomás de. A Imitação de Cristo, p. 152). RESUMO O principal objetivo desta pesquisa é analisar a condição humana depois da Queda Adâmica em Blaise Pascal, tendo como objeto central a Lettre de 17 de outubro de 1651. Este texto não pode ser considerado um texto marginal na obra do filósofo francês, mas sim o início de inúmeras reflexões temáticas como a morte, a compaixão, a providência, a consolação, o sacrifício, o pecado original, o amor próprio, o vazio infinito, o horror da morte antes e depois da queda, o amor pela vida antes e depois da queda. A hipótese que norteia este trabalho é que o homem tenta desviar-se e preencher esse vazio infinito causado pela queda através do divertissement, mas só o Cristo Mediador pode ocupar o vazio que Deus deixou. Para demonstrá-la, são investigados dois conceitos capitais na Lettre – o Amor Próprio e o Vazio Infinito –, ao longo das duas partes que compõem este trabalho: “Teoria do pecado original e suas consequências” e “O Vazio Infinito do homem sem Deus”. Na primeira, é investigado o contexto da direção espiritual jansenista no século XVII e seus ecos na Lettre, o que constitui o capítulo I; é trabalhado o conceito de Amor Próprio e Vazio Infinito, no capítulo II, com o intuito de saber se para Pascal o amor próprio desligado de Deus está na raiz de todos os males e de todos os vícios, assim como a causa do vazio infinito no homem sem Deus, pois, além do amor próprio e do vazio infinito, encontra-se na Lettre o desejo de dominação e a preguiça como consequências da queda; e, para finalizar a primeira parte, no capítulo III, são mostradas as consequências da queda expressas nos Écrits sur la Grâce, como a ignorância, a concupiscência, culpa e morte eterna, para que se possa ter, assim, uma visão mais completa, o que foi denominado, neste trabalho, “colagem subjetiva”, em função da aproximação da Lettre aos Écrits sur la Grâce. Na segunda parte, elaborada em dois capítulos, a fim de refletir a condição humana a partir do conceito de vazio infinito, é estudada, de forma específica, a relação do vazio infinito e o divertissement e, no último capítulo, o mesmo conceito de vazio infinito é aproximado ao Cristo Mediador. Palavras-Chave: Condição Humana – Pecado Original – Vazio Infinito – Divertissement – Cristo Mediador. ABSTRACT The main goal of this inquiry is to analyze the issue of human condition after the Adamic Fall, according to Blaise Pascal. We have chosen his Lettre that dates from October 17th, 1651, as our main object of analysis. This Lettre is anything but a marginal text within the author’s work, representing, on the contrary, the debut of several meditations on themes such as death, compassion, providence, consolation, sacrifice, original sin, self-love, the infinite emptiness, the horror of death before and after the Fall, the love of live before and after the Fall. Our departing hypothesis is that, according to Blaise Pascal, man lives on attempting to deflect the infinite emptiness that dwell in him and fill it somehow, even though only Jesus Christ, as a mediator, is capable of fulfilling the void left by God. To sustain this hypothesis, two major concepts - that of self-love and that of infinite emptiness - present in the foresaid Lettre shall be analyzed throughout the two parts that form this research: “A Theory of Original Sin and its Consequences” and “The Infinite Emptiness of man without God”. In Part I, the focus is on the Jansenist spiritual direction of the XVIIth century, and its implications with regards to our object (First chapter). The second chapter focuses on the concepts of Self-Love and Infinite Emptiness, and there we raise the question whether, to Pascal, self-love as detachment from God is the root of all evil and all vices, and whether it is the cause of the infinite emptiness that dwells in man. Apart from Self-Love and Infinite Emptiness, the Lettre also mentions the will to domination and laziness as other consequences of the Adamic Fall. At the end of the first part (Third chapter), we intend to demonstrate the consequences of the Fall as Pascal puts them in the Écrits sur la Grâce: ignorance, concupiscence, guilt and eternal death. Thus, we shall have a more thorough perspective on the consequences of the Fall - something we shall name “subjective collage”, since we bring the Lettre near to the Écrits sur la Grâce and compose a picture with the consequences of the Fall. In Part II, titled “The Infinite Emptiness of man without God”, we have elaborated two chapters in order to meditate about human condition based on the concept of infinite emptiness. Chapter IV (the first in Part II) focuses on the relation between infinite emptiness and the Pascalian concept of divertissement; finally, the fifth and last chapter brings the concept of infinite emptiness near to that of Christ as Mediator. Keywords: Human Condition – Original Sin – Infinite Emptiness – Divertissement – Christ Mediator. SUMÁRIO Introdução ....................................................................................................................... 11 Capítulo 1: O contexto das cartas espirituais do século XVII ........................................... 17 1.1 Jansenius: um detector de vaidades .................................................................. 18 1.2 As cartas espirituais e Saint-Cyran: “cada alma é um mundo”.......................... 24 1.3 Introdução histórica: Pascal diretor espiritual? ................................................. 28 1.3.1 “Um cego conduzido por outro cego”: Carta de 26 de janeiro de 1648 .... 29 1.3.2 A leitura do intérprete Gouhier: por que Pascal hesita em escrever? ........ 33 1.3.2.1 A vaidade nas ciências em Saint-Cyran .......................................... 35 1.3.3 As acusações de M. de Rebours e as acusações de Pascal a si mesmo ..... 37 1.4 Análise das Lettres Chrestiennes et spirituelles VII e XIV de Saint-Cyran ....... 41 1.5 Estudo comparativo entre Lettre e as Cartas VII e XIV de Saint-Cyran ............ 45 1.5.1 Compaixão do diretor com o dirigido ...................................................... 45 1.5.2 Fundamento da consolação na imagem do sacrifício de Cristo ................ 49 1.5.3 Ação da Providência: transposição de significado ................................... 52 1.6 A abrangência temática da Lettre ..................................................................... 59 Capítulo 2: Gênese da teoria do pecado original na Lettre: análise dos conceitos de amor próprio e vazio infinito ........................................................................................... 61 2.1 O pecado original em Santo Agostinho ............................................................ 62 2.1.1 O desejo de dominação e o orgulho dos sábios: “dominada pela paixão de dominar” ......................................................................................................... 65 2.2 O pecado original em Jansenius: amor de si, pecado e orgulho ........................ 67 2.3 Síntese do amor de si em Santo Agostinho e Jansenius .................................... 72 2.4 A teoria do pecado original em Pascal ............................................................. 73 2.4.1 Antes da queda: l’amour pour soi même e a ordem estabelecida por Deus ................................................................................................. 75 2.4.2 Depois da queda: a origem do Amor Próprio sem Deus e o Vazio Infinito .................................................................................................... 79 2.4.3 Desejo de dominação e amour-propre ..................................................... 84 2.4.4 Preguiça e amour-propre ........................................................................ 87 2.5 O amour-propre: os intérpretes de Pascal ........................................................ 93 2.6 Há um liame entre a Lettre e os Écrits sur la Grâce? ....................................... 115

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da felicidade adâmica no reino nefasto do amor próprio, ou seja, no mundo em que o homem faz de si mesmo o centro de tudo e busca tudo para si.
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