Giovana Castro PSICOPATAS DO CINEMA Uma análise da mais perversa patologia na sétima arte 1ª Edição Salto FoxTablet ©2013 Psicopatas do Cinema: Uma análise da mais perversa patologia na sétima arte Giovana Castro Copyright © 2013 FoxTablet Ltda. - ME Direitos autorais Todos os direitos sobre esta obra estão reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida e disseminada, por quaisquer meios, sejam eles impressos, eletrônicos, mecânicos, fotocópias e outros, sem que haja prévia permissão por escrito do autor e editora. Normas para uso de conteúdo A informação contida neste livro somente poderá ser utilizada para fins terceiros com a devida autorização por escrito do autor e editora. 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Ilustração da capa: Getulino Pacheco Diagramação: Jean-Frédéric Pluvinage ISBN: 978-85-66799-02-6 FoxTablet A sua editora de publicações impressas e digitais Rua Sorocaba, 1228, sala 4, Bairro Vila Santa Terezinha, Itu - SP CEP 13310-335 Fone: +55 11 3413-3998 E-mail: [email protected] Website: www.foxtablet.com.br Facebook: www.facebook.com/foxtablet Agradecimentos: Aos meus pais. Sobre o autor Giovana Castro é psicóloga graduada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e, atualmente, é pós-graduanda em Gerontologia pelo Instituto de Ensino do Hospital Israelita Albert Einstein. Como profissional de psicologia, atende adolescentes, adultos, casais e idosos em seu consultório situado na Clínica Aba, em Alphaville (SP). Desenvolve atendimentos terapêuticos, em diversas modalidades, tais como: psicoterapia individual, de casal, familiar ou em grupo, psicoterapia lúdica, terapia psicomotora, arteterapia, orientação de pais e outros. Também escreve sobre psicologia em seu blog Psicotidiano. Prólogo Monstros é um dos termos mais comuns para se referir a criminosos. Nos textos e discursos que narram histórias de crimes hediondos, lá estão as manchetes: monstros, assassinos, psicopatas. São discursos em que a perversidade humana só está presente em crimes violentos e bárbaros. Psicopatas são rotulados e vistos como serial killers, assassinos em série, mas isso é um conceito incorreto: os verdadeiros psicopatas podem cometer crimes sem derramar uma gota de sangue. Vocês já se perguntaram qual o maior ícone da psicopatia que já viram no cinema? Com certeza Hannibal Lecter, personagem do filme O Silêncio dos Inocentes (1991), ou Norman Bates, do filme Psicose (1960), estará entre as respostas mais comuns, afinal, a imagem do psicopata é o de um assassino frio e cruel. Mas nem todos os psicopatas são assassinos, e um deles poderia estar não apenas na rua ao lado, mas dentro da sua própria casa. Há uma estimativa de que 6% da população mundial nasce psicopata. Uma parcela da população que, obviamente, não são assassinos em série. Então qual o motivo desse imaginário distorcido sobre psicopatas? O cinema é o maior veículo mundial de representação da realidade. Quando pensamos em estereótipos, logo pensamos em um personagem famoso, e isso não é diferente na representação das patologias! Este livro tem como objetivo realizar uma análise psicanalítica de alguns psicopatas representados no cinema e suas interferências na conscientização desta patologia pela sociedade pós-moderna, ou seja, entender Hannibal Lecter, Lord Voldemort, Jigsaw, entre outros, em suas essências, e entender qual é o significado dado a eles pelos espectadores. O percurso deste livro foi elaborado a partir de uma pesquisa qualitativa, exploratória, mediante bibliografia, videografia e documentos. Os filmes selecionados expressam a veiculação da patologia no cinema, transmitindo a ideia de que os comportamentos psicopatas são mais comuns no cotidiano das pessoas do que se imagina. Os resultados obtidos evidenciaram que o cinema exerce muita influência no cotidiano das pessoas, uma vez que apresentam, muitas vezes, versões romantizadas dos psicopatas, levando o público a crer que esses indivíduos não pertencem ao convívio comum da sociedade, pois, nos filmes, tais personagens são encarados como monstros, marginais assassinos ou bruxos. Mas, na vida real, eles estão em todos os lugares, podem ser pessoas amáveis e dóceis e podem perfeitamente conviver conosco em nossos ambientes de trabalho, sociais e até mesmo, familiares. Quando ouvimos na televisão, pelos programas policiais, a declaração de delegados e jornalistas indignados com a frieza dos criminosos, os comparando a monstros, não é estranho a falta de preparo desses profissionais em identificar um psicopata. Não há como psicopatas expressarem sentimentos genuínos pois eles simplesmente são desprovidos de tais. Tudo o que eles apresentam, seu choro, sua rendição, faz parte de um grande teatro, desde que essa representação seja favorável a eles. Representando os psicopatas como monstros, a sociedade os “desumaniza”, ou seja, pessoas tão cruéis não são “humanas” como nós, são monstros! Um monstro cometer crueldades é mais aceitável do que um ser semelhante a nós. É muito difícil uma pessoa entrar em contato com seu lado perverso e perceber que, se não fosse provido de convenções sociais e sentimentos, seria capaz de praticar os mesmos atos daquele que chama de monstro. Pensemos em nossos presídios. Todos sabem que existem lideranças lá dentro, facções. Os prisioneiros sabem identificar quem devem obedecer e é este o lugar que o psicopata preenche lá dentro. Um líder que todos temem, pois sabem que podem perder suas vidas a troco de nada e serão mortos com a frieza de uma pessoa matando uma barata. Não temos divisão no nosso sistema penitenciário. Não temos profissionais nos presídios que identifiquem esse tipo de personalidade e separe os psicopatas do grupo, formando assim uma grande escola do crime, e não um centro de reabilitação social. Psicopatas matam, mas não apenas tirando a vida do outro. Eles matam muitas vezes acabando com os sonhos e esperanças dos outros, através da política, mercado financeiro, igrejas, televisão e muitos outros meios. Os lobos em pele de cordeiro estão ao seu lado! Introdução Como contemporâneos, cinema e psicanálise, revelam, em sua própria maneira, a personalidade da humanidade. Os dramas interiores que o ser humano vivencia e que a Psicanálise traz à luz, podem ser experimentados também dentro de uma cena da ficção cinematográfica. A semelhança de certos termos e as pontuações aparentes entre as duas técnicas permitem a comparação espontânea. Nas produções do cinema americano, bem como na análise crítica desses filmes, verifica-se que tem ocorrido uma naturalização de comportamentos psicopatas, ou seja, atitudes de pessoas com traços de psicopatia são apresentados ao público como sendo normais. Mas ocorre que, na vida real, esses personagens deveriam ser encaminhados para um tratamento psicanalítico ou psiquiátrico. Este livro não pretende esgotar este tema, pelo contrário, quer abrir novos questionamentos e indagações e ser o início de um caminho que possa ser trilhado por quem tem interesse na área de psicologia, cinema ou outras áreas afins. O objetivo é realizar uma análise psicanalítica dos psicopatas do cinema e suas interferências na conscientização desta patologia pela sociedade pós-moderna. Inicio esta análise conceituando a psicanálise, para que os leitores consigam compreender o embasamento das análises, demonstrando as características e influências do cinema na sociedade pós-moderna que, nada mais é do que a sociedade que vivemos na atualidade; para estabelecer também a relação entre cinema e psicanálise que, afinal, são contemporâneos e, por fim, levantar o perfil de personagens psicopatas existentes em filmes de grande bilheteria mundial. Esses personagens são analisados, assim como são debatidos os efeitos da naturalização de comportamentos perversos que são apresentados nestes filmes e sua capacidade de formação de opinião enquanto mídia de massa no cotidiano dos indivíduos. Os filmes se constituem como material rico para análise em diversas áreas do conhecimento, dentre elas, a psicologia. Lançar um olhar crítico e psicanalítico sobre a produção cinematográfica levará a compreender também como a influência do cinema, enquanto cultura de massa, consegue influenciar o cotidiano dos sujeitos a ponto de naturalizar comportamentos psicopatas.
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