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Psicologia Fenomenologica Existencial: A Pratica Psicologica a Luz de Heidegger PDF

240 Pages·2016·9.762 MB·Portuguese
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sJU R U fí EDITORA PSICOLOGIA Editora da Juruá Psicologia: Ana Carolina Bittencourt ISBN: 978-85-362-5919-2 yuRUfí Brasil - Av. Munhoz da Rocha, 143 - Juveve - Fone: (41) 4009-3900 Fax: (41) 3252-1311 - CEP: 80.030-475 - Curitiba - Paraná - Brasil EDITORA Europa -Rua General Torres, 1.220 - Lojas 15 e 16 - Fone: (351) 223 710 600 - Centro Comercial D’Ouro - 4400-0% - Vila Nova de Gaia/Porto - Portugal Editor: José Emani de Carvalho Pacheco Evangelista, Paulo Eduardo Rodrigues Alves. E92 Psicologia fenomenológica existencial: a prática psico­ lógica à luz de Heidegger./ Paulo Eduardo Rodrigues Alves Evangelista./ Curitiba: Juruá, 2016. 258p. 1. Psicologia fenomenológica. 2. Psicologia existencial. 3. Fenomenologia. I. Título. CDD 150.192 (22.ed.) onozis CDU 159.994 Visite nossos sites na internet: www.juruapsicologia.com.br e www.editorialjurua.com e-mail: psicologia @jurua. com. br Paulo Eduardo Rodrigues Alves Evangelista PSICOLOGIA FENOMENOLÓGICA EXISTENCIAL A PRÁTICA PSICOLÓGICA À LUZ DE HEIDEGGER Curitiba Juruá Editora 2016 Apresentação O leitor tem em mãos a publicação da tese de doutorado apre­ sentada na Universidade de São Paulo para obtenção de título de Doutor em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano. Foram feitas pe­ quenas correções e alterações mínimas em relação ao texto entregue. Da elaboração do projeto de pesquisa à versão fmal transcorre­ ram cinco anos. Mas as dúvidas e questionamentos que animam esta apresentação de uma possível contribuição da filosofia de Heidegger, chamada de “fenomenologia existencial” ou “fenomenologia hermenêuti­ ca”, à Psicologia são mais antigas. Meu interesse pela “psicologia feno- mcnológica existencial” mc levou à descoberta de muitas teorias e práti­ cas diversas, quiçá contraditórias, entre si. E o aprofundamento na obra de Heidegger, ocorrido durante a redação de dissertação de Mestrado em Filosofia (PUC-SP), revelou a necessidade de dirimir confusões, contra­ dições e equívocos. Afinal, a fenomenologia ensina que modos de dizer (revelar) um fenômeno podem apresentá-lo tal como é ou tal como não é (encobrimento). Este estudo busca explicitar uma psicologia fenomenológica hei- deggeriana, diferenciando-a de outras abordagens psicológicas que lançam mão do adjetivo ‘fenomenológica’ sem serem realmente fenomenológicas. O mesmo ocorre em relação ao adjetivo ‘existencial’, que pode significar tantas ações e atitudes diferentes. O que é a existência para Heidegger e como pode (se é que pode) fundamentar uma psicologia? Essa é a outra pergunta que anima minha pesquisa e convida a diferenciar uma psicologia existencial ‘heideggeriana’ de outras abordagens existenciais. Este objetivo pode soar pretensioso, como toda filosofia é. Mas minha proposta de uma psicologia ‘heideggeriana’ reconhece a limitação e a finitude de todo empreendimento humano, de modo que o que ofereço ao leitor é apenas isso: uma proposta. Se, às vezes, a análise é meticulosa demais, uma definição, idem, é porque o rigor fenomenológico assim o 12 Paulo Eduardo Rodrigues Alves Evangelista exige. Por outro lado, esse aparente preciosismo realiza o que poucas vezes se vê nas psicologias fenomenológicas, que é o estudo rigoroso da fenomenologia (filosofia) que a estrutura. Ademais, pode oferecer ao leitor uma apresentação didática de alguns temas difíceis, sobretudo para pessoas pouco acostumadas com o linguajar filosófico. Participaram da defesa da tese como banca arguidora os professo­ res: Dra. Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo, Dr. Roberto Novaes de Sá, Dra. Dulce Mara Critelli e Dr. Gilberto Safra, a quem agradeço imensa­ mente as considerações e sugestões, dentre elas, a de publicação da tese. A professora Dra. Henriette Tognetti Penha Morato orientou a pesquisa, sus­ tentando um contraponto constante e cuidando para que as reflexões não se apartassem dos fenômenos que as originaram. Por isso, não há ninguém mais indicado para prefaciar este livro e, também por isso, agradeço-a. Aproveito para agradecer à Mareia, por tanto amor e tanto apoio desde o dia em que nos conhecemos; aos meus pais, que sempre me in­ centivaram e deram liberdade para seguir meus sonhos; aos amigos do LEFE, que leram e releram esta pesquisa e, como leitores, tomaram o trabalho de escrita menos solitário; aos pacientes, alunos e supervisio- nandos, que tão frequentemente tiram o chão de sob meus pés; à Univer­ sidade de São Paulo, pelas condições oferecidas, e à Universidade Paulis­ ta, onde leciono e de onde brotaram muitas das perguntas que tento aqui responder. Agradeço, por fim, a Juruá Editora, que tão prontamente acei­ tou o manuscrito deste livro. Prefácio ' « ■ ---------------------- ' . ■ S= Tarefa desafiadora, mas tentadora e prazerosa, é escrever um prefácio. Mas escrever para apresentar as reflexões de Paulo Eduardo Rodrigues Alves Evangelista é, particularmente, pertinente para além de mera retórica. No início de seu doutorado, ofereci a ele a provocação para uma indagação: é possível atribuir à Psicologia a denominação fenomenológi- ca existencial como uma outra possibilidade teórica? E mais: como com­ preender tal atribuição considerando a variedade de expressões emprega­ das, encontradas entre profissionais e estudiosos, para referirem-se a co­ mo compreendem essa pertinência? Preocupado, mas disposto, Paulo abriu-se a transitar por refle­ xões que conduzissem a desvelar “o que pode um psicólogo fenomenoló- gico-existencial?”. Ele assim apresenta seu projeto no resumo de sua tese (Evangelista, 2015): o sentido é conhecer como a filosofia de Martin Hcidegger, filósofo tradicional mente associado à fenomenologia existencial, influenciou a psicologia. Na literatura psicológica ela aparece em modalidades de prática muito distintas entre si. A confusão é grande também no que tange as abordagens teóricas psicológicas que se denominam fenome- nológicas e/ou existenciais: Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), Gestalt-Terapia, Dascinsanalyse, Análise Existencial. Empenhado a perseguir sua pergunta-guia, percorreu cuidado­ samente autores e textos que procuravam esclarecer como essas denomi­ nações foram percorrendo “a abordagem’’ dita fenomenológica existen­ cial, bem como a partir de quais origens elas se fundamentavam para assim apresentarem-se. Nesse sentido, sua imersão reflexiva é cuidadosa e rigorosa, permitindo ao leitor problematizar e questionar, contribuindo “para a dissolução da confusão no campo das psicologias fenomenológi- 14 Paulo Eduardo Rodrigues Alves Evangelista cas, existenciais e humanistas”. Acentuo, ainda, a pertinência do presente texto para a formação crítica de futuros psicólogos e compreensão de sua ação no exercício do ofício, um dos objetivos que levaram a sua produção. Retomando escritos de Heidegger, percorre passagens do pen­ samento do filósofo no sentido de buscar como a ontologia fundamental, procurando pelo sentido do ser, se mostre como possibilidade aberta por Heidegger à Psicologia, na medida em que a análise fenomenológica da existência tem o sentido de deixar que se mostre a si mesma a partir de si mesma fazendo com que assim seja vista. Nessa direção, para refletir como a Psicologia ainda é perpassada por uma visão metafísica de ir atrás da pergunta “o que é?”, convoca o investigador a aproximar-se de como acontece a própria experiência cotidiana. Assim refletindo, o autor coloca-se em questão para pesquisar “o que pode um psicólogo”, percorrendo a realização de seu próprio exis­ tir como um poder-ser. Ao indagar pelo que pode, dá-se que a resposta é encontrada pela des­ crição de possibilidades existenciais. Nesse sentido, a pergunta tam­ bém resguarda o entendimento de que a Psicologia é realizada a cada vez por um psicólogo, isto é. não é uma entidade impessoal, mas um modo de ser. Isso me convoca a responder como eu sou (tenho sido) psicólogo, inscrito numa tradição, projetando-a e a mim no porvir. (Evangelista, 2015, p. 233) Dizendo de modos de ser, questiona refletidamente as possibili­ dades do ser psicólogo, marcado no e pelo mundo, historicamente impli­ cado com outros. E por essa via, retoma caminhos percorridos por com- preensões teóricas da prática psicológica que se denominam fenomenoló- gicas existenciais em seus modos de ser com outrem. Encontrou-se com dois caminhos para a possível influência da ontologia heideggeriana na Psicologia: um europeu e outro norte-americano. Nesse percurso, discute a aproximação da Psicologia à Filosofia e como foi esse acontecimento no Brasil, através da disseminação da Terapia Centrada no Cliente e da Abordagem Centrada na Pessoa, de Carl Rogers, a partir dos anos 60. Detém-se em analisar essa proposta, princi­ palmente por ter sido abraçada por psicólogos clínicos e ser incluída nos currículos da formação desses profissionais. Por reflexões ainda amparadas na ontologia de Heidegger, dis­ cute a denominação de Psicologia fenomenológica existencial dada por humanistas, por ainda indicarem compreensões metafísicas. Tais entraves Psicologia Fenomenológica Existencial 15 dão a ver como a indagação ontológica fenomenológica não se presta a uma objetividade nem tampouco à aplicabilidade ôntica, pois, tematizan- do a fenomenalização do real, não pode ser nem uma abordagem nem um adjetivo da Psicologia. Contudo, a questão do que pode um psicólogo fenomenológico existencial persiste, explorando a ação clínica como a possibilidade do encontro entre duas existências, pelo qual ambos se descobrem no sentido de descobrir algo. Diz de uma ação não técnica, mas sem dúvida ética, pública e política. Ser-clínico é dispor atenção a outro existente, pela qual exercita a possiblidade existencial de iniciar: agir livremente propiciando liberdade. Será esta a resposta a “que pode um psicólogo fenomenológico- existencial?”. Ele pode encontrar o outro. Encontrando-o, testemunha o desvelamento de sua situação e a convocação à ação. Ao mesmo tempo, desvela sua própria condição de ter-que-ser, igualmente deje- tado, possível e limitado. (Evangelista, 2015, p. 214) Ser-clínico transita entre ser terapeuta e ser professor/super- visor. Porém não é específico de psicólogos, assim como a ontologia heideggeriana não é uma psicologia. Propondo-se a descrever a existên­ cia, a fenomenologia existencial dispõe fundamentos à prática de qual­ quer outro profissional de Ciências Humanas. “Não é um modelo teórico a ser aplicado na Psicologia, assim como Dasein não é uma representação ou um universal de existências particulares” (Evangelista, 2015, p. 215). Ser-clínico diz de um cuidar de si e do outro como existentes na direção de um poder-ser fáctico. Ao remover entulhos e obstáculos que impedem o entendimento de si e o agir livre próprios da existência está sendo terapêutico. E isso não é prerrogativa do psicólogo. Pode ser realizado por filósofos, por cien­ tistas, por padres, por amigos. Nesse sentido, a Psicologia pode ser an- titerapêutica, pois encobre a existência com modelos ficcionais. Sendo a análise existencial terapêutica, quem a realiza é clínico. (Evangelista, 2015, p. 215) Entretanto, a pergunta desencadeante do presente texto se apre- •enta buscando compreender quem é o psicólogo. E Evangelista (2015, pp. 220-221) diz: 16 Paulo Eduardo Rodrigues Alves Evangelista Ser psicólogo é uma possibilidade datada historicamente e, como todo ser-no-mundo, passível de retomar à ocultação misteriosa de onde surgiu. Ao retomar cuidadosamente a analítica existenciária e as indicações de Heidegger para uma Psicologia nela fundada, sinto ter contribuído pa­ ra dirimir as confusões minhas e da Psicologia quanto a esse modo de, como psicólogo, encontrar outro. (...) Descobri-me como ser finito, limitado às possibilidades existenciais que meu contexto sócio- histórico dispõe. Será que este modo como sou psicólogo e que reco­ nheço na prática de colegas esgota as possibilidades de ser-psicólogo neste momento histórico? Fica, assim, o convite a uma leitura instigante dc texto criterio­ samente rigoroso para encontrar as possibilidades e pertinência da prática psicológica. Afinal, interrogar pelo que merece ser interrogado é uma indicação de Heidegger para o humano ser humano. Obrigada, Prof*. Dra. Henriette Tognetti Penha Morato Sumário Introdução 19 I Método? 31 Método científico em pesquisa...........................................................................................32 Analítica do Sentido...........................................................................................................34 Confrontamento com a tradição..........................................................................................38 Fenomenologia como método.............................................................................................42 Método fenomenológico de investigação................................... 44 II “Meu Caminho para a Fenomenologia”........................................... —.49 Meu primeiro contato com a Psicologia Fenomenológica.................................................49 Fenomenologia como atitude ingênua................................................................................50 Fenomenologia como critica à psicanálise..........................................................................52 Fenomenologia como imediatidade sintética homem-mundo............................................55 Fenomenologia como coexistência.....................................................................................57 Fenomenologia e temporalidade.........................................................................................60 Fenomenologia como atitude de não julgamento...............................................................63 III Dois Caminhos da Psicologia Fenomenológica Existencial 67 O desenvolvimento da psicopatologia fenomenológica.....................................................69 Uma tentativa de sistematização das psicologias fenomenológicas e existenciais............72 Psicologia Humanista Norte-americana c Psicologia Fenomenológica Existencial Européia...............................................................................................................................77 IV A Existência .............................................................................................................85 A diferença ontológica........................................................................................................85 UA 'essência’ do Dasein reside em sua existência”............................................................88 Ser tríplice abertura.............................................................................................................90 Bncontrar-se (Bejindlichkeit)..............................................................................................91 Entender (Verstehen)..........................................................................................................93 Discurso (Rede)..................................................................................................................99 Ser-com..............................................................................................................................101 ler-mortal..........................................................................................................................106 Angústia.............................................................................................................................113 ler-Preocupação (Sorgé)...................................................................................................118

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