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ps eu te amo PDF

342 Pages·2012·1.61 MB·Portuguese
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normal. Gerry deveria achar-se ali ao lado dela, girando os olhos na direção do teto, tentando fazê-la rir à medida que sua mãe tagarelava. Tantas vezes Holly tivera de entregar o telefone a Gerry, tomada por um acesso de riso. Então ele começava a conversar, ignorando Holly enquanto ela pulava ao redor da cama, ensaiando as caretas mais bobas e executando as danças mais engraçadas somente para tê-lo de volta. Raras vezes funcionava. Ela fez ”hummm” e ”ahh” durante a conversa, ouvindo, mas sem escutar uma palavra. - Está um dia lindo, Holly. Faria um bocado bem a você sair para dar um passeio. Pegue um pouco de ar fresco. - Hummm, acho que sim. - Lá estava novamente, ar fresco - a suposta solução para todos os seus problemas. - Talvez eu ligue mais tarde e possamos conversar. - Não, obrigada, mãe, estou bem. Silêncio. - Tudo certo, então... telefone se mudar de idéia. Estou livre o dia todo. -OK. Outro silêncio. - Obrigada, de qualquer forma. - Certo, então... cuide-se, querida. - Vou fazer isto. - Holly estava prestes a recolocar o fone no gancho quando ouviu a voz de sua mãe novamente. - Oh, Holly, quase esqueci. Aquele envelope para você ainda está aqui, sabe, aquele do qual lhe falei. Está sobre a mesa da cozinha. Você pode querer pegá-lo, está aqui há semanas e deve ser importante. — Duvido. Provavelmente é outro cartão. - Não, não acho que seja, meu amor. Está endereçado a você e acima do seu nome diz... oh, espere enquanto o pego em cima da mesa... — O fone sendo abaixado, som de saltos de sapato sobre a cerâmica em direção à mesa, cadeira arranhando o chão, passos ficando mais altos, o fone sendo levantado... — Você ainda está aí? - Estou. - Certo, está escrito no alto ”A Lista”. Não tenho certeza do que isto significa, meu amor. Vale a pena dar uma... Holly deixou cair o fone. Dois GERRY, APAGUE A LUZ! - Holly soltou um risinho nervoso enquanto assistia a seu marido se despir diante dela. Ele dançava pelo aposento, fazendo um striptease, desabotoando vagarosamente a camisa branca de algodão com seus dedos longos e finos. Ergueu a sobrancelha esquerda na direção de Holly, deixou a camisa escorregar por sobre os ombros, agarrou-a com a mão direita e girou-a sobre a cabeça. Holly riu nervosamente outra vez. - Apagar a luz? O quê, e perder tudo isto? - ele abriu um sorriso amplo e atrevido enquanto flexionava os músculos. Não era um homem vaidoso, mas tinha muito do que se envaidecer, pensou Holly. O corpo era forte e perfeitamente definido. As longas pernas eram musculosas, em função das horas passadas na academia. Não era muito alto, mas era alto o bastante para fazer com que Holly se sentisse segura quando ele se colocava protetoramente ao lado de seu corpo mignon. Do que ela mais gostava, quando o abraçava, era que sua cabeça descansava harmoniosamente à altura do queixo dele, onde podia sentir-lhe a respiração soprando de leve os cabelos e fazendo cócegas em sua cabeça. O coração dela deu um salto quando ele abaixou as cuecas, segurouas com a ponta dos dedos dos pés e atirou-as na direção de Holly, em cuja cabeça aterrissaram. - Bem, pelo menos está mais escuro aqui embaixo - riu ela. Ele sempre conseguia fazê-la rir. Quando chegava em casa cansada e aborrecida depois do trabalho, ele era sempre simpático e ouvia suas queixas. Raramente brigavam e, quando isso ocorria, era a respeito de bobagens que os faziam rir mais tarde, como quem havia deixado ligada a luz da varanda o dia todo ou quem tinha esquecido de ligar o alarme à noite. Gerry terminou o striptease e mergulhou na cama. Aninhou-se ao lado da mulher, enfiando os pés congelados sob as pernas dela para se aquecer. - Aaaagh! Gerry, seus pés parecem pedras de gelo! - Holly sabia que aquela posição significava que ele não tinha a mínima intenção de se mover um milímetro. - Gerry - preveniu a voz de Holly. - Holly - ele a imitou. — Você não se esqueceu de nada? — Não, não que eu me lembre — disse ele num tom atrevido. - A luz? - Ah, sim, a luz - murmurou ele sonolento e fingiu roncar alto. - Gerry! - Que eu me lembre, tive de sair da cama e fazer isto à noite passada. - É, mas você estava de pé exatamente ao lado do interruptor um segundo atrás! - É... exatamente um segundo atrás - repetiu ele sonolento. Holly suspirou. Detestava ter de sair da cama quando estava acomodada e confortável, pôr o pé no chão de madeira frio e então tatear no escuro de volta à cama. Ela reclamou. - Não devo fazer isso o tempo todo, Hol. Um dia destes, posso não estar mais aqui e então, o que você vai fazer? - Vou fazer com que meu marido apague a luz - bufou Holly, fazendo o melhor que podia para chutar os pés gelados dele para longe dos dela. -Ah! - Ou simplesmente vou me lembrar e eu mesma fazer isso antes de vir para a cama. Gerry bufou. - Poucas chances de acontecer, meu bem. Vou ter de deixar uma mensagem ao lado do interruptor antes de partir para que você se lembre. - Quanta consideração da sua parte, mas prefiro que você simplesmente me deixe seu dinheiro. - E um bilhete no aquecedor central - prosseguiu ele. - Ha-ha. - E na caixa de leite. - Você é muito engraçado, Gerry. — E nas janelas, para que você não as abra e dispare o alarme de manhã. - Ei, por que você simplesmente não me deixa uma lista, em seu testamento, das coisas que preciso fazer se acha que vou ser tão incompetente sem você? - Não é má idéia - riu ele. — Muito bem então, vou apagar a maldita luz. — Holly deixou a cama com raiva, fez uma careta quando pôs o pé no chão gelado e apagou a luz. Estendeu os braços no escuro e vagarosamente começou a procurar o caminho de volta à cama. - Alô?!!! Holly, você se perdeu? Tem alguém aí fora, fora, fora, fora? gritou Gerry no quarto às escuras. — Sim, estou uauuuuuuuuu! — uivou ela ao bater com o dedão contra o pé da cama. — Merda, merda, merda, droga, filho da puta, merda, bosta! Gerry resfolegou e abafou o riso embaixo do cobertor. - Número dois em minha lista: Tome cuidado com o pé da cama... - Oh, cale a boca, Gerry, e pare de ser tão mórbido - esbravejou Holly, aninhando nas mãos seu pobre pé. — Quer que eu dê um beijo para passar? — perguntou ele. - Não, estou bem - replicou Holly num tom triste. - Se eu pudesse somente colocar os pés aqui para esquentá-los... - Aaaaah! Jesus Cristo, eles estão gelados! - Hi-hi-hi - ela havia rido. E assim a brincadeira a respeito da lista havia surgido. Fora uma idéia tola e simples, logo compartilhada com seus amigos mais chegados, Sharon e John McCarthy. Foi John quem se aproximou de Holly no corredor da escola quando tinham apenas 14 anos e murmurou as famosas palavras: ”Meu amigo quer saber se você vai sair com ele.” Após vários dias de discussões intermináveis e reuniões de emergência com suas amigas, Holly finalmente aceitou. - Ah, vá em frente, Holly - encorajara Sharon -, ele é tão divertido, e pelo menos não tem sardas no rosto inteiro como John. Como Holly invejava Sharon nesse momento. Sharon e John haviam se casado no mesmo ano que Holly e Gerry. Holly era a mais nova do grupo, com 23, o restante tinha 24. Uns diziam que ela era muito jovem e davam-lhe lições de moral a respeito de como, na sua idade, deveria estar conhecendo o mundo e se divertindo. Em vez disso, Gerry e Holly viajaram juntos pelo mundo. Isso fazia muito mais sentido porque, bem, quando não estavam juntos, Holly simplesmente tinha a sensação de que um órgão vital de seu corpo estava faltando. O dia de seu casamento esteve longe de ser o melhor de sua vida. Ela sonhara com um casamento de conto de fadas, como a maioria das garotas, com um vestido de princesa e um dia lindo e ensolarado em um local romântico, cercado por todos que lhe eram chegados e queridos. Imaginou que a recepção seria a melhor noite de sua vida, viu-se dançando com todos os amigos, sendo admirada por todos e sentindo-se especial. A realidade foi completamente diferente. Acordou na casa dos pais aos gritos de ”Não consigo encontrar minha gravata!” (seu pai) ou ”Meu cabelo está uma merda” (sua mãe), e o melhor de todos: ”Estou parecendo uma maldita baleia! Não vou de jeito nenhum a essa porcaria de casamento assim. Vai ser um escândalo. Mãe, olha para o meu estado! Holly, pode procurar outra dama de honra porque eu não vou. Ei! Jack, me devolva essa merda de sacador de cabelo, ainda não terminei!” (Essas inesquecíveis declarações foram feitas pela irmã mais nova, Ciara, que normalmente sofria explosões de raiva e se recusava a sair de casa, reclamando que não tinha nada para vestir, não obstante seu guarda-roupa abarrotado. Atualmente estava vivendo em algum lugar da Austrália com estranhos, e o único contato que a família tinha com ela era um e-mail a cada poucas semanas.) A família de Holly passou o resto da manhã tentando convencer Ciara que ela era a mulher mais linda do mundo. Enquanto isso, Holly vestia-se em silêncio, sentindo-se um lixo. Ciara afinal concordou em sair de casa quando o normalmente calmo pai de Holly gritou com a voz mais alta que podia, para a surpresa de todos: ”Ciara, este é o maldito dia de Holly, não o seu E você vai ao casamento e vai se divertir, e quando Holly descer você vai dizer a ela o quanto ela está linda, e não quero ouvir um pio seu pelo resto do dia Assim, quando Holly desceu, todos fizeram ”ooh” e ”aah” enquanto Ciara, parecendo uma garota de 10 anos que acabara de levar uma palmada no traseiro, olhava para ela chorosa com lábios trêmulos e dizia: ”Você está linda, Holly”. Os sete se espremeram dentro da limusine, Holly, seus pais, seus três irmãos e Ciara, e sentaram-se num silêncio aterrorizados durante todo o trajeto até a igreja. Agora o dia inteiro lhe parecia um borrão. Ela mal tivera tempo de falar com Gerry, já que ambos eram puxados em direções opostas para conhecer a tia-avó Betty, que vivia num buraco qualquer no fim do mundo, a quem não via desde que nascera, e o tio-avô Toby, da América, que jamais fora mencionado, mas que de repente era um membro muito importante da família. Tampouco a haviam informado de que seria tão cansativo. No final da noite, as bochechas de Holly estavam doloridas de sorrir para fotografias e seus pés matavam-na, por ter de correr de um lado para o outro o dia todo num pequeno par de sapatos idiotas, que não haviam sido desenhados para caminhadas. Queria desesperadamente juntar-se à ampla mesa onde estavam seus amigos, que uivavam de rir a noite toda, obviamente se divertindo. Melhor para eles, pensou Holly. Mas assim que pôs os pés na suíte de lua-de-mel com Gerry, seus tormentos desapareceram e o significado de tudo aquilo ficou claro. As lágrimas rolaram mais uma vez pelo rosto de Holly e ela percebeu que estivera sonhando acordada de novo. Sentava-se congelada no sofá, com o telefone ainda fora do gancho ao seu lado. O tempo simplesmente parecia passar por ela aqueles dias, sem que soubesse que horas eram ou mesmo em que dia estava. Parecia estar vivendo fora do corpo, adormecida para tudo que não fosse a dor em seu coração, em seus ossos, em sua cabeça. Sentia-se apenas tão cansada... Seu estômago resmungou e ela deu-se conta de que não conseguia se lembrar da última vez que havia comido. Teria sido no dia anterior? Arrastou os pés até a cozinha vestindo o roupão de Gerry e seus chinelos cor-de-rosa favoritos, de Diva das Discotecas, que Gerry havia comprado no Natal anterior. Ela era sua diva das discotecas, ele costumava dizer. Sempre a primeira na pista de dança, sempre a última a sair

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