PARA LER FREUD Organização de Nina Saroldi 2013 Para Iza e Biito SUMÁRIO Apresentação da coleção Prefácio I. O lugar doProjetona história da psicanálise Um percurso insólito A psicologia como ciência natural Por que Freud abandonou oProjeto? OProjetona história da psicanálise: Ruptura ou continuidade? Um texto caleidoscópico A relevância atual II. Freud e a neurologia: As relações entre cérebro e mente A teoria da localização cerebral Raízes do antilocalizacionismo de Freud Uma neurologia dinâmica “Cérebro” As afasias e o aparelho de linguagem III. OProjeto: Um resumo da obra Objetivo geral e os dois postulados principais Os dois teoremas Barreiras de contato e facilitação Qualidade, consciência e o sistemaômega A vivência de satisfação 7/301 A vivência de dor O Eu Processos primário e secundário O pensamento e a realidade O pensamento e a linguagem Os sonhos O sintoma histérico O legado doProjeto IV. OProjetohoje: A psicanálise em face das neurociências Psicanálise e biologia da mente: Um diálogo difícil A plasticidade e suas implicações A virada naturalista Neurociências e psicanálise: A emergência do debate O naturalismo nas neurociências Os limites do eliminativismo O problema do reducionismo Psicanálise, natureza e cultura: Duas perspectivas sobre a subjetividade A emergência da subjetividade A teoria doselfem Damásio Empatia, intersubjetividade e sujeito: O caso do autismo A origem traumática do sujeito O modelo doselffenomenológico de Metzinger Conclusão Bibliografia Cronologia de Sigmund Freud 8/301 Outros títulos da coleção APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO Em1939,morriaemLondresSigmundFreud.Hoje, passadas tantas décadas, cabe perguntar por que ler Freude,maisainda,qualaimportânciadelançaruma coleção cujo objetivo é despertar a curiosidade a re- speito de sua obra. SeráquevaleapenalerFreudporqueelecriouum campo novo do saber, um ramo da psicologia situado entre a filosofia e a medicina, batizado de psicanálise? Será que o lemos porque ele criou, ou reinventou, conceitos como os de inconsciente e recalque, que ul- trapassaramasfronteirasdocampopsicanalíticoein- vadiram nosso imaginário, ao que tudo indica, definitivamente? Será que devemos ler o mestre de Viena porque, apesardetodososrecursosfarmacológicosedetodaa ampla oferta de terapias no mercado atual, ainda há muitos que acreditam na existência da alma (ou de algosemelhante)eprocuramodivãparatratardesuas dores? SeráquevalelerFreudporque,comodizemosque compartilham sua língua-mãe, ele é um dos grandes estilistasdalínguaalemã,razãopelaqualrecebeu,in- clusive, o Prêmio Goethe? 10/301 Será que seus casos clínicos ainda são lidos por curiosidade “histórico-mundana”, para conhecer as “bizarrices” da burguesia austríaca do fim do século XIX e do início do XX? Seráque,emtemposnarcisistas,competitivoseex- ibicionistascomoosnossos,éreconfortantelerumin- vestigadorquenãotemmedodeconfessarseusfracas- sosequeelaborasuasteoriasdemodosempreabertoà crítica? SeráqueFreudélidoporqueéraroencontrarquem escrevacomoseconversassecomoleitor,fazendodele, na verdade, um interlocutor? É verdade que, tanto tempo depois da morte de Freud,muitacoisamudou.Novasconfiguraçõesfamil- iareseculturaiseoprogressodatecnociência,porex- emplo,questionamsuasteoriasepõememxeque,sob alguns aspectos, sua relevância. Todavia, chama a atenção o fato de, a despeito de todososanestésicos—químicosounão—quenospro- tegem do contato com nossas mazelas físicas e psíquicas,aindahavergentequesedisponhaadeitar- se num divã e simplesmente falar, falar, repetir e elaborar, extraindo “a seco” um sentido de seu desejo para além das fórmulas prontas e dos consolos que o mundo consumista oferece — a partir de 1,99. Cadaumdosvolumesdestacoleçãosededicaaap- resentarumdostextosdeFreud,selecionadosegundo 11/301 o critério de importância no âmbito da obra e, ao mesmo tempo, de seu interesse para a discussão de temas contemporâneos na psicanálise e fora dela. Ex- ceçãoàregrasãoostrêsvolumestemáticos—histeria, neurose obsessiva e complexo de Édipo —, que abor- dam, cada um, um espectro de textos que seriam em- pobrecidos se comentados em separado. No volume sobre a histeria, por exemplo, vários casos clínicos e artigos são abordados, procurando refazer o percurso do tema na obra de Freud. A cada autor foi solicitado que apresentasse de maneira didática o texto que lhe coube, contextualizando-o na obra, e que, num segundo mo- mento, enveredasse pelas questões que ele suscita em nossos dias. Não necessariamente psicanalistas, todos têm grande envolvimento com a obra de Freud, para além das orientações institucionais ou políticas que dominam os meios psicanalíticos. Alguns já são bem conhecidos do leitor que se interessa por psicanálise; outros são professores de filosofia ou de áreas afins, que fazem uso da obra de Freud em seus respectivos campos do saber. Pediu-se, na contramão dos tempos narcisistas,quevalorizassemFreudporsimesmoeen- corajassem a leitura de sua obra por meio da arte de escrever para os não iniciados. A editora Civilização Brasileira e eu pensamos em tudo isso ao planejarmos a coleção, mas a resposta à 12/301 pergunta“PorquelerFreud?”é,naverdade,bemmais simples: porque é muito bom ler Freud. NINA SAROLDI Coordenadora da coleção