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projeto de pesquisa submetido ao fundo mackenzie de pesquisa PDF

475 Pages·2006·1.47 MB·Portuguese
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JORGE DORFMAN KNIJNIK FEMININOS E MASCULINOS NO FUTEBOL BRASILEIRO Tese apresentada ao Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo como requisito parcial para obtenção do grau de doutor em Psicologia. Área de Concentração: Psicologia Social e do Trabalho. Orientador: Prof. Dr. Esdras Guerreiro Vasconcellos UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO SÃO PAULO - 2006 1 PROLEGÔMENOS À PESQUISA Corra atrás quando sempre Dessa lúdica fiança Conviver entre as mulheres Dá aos homens mais confiança ( Xandão). Este é um projeto em que abordo quatro temas que, de diversas formas, foram se somando, se articulando e se entrelaçando em minha vida esportiva, profissional e acadêmica. Destaco agora estas temáticas sem nenhuma ordenação que não seja aquela da cronologia em que, por um lado fui me interessando por elas, e por outro, da maneira como foram se somando e do modo em que fui percebendo a sua articulação. São elas: o futebol, as relações de gênero na sociedade e no esporte, o stress nas pessoas e nas inter-relações humanas, e os direitos humanos. Se aqui estes temas aparecem numa seqüência possivelmente lógica, em capítulos, talvez a “culpa” seja de nosso sistema linear de escrita, que, nos dizeres de Adorno, não permite representar vivamente a forma de nosso pensamento: uma forma circular, de idas e vindas, em que quase sempre as idéias surgem em conjunto, embaraçadas, e não na ordenação pressuposta por tal linearidade da escrita. De fato, na minha reflexão, todos estes temas se articulam entre si, possuem não apenas pontos de contato e intersecção, mas sim estão em constante diálogo. É o que procuro pesquisar ao longo deste trabalho. Antes, contudo, algumas palavras para narrar de que modo estas temáticas apareceram, como comentado anteriormente, em minha vida, e como decidi fazer delas o tema deste projeto. 2 O futebol, e aqui deliberadamente assumo o risco de fazer esta grande generalização, faz parte da vida de todo o brasileiro. Da minha em particular, fez e continua parte integrante. Zagueiro central combativo (e medíocre) do Yuracan F.C. – “famoso” clube de futebol de praia do litoral sul paulista em décadas passadas -, sigo vibrando com os gols aos domingos, com o futebol tanto jogado no campo, como quanto possibilidade de pensar a cultura e a sociedade brasileiras. Já do meu trabalho como técnico esportivo de handebol (algo a que me dediquei durante 14 anos), foi com equipes femininas que obtive minhas maiores vitórias e meus títulos mais importantes, chegando a fazer parte de comissões técnicas de selecionados nacionais. Deste envolvimento derivou-se o interesse pelas condições psicológicas e sociais de mulheres - atletas submetidas muitas vezes a treinos e esforços extenuantes. Imbuído desta preocupação, ingressei no programa de mestrado em Educação Física, e fiz uma análise sobre o corpo da mulher atleta de handebol1. Neste trabalho, diversas questões foram aprofundadas, como a história da mulher no esporte, o corpo da mulher atleta e sua relação com o público, entre outras, derivando daí um livro2. No entanto, alguns pontos que propus e percebi durante aquele estudo, ficaram em aberto, para serem aprofundados e pesquisados ulteriormente. Um deles, indubitavelmente se relaciona com a categoria gênero. Estudando a mulher, percebi claramente – e parece que este caminho foi também seguido por diversos teóricos – que, para efetivamente compreendê-la em diversos contextos sociais, e no esporte não poderia ser diferente, seria necessário estudar os aspectos relacionais dos gêneros, como eles se integram e são representados em nossa sociedade. Estudando as mulheres no esporte destacou-se também a questão do stress, este que tem sido apontado como o mal du siècle. Nos últimos anos, estudos variados comparam e indicam que o stress, em sua faceta negativa (distress), tem sido mais cruel com as mulheres do que com os homens. Não é de hoje também que se aponta e se pesquisa a presença do stress nas várias dimensões do esporte, quer seja este em 1 KNIJNIK, J. D. Ser é ser percebido: uma radiografia da imagem corporal das atletas de handebol de alto nível no Brasil. Escola de Educação Física e Esporte da USP, 2001. 2 KNIJNIK, J.D. A mulher brasileira e o esporte: seu corpo, sua história. São Paulo, Editora Mackenzie, 2003. 3 nível educacional, infantil, ou de rendimento. E se o stress é um fato no esporte, se compararmos homens e mulheres, a balança penderia mais negativamente para estas? E se isso acontecer, em que as representações de gênero presentes no futebol brasileiro contribuiriam para mais esta dificuldade feminina no esporte? Por fim, a presença dos direitos humanos, temática que sempre se colocou na minha trajetória de educador, diretamente ou como pano de fundo, horizonte normativo das ações e estudos. Menciono a educação por ser esta a minha formação original e primeira (sou licenciado em Educação Física), e mesmo a minha principal motivação à época do ingresso na Universidade. Assim, a educação esteve presente, sob diversas formas e de maneira ininterrupta, na minha carreira e projetos acadêmicos. E dentro do universo educativo, o direito à educação é um ponto crucial, que vem sendo amplamente discutido e colocado nos diversos fóruns, declarações e convenções de direitos humanos. A este direito, somam-se diversos outros, dos quais sublinho o direito ao aprendizado da cultura corporal de cada país e comunidade – e, no interior desta cultura corporal, o esporte ganha cada vez mais um papel de destaque. Aprender e ter acesso a uma prática esportiva saudável, sem preconceitos ou discriminações, é um direito humano inalienável, inserido no quadro do direito à educação como um dos direitos humanos de segunda dimensão, um direito social e cultural. E como foi na educação formal, trabalhando em escolas como professor, que iniciei a minha carreira profissional, continuamente me encontrei defendendo, nas disciplinas sob minha responsabilidade, a prática esportiva como um direito de todos, e não apenas de alguns privilegiados – fossem estes privilégios de qualquer natureza ou forma. E foi nesta contextura pedagógica, de defesa e luta pelo direito ao esporte, que fui percebendo as dificuldades que ocorriam para a implementação de programas esportivos. Primeiramente, para crianças, e o quanto estas eram submetidas a programas esportivos com características adultas, que desrespeitavam o desenvolvimento próprio de cada faixa etária, gerando casos absolutamente evitáveis de stress negativo e abandono da prática esportiva. Ou seja, em última análise, um aviltamento do direito daquelas crianças a uma prática esportiva sadia e alegre. 4 Ainda como professor, participei nas escolas de reuniões e debates com demais colegas, coordenadores, diretores, pais, em que ocorreram discussões infindáveis e pugnas pedagógicas homéricas, nas quais penei, nem sempre de maneira exitosa, para conseguir fazer com que minhas alunas, meninas em geral entre 10 e 15 anos, tivessem o direito e pudessem realizar as mesmas atividades físicas e esportivas que os meninos. Comumente, o centro destas querelas era o futebol, jogo que, em nossa sociedade, era (ainda é?) exclusividade do sexo masculino, o qual detinha não só o direito de jogá-lo, mas também de fazê-lo nas melhores quadras, por mais tempo e em melhores condições. Posteriormente, como técnico e dirigente esportivo, me vi envolto em dificuldades diversas para aprofundamento dos programas esportivos competitivos para as mulheres, em virtude da hierarquia de gênero, e dos estereótipos, preconceitos e discriminações decorrentes desta. Em suma, de uma série de desrespeitos e atitudes que cerceavam o direito das mulheres a uma prática esportiva competitiva. Deste modo, é a partir deste percurso resumidamente exposto, que pretendo estudar, pesquisar e discutir os temas deste projeto, procurando suas relações, por meio tanto de extensa revisão de literatura científica, bem como através de pesquisa empírica, que possam demonstrar as possíveis conexões das temáticas para além das minhas idéias, e contribuir efetivamente para a ampliação dos estudos nestes campos. Com a finalidade de aprofundar os temas e clarear os procedimentos de pesquisa, o projeto foi dividido em partes, e estas em capítulos. Introduzo o texto abordando genericamente a importância do futebol na cultura e na identidade nacional, a ausência das mulheres neste contexto, e apresentando as linhas gerais do projeto de pesquisa empírica que será efetivado. Em seguida, na primeira parte do projeto, trago uma revisão de literatura inicial sobre as temáticas que abordo no trabalho. Esta primeira parte começa com um capítulo acerca da temática de gênero na sociedade, trazendo para tal diversos autores e autoras com visões complementares, por vezes conflitantes. Apesar de uma parte significativa desta literatura ser escrita por mulheres, há autores homens que discutem esta temática, bem como tanto homens quanto mulheres discorrendo sobre 5 mulheres, mas também sobre homens, e principalmente a respeito de masculinidades e feminilidades, e as variadas linhas daí decorrentes. O capítulo a propósito do tema gênero tem uma subdivisão importante, que traz a discussão sobre relações de gênero na conjuntura a qual me dedico especificamente, que é o esporte. Aqui, mais do que em qualquer parte, a mulher será abordada, uma vez que foram décadas de ausência, o que resultou nos últimos anos em uma profusão de estudos e artigos acerca da mulher no esporte. Como sub-item deste capítulo abordo brevemente as dimensões antropológicas e sociais, bem como a importância do futebol na cultura nacional –e especificamente a mulher no futebol, tema ao qual venho me dedicando há alguns anos e que já conta com algumas contribuições de nossa parte. Neste item, inseri a discussão sobre os direitos humanos relativos à questão de gênero, e especificamente dentre eles, o direito ao esporte e os direitos das mulheres. No capítulo seguinte, discuto as teorias sobre as representações sociais, pois a partir destas pretendo fazer as inferências necessárias à interpretação dos dados coletados; no item que se segue, me aprofundo nas teorias sobre o stress, do criador do conceito aos dias atuais, e da presença do stress nos organismos vivos de diferentes tipos. Também faço uma outra subdivisão para abordar o stress no esporte. Na segunda parte do projeto, apresento, da forma mais detalhada possível, como se desenrolaram as coletas de dados vinculadas à pesquisa empírica aqui proposta, e todos os procedimentos e aspectos éticos aí envolvidos. Detalho os instrumentos que foram adotados, justifico o emprego destes e não de outro instrumental, assim como descrevo e discuto as suas respectivas metodologias e formas de análise. Enfim, este projeto procura dar conta e ampliar questões e reflexões, sobre quatro eixos os quais, como mencionado anteriormente, possuem no meu entender grandes conexões entre si quando vistos em conjunto: as relações de gênero no esporte, o futebol, o stress e os direitos humanos. Fazer estas conexões, aliás, é um trabalho que se assemelha àquele da criação da fórmula matemática, tão bem descrito pelo matemático e pensador Henri Poincaré, no início do século XX: 6 Para que um novo resultado apresente valor, deve unir elementos há muito conhecidos, embora até então dispersos e, aparentemente, estranhos um ao outro, além de, subitamente, introduzir ordem, onde reinava a aparência de desordem. Ele, assim, nos permite ver, de relance, cada um dos elementos no lugar que ocupa no todo. Não só o fato novo é valioso por si, mas ele, sozinho, confere valor aos velhos fatos que une. Nossa mente é frágil como nossos sentidos. Perder-se-ia na complexidade do mundo, se essa complexidade não fosse harmoniosa. Como míopes, ela veria apenas os pormenores, e se condenaria a esquecer cada um deles, antes de examinar o seguinte, por se mostrar incapaz de considerar o todo. São dignos de nossa atenção somente os fatos que introduzem ordem na complexidade, tornando-a assim acessível a nós. (POINCARE, 1952, p.75) A este processo de síntese e resíntese dos acontecimentos e pensamentos que aparentemente não possuem relação entre si, o psicanalista inglês W.R Bion (1966) chamou de “fatos selecionados”, ou seja, a capacidade de aglutinar e compor um conjunto a partir de elementos inicialmente até certo ponto ou mesmo totalmente alheios entre si. Desta forma, e a partir de minhas vivências acadêmicas e profissionais, tentarei neste projeto elaborar uma seleção de fatos, idéias, autores e metodologias de pesquisa empírica que respondam a esta missão de unir estes fatos, colocando “ordem onde reina uma aparente desordem”. 7 1 INTRODUÇÃO O futebol, no Brasil, não é um esporte. É o jogo da bola, da malícia e do drible. É o jogo que reflete a própria nacionalidade dominada pela paixão da bola. No espaço do jogo, o futebol brasileiro é capaz de esquecer o próprio objetivo do gol, convicto de que a virtude sem alegria é uma contradição. Ganhemos a Copa ou não, somos os campeões da paixão despertada pela bola! (Betty Milan). O futebol é, indubitavelmente, “coisa nossa”. Um esporte maior que todos os outros, orgulho da brasilidade3, o futebol, mais do que qualquer greve geral pára o país, está absolutamente imbricado no seio das diversas culturas nacionais, é parte integrante e simbólica de manifestações culturais de norte a sul do Brasil. Entretanto, mesmo sendo alvo do interesse e preocupação de milhões de brasileiros, nesta terra futebol é coisa de homem. Não tem conversa. Quando a mulher sabe o que é a lei do impedimento, palmas para ela! Nas discussões dos bares, nas escolhas dos times, na pelada do sábado antes da feijoada...Depois disso, a ida ao estádio (quem vai cuidar das crianças?), as mesas redondas na TV de domingo à noite (motivo, penso eu, de várias desavenças e brigas entre casais...), a escolha do time dos filhos...Em todos estes ambientes, a predominância é totalmente masculina. É marcante desta “masculinização” da modalidade em nosso país um recente depoimento feito por René Simões (técnico da seleção brasileira feminina de futebol nos Jogos Olímpicos de Atenas (2004), com quem a equipe conquistou o vice – campeonato, sua melhor colocação na história da competição): às vésperas do jogo decisivo contra a seleção norte-americana, o escolado técnico pediu desculpas 3 E agora, voltamos ao topo do mundo, com o pentacampeonato! 8 perante as câmeras de televisão para as suas filhas – é pai de três mulheres - por nunca tê-las presenteado com uma bola de futebol, nem as ensinado a jogar. Algumas reflexões que procuraram ver o lado humanista do esporte, também enxergaram o futebol como uma exclusividade masculina. O professor de literatura Flávio Aguiar, em um ensaio acerca do futebol como uma situação dramática, descreve – o como (...) um reduto masculino, em que este persegue o feminino ausente – o oco que rola docemente pela grama, que se atira e se estira de encontro às redes (...) (AGUIAR, 1987, p. 151)4. E o autor prossegue, comentando que o ser humano se insere, com o futebol, num plano onde anteriormente reinava apenas a divindade. No entanto, esta inserção é “(...) bastante primitiva: presença total do masculino, concentração ausente do feminino” (p. 152). E o autor conclui o drama, afirmando que, com o surgimento de outros esportes, tais como o voleibol, “praticado por homens e mulheres” (p. 166) o futebol deixa de ser soberano entre os esportes, “(...) a virilidade se domestica, e o feminino se reconhece como presença” (p. 166). Porém, ao se observar o esporte e sua evolução no Brasil um pouco mais detidamente, o que se constata é que as mulheres em nosso país sempre estiveram, de uma forma ou outra, envolvidas com o futebol. Seja competindo, atuando nos bastidores, torcendo fanaticamente, praticando jogos entre elas, no recreio das escolas, enfim, as mulheres possuem uma vasta história de relacionamento com a modalidade. Salles, Silva & Costa (1996), por exemplo, em estudo sobre a presença da mulher no futebol, e seus significados simbólicos, documentam a existência de muitas equipes de mulheres jogando futebol nas praias cariocas nas décadas de 1960/70. Esta prática, entretanto, via-se cerceada por dois fatores: em primeiro lugar, pela própria legislação esportiva brasileira, que por meio do antigo Conselho Nacional de Desportos (CND) proibia as mulheres de jogarem futebol no Brasil, lei 4 O texto de Flávio Aguiar ‘Notas sobre o futebol como situação dramática’, de 1987 e publicado no livro Cultura Brasileira – temas e situações, organizado pelo professor Alfredo Bosi, é de um lirismo absolutamente maravilhoso e comovente sobre o jogo de futebol – mas enxerga neste um reduto masculino como que impenetrável às mulheres. 9 datada do Estado Novo e que, segundo Pereira (1984) foi revogada apenas em 1979; e depois, a própria a regulamentação que a antiga CBD (Confederação Brasileira de Desporto, antecessora da CBF, e que controlava o futebol no país) impunha aos jogos das mulheres, vetando-os em grandes estádios e somente os liberando sob forma de “festivais” e não de competições. No entanto, mesmo o desvelamento da história feminina no esporte em geral, e no futebol em particular, somada às boas atuações dos selecionados femininos brasileiros de futebol em competições internacionais (as equipes sempre estão presentes entre as quatro primeiras colocadas em campeonatos mundiais e Jogos Olímpicos, sendo vice-campeã nos Jogos de Atenas/2004), nada disso foi suficiente para alçar as mulheres a uma posição de destaque maior no cenário futebolístico. Na verdade, o que permanece no imaginário social do brasileiro é a visão “biológica” sobre a modalidade, como se algo inerente ao sexo da pessoa – alguma herança genética diretamente ligada aos cromossomos que definem se um bebê será menina ou menino - determinasse se ela é, ou não, capaz de jogar futebol, uma atividade amplamente difundida e como já dito acima, presente em quase todos os contextos culturais da vida brasileira. Desta forma, no sentido de ampliar cada vez mais a compreensão do fenômeno social do esporte, entendido como um terreno ímpar para se compreender a dinâmica das subjetividades da vida e cultura humanas, é propósito deste projeto estudar as relações de gênero no futebol brasileiro. Este estudo será realizado por meio de metodologia predominantemente qualitativa, dividida em dois instrumentais: de um lado, observação etnográfica extensa no meio do futebol de mulheres. Somando-se a estas observações, realizarei entrevistas com mulheres que jogam futebol de campo no Estado de São Paulo, sendo esta entrevista do tipo estruturada, que será aplicada a partir de um roteiro pré-determinado, e realizada com a maior parte das atletas. Com esta pesquisa, se pretende contribuir, para que, a partir de um maior conhecimento da realidade que cerca a mulher futebolista, alarguem-se as mentalidades no sentido da superação de preconceitos e estigmas que denigrem a imagem da própria mulher brasileira, abrindo as portas para que se consolidem novos espaços futebolísticos, esportivos e educativos para as meninas e mulheres de nosso

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