Produção de R ádio Produção de R ádio um Manual Prático Magaly Prado Consultoria Editorial Prof. Dr. Luiz Fernando Ramos Professor da Escola de Comunicações e Artes da USP 4ª Tiragem © 2006, Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados e protegidos pela lei no 9.610, de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. Copidesque : Singular Traduções e Serviços Editoriais Editoração Eletrônica : DTPhoenix Editorial Revisão Gráfica : Marco Antonio Correa Elsevier Editora Ltda. Conhecimento sem Fronteiras Rua Sete de Setembro, 111 – 16o andar 20050-006 – Centro – Rio de Janeiro – RJ – Brasil Rua Quintana, 753 – 8o andar 04569-011 – Brooklin – São Paulo – SP Serviço de Atendimento ao Cliente 0800-0265340 [email protected] ISBN 13: 978-85-352-1936-4 ISBN 10: 85-352-1936-4 Nota: Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação, impressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação ao nosso Serviço de Atendimento ao Cliente, para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão. Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas ou bens, originados do uso desta publicação. CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ _________________________________________________________________________ P918p Prado, Magaly Produção de rádio: um manual prático / Magaly Prado. — Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. — 4a reimpressão. il. Inclui bibliografia ISBN 85-352-1936-4 1. Rádio — Produção e direção. 2. Rádio — Programas. I. Título. CDD 791.440233 06-1414 CDU 654.195 _________________________________________________________________________ Dedico este pequeno manual aos meus queridos alunos, que me dão motivação para o exercício diário de descobrir qual é a melhor maneira de passar toda minha experiência radiofônica, e também como forma contínua de me especializar no veículo, seja no dial ou fora dele, com dedicação à audição investigativa permanente para estudá-lo e analisá-lo em suas diferentes possibilidades sonoras. Naqueles que resolveram ler este livro, espero incitar a vontade de fazer rádio inteligente e fora da mesmice que assola o dial. Agradecimentos A gradeço, em primeiro lugar, à minha filha Jacqueline Prado Caverzan, seus comentários sobre o conteúdo do manual são pertinen- tes e imprescindíveis. A Marcos Resende, com toques indispensáveis, e a Maria Angélica Campos Resende, pela revisão cuidadosa. Confesso-me imensamente grata ao responsável pela idéia de eu es- crever o livro: meu grande amigo Ninho Moraes. Agradeço também a Luiz Caversan, sempre me dando dicas precio- sas. A Sérgio Amadeu, pelos toques no projeto inicial, e a Nando Ra- mos, que o avalizou. A Sérgio Rizzo, que me trouxe de volta à esfera acadêmica e estimu- lou minha vontade de compartilhar meus conhecimentos. E àqueles que, de uma forma ou de outra, incentivaram meus proje- tos de pesquisa, como Laan Mendes de Barros, Sabina Anzuategui, Sidney Ferreira Leite e José Eugênio Menezes. E também a todos que me deram depoimentos. Prefácio (...) é preciso transformar o rádio, convertê-lo de aparelho de distribui- ção em aparelho de comunicação. O rádio seria o mais fabuloso meio de comunicação imaginável na vida pública, um fantástico sistema de ca- nalização. Isto é, seria se não somente fosse capaz de emitir, como tam- bém de receber; portanto, se conseguisse não apenas se fazer escutar pelo ouvinte, mas também pôr-se em comunicação com ele. A radiodifusão deveria, conseqüentemente, afastar-se dos que a abastecem e constituir os radiouvintes como abastecedores. Portanto, todos os esforços da radiodi- fusão em realmente conferir aos assuntos públicos o caráter de coisa pú- blica são totalmente positivos. BERTOLD BRECHT, 1926, Teoria do Rádio M uitas ondas se propagaram entre 1926 e 2006. Oitenta anos depois, o rádio não apenas se reinventa como, em alguns momentos, parece cumprir, aos poucos e cada vez mais, a utopia democratizante insistente- mente cobrada por Brecht, sobretudo em sua “reencarnação” sobre o su- porte de tecnologias digitais. Utópico ou não, Brecht pedia claramente que o rádio deixasse de ser uma questão apenas de oferta e passasse a organizar os ouvintes como produtores, ofertantes. x • Produção de Rádio Esta obra prática, inspirada na vivência jornalística e, acima de tudo, no enorme prazer de produzir e ouvir rádio, certamente ajuda a democratizar o “saber fazer”. Mais que um manual, Magaly Prado produ- ziu uma referência para ouvir criticamente. É leitura agradável e desejá- vel para produtores, mas também para ouvintes exigentes. Ajuda, como queria Brecht, a organizar nosso ouvir. Afinal, como dizia o velho esteta marxista: Um homem que tem algo a dizer e não encontra ouvintes está em má situação. Mas estão em pior situação ainda os ouvintes que não encon- tram quem tenha algo para lhes dizer.1 Ora, é fato também que Brecht, em alguns momentos, advogava nada mais que a instrumentalização antiburguesa dessa tecnologia e, no limite, seu uso propagandístico. Nesse sentido, a distância entre Brecht e os donos de rádios comerciais que assumem candidamente a inviabi- lidade do rádio sem jabá é menor do que podem supor nossas vãs filoso- fias. Tanto o comunista quanto o capitalista, no que se refere ao rádio, não estão assim tão longe do fato fundamental que é perceber o enorme potencial de mobilização, sensibilização e sedução dos cenários sonoros (Hitler ainda é o exemplo mais eloqüentemente assustador). O texto é fluido, sonoro. Magaly escreve como quem transmite um programa de rádio. Além das preciosas dicas e orientações, este livro pode e precisa ser tão lido quanto ouvido. Radiomaker, jornalista, professora de direção e produção de rádio no curso de Rádio e TV da Faculdade de Comuni- cação Cásper Líbero e parceira em projetos de áudio da Cidade do 1. Cf. Zuculoto, V.R.M., “Debatendo com Brecht e sua Teoria do Rádio (1927-1932): um diálogo sempre atual sobre o papel social e as potencialidades da radiodifusão”, trabalho apresentado no V Encontro dos Núcleos de Pesquisa da Intercom e disponível em http:// www.carosouvintes.com.br/universidade/ValciZuculoto.pdf. Prefácio • xi Conhecimento da USP, Magaly escreve como fala e, assim, nos ensina a ouvir. Para quem vai produzir em rádio, os seus alertas carregam a respon- sabilidade de quem assina um blog sobre o tema no UOL, antenada em Eli Correia, Zé Betio e Tutinha, mas também nas rádios livres e educa- cionais. Em um momento em que a sociedade brasileira se debate (mais do que propriamente debate) no fenômeno da “convergência digital”, esta obra de orientação prática e inteligente contribui para a formação indis- pensável de ouvintes, produtores e legisladores. GILSON SCHWARTZ Jornalista, economista e sociólogo, diretor da Cidade do Conhecimento (www.cidade.usp.br) e professor do Departamento de Cinema, Rádio e TV da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo Tudo roufenho, distorcido, arrombando os ouvidos, era uma curiosidade sem maiores conseqüências. ROQUETTE PINTO, sobre a primeira transmissão de rádio no Brasil, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro, 1922 O rádio é um problema inteiramente cósmico: todo o planeta está ocupado em falar. GASTON BACHELARD Pensador francês Introdução Q uando fui convidada para lecionar Produção de Rádio no curso de Rádio e TV da Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, per- cebi que não existia literatura brasileira específica para incluir e propor na bibliografia básica da disciplina para auxílio dos alunos. Muitos livros tratam de diversos assuntos referentes ao rádio, porém nenhum autor brasileiro dedicou espaço para tratar exclusivamente da produção, tarefa das mais importantes no meio. Portanto, resolvi com este manual abor- dar as principais atividades com as quais um produtor de rádio se depara no decorrer da vida profissional. Inicialmente, atento para um detalhe esclarecedor (que pode soar es- tranho para aqueles que estão iniciando carreira radiofônica e não sa- bem exatamente o papel de um produtor): não há uma função específi- ca que defina o trabalho de um produtor. O que existe são diferentes atribuições designadas ao profissional, dependendo da rádio em que tra- balha. Ou seja, se estiver em uma emissora de grande porte, poderá diri- gir uma equipe numerosa de produção executiva; se trabalhar em uma emissora pequena, deverá acumular outras funções que cabem a diver- sos profissionais do rádio, como programador, locutor, entre outros. Mas o que importa é entender a responsabilidade do produtor na consecução do produto final, no que é levado ao ar. Mal sabem os ou-