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Princípios do Partido e a prática política. O nosso Partido deve ser dirigido pelos melhores Filhos do nosso Povo. A luta do Povo, pelo Povo e para o Povo PDF

28 Pages·1983·0.646 MB·Portuguese
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3. COMEMORAÇÃO DO X ANIVERSARIO DA MORTE DO CAMARADA AMILCAR CABRAL Princípios do partido ea prática política R O F N Amílcar Cabral A T S LA S JQ 3681 A98P2 C17 1983 V.3 O nosso Partido deve ser dirigido pelos melhores Filhos do nosso Povo. A luta do Povo, pelo Povo e para o Povo Colecção "Cabral ka muri” Edição do Departamento de Informação, Propaganda e Cultura do C.C. do PAIGC S E I R A R B I N N O DI RO OF FR A T S ISTITUTION Amílcar Cabral ! Princípios do Partido e a Prática Política 3 O nosso Partido deve serdirigido pelos melhores Filhos do nosso Povo. A luta do Povo, pelo Povo e para o Povo «...Camaradas, eujureia mimmesmo, nunca ninguém me mobilizou, trabalharpara omeupovo, eujureia mim mesmo, que tenho que dara minha vida, toda a minha energia, toda a minha coragem, toda a capacidade que posso tercomohomem, até ao dia em que morrer, ao serviço domeupovo, na Guiné e Cabo Verde. Ao serviço da causa da humanidade, para dara minha contribuição, na medida dopossível,para a vida dohomem se tornar melhornomundo.Este é que é o meu trabalho.» Colecção «Cabral ka muri>> CA 1 Título:PrincipiosdoPartidoeaPráticaPolítica EdiçãodoDepartamentodeInformação,PropagandaeCulturadoC.Č.doPAIGC ExecuçãográficadeEditorial«Avante»,SARL,Portugal, 1983 Fotocomposição:Fototexto,Lda. Impressãoeacabamento:Guide-ArtesGráficas,Lda. Tiragem:3000exemplares O NOSSO PARTIDO DEVE SER DIRIGIDO PELOS MELHORES FILHOS DO NOSSO POVO A nossa luta não é de boca, é luta de facto, temos de lutar mesmo. Os camaradas lembram-se de que, nos primeiros anos de 1960, muita gente se convenceu de que a luta consistia em falar na rádio. Houve grandes vitórias na rádio de Dacar ou de Conakry, mesmo contra o PAIGC, mas não contra o colonialismo português, porque, contra os colonialistas, eles, os oportunistas, nunca fizeram nada. Velhos tempos em que as pessoas corriam para ver quem chegava primeiro para falar na rádio. Como se isso fosse a luta. No nosso Partido nós consideramos sempre como fundamental e certo o seguinte: a luta não é conversa nem palavras, nem escrita nem falada; a luta é a acção de cada dia contra nós mesmos e contra o inimigo, acção que se transforma e cresce cadadia mais, até tomar todas as formas necessárias para correr com os colonia listas portugueses da nossa terra. E essa luta, devemos fazê-la onde for necessário. Primeiro, dentro da nossaterra, porque o arroz cozinha-se dentro da caldeira, nãoé fora dela. Mas não devemos esquecer nunca que uma luta do género da nossa tem de fazer-se também fora da nossa terra, tanto contra os inimigos como junto dos amigos, para conseguir os meios necessários para a nossa luta e paga criar todas as possibilidades para alimentar a luta dentro da nossa terra. O facto de o PAIGC ter estabelecido como princípio de que a luta tem de ser feita de verdade, e que toda a gente tem de lutar, sejam quem for, fez com que muita gente se afastasse do Partido. 1 Porque algumas pessoas se aproximaram do PAIGC, ou chegaram 3 mesmo a entrar no PAIGC, convencidas de que era para lutarem na rádio e para tomarem amanhã o lugar de ministro. Quando sentiram que no PAIGC, para se estar na luta, tem de se estar ou dentro ou fora do país, conforme a direcção decidir, alguns afastaram -se e foram até juntar-se de novo aos tugas, para gozarem um bocado dos restos do colonialismo. Essa é uma das razões principais por que, por exemplo, os oportunistas de Dacar combatem o nosso Par tido! Alguns deles desejam imensamente entrar no nosso Partido, mas não têm coragem, porque sabem que o Partido pode dizer-lhes: «pega teso, vamos para dentro». Mas eles o que desejam é sair de Dacar para irem directamente para Bissau sentar-se na cadeira de director de gabinete. Toda a gente tem de lutar, esta é outra certeza no quadro do nosso Partido. E pouco a pouco, no nosso Partido, chegamos a uma situação em que, na nossa cabeça e na realidade, não há nem den tro nem fora da terra, na nossa luta. No começo da luta houve al guns que se enchiam de basófias, porque estavam dentro da terra. Outros, fora, tinham medo, e não faziam muito porque estavam fora. Quem, numa luta como a nossa, conservar essa ideia ou outros complexos, de vaidade ou de medo, porque está dentro ou estáfora, não compreendeu nada da nossa luta. Mas quem nunca saiu do mato e tenha aguentado sete anos de luta e não entendeu a importância do trabalho dos que trabalham fora da terra, para a luta dentro da terra, não entendeu nada ainda. E quem está fora, sentado num bureau ou em qualquer outro lado, e não entendeu ainda o valor daqueles que estão dentro daterra a dar tiros, afazertrabalho político ou outro, e ovalor desse mesmo traba Iho, não entendeu ainda nada. O nosso Partido, sem falar muito, sem estar com conversa, chegou a esta posição: nós todos sabe mos hoje que não há dentro nem fora, porque todos podem estar tanto dentro como fora da terra. Claro que não vamos confundir a terra dos outros, a República da Guiné ou Senegal, com a nossa terra, a Guiné ou Cabo Verde. É dentro da panela que se coze o arroz, mas sabemos a importância que tem a lenha e tantas outras coisas necessárias para fazer cozer o arroz. Alguns camaradas do Partido pensavam que, pelo facto de entrarem no mato para a luta, 4 eram reis, e que podiampôr os pés em cima dequem quer que seja. Enganavam-se. Hoje sabemos que não é verdade, não é assim. Desde o Con gresso de Cassacá que se sabe que isso não é verdade. Se alguém entra no mato paracomandar a guerrilha, para lutar, e se não seguir as palavras de ordem do Partido como deve ser, então que pegue teso porque vamos deixar os tugas, para primeiro combater contra ele. Mas alguns, no seu trabalho fora da terra, adquirem vícios pen sando que eles não podem pôr os pés na lama, não podem ser mordidos pelo mosquitos, não podem passar aquilo que os comba tentes, os nossos dirigentes, os nossos responsáveis, estão a pas sar na nossa terra. Estão enganados! É gente que de facto não se engajou na luta a sério. Talvez estejamos enganados em fazer deles dirigentes do Partido, mas, mais dia menos dia, saberão que não é assim. O nosso Partido tem uma sitação tal que ninguém está dentro nem fora, toda a gente está dentro ou está fora consoante as neces sidades doPartido. E os dirigentes da luta e do Partido devem estar sempre a par de todas as coisas que se passam, fora ou dentro da nossa terra, respeitante ao tipo de trabalho que fazem no Partido. De há uns anos para cá, podemos dizer o seguinte: não há dirigente nosso, um responsável nosso, que não fez já missões fora da terra, e não há um dirigente nosso que não tenha trabalhado dentro da terra também. Claro que há alguns militantes ou mesmo responsáveisque têm estado mais fora do que dentro, e que passam a vida a pedir para ir dentro. É agradável ouvir isso, mas é preciso perguntar se o seu trabalho, a sua formação, exige que estejam dentro daterra ou fora. Isso é que é importante, porque turismo faremos mais tarde. Tam bém há gente no interior que pede para ir à Europa. Mais tarde, se não conseguir ir, se não se lhe der uma missão para isso, quando tomarmos a nossa terra, se trabalhar bem, enche os bolsos de di nheiro e pode ir à Europa passear e voltar. Mas o movimento da nossa gente, ou fora ou dentro, faz-se de acordo com asnecessida des da nossa luta. Isto é fundamental para nós. No meu caso de dirigente, tenho de responder pessoalmente às necessidades da 5 nossa luta em conferências, nos encontros com chefes de Estado ou com dirigentes de outros partidos no mundo, e isso representa para mim, como para outros camaradas que trabalham comigo, um traba lho decisivo na nossa luta. Mas uma força grande para mim também é a certeza de que não há uma operação importante na nossa guer ra ou trabalho político importante que eu mesmo não conheça, não estude, e não há uma mudança ou trabalho sério no plano político ou da luta armada que não passe pelas minhas mãos. Pena é que nós temos limitações de homem; infelizmente não posso estar em todo o lado ao mesmo tempo, mastenho estado o maior tempo pos sível ao lado dos nossos combatentes e militantes. Outro princípio ligado ao que acabo de referir diz que devemos lutar sem corridas, lutar por etapas, desenvolver a luta progressiva mente sem fazer grandes saltos. Se repararem bem, vêem que muitas lutas começaram por criar Bureau Político, Estado-Maior, etc.; nós não começamos por isso. Muitas lutas começaram criando logo um exército de libertação na cional; nós não começámos por isso. Nós começamos a nossa luta como quando se lança uma semente à terra, para nascer. Deita-se a semente, nasce uma planta pequenina, que cresce, cresce até dar flor e fruto: esse é que é o caminho da nossa luta, etapa por etapa, passo a passo, progressivamente, sem saltos grandes. Aliás, cada etapa significa ao mesmo tempo maiores exigências no nosso traba Iho, na nossa dedicação, na nossa energia. Isso é fundamental; é como uma criança que está a crescer e que no começo se contenta com um biberão de leite, ou com o leite dos seios da mãe, mas, quando atinge os três anos, se lhe damos um biberão de leite ou mama, ela protesta,porque isso já não lhe chega. Com a nossa luta, o nosso Partido, que sintetiza a nossa luta, acontece o mesmo. À medida que crescemos, que nos desenvolve mos, que a luta avança para novas etapas, é fundamental que cada um de nós dê mais, mais e mais. Mais no seu comportamento moral, no seu comportamento político, na sua consciência política, no seu trabalho de cada dia, de cada hora, mais na influência que tem de exercer sobre outros camaradas para os pôr no caminho como deve ser. Infelizmente, temos de reconhecer que isso não tem sido geral, para toda a gente, e até tem acontecido o contrário com alguns 6 camaradas. À medida que o Partido avança, cresce, tem mais força, à medida que a nossa luta avança, que as nossas responsabilidades crescem, esses camaradas têm encolhido no seu trabalho. Têm procurado comodismo, fugir às responsabilidades, viver melhor, gozar desde já, pensando que já têm a independência nas suas mãos. Isto é uma das maiores fraquezas do nosso Partido, um dos maiores factores que têm atrasado o trabalho do nosso Partido, por que esses camaradas, alguns até dirigentes, não têm sido capazes de avançar com o avanço da luta. Em vez de avançarem, estudando mais, aprendendo mais, estudando as lições de cada dia, têm ficado para trás, com preguiça, com comodismo, até com vícios, etc. Acon tece isso com vários camaradas. Nós temos feito o máximo para os ajudar, para não os deixar seguir essecaminho, porque a nossa luta requer cada dia mais exigências, e exigências tanto maiores quanto maiores forem as responsabilidades que tiver um militante. Esses camaradas não têm correspondido às exigências maiores da luta, procuram comodismo, fingem que trabalham e não traba Tham nada. Eles mesmos, na sua consciência, sabem isso. Outros camaradas começam a trabalhar com entusiasmo, com calor, dando bastante, mas, repentinamente, é como se fossem apagados com 9 água fria. Porquê? Porque não foram capazes de acompanhar a luta, de entender profundamente o significado do próprio trabalho que estão a fazer. Isso é uma coisa muito má; traz-nos um prejuízo grande para a nossa luta, e se nós não formoscapazes de combater isso com força, se cada um de vocês não for capaz de meter bem isso na cabeça, vocês, jovens, que começam com responsabilida des no Partido, se não conseguirmos que os nossos camaradas mais antigos peguem teso no caminho, vamos ter grandes dificulda des. Nem o heroísmo na luta armada, nem o apoio do nosso povo, nem a capacidade da direcção do Partido, nada pode evitar isso, se nós, como homens e mulheres, não formos capazes de acompanhar as exigências da luta, de dar mais, cada dia mais, em todos os pla nos da nossa vida. Alguns camaradas, mesmo entre os que estão sentados nesta sala, têm a tendência de procurar comodidade à medida que cres cem as suas responsabilidades. Há camaradas que parece que pas saram vários anos à espera de responsabilidade para poderem 7 cometer os erros que outros cometeram no seu lugar. Temos de combater isso com coragem, porque a luta é exigência, o nosso Par tido é cada dia mais exigente. E aqueles que não entenderem, te mos de pô-los de lado, por mais que nos doa o coração. Nós não podemos permitir que à medida que a luta avança, que o nosso povo se sacrifica por causa da nossa luta, que vários camaradas morrem e outros são feridos, ou ficam aleijados, que nós envelhe cemos nesta luta, dando toda a nossa vida para a luta, em que tanta gente tem esperança em nós, tanto dentro como fora da nossa terra, não podemos permitir que alguns camaradas militantes ou res ponsáveis levem uma vida de facilidades e cometam actos que não estão de acordo com a nossa responsabilidade, diante de nós mes mos, diante do nosso povo, diante da África e do mundo. Muita gente pensa que isto aqui é o quintal do Cabral, que ele é quem tem de reparar aquilo que se estragou ou que alguém estra gou. Estão enganados. Cada um de nós é que tem de reparar, pegarteso para corrigir, porque se não, não há nada que nos possa salvar quaisquer que sejam as vitórias que já alcançámos. Por isso mesmo, a nossa luta é coño o balaio que separa o arroz limpo do farelo, como uma peneira que peneira a farinha pilada, para separar a farinha fina da farinha de grão grosso ou de outras coisas. A luta une, mas é ela também que separa as pessoas, a luta é que mostra quem é que tem valor e quem é que não presta. Cada camarada deve estar vigilante em relação a si mesmo, porque a luta está a fazer a selecção, a luta está a revelar-nos a todos, está a mostrar quem somos nós. Essa é uma das grandes vantagens do nosso povo'em fazer aa luta, sobretudo a luta armada, para se libertar. Havia um homem grande, que aliás ainda está na luta, que há três anos me dizia: «Cabral, eu rezo todos os dias para Salazar não morrer.» «E porquê, homem grande?» «Para a luta continuar um bocado ainda, para ele continuar a teimar, para nós continuarmos, para nos conhecermos melhor uns aos outros. Esta é uma grande verdade; hoje já nos conhecemos muito, hoje sabemos quem tem valor e quem não tem valor. Fazemosforça para aqueles que não prestam melhorarem , mas sabemos quem vale e quem não vale, sabemos até quem é capaz de mentir. Há alguns que ainda não conhecemos bem. Os camara 8

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