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Princípios do Partido e a prática política. A independência de pensamento e de acção. Nem toda a gente é do Partido PDF

28 Pages·1983·0.613 MB·Portuguese
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4 COMEMORAÇÃO DO X ANIVERSARIO DA MORTE DO CAMARADA AMILCAR CABRAL Princípios do partido ea DpráS tica política R E O I F R N A R A B T I S L Amilcar Cabral 5 JQ 3681 A98P2 C17 independência de pensamento e de acção. 1983 Nem toda a gente é do Partido V.4 Colecção "Cabral ka muri” Edição do Departamento de Informação, Propaganda e Cultura do C.C. do PAIGC HOOVER INSTITUTION Amílcar Cabral 1 Princípios do Partido e a Prática Política 4 A independência de pensamento e de acção. Nem toda a gente é do Partido «...Camaradas, eujureia mimmesmo, nunca ninguém memobilizou,trabalharpara omeupovo, eujureia mim mesmo, que tenhoque dara minha vida, toda a minha energia, toda a minha coragem, toda a capacidade que posso tercomohomem, atéaodia em que morrer, ao serviço domeupovo, na Guiné e Cabo Verde. Aoserviço da causa da humanidade, para dara minha contribuição, na medida dopossível, para a vida dohomem se tornar melhorno mundo. Este é que éomeu trabalho.» 制 Colecção «Cabral ka muri» H Título:PrincípiosdoPartidoeaPráticaPolítica EdiçãodoDepartamentodeInformação,PropagandaeCulturadoC.C.doPAIGC ExecuçãográficadeEditorial«Avante»,SARL,Portugal,1983 Fotocomposição:Fototexto,Lda. Impressãoeacabamento:Guide-ArtesGráficas,Lda. Tiragem:3000exemplares A INDEPENDÊNCIA DE PENSAMENTO E DE ACÇÃO Um outro princípio importante na linha do nosso Partido é o seguinte: independência do nosso pensamento e da nossa acção. Nós estamos a lutar pela independência da nossa terra, pela independência do nosso povo. A primeira condição para isso é que o nosso Partido, a sua direcção, deve ser independente, tanto na maneira de pensar os problemas e de os resolver como na sua acção dentro ou fora da nossa terra. Essa é que tem sido a linha do nosso Partido. Todas as decisões que nós tomamos, no quadro do nosso Parti do, em relação ao nosso trabalho no interior da nossa terra ou em relação ao nosso trabalho fora da nossa terra, no plano africano ou no plano internacional, são tomadas na absoluta independência da nossa maneira de pensar e de agir. Esse é um princípio sagrado nosso, que temos de defender custe o que custar. Mas devemos saber bem que a independência é sempre relati va. Por exemplo, em muitas coisas que devemos decidir temos de orientá-las um bocado conforme os interesses dos países vizinhos também, para podermos avançar. Em muitas decisões que tomamos no plano africano ou internacional nos orientamo-las de acordo com os interesses de Angola e Moçambique, também, e mesmo algumas atitudes que possamos tomar, até mesmo decisões em relação ao material de guerra, por exemplo, ou à nossa acção, não dependem só de nós, dependem também dos nossos amigos que nos ajudam . Mas isso não quebra a verdade desse princípio. 3 A direcção do PAIGC tem agido sempre na base da indepen dência de pensamento e de acção. E nós temos sido capazes, e temos de ser cada dia mais capazes, de pensar muito os nossos - problemas para podermos agir bem, e agir muito para podermos pensar cada vez melhor. Muitos camaradas não o têm feito ao nível das suas responsabilidades. Alguns têm-se limitado a agir sem pen sar, e outros têm muitas ideias sem fazer nada na realidade. Temos de ser capazes de aliar esses dois elementos fundamentais: pen samento e acção, e acção e pensamento. No quadro dessa inde pendência relativa de pensamento e acção (relativa, porque mesmo no nosso pensamento também somos influenciados pelopensamen to de outros, porque não somos os primeiros a fazer uma luta arma da de libertação nacional, uma revolução, há outros que fizeram, há outras experiências, não fomos nós que inventámos a guerra de guerrilha – nós inventámo-la na nossa terra) mas no quadro dessa independência, dizia, temos de ter consciência de que não há luta nenhuma que se possa fazer sem aliança, sem aliados. Em todas as lutas temos de ter uma opção, quer dizer, temos de escolher um caminho ou outro. Não podemos fazer uma luta sem saber que ca minho devemos seguir. Para isso, temos de ter consciência, primei ro: de quem são os nossos aliados dentro de África e no mundo. Falamos muito de África, mas nós, no nosso Partido, devemos lembrar-nos de que antes de sermos africanos, somos homens, se res humanos, pertencendo ao mundo inteiro e não podemos portan to permitir que nenhum interesse do nosso povo seja limitado ou estragado por causa da nossa condição de africanos. Devemos pôr os interesses do nosso povo acima disso, no quadro dos interesses da humanidade em geral, para depois então os pormos no quadro dos interesses da África em geral. Em Áfrića, os nossos aliados são aquela gente, governos, parti dos ou Estados, indivíduos ou organizações que querem de facto, a independência da África a sério, que querem a independência do seu povo a sério, independência económica para tomarem a sua história nas suas mãos, para tomarem a riqueza do seu povo nas suas mãos, para avançarem para construírem uma vida melhor. Mas aliado concreto e imediato é todo aquele que é contra o colonialismo português abertamente, em África. Vocês sabem que há africanos 4 que não são nada contra o colonialismo português. E mais aliado ainda, aliado a sério, é aquele que não é só com palavras, mas que nos ajuda mesmo contra o colonialismo português. Não basta dizer eu sou de África para dizermos que é nosso aliado; histórias, con versas. Devemos perguntar-lhe claramente: «Queres de facto a in dependência do teu povo? Queres trabalhar para ele, queres a in dependência da nossa terra a sério? És contra o colonialismo portu guês a sério, tu ajudas-nos? Se sim, então és nosso aliado.» Nós também estamos no mundo. Quem são os nossos aliados no mundo? Não é difícil sabermos hoje. O nosso povo todo sabe-o. Porquê? Porquetemos uma prova concreta. Quem é que nos ajuda? Esses é que são os nossos aliados, aqueles que nos ajudam. Quem é que nos ajuda? Em primeiro lugar no mundo, os países socialistas. Mas há al guns países socialistas que têm traído a sua função de ajuda à nos sa luta, de serem nossos aliados, quando não põem os interesses dos seus Estados, das suas manias, das suas ideias, acima dos interesses da nossa luta, procurando até às vezes, camufladamente, a maneira de nos dividirem por quererem defender as suas ideias antes de defenderem os interesses da nossa luta. Portanto, mesmo no meio dos socialistas, é preciso perguntar concretamente: «Tu ajudas-nos de facto ? Não fazes nada contra nós? Estás a dar-nos aquela ajuda que podes dar, aquilo que deves dar, como vanguarda do mundo? Então, de facto, estás a cumprir o teu dever de ser nos so aliado, se não, não.» Há outros homens e mulheres no mundo que são nossos alia dos. Nos países capitalistas há gente que é contra o colonialis mo português: esses são nossos aliados. Nós temos um critério para distinguir os nossos amigos dos amigos dos tugas: quem é contra o colonialismo português é nosso amigo, é nosso aliado, quem é a favor do colonialismo português, é nosso inimigo, é aliado dostugas. Mas no mundo, quer como homens quer comoafricanos, esta mos situados numa posição clara de luta contra o imperialismo; e não somos só nós, há outros povos. Por isso mesmo temos de ser consequentes: se exigimos a solidariedade dos outros para con 5 nosco, temos de ser solidários para com os outros também, temos de ser solidários com todos os povos de África que lutam pela ver dadeira independência da suaterra, pela liberdade, progresso e feli cidade do seu povo, sobretudo com aqueles que lutam contra o ra cismo-colonialista dos brancos na África Austral. Em primeiro lugar, os nossos camaradas de Angola e Moçambique, nossos companhei ros de luta. Temos de ser capazes de lhes mostrar o máximo de solidariedade possível, porque a sua luta é a nossa própria luta. Temos de ser solidários com os povos da Ásia que lutam contra o imperialismo, particularmente com o povo do Vietname e Laos, da Coreia, lutando contra o imperialismo americano. Temos de ser soli dários com os povos da América Latina em luta contra o imperialis mo, particularmente com o povo de Cuba que foi capaz de vencer a reacção e o imperialismo na sua terra, para estabelecer um regime de justiça, que está cercado, ameaçado pelos imperialistas. Temos de ter o máximo de solidariedade para com eles e com todos os movimentos de libertação da América Latina. Na América do Norte, temos de ser solidários, seriamente soli dários, com os descendentes dos africanos escravos que hoje fa zem parteda população da Américado Norte e que são americanos. Temos de os apoiar na sua luta, com coragem, sem ter a pretensão de que nós é que vamos fazer a sua luta. A nossa obrigação é de fazer a nossa luta na nossa terra. Nem na África nem em nenhum lado, não vamos fazer a luta dos outros, vamos lutar na nossa terra. Isso já é difícil, quanto mais lutar pelos outros. Temos de saber, a cada momento, ser solidários com os países socialistas. Há muita gente que pensa que a obrigação dos socialis tas é de dar tudo e que não têm nada a receber, nem pelo menos dizer-lhes obrigado. Isso não pode ser. Se a Alemanha Democrática nos ajuda, se a União Soviética nos ajuda mais que ninguém, se outros países nos ajudam, isso não cai do céu, é o trabalho dos filhos dessas terras, é o trabalho dos trabalhadores, é o suor de cada um. Lá, do céu, só cai chuva e neve, aquisó chuva. Temos de ter consciência e coragem para lhes agradecer e para, no momento em que houver qualquer coisa contra eles, nos juntarmos com eles 6 solidariamente, estarmos ao lado deles, porque eles são nossos companheiros de luta, ajudam -nos. Muitos camaradas foram estudar na terra dessa gente e, em vez de serem solidários com eles, amigos deles, vivem lá e voltam com raiva deles, porque não têm consciência, só manias, só com plexos. Muitos africanos fazem isso, muitos camaradas sabem quan to sacrifício eles fazem para nos ajudar, mas não são capazes de desenvolver a amizade, a dedicação por aqueles que nos ajudam . Essa não é a linha do Partido. O nosso Partido sabe ser grato, sabe ser solidário com aqueles que nos ajudam. Felizmente, muitos ca maradas entenderam isso bem e agiram muito bem em relação a isso. No quadro dos nossos aliados devemos levantar bem alto o nome da República da Guiné, como nosso primeiro aliado, nossos irmãos mais queridos, gente que mais nos ajuda. Em geral, quem nos ajuda mais são eles, pelas facilidades de todas as formas que nos dão, e que também têm aceitado o sacrifício do seu próprio povo, bombardeamentos das suas tabancas. Temos também de levantar bem alto, embora não tanto como a Guiné, embora com consciência de que tem sido difícil para nós, o nome do Senegal e que infelizmente hoje ainda está a criar-nos muitos problemas. Por exemplo, agora, a nossa gente não pode andar no Senegal com farda, porquê? Isso é bom para os tugas, não é bom para nós. Há muito tempo que não querem que entremos no Senegal armados, hoje não querem que entremos com farda. Que abuso é esse? Mas ainda assim temos de dizer que o Senegal nos ajuda um bocado. Temos de ter consciência de que isso também tem valor para a nos sa luta, embora, repito, seja muito difícil, dificuldade essa quejá nos começa a cansar. Em relação à Guiné, temos de ser capazes de levantar bem alto o nomedo PDG 1. A sorte do nosso povo é o facto de que na Guiné há um partido como o PDG, dirigido por um homem como Sekou Touré e por gente de facto patriótica a sério, interessada na África a sério. Porque se, de um lado e de outro da nossa terra, tivéssemos 1 Partido Democráticoda Guiné. 7 gente como aquela que nos cria tantos problemas no Senegal esta ríamos mal. Temos de ter consciência disso. Não faltou gente na Guiné que também nos quis criar problemas, e até hoje ainda há; mas, os dirigentes, o Partido, foi sempre favorável à libertação do nosso povo. Durante um tempo eleviu quem é que de facto estava a lutar para isso e, quando viu que era o PAIGC, apoiou-nos aomáxi mo. No quadro da luta geral contra o imperialismo, temos também como aliados os movimentos operários de vários países na Europa ou na América, ou na Asia, nos países capitalistas da Ásia, mas sobretudo na Europa e naAmérica. Elestambém são nossosaliados porque lutam contra o imperialismo, contra as forças que dominam a nossa terra. Temos de ter consciência disso e desenvolver as nos sas relações de amizade e solidariedade com esses movimentos. ! 8

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