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Princípios do Partido e a prática política. A democracia revolucionária. Fidelidade aos princípios do Partido. Para a melhoria do nosso trabalho político PDF

36 Pages·1983·0.709 MB·Portuguese
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5 COMEMORAÇÃO DO X ANIVERSÁRIO DA MORTE DO CAMARADA AMILCAR CABRAL Princípios do partido ea e prática política D S R E O I F R A N R A B T I S L Amílcar Cabral r i W JQ 3681 A98P2 C17 A Democracia Revolucionária. 1983 Fidelidade aos princípios do Partido. 7.5 Para a melhoria do nosso trabalho político Colecção “Cabral ka muri” Edição do Departamento de Informação, Propaganda e Cultura do C.C. do PAIGC S E I R A R R A P S D R O F N A T R S O F π υ τ Ι Ο Ν Amílcar Cabral Princípios do Partido e a Prática Política 5 A Democracia Revolucionária. Fidelidade aos princípios do Partido. Para a melhoria do nosso trabalho político «...Camaradas, eujureia mim mesmo, nunca ninguém memobilizou, trabalharpara omeupovo, eujureia mim mesmo, que tenho que dara minha vida, toda a minha energia, toda a minha coragem, toda a capacidade que posso tercomohomem, até ao dia em que morrer, ao serviço domeupovo, na Guiné e Cabo Verde. Aoserviço da causa da humanidade, para dara minha contribuição, na medida dopossível, para a vida dohomem se tornar melhornomundo. Este é que é omeu trabalho.» Colecção «Cabral ka muri>> 14 Título:PrincípiosdoPartido aPráticaPolítica EdiçãodoDepartamentodeInformação,PropagandaeCulturadoC.C.doPAIGC ExecuçãográficadeEditorial«Avante»,SARL,Portugal,1983 Fotocomposição:Fototexto,Lda. Impressãoeacabamento:Guide-ArtesGráficas,Lda. Tiragem:3000exemplares A DEMOCRACIA REVOLUCIONÁRIA $ No quadro do princípio de democracia revolucionária, a que já nos referimos várias vezes, cada responsável deve tomar com cora gem a sua responsabilidade, deve exigir dos outros respeito pelas suas actividades e deve respeitar as actividades dos outros. Por outro lado, não devemos esconder nada ao nosso povo, não devemos enganar o nosso povo. Enganar o nosso povo é criar bases para a desgraça do nosso Partido. Temos de combater isso com força em alguns camaradas. Não podemos admitir, por exem plo, que a população vá à fronteira buscar mercadorias para os armazéns do povo e, chegada lá, seja obrigada a carregar material de guerra. Fazer isso é agir pior do que os colonialistas, é abusarda nossa autoridade, abusar da boa-fé e da boa vontade do nosso povo. É preferível dizerclaramente aos elementos da população que se preparem para irem buscar material de guerra, porque a guerra é para a nossa terra e, que se não quiserem ir, serão presos e irão à força. Se for necessário leva-se preso, mas devem saber para onde vão. É melhor que mentir, enganar e ficar diminuído aos olhos do nosso povo que, seja qual for a sua miséria, o seu sofrimento, é como qualquer outro povo, tem consciência e sabe o que é verdade e o que é mentira, o que é justo e o que é injusto, o que é bem e o que é mal, e tem consciência bastante para perder o respeito por alguém que lhe tenha mentido. Temos de acabar com a mentira, temos de ser capazes de não enganar ninguém sobre as dificuldades da luta, sobre os erros que cometemos, as derrotas que eventualmente tenhamos e não pode 3 mos acreditar que a vitória é fácil. Nem podemos acreditar sónaqui lo que «parece que» ou « eu pensava que». Esse é um dos grandes defeitos de alguns camaradas. «Camarada, como é que se passou isso?», «Parece que...» Isso não é de gente que faz a revolução, que quer fazer o progresso e a felicidade do seu povo através de uma luta de libertação. Temos de ter consciência disso. Há camaradas que não são capazes de contar claramente o que se passa na área em que estão. Há outros que são capazes, felizmente. Eu estou a focar os aspectos negativos, mas todos sa bem que há muitos aspectos positivos. Por isso mesmo é que esta mos aqui sentados, e desgraçados de nós se só houvesse aspec tos negativos. Mas a minha obrigação é apontar aquilo que não está bem, para melhorarmos, para irmos para diante. Nós fiamo-nos nas aparências, na nossa própria imaginação, temos tendência para isso, para nos fiarmos na nossa imaginação. A democracia revolucionária exige que combatamos todo o oportunismo, como eu já vos disse, que combatamos também a mania que os camaradas têm de perdoar os erros muitodepressa. Eu sou responsável, tu cometes um erro e perdoo-te com a intenção seguinte: agorajá sabes que estás nas minhas mãos. Isso não pode ser, ninguém tem o direito de perdoar os erros sem primeiro discutir os erros diante de toda a gente. Porque o Partido é nosso, de nós todos, não é de cada um, é de todos nós, nós temos demasiada facilidade para desculpar os camaradas, sabemos desculpar muito depressa, temos de combater isso. Chegou a hora de parar com as desculpas. Há um trabalho para fazer, faz -se e faz-se bem, não há desculpas. Nós somos capazes de arranjar muitas desculpas. Há respon sáveis, por exemplo, cujo trabalho é desculpar a sua gente que não faz nada, procurar explicar à direcção do Partido por que é que não se faz nada. Dificuldades de terreno, as condições não são boas, o inimigo avança, há muitos bombardeamentos, etc., etc. Em vez de fazerem força, de trabalharem para vencerem todas as dificuldades, porque uma luta é o seguinte: vitória permanente contra as dificul dades. Se não houvesse dificuldades não era luta, era um passeio, era um piquenique. 4 Temos de combater toda a tendência para amizades e camara dagens que não são para servir o Partido, mas para se servirem uns aos outros, que não são para interesse do Partido e do nossopovo. Sabemos que há disso no nosso Partido. Há até camaradas que, quando se muda o seu companheiro, ficam logo mal, já não sabem viver sem o seu companheiro. Temos decombater isso com força na nossa cabeça e na cabeça dos outros. Aqui não há mandjoandade que não seja para servir o Partido, para servir o povo, aqui não há mandjoandade de amizade, camaradaria, que não seja para servir o Partido, para servir o povo da nossa terra. Mandjoandade, camara daria ou amizade, para nos sentarmos para beber cana ou vinho de palma ou para esconder aos outros camaradas as coisas que al guém faz com as badjudas da nossa terra, ou para esconder os erros em relação à luta armada, por exemplo, ou para nos calarmos porque é um responsável que não combate como deve ser – isso é traição ao nosso Partido e ao nosso povo, é servir os tugas, é ami zade favorável aos tugas. Há isso no nosso meio, temos de comba ter com força, com coragem. Vocês todos sabem que há disso e alguns de vocês, infelizmente, são culpados disso. O nosso critério de amizade, mandjoandade ou camaradaria, deve ser o seguinte: tu tens valor, respeitas as palavras de ordem do Partido como deve ser, és meu camarada, és meu amigo. Não fazes isso, o melhor é ires para junto dos oportunistas ou para junto dos servidores dos tugas. Mas a nossa mania de amizade é tão grande que, camaradas nossos, que sabem que alguém é agente dos tugas, são capazes de passar a vida em casa dele, de frequen 9 tar a sua casa, de comer em sua casa, de beber em sua casa. Di gam-me se isso pode ser. Mas os camaradas dizem: «eu já conheço essa pessoa há muito tempo» ou, então, «é parente da minha mãe». Isso é falta de consciência política, falta de consciência até do sacri fício que estão a fazer pela luta do nosso povo, da nossa terra. Mas até dirigentes do Partido fazem isso. Felizmente, parece que está a acabar. Há, por exemplo, o seguinte: toda a gente sabe que um dado camarada cometeu um erro grave no Partido, dentro ou fora da terra, foi mandado chamar, estamos à espera dele. Ele chega e 5 os camaradas todos se levantam com abraços, beijos e tal, como se fosse o melhor camarada do mundo. Que falta de cons ciência é essa? Que falta de noção de responsabilidade é essa? Quem não presta temos de mostrar-lhe que não presta, não há amizade, não há nenhuma consideração para ele. É preciso pô-lo de lado. Chegou a hora de sermos amigos daqueles que têm valor, aqueles que não prestam não podem ser nossos camaradas, nossos amigos. Quem trai o Partido, quem procura dividir-nos, quem faz planos para sabotar o Partido, quem serve o inimigo, quem convive com os inimigos do nosso Partido, não pode sentar-se connosco, não pode comer connosco na mesma tigela, não pode beber do mesmo copo ou da mesma caneca, não pode dormir na mesma cama. Porque ou nós somos capazes de distinguir a nossa cabeça daquelas que não prestam ou então não vale a pena continuarmos a nossa luta como estamos a fazer, porque, mais dia menos dia, afo gam-nos no mar de grande confusão que nós mesmos podemos criar. OS INSUBSTITUÍVEIS Temos de ser capazes de evitar as manias de certos camara das de que, se eles saírem do posto em que estão, estraga-se tudo, acaba tudo. Ninguém é indispensável nesta luta; todos nós somos necessários, mas ninguém é indispensável. Se alguém tiver de ir, que se vá embora, e, se a luta parar, então é porque ela não presta va. O único orgulho que nós temos, eu mesmo, hoje, é esta certeza de que, com o trabalho que já fizemos, se eu me for embora, se eu parar, se eu morrer, ou desaparecer, há gente aqui neste Partido que é capaz de andar com ele para a frente. Se não houvesse ain da, que desgraça, ainda não tínhamos feito nada. Porque um ho mem que fez uma obra que só ele é capaz de continuar ainda não fez nada. Uma obra vale na medida em que é obra de muita gente e há muita gente que é capaz de pegar nela para a levar paraafrente, mesmo que uma mão saia. Mas há camaradas que têm manias na cabeça de que, se saí 6 rem do lugar onde estão, tudo se estraga. Essa é uma mania que temos de combater, temos de acabar com ela. Isso, para não falar de casos de outros camaradas que, se são transferidos para outro lado, pensam logo que vão morrer, porque já criaram todas as con 5 dições de trabalho num lado e foram chamados para ir para outro lado. Que inconsciência! Como se a nossa terra fosse só aquele canto onde ele está. Isso é ainda falta de consciência da verdadeira razão, do objectivo e características da nossa luta. Devemos ser capazes de defender a verdade, dizer a verdade diante de toda a gente, sem medo, mesmo se depois da verdade aparecerem dificuldades. Devemos dizer a verdade cara a cara, concretamente. Os militantes não devem ter medo de responsável nenhum no quadro do nosso Partido. Quem tem medo é porque não entendeu ainda ou então é porque é cobarde de natureza. O nosso Partido deu a toda a gente a mesma força para não ter medo de ninguém, nós dissemos que estamos a lutar para acabar com o medo no seio do nosso povo na Guiné e Cabo Verde. Não devemos ter medo de ninguém, nem que seja o militante mais humilde, não deve ter medo de ninguém, nem do secretário-geral, nem de ninguém. Deve ter respeito como deve ser, porque isso é respeito por si mesmo. E os responsáveis não devem ter receio dos militantes. Há res ponsáveis de quem os militantes, os combatentes, têm medo. Esses são régulos bárbaros dos tempos antigos, não são dirigentes nem responsáveis do PAIGC. Mas eles também às vezes têm receio dos militantes. Se ouvem uma conversazinha, já querem saber o que é e porquê, porque têm medo que lhes vão criar problemas com a direc ção do Partido. Temos de acabar com isso. A democracia revolucionária exige, de facto, que os responsá veis, os dirigentes, vivam no meio do povo, à frente do povo, atrás 9 do povo. Devem trabalhar para o Partido na certeza de que estão a trabalhar para o povo da nossa terra. E temos de lutar, custe o que custar, para o nosso povo sentir que ele é que tem o Poder nas mãos, na nossa terra. Até agora ele ainda não o sentiu muito bem. Nas áreas libertadas, alguns camaradas têm usurpado esse Poder ao nosso povo. Temos de passá-lo para as mãos do nosso povo; ainda estamos em guerra, é um bocado difícil, mas à medida que 7 avançamos temos de passar o Poder ao nosso povo, para ele ter a certeza de que o Poder é seu de facto. E ninguém no Partido deve ter medo de perder o Poder. Muitas terras caíram na desgraça, porque aqueles que mandam tiveram medo de perder o lugar de comando. Nós não devemos ter medo de nada, devemos contar claramente a verdade ao nosso povo, aos nossos militantes, aos nossos camaradas, e, se não ficarem conten tes e puderem, que corram connosco, que nos ponham fora. Mas nenhum de nós deve ter medo de nada, não devemos esconder a verdade para conservar o nosso lugar. Isso seria trair o interesse do nosso povo, da nossa terra e de todos aqueles que confiam em nós. Não devemos enganar o povo com conversas, com promessas falsas, devemos dizer-lhe claramente as dificuldades. Por exemplo, na reunião do Boé, a população disse-me: «Manda-nos isto, aquilo, queremos isto, aquilo, etc., na loja.» Eu respondi à população: «Não, não podemos fazer isso, aquilo que nos mandamos já é um sacrifi cio grande, se não estão contentes, façam o que quiserem, deixem o Partido até, mas nós não mandamos. Vocês devem lembrar-se que não são vocês só que precisam, outras pessoas na nossa terra também precisam .» E aproveitei essa oportunidade para estar com a nossa gente, para lhes ensinar, para lhes dar consciência, não con tar-ihes mentiras, enganá-los com promessas falsas. Todos com preenderam. Como eu disse, devemos avançar cada dia mais, pata pôr o Poder nas mãos do nosso povo, para transformar profundamente a vida do nosso povo, para pôr mesmo todos os nossos meios de defesa nas mãos do nosso povo, para ser o nosso povo quem de fende a nossa revolução. Isso é que será de facto uma democracia revolucionária, amanhã, na nossa terra. Quem manda no seu povo, mas tem medo do povo, está mal. Não devemos nunca ter medo do povo. No quadro da democracia revolucionária, como já disse, deve mos passar para a frente os melhores filhos da nossa terra e cada dia devem ficar para trás os piores, aqueles que não prestam . Por que o nosso trabalho é preparar a nossa enxada, o nosso arado, o nosso martelo, com os quais vamos construir o futuro do nosso povo, na liberdade, no progresso e na felicidade. Vamos melhorar 8

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