1 1 ____________________________ Práticas alternativas de manejo visando a conservação do solo e da água Organizador: Tales Tiecher ______________________________________________________________________________ 2016 Tales Tiecher Organizador Manejo e conservação do solo e da água em pequenas propriedades rurais no sul do Brasil: práticas alternativas de manejo visando a conservação do solo e da água Porto Alegre, Rio Grande do Sul 2016 2 a n gi á P Revisão linguística: Tales Tiecher Revisão metodológica: Tales Tiecher Capa/arte: Tales Tiecher Fotografias capa: George Wellington de Melo/Marciel Redin/Henrique Debiasi O conteúdo dos textos é de responsabilidade exclusiva dos(as) autores(as). Permitida a reprodução, desde que citada a fonte. UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdade de Agronomia Porto Alegre, RS Avenida Bento Gonçalves, 7712 – CEP 91540-000 Tel.: 51 3308-7456 3 a Impresso no Brasil n Printed in Brazil ági P SUMÁRIO CAPÍTULO I – Plantas de cobertura de solo e agricultura sustentável: espécies, matéria seca e ciclagem de carbono e nitrogênio. Marciel Redin, Sandro José Giacomini, Paulo Ademar Avelar Ferreira & Daniel Pazzini Eckhardt ........................................................................................................ 7 CAPÍTULO II – Benefícios do uso de plantas de cobertura de solo na ciclagem de fósforo. Carlos Alberto Casali, Tales Tiecher, João Kaminski, Danilo Rheinheimer dos Santos, Ademir Calegari & Ro- gério Piccin ............................................................................................................................................ 23 CAPÍTULO III – Benefícios das plantas de cobertura sobre as propriedades físicas do solo. Mo- acir Tuzzin de Moraes, Henrique Debiasi, Julio Cezar Franchini & Vanderlei Rodrigues da Silva ...... 34 CAPÍTULO IV – Compactação do solo em sistemas intensivos de integração lavoura-pecuária leiteira. André Pellegrini, Gilmar Roberto Meinerz & Douglas Rodrigo Kaiser ................................. 49 CAPÍTULO V – Benefícios do uso de inoculantes bacterianos e os impactos sobre o consumo de fertilizantes nitrogenados no Brasil. Paulo Ademar Avelar Ferreira, Cláudio Roberto Fonsêca Sousa Soares, Rafael Dutra De Armas, Wesley De Melo Rangel & Marciel Redin ............................. 65 CAPÍTULO VI – Vermicompostagem como alternativa para o tratamento de resíduos nas pro- priedades rurais do sul do Brasil. Daniel Pazzini Eckhardt, Zaida Inês Antoniolli, Gustavo Schiedeck, Natielo Almeida Santana, Marciel Redin, Jorge Dominguez & Rodrigo Josemar Seminoti Jacques............ 87 CAPÍTULO VII – Caracterização de agroindústrias e seus resíduos da região da Quarta Colônia de Imigração Italiana no RS. André Carlos Cruz Copetti, Danilo Rheinheimer dos Santos, João Ba- tista Rossetto Pellegrini, Viviane Capoane & Gilmar Luiz Schaefer .................................................... 100 CAPÍTULO VIII – Manejos indicados pela pesquisa para mitigar o excesso de metais pesados nos solos do sul do Brasil. Fábio Joel Kochem Mallmann, Alcione Miotto, Natielo Almeida Santana & Rodrigo Josemar Seminoti Jacques ................................................................................................... 118 CAPÍTULO IX – Manejo da fertilidade de solos em pomares de frutíferas de clima temperado. Gustavo Brunetto, Danilo Eduardo Rozane, George Wellington Bastos de Melo, Jovani Zalamena, Edu- ardo Girotto, Cledimar Lourenzi, Rafael Rosa Couto, Tales Tiecher & João Kaminski ........................ 141 CAPÍTULO X – Potencial de uso da análise foliar para avaliar o status de N e P em pastagens e culturas de grãos. Leandro Bittencourt de Oliveira, Anderson Cesar Ramos Marques, Rogério Piccin & Pablo Cruz ........................................................................................................................................ 159 CAPÍTULO XI – Fertirrigação na horticultura. Paulo de Tarso Lima Teixeira ............................... 167 4 a n gi á P PREFÁCIO Esse livro é a terceira parte de uma obra que foi fruto do esforço de mais de 40 autores das mais diversas instituições de ensino e pesquisa do Sul do Brasil e do exterior visando suprir uma grande lacuna do conhecimento que é o manejo e conservação do solo e da água em pequenas propriedades rurais, como as que são encontradas majoritariamente no Norte do Rio Grande do Sul (RS), no Oeste de Santa Catarina (SC), e no Sudoeste do Paraná (PR). A partir dos livros “Manejo e conservação do solo e da água em pequenas propriedades ru- rais no sul do Brasil: contextualizando as ativi- dades agropecuárias e os problemas erosivos” e “Manejo e conservação do solo e da água em pequenas propriedades rurais no sul do Bra- sil: impacto das atividades agropecuárias na con- taminação do solo e da água”, essa obra foi ela- borada buscando apresentar práticas alterna- tivas de manejo visando a conservação do solo e da água para as pequenas proprieda- des rurais do sul do Brasil. A versão eletrônica desse livro foi criada para facilitar a sua circulação e tem como objetivo servir de material didático de apoio para as instituições de ensino das Ciências Agrárias e Mesorregiões do Norte Colonial do Rio Grande do Sul, no Ambientais do Sul do Brasil. Oeste de Santa Catarina, e no Sudoeste do Paraná. Tales Tiecher Porto Alegre, Setembro de 2016 5 a n gi á P PARTICIPANTES Autor Instituição Cidade Local Ademir Calegari IAPAR Londrina PR Alcione Miotto IFSC São Miguel do Oeste SC Anderson Cesar Ramos Marques UFSM Santa Maria RS André Carlos Cruz Copetti UNIPAMPA São Gabriel RS André Pellegrini UTFPR Dois Vizinhos PR Carlos Alberto Casali UTFPR Dois Vizinhos PR Cláudio Roberto Fonsêca Sousa Soares UFSC Florianópolis SC Cledimar Lourenzi UFSC Florianópolis SC Daniel Pazzini Eckhardt UNIPAMPA Dom Pedrito RS Danilo Eduardo Rozane UNESP Rgistro SP Danilo Rheinheimer dos Santos UFSM Santa Maria RS Douglas Rodrigo Kaiser UFFS Cerro Largo RS Eduardo Girotto IFRS Ibirubá RS Fábio Joel Kochem Mallmann UCR Riverside EUA George Wellington Bastos de Melo EMBRAPA Bento Gonçalves RS Gilmar Luiz Schaefer UFSM Santa Maria RS Gilmar Roberto Meinerz UFFS Cerro Largo RS Gustavo Brunetto UFSM Santa Maria RS Gustavo Schiedeck EMBRAPA Pelotas RS Henrique Debiasi EMBRAPA Londrina PR João Batista Rossetto Pellegrini IFF Júlio de Castilhos RS João Kaminski UFSM Santa Maria RS Jorge Dominguez UVIGO Vigo Espanha Jovani Zalamena UFSM Santa Maria RS Julio Cezar Franchini EMBRAPA Londrina PR Leandro Bittencourt de Oliveira URI Frederico Westphalen RS Marciel Redin UERGS Três Passos RS Moacir Tuzzin de Moraes UFRGS Porto Alegre RS Natielo Almeida Santana UFSM Santa Maria RS Pablo Cruz INRA Castanet-Tolosan França Paulo Ademar Avelar Ferreira UFSM Cachoeira RS Paulo de Tarso Lima Teixeira URI Frederico Westphalen RS Rafael Dutra De Armas UFSC Florianópolis SC Rafael Rosa Couto UFSM Santa Maria RS Rodrigo Josemar Seminoti Jacques UFSM Santa Maria RS Rogério Piccin UFSM Santa Maria RS Sandro José Giacomini UFSM Santa Maria RS Tales Tiecher UFRGS Porto Alegre RS Vanderlei Rodrigues da Silva UFSM Frederico Westphalen RS 6 Viviane Capoane UFSM Santa Maria RS a Wesley De Melo Rangel UFSM Santa Maria RS n gi Zaida Inês Antoniolli UFSM Santa Maria RS á P Capítulo I P LANTAS DE COBERTURA DE SOLO E AGRICULTURA : , SUSTENTÁVEL ESPÉCIES MATÉRIA SECA E CICLAGEM DE CARBONO E NITROGÊNIO Marciel Redin1, Sandro José Giacomini2, Paulo Ademar Avelar Ferreira3 & Daniel Pazzini Eckhardt4 1 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência do Solo, Professor Agroecologia da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), Rua Cipriano Barata, 47, Três Passos, CEP 98600-000, RS, Brasil. E-mail: [email protected]. Autor para correspondência 2 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência do Solo, Professor do Departamento de Solos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Avenida Roraima, 1000, Bairro Camobi, Santa Maria, CEP 97105-900, RS, Brasil. Pesquisador 2–CA/AG do CNPq. E-mail: [email protected] 3 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência do Solo, Pós-Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo da UFSM. E-mail: [email protected] 4 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência do Solo, Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Rua 21 de abril, 80, Bairro São Gregório, Dom Pedrito, CEP 96450-000, RS, Brasil. E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO químicas, por exemplo, a ciclagem de fósforo; como será visto no Capítulo II desse livro (CASALI et al., Em escala global, muitas espécies de plantas de 2016), físicas, como será visto no Capítulo III desse li- cobertura de solo são usadas em sistemas de rotação e vro (MORAES et al., 2016), e principalmente biológicas sucessão de culturas. Ainda, em muitas situações as do solo. Assim, desenvolve-se um ambiente favorável plantas de cobertura de solo são utilizadas em consór- ao crescimento das plantas, contribuindo para a estabi- cios com outras espécies de plantas de cobertura de lização da produção agrícola, sustentabilidade do solo, solo, culturas comerciais ou espécies perenes. Na Re- além da menor dependência de insumos externos aos gião Sul do Brasil diversas espécies de plantas de co- agroecossistemas. Ainda, as plantas de cobertura de bertura de solo de primavera/verão e outono/inverno solo auxiliam no controle natural de pragas e doenças, tanto de Fabaceae e não Fabaceae tem sido avaliada e como por exemplo, os nematóides fitopatogênicos, selecionada pela pesquisa. Assim, proporcionam uma com menor incidência em solos com maiores teores de grande diversidade, quantidade e proporção de resí- matéria orgânica. Finalmente, os resíduos culturais das duos da parte aérea e raízes das plantas que retornam plantas de cobertura de solo são de extrema importân- ao solo, que promovem a ciclagem de nutrientes. Muita cia, pois são as principais formas de entrada e constru- ênfase tem se dado à parte aérea, porém, pouco se co- ção do carbono (C) orgânico no solo, proporcionam ni- nhece sobre o sistema radicular das plantas de cober- trogênio (N) pela capacidade de fixação biológica pelas tura de solo. Na maioria dos trabalhos realizados com espécies de Fabaceae e possibilitam o incremento de raízes das plantas em condições de campo, são utiliza- outros nutrientes para as culturas em sucessão. dos métodos destrutivos, trabalhosos e que demandam Neste trabalho, inicialmente será apresentada tempo. Por esses motivos, são raros os resultados de uma breve descrição das principais espécies de plantas pesquisa relacionados à produção de matéria seca (MS) de cobertura de solo de primavera/verão e outono/in- de raízes e acúmulo de nutrientes de plantas, especial- verno utilizadas na Região Sul do Brasil. Posterior- mente das espécies de cobertura de solo. mente, serão apresentados resultados de produção de O sucesso e a sustentabilidade dos agroecossiste- MS e acúmulo de C e N da parte aérea, e principal- mas de produção agrícola empresarial, familiar ou mente das raízes das plantas de cobertura de solo. Por agroecológica dependem, entre outros fatores, da pre- fim, será discutida a importância do resgate cultural, os sença de resíduos culturais no solo com ênfase daque- benefícios do uso de plantas de cobertura de solo no les oriundos das espécies de plantas de cobertura de manejo ecológico e qualidade do solo no atual processo solo. Os resíduos culturais deixados por plantas de co- de transição da agricultura tradicional para um modelo bertura no solo, somados aos resíduos das culturas co- de produção ecológico e sustentável. 7 a merciais em sucessão ou rotação promovem a recupe- n gi ração, manutenção e/ou melhoria das propriedades á P 1. Espécies de plantas de cobertura de solo de primavera/verão e outono/inverno utilizadas nos mais diversos sistemas de culturas na agricultura em- Diversas espécies de plantas de cobertura de solo, presarial, familiar, e ecológica na Região Sul do Brasil. principalmente Fabaceae (leguminosas) e Poaceae (gra- míneas) podem ser utilizadas como adubação verde 1.1. Espécies de primavera/verão em cultivo solteiro ou em sistemas de consórcios com outras plantas de cobertura de solo, culturas comerci- De maneira geral, entre as espécies de plantas de ais ou espécies perenes na Região Sul do Brasil. No en- cobertura de solo de primavera/verão às da família das tanto, estas espécies de plantas de cobertura de solo Fabaceae compreendem o maior número e também são ainda são pouco conhecidas entre técnicos, extensionis- as mais conhecidas e difundidas entre os técnicos, ex- tas e agricultores. Atualmente, para a maioria das es- tensionistas e agricultores. Ainda, as espécies de pri- pécies existe boa disponibilidade de sementes no mer- mavera/verão são utilizadas em menor proporção cado para venda aos agricultores. Antes de apresentar quando comparadas àquelas de outono/inverno (Item e discutir aspectos relativos a produção de MS e acú- 1.2), pois na estação quente a maioria das áreas agríco- mulo de C e N é importante conhecer as plantas de co- las são destinadas a produção de grãos pelas culturas bertura de solo. comerciais. As espécies de primavera/verão são sensí- Na Tabela 1 estão listadas as principais espécies veis ao frio, e por esse motivo, devem ser semeadas com potencial de uso em sistemas agrícolas na Região logo após o inverno, principalmente nos estados do RS Sul do Brasil. A rusticidade é uma característica co- e SC e na Região Sudoeste do PR, que são regiões pro- mum a todas as espécies, especialmente quanto à tole- pensas a formação de geadas (Figura 1 a, b). rância ao déficit hídrico. Normalmente, são plantas As crotalárias pertencem à família das Fabaceae. pouco exigentes em fertilidade do solo e tratos cultu- Na Região Sul do Brasil são difundidas e utilizadas por rais, além de adaptadas as diferentes condições edafo- técnicos, extensionistas e agricultores basicamente climáticas regionais. duas espécies de crotalárias, a crotalária juncea (Crota- laria juncea) e espectabilis (Crotalaria spectabilis). A cro- Tabela 1. Principais espécies de plantas de cobertura de solo talária juncea (Figura 1 c, d) é originária da Índia com de primavera/verão e outono/inverno utilizadas em sistemas ampla adaptação às regiões tropicais, inclusive no Bra- de culturas na Região Sul do Brasil. sil. São plantas arbustivas de rápido desenvolvimento Nome comum Nome científico Família inicial, de crescimento ereto e determinado, podendo Primavera/verão alcançar até 3,5 metros de altura. Esta espécie é reco- Crotalária juncea Sunn hemp Fabaceae mendada para adubação verde, em cultivo isolado, in- Crotalária spectabilis Crotalaria spectabilis Fabaceae tercaladas com espécies perenes ou em rotação com Feijão de porco Canavalia ensiformis Fabaceae culturas comerciais de graníferas. Guandu anão Cajanus cajan Fabaceae Milheto Pennisetum glaucum Poaceae A crotalária spectabilis (Figura 1 e, f) é uma espé- Mucuna cinza Stizolobium niveum Fabaceae cie de ampla adaptação, recomendada também para Mucuna preta Mucuna aterrima Fabaceae adubação verde. Suas plantas são arbustivas, de cresci- mento ereto e determinado, relativamente precoces, e, Outono/inverno quando maduras, têm de 1,0 a 1,5 m de altura, porém, Aveia preta Avena strigosa Poaceae de desenvolvimento inicial lento. Devido ao seu porte Azevém Lolium multiflorum Poaceae médio, pode ser utilizada nas entrelinhas de culturas Ervilha forrageira Pisum arvensis Fabaceae perenes sem prejudicar o trânsito de máquinas ou pes- Ervilhaca Vicia sativa Fabaceae soas. Podem acumular N na parte aérea com valores Nabo forrageiro Raphanus sativus oleiferus Brassicaceae Tremoço azul Lupinus angustifolius Fabaceae superiores a 150 kg ha-1. Estas duas espécies de crotalá- Tremoço branco Lupinus alba Fabaceae rias apresentam grande potencial para utilização como Tremoço nativo Lupinus albescens Fabaceae planta armadilha em solos infestados por nematóides Trevos Trifolium sp. Fabaceae fitopatogênicos formadores de galhas nas raízes. As- sim, são espécies de grande importância na agricultura Atualmente, no Brasil as escolas de agronomia es- de base ecológica, pois além da proteção do solo e do tão preocupadas principalmente com o enfoque teórico incremento da fertilidade do solo, atuam no controle e com pouca ênfase no aprendizado prático, como por biológico de pragas e, por consequência auxiliam na 8 exemplo, o reconhecimento das principais plantas de promoção da agricultura sustentável. a cobertura de solo. Nesse sentido, a seguir serão breve- n gi mente apresentadas as principais espécies de cobertura á P A B C D E F Figura 1. Danos provocados pela geada em plantas de mucuna cinza (A) e guandu anão (B); plantas de Crotalaria juncea em estágio inicial (C) e pleno florescimento (D); plantas de Crotalaria spectabilis em estágio inicial (E) e pleno florescimento (F). Santa Maria, RS. 2010. Fotos: Marciel Redin. O feijão de porco (Canavalia ensiformis) é uma es- senta grande potencial de controle de plantas de cres- pécie de Fabaceae de folhas grandes com crescimento cimento espontâneo, principalmente da tiririca (Cype- inicial e fechamento rápido do solo, inclusive em solos rus rotundus). Devido ao seu porte baixo, além de uso ácidos e pobres em N, pois apresenta grande potencial solteiro é perfeitamente adequada em cultivos nas en- de fixação biológica de nitrogênio (FBN) que pode atin- trelinhas de culturas perenes. Além disso, das plantas gir valores superiores a 250 kg ha-1 (Figura 2 a, b). O do feijão de porco têm sido extraídos princípios ativos feijão de porco produz legumes de até 20 centímetros de compostos alelopáticos que podem ser utilizados 9 de comprimento, com grandes feijões brancos. Apre- como inseticidas, herbicidas e fungicidas. a n gi á P A B C D Figura 2. Plantas de feijão de porco logo após a emergência das plantas (A) e florescimento/formação de vagens (B) (Santa Maria, RS. 2010); porte arbustivo do guandu anão em fase inicial de crescimento (C) e milheto (D) no pleno florescimento (Três Passos, RS, 2016). Fotos: Marciel Redin. O guandu anão (Cajanus cajan) é uma espécie de parte aérea e eficiente fixação de nitrogênio, com valo- Fabaceae de verão originária da África Tropical, arbus- res em muitos casos superiores de 10.000 kg ha-1 e 200 tiva de porte baixo e ciclo anual (Figura 2 c). Em alguns kg ha-1, respectivamente. casos apresenta ciclo bianual quando é cortado verde O milheto (Pennisetum glaucum) é uma espécie da ou utilizado no pastejo para alimentação de animais, família Poaceae utilizada para adubação verde, cober- fenação e silagem. O guandu anão apresenta porte de tura morta e pastejo de animais (Figura 2 d). Seme- 1, 0 a 1,2 m de altura. Planta rústica resistente a seca, lhante a crotalária juncea e spectabilis, o milheto apre- 0 apresenta bom desenvolvimento radicular, descom- senta habilidade de reduzir a reprodução de nematói- 1 pactando solos adensados e reciclando nutrientes, es- des fitopatogênicos da soja cultivada sobre seus resí- a n pecialmente o N. Produz boa quantidade de MS da duos culturais. gi á P
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