ebook img

pp.1-30 Ler um sintoma Jacques-Alain Miller Tenho que lhes revelar o título do próximo congresso ... PDF

30 Pages·2011·0.13 MB·Portuguese
by  
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview pp.1-30 Ler um sintoma Jacques-Alain Miller Tenho que lhes revelar o título do próximo congresso ...

Afreudite–Ano VII, 2011–n.º 13/14 pp.1-30 Ler um sintoma1 Jacques-Alain Miller2 Tenho que lhes revelar o título do próximo congresso da NLS, justificá-lo e apresentar algumas reflexões sobre a questão que poderá servir de referência para a redação dos trabalhos clínicos que ele convoca. Escolhi este título a partir de duas indicações que recebi da vossa presidente, Anne Lysy. A primeira é que o Conselho da NLS desejaria que o próximo congresso fosse sobre o sintoma. A segunda é que o lugar do congresso seria Telavive. A questão, portanto, era de determinar que acento, que inflexão, que impulso dar ao tema do sintoma. Pesei nisso em função das aulas que leciono em Paris todas as semanas, onde me explico com Lacan e com a prática da psicanálise hoje, prática que não é mais completamente, ou talvez de nenhum modo, a de Freud. Em segundo lugar, pesei a importância a dar ao tema do sintoma em função do lugar, Israel. Portanto, tudo bem pesado, escolhi o seguinte título: ler um sintoma, to read a symptom. Saber ler Aqueles que leem Lacan reconheceram sem dúvida aqui um eco das suas palavras no escrito «Radiofonia», que podem encontrar na compilação Autres Écrits, página 428. Ele assinala aí que o judeu é aquele que sabe ler.3 É esse saber ler que se trata de interrogar em Israel, o saber ler na prática da psicanálise. Direi imediatamente que o saber ler, como eu o entendo, completa o bem-dizer, que se tornou um slogan entre nós. 1Jacques Alain-Miller apresentou no final doCongresso da NLS, que se realizou em Londresnos dias 2 e 3 de abril de 2011, o tema do próximo congresso de Telavive (Junho 2012). Esta é a transcrição da conferência estabelecidapor Dominique Helvoet(semrevisão doautor). 2Psicanalista AMP. Diretor do Departamento de Psicanálise de Paris VIII. 3Lacan J., «Radiophonie», Autres Ecrits, Paris, Seuil, 2001, p. 428. Leituras 1 Afreudite–Ano VII, 2011–n.º 13/14 pp.1-30 Vou sustentar, com satisfação, que o bem-dizer na psicanálise não é nada sem o saber ler, que o bem-dizer próprio da psicanálise se funda no saber ler. Se nos atemos ao bem- dizer, não alcançamos mais doque metade daquilo de que se trata. Bem-dizer e saber ler estão do lado do analista, são propriedade do analista, mas, no decorrer da experiência, trata-se do bem-dizer e do saber ler que se transferem para o analisando. Que este aprenda de algum modo, e fora de toda pedagogia, a bem-dizer e também a saber ler. A arte do bem-dizer é a definição dessa disciplina tradicional que se chama a retórica. Certamente que a análise participa da retórica, mas não se reduz a ela. Parece-me que é o saber ler que faz a diferença. A psicanálise não é apenas uma questão de escuta, de listening, ela é também questão de leitura, de reading. No campo da linguagem, sem dúvida, a psicanálise toma o seu ponto de partida na função da palavra, mas ela refere esta à escrita. Há uma distância entre falar e escrever, speaking and writing. É nesta distância que opera a psicanálise, é esta diferença que a psicanálise explora. Acrescentarei uma nota mais pessoal à escolha que faço do título, «ler um sintoma», posto que é o saber ler que Lacan me imputou. Encontrarão isso na epígrafe do seu escrito «Televisão», na compilação Autres Ecrits, página 509; eu colocava-lhe um certo número de perguntas em nome da televisão, e ele pôs na epígrafe do texto que as reproduz com certas mudanças, o que tinha dito então: «Aquele que me interroga sabe também me ler»4. Portanto, Lacan prendeu-me com o saber ler, ao menos com o saber ler Lacan. É um certificado que ele me outorgou em razão das anotações com as quais escandi o seu discurso na margem, muitas das quais fazem referência às suas fórmulas 4Lacan J., «Télévision»,Autres Ecrits, Paris, Seuil, 2001, p. 509. Leituras 2 Afreudite–Ano VII, 2011–n.º 13/14 pp.1-30 chamadas matemas. Então, a questão do saber ler tem todas as razões para me interessar. O segredo da ontologia Depois desta introdução, vou evocar o ponto em que estou das minhas aulas deste ano e que conduz, precisamente, a esta questão da leitura e da leitura do sintoma. Estou, por estes dias, articulando a oposição conceitual entre o ser e a existência. E é uma etapa no caminho ondevoudistinguir e opor o ser e o real, being and the real. Trata-se, para mim, de relevar os limites da ontologia, da doutrina do ser. Foram os Gregos que inventaram a ontologia. Eles mesmos deram-se conta dos limites, posto que alguns desenvolveram um discurso que se refere explicitamente a um mais além do ser, beyond being. Devemos crer que sentiram a necessidade deste mais além do ser e colocaram o Um, the one. Em particular, aquele que desenvolveu o culto do Um como indo mais além do ser é o chamado Plotino. Ele extraiu-o, séculos mais tarde, de uma leitura de Platão, precisamente do Parménides de Platão. Extraiu-ode um certo saber ler Platão. Antes de Platão encontramos Pitágoras, um matemático, mas místico- matemático. Era Pitágoras que divinizava o número e especialmente o Um, do qual não fazia uma ontologia, mas o que se chama, em termos técnicos, a partir do grego, uma henologia, quer dizer, uma doutrina do Um. Minha tese é que o nível do ser chama, necessita de um mais além do ser. Os Gregos que desenvolviam uma ontologia sentiram a necessidade de um ponto de apoio, do fundamento inquebrável que justamente o ser não lhes dava. O ser não dá um Leituras 3 Afreudite–Ano VII, 2011–n.º 13/14 pp.1-30 fundamento inquebrável à experiência, ao pensamento, precisamente porque há uma dialética do ser. Situar o ser é, ao mesmo tempo, situar o nada. E dizer o ser é isso é, ao mesmo,tempo situar oque não é isso, portanto, o seu contrário. O ser, em suma, carece singularmente de ser, não por acidente, mas de maneira essencial. A ontologia desemboca sempre numa dialética do ser. Lacan sabia-o tão bem que precisamente define o ser do sujeito do inconsciente como uma falta-a-ser. Ele explora os recursos dialéticos da ontologia. A tradução da expressão francesa «manque- à-être» por want to be agrega algo totalmente precioso, a noção de desejo. Want não é apenas o ato, em Want está o desejo, está a vontade e, precisamente, o desejo de fazer ser o que não é. O desejo faz a mediação entre being and nothingness. Encontramos este desejo na psicanálise ao nível do desejo do analista, aquele que anima a operação analítica enquanto esse desejo conduz ao ser, ao inconsciente, faz aparecer o que está recalcado, como dizia Freud. Evidentemente, o recalcado é, por excelência, um want to be, o que está recalcado não é um ser atual, não é uma palavra efetivamente dita, o que está recalcado é um ser virtual que está no estado de possível, que aparecerá ou não. A operação que conduz ao ser, o inconsciente não é a operação do Espírito Santo, é uma operação de linguagem, aquela que aplica a psicanálise. A linguagem é esta função que faz ser o que não existe. Inclusive, os lógicos chegaram a constatá-lo, e ficaram desesperados pelo fato da linguagem ser capaz de fazer ser o que não existe; então, trataram de normalizar o seu uso, esperando que a sua linguagem artificial só nomearia o que existe. Mas é preciso reconhecer aí, não um defeito da linguagem, mas a sua força. A linguagem é criadora e, em particular, cria o ser. Em suma, o ser de que falam Leituras 4 Afreudite–Ano VII, 2011–n.º 13/14 pp.1-30 desde sempre os filósofos, este ser não é outra coisa senão um ser de linguagem. É o segredo da ontologia. Produz-seentão uma vertigem. Um discurso que seria do real Produz-se uma vertigem para os filósofos, a vertigem da dialética. Porque o ser é o oposto da aparência, mas o ser também não é outra coisa senão aparência, uma certa modalidade da aparência. É esta fragilidade intrínseca ao ser que justifica a invenção de um termo que reúne o ser e a aparência, o termo «semblante» [semblant]. O semblante é uma palavra que utilizamos na psicanálise e com a qual tratamos de cernir o que é, ao mesmo tempo, ser e aparência, de maneira indissociável. Uma vez, tratei de traduzir esta palavra em inglês com a expressão make believe. Com efeito, se se crê nisso, não há diferença entre a aparência e o ser. É uma questão de crença. A minha tese, que é uma tese sobre a filosofia a partir da experiência analítica, é que os Gregos, justamente porque lidaram eminentemente com esta vertigem, buscaram um mais além do ser, um mais além do semblante. O que nós chamamos o real é esse mais além do semblante, um mais além problemático. Existe um mais além do semblante? O real seria, se queremos, um ser, mas não um ser de linguagem, não seria tocado pelos equívocos da linguagem, seria indiferente ao make believe. Onde é que os Gregos encontravam este real? Encontravam nas matemáticas e noutras partes onde as matemáticas continuaram desde então. Como na filosofia, os matemáticos dizem-se sempre, de bom grado, platónicos, no sentido que não pensam, Leituras 5 Afreudite–Ano VII, 2011–n.º 13/14 pp.1-30 em absoluto, ou que não criam o seu objeto a não ser para soletrarem um real que já lá está. E isso permite sonhar, em todo caso fazia sonhar Lacan. Lacan fez uma vez um seminário que se intitulava «De um discurso que não fosse semblante»5. É uma fórmula que permaneceu misteriosa, mesmo quando o seminário foi publicado, porque o título deste seminário apresenta-se ao mesmo tempo sob uma forma condicional e negativa. É nesta forma que evoca um discurso que seria do real, é isso o que quer dizer. Lacan teve o pudor de não o dizer na forma que revelo, ele disse-o sob uma forma apenas condicional e negativa. De um discurso que seria real, de um discurso que tomaria o seu ponto de partida no real, como as matemáticas. Era o sonho de Lacan colocar a psicanálise ao nível das matemáticas. A respeito disto, é preciso dizer que só nas matemáticas o real não varia – ainda que nas margens, varia de todas as maneiras. Na física matemática, que incorpora e que se sustenta das matemáticas, a noção de real é completamente escorregadia, porque é herdeira de algum modo da velha ideia de natureza; com a mecânica quântica, com as investigações do ser mais além do átomo, podemos dizer que o real na física se tornou incerto. A física conhece polémicas entre físicos ainda mais vivazes que na psicanálise. O que para um é real, para um outro não é mais que semblante. Fazem propaganda da sua noção de real porque a partir de um certo momento fizeram entrar em conta a observação. A partir desse momento, o complexo composto pelo observador e os instrumentos de observação interfere e, então, o real torna-se relativo ao sujeito, cessa de ser absoluto. Podemos dizer que deste modo, o sujeito faz ecrã ao real. Não é esse o caso nas matemáticas. Como se acede nas matemáticas ao real, por via de que instrumento? Acede-se pela linguagem, sem dúvida, 5Lacan J.,Le Séminaire,Livre XVIII,D’un discours qui ne serait pas du semblant, Paris, PUF, 2007. Leituras 6 Afreudite–Ano VII, 2011–n.º 13/14 pp.1-30 mas uma linguagem que não faz ecrã ao real, uma linguagem que é real. É uma linguagem reduzida à sua materialidade, é uma linguagem reduzida à sua matéria significante, é uma linguagem que se reduz à letra. Na letra, contrariamente à homofonia, não se encontra o ser, being, in the letter is not being that you find, but the real. Fulgor do inconsciente e desejo do analista A partir destas premissas, proponho interrogar a psicanálise. Na psicanálise, onde está o real? É uma pergunta urgente, na medida em que um psicanalista não pode não experimentar a vertigem do ser, desde o momento que na sua prática é invadido pelas criações, pelas criaturas da palavra. Onde está o real nisso tudo? O inconsciente é real? Não! De qualquer forma é a resposta mais fácil de dar. O inconsciente é uma hipótese, o que resta como uma perspetiva fundamental, mesmo que possamos prolongá-la, fazê-la variar. Para Freud, o inconsciente é o resultado de uma dedução. É o que Lacan traduz do modo mais aproximado, salientando que o sujeito do inconsciente é um sujeito suposto, quer dizer, hipotético. Não é, então, um real. Inclusive se colocamos a questão de saber se é um ser. Vocês sabem que Lacan prefere dizer que se trata de um desejo de ser, mais do que de um ser. O inconsciente não tem mais ser do que o sujeito mesmo. Isso que Lacan escreve S barrado é algo que não tem ser, que só tem o ser de falta e que deve advir. E nós sabemos bem que basta simplesmente extrair as consequências disso. Sabemos bem que o inconsciente na psicanálise está submetido a um dever ser. Está submetido a um imperativo que, como analista, representamos. E é nesse sentido que Lacan diz que o Leituras 7 Afreudite–Ano VII, 2011–n.º 13/14 pp.1-30 estatuto do inconsciente é ético. Se o estatuto do inconsciente é ético, não é da ordem do real, é isso que quer dizer. O estatuto do real não é ético. O real nas suas manifestações é muito mais unethical, não se comporta segundo a nossa conveniência. Dizer que o estatuto do inconsciente é ético é, precisamente, dizer que é relativo ao desejo e, primeiro, ao desejo do analista, porque se trata de inspirar o analisando a assumir esse desejo. Em que momento na prática da psicanálise necessitamos de uma dedução do inconsciente? Por exemplo, quando vemos retornar na palavra do analisando lembranças antigas, que ele havia esquecido até esse momento. Somos forçados a supor que, no intervalo, estas lembranças residiam nalgum lugar, num certo lugar do ser, um lugar que permanece desconhecido, inacessível ao conhecimento, do qual dizemos, precisamente, que não conhece o tempo. E, para imitar ainda mais o estatuto ontológico do inconsciente, tomemos o que Lacan chama as suas formações, que põem em relevo, precisamente, o estatuto fugitivo do ser. Os sonhos apagam-se. São seres que não consistem, dos quais frequentemente só se obtém fragmentos na análise. O lapso, o ato falho, o chiste, são seres instantâneos que fulguram, aos quais damos na psicanálise, um sentido de verdade, mas que se eclipsam imediatamente. Confrontação com os restos sintomáticos Entre essas formações do inconsciente está o sintoma. Porque é que colocamos o sintoma entre estas formações do inconsciente, senão porque o sintoma freudiano também é verdade. Damos-lhe um sentido de verdade, interpretamo-lo. Mas, ele distingue-se de todas as outras formações do inconsciente pela sua permanência. Há Leituras 8 Afreudite–Ano VII, 2011–n.º 13/14 pp.1-30 uma outra modalidade do ser. Para que haja sintoma no sentido freudiano é preciso, sem dúvida, que haja um sentido em jogo. É preciso que isso possa ser interpretado. É o que faz Freud diferenciando entre sintoma e inibição. A inibição é pura e simplesmente a limitação de uma função. Enquanto tal, uma inibição não tem um sentido de verdade. Para que haja sintoma é necessário que o fenômeno dure. Por exemplo, o sonho muda de estatuto quando se trata de um sonho repetitivo. Quando o sonho é repetitivo, implica um trauma. O ato falho quando se repete torna-se sintomático, pode, inclusive, invadir todo o comportamento. Nesse momento, damos-lhe o estatuto de sintoma. Nesse sentido, o sintoma é o que a psicanálise nos dá de mais real. É a propósito do sintoma que a questão de pensar a correlação, a conjunção do verdadeiro e do real torna-se ardente. Neste sentido, o sintoma é um Janus, tem duas caras, uma cara de verdade e uma cara de real. O que Freud descobriu e que foi sensacional no seu tempo é que um sintoma se interpreta como um sonho, se interpreta em função de um desejo e que ele é um efeito de verdade. Mas há, como sabem, um segundo tempo deste descobrimento, a persistência do sintoma depois da interpretação e o paradoxo que Freud descobriu. É, com efeito, um paradoxo que o sintoma seja pura e simplesmente um ser de linguagem. Quando temos que nos haver com seres de linguagem na análise, interpretamo-los, quer dizer, reduzimo-los. Reconduzimos os seres de linguagem a nada, reduzimo-los a coisa nenhuma. O paradoxo aqui é o do resto. Há um x que resta mais além da interpretação freudiana. Freud aproximou isso de distintas maneiras. Pôs em jogo a reação terapêutica negativa, a pulsão de morte e ampliou a perspetiva até dizer que o final da análise como tal deixa sempre subsistir o que chamava restos sintomáticos. Hoje, a nossa prática foi muito mais além do ponto Leituras 9 Afreudite–Ano VII, 2011–n.º 13/14 pp.1-30 freudiano, muito mais além do ponto em que, para Freud, a análise encontrava o seu fim. Justamente, era um fim do qual Freud dizia que há sempre um resto e, portanto, que é sempre preciso recomeçar a análise, após um curto tempo, pelo menos para o analista. Um curto tempo de pausa e logo a seguir recomeça-se. Era o ritmo stop and go, como se diz em francês agora. Mas esta não é nossa prática. A nossa prática vai mais além do que Freud considerava o final da análise; mesmo que se tenha de retomar a análise, a nossa prática vai além do ponto que Freud considerava como fim de análise. Na nossa prática assistimos à confrontação do sujeito com os restos sintomáticos. Passamos pelo momento de decifração da verdade do sintoma, mas chegamos aos restos sintomáticos e, aí, não dizemos stop. O analista não diz stop e o analisandonão diz stop. A análise, nesse período, passa pela confrontação direta do sujeito com aquilo que Freud chamava de restos sintomáticos e aos quais damos outro estatuto muito diferente. Com o nome restos sintomáticos, Freud chocou com o real do sintoma, com o que, no sintoma, estáfora dosentido. O gozo do ser falante Já no segundo capítulo de Inibição, sintoma e angústia, Freud caracterizava o sintoma a partir do que chamava a satisfação pulsional, «como signo e substituto (Anzeichen und Ersatz) da satisfação pulsional que não ocorreu»6. Ele explicava, no terceiro capítulo, a partir da neurose obsessiva e da paranoia, que o sintoma que se apresenta no princípio como um corpo estranho em relação ao eu, tenta cada vez mais fazer um com o eu, quer dizer, tende a incorporar-se ao eu. Ele via no sintoma o resultado do processo do 6Freud S.,Inhibition, symptôme et angoisse, 1926, Paris, PUF, 1986, p.7. Leituras 10

Description:
Na física matemática, que incorpora e que se sustenta das matemáticas, a .. pratique submergé par les créations, par les créatures de la parole.
See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.