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Pós-escrito sobre a industrialização europeia (O atraso econômico em perspectiva histórica) PDF

14 Pages·2015·13.682 MB·Portuguese
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Pós-escrito sobre a industrialização europeia O propósito das páginas que se seguem é oferecer um breve resu- mo das minhas ideias sobre a história industrial da Europa, apon- tar algumas incoerências, difíceis de evitar em pesquisas que se estendem por muitos anos e cujos resultados são publicados se- quencialmente, e, o que é mais importante, dizer algumas palavras sobre as limitações dessa abordagem e sobre o tipo de proposta capaz de ultrapassar essas limitações. Na origem dessa abordagem estão duas observações básicas, que podem ser formuladas da seguinte maneira: o mapa da Eu- ropa oitocentista exibia um quadro desigual com respeito ao grau de atraso econômico; mesmo assim, partindo de níveis muito di- ferentes de atraso, vários países iniciaram processos de industria- lização acelerada. Essas diferenças nos pontos de partida foram cruciais para a natureza do desenvolvimento posterior. Depen- dendo do grau de atraso econômico de um dado país, o curso e o caráter de sua industrialização tenderam a variar em aspectos im- portantes. Tais variações podem ser condensadas em seis breves proposições: 1. Quanto mais atrasada era a economia do país, maior foi a probabilidade de que sua industrialização começasse de for- ma descontínua, com uma grande arrancada súbita, e avançasse com uma taxa relativamente alta de aumento da produção ma- nufatureira.' 201 Alexander Gerschenkron | O atraso econômico em perspectiva histórica e outros ensaios 2. Quanto mais atrasada era a economia do país, mais pronun- ciada foi a ênfase de sua industrialização no grande porte das fá- brica s e empresas. 3. Quanto mais atrasada era a economia do país, maior foi a conc entração em bens de capital, em contraste com os bens de umo. cons 4. Quanto mais atrasada era a economia do país, mais forte foi a pressão sobre os níveis de consumo da população. 5. Quanto mais atrasada era a economia do país, maior foi o papel desempenhado por fatores institucionais especiais, destina- dos a aumentar o suprimento de capital para as indústrias nascen- tes e » além disso, a lhes fornecer orientação empresarial menos desc entralizada e mais informada; quanto mais atrasado era o país, mais acentuadas foram a coercitividade e a abrangência des- fatores. ses 6 - Quanto mais atrasado era o país, menor foi a probabilidade de que sua agricultura desempenhasse algum papel ativo, ofere- cen do às indústrias em crescimento as vantagens de um mercado em expansão que estivesse baseado na produtividade crescente do trabalho agrícola. Como foi dito no ensaio “Reflexões sobre o conceito de “pré- -requisitos' da industrialização moderna”, as diferenças nos níveis de avanço econômico entre os diversos países ou grupos de países europ eus, no século XIX, foram suficientemente grandes para per- mitir dispor esses países ou grupos de países em uma escala de graus crescentes de atraso, tornando operacionalmente útil esse conceito de atraso. Fazer dois cortes nessa escala gera três grupos de países, que podem ser brevemente descritos como avançados, moderadamente atrasados e muito atrasados. Considerando que algumas variações de nossas seis proposições também podem ser concebidas como descontínuas, em vez de contínuas, o padrão assume a forma de uma série de constructos de etapas. Esse resul- tado prevalece especialmente nos fatores citados na proposição 5, 202 Pós-escrito sobre a industrialização europeia na qual as diferenças quantitativas são associadas a variações qua- litativas, isto é, institucionais. Por exemplo, as relações que dizem respeito às fontes de suprimento de capital, conforme o esboçado em “O atraso econômico em perspectiva histórica”, podem ser ex- pressas da seguinte maneira: Etapas Área Área de Área de avançada atraso moderado extremo atraso I Fábricas Bancos Estado N Fábricas Bancos HI Fábricas Essa tentativa de ver o curso da industrialização como um pro- cesso esquemático, como que em etapas, difere essencialmente dos vários esforços de “criação de etapas” cuja característica comum é a suposição de que todas as economias, ao se deslocarem pelo tra- jeto do progresso econômico, passam pelas mesmas etapas indivi- duais. Nesse caso, a regularidade pode ser apresentada como uma “lei? inescapável do desenvolvimento econômico.? Como alterna- tiva, o elemento da necessidade pode ser disfarçado por observa- ções bem-intencionadas, mas bem pouco significativas, sobre as escolhas acessíveis à sociedade.” Todos esses esquemas são domi- nados pela ideia de uniformidade. Por isso Rostow esforçou-se em afirmar que o processo de industrialização se repete nos países, arrastando-se em ritmo pentâmetro. Esperava-se que a Rússia, como todos os demais países, acabasse sendo impelida pela “dinâ- mica dos Buddenbrook” para a quinta etapa, a de “consumo de massa” * Deixando de lado as alusões literárias equivocadas, em princípio não há nada de errado, em uma margem bastante am- pla, numa abordagem que se concentre nas semelhanças interes- paciais do desenvolvimento industrial. A existência dessas seme- lhanças é real.º Seu estudo gera simplicidades atraentes, mas o faz ao preço de descartar alguns fatos persistentes, que o historiador não pode desconhecer. Os que consideram que a essência da in- dustrialização é a criação de empresas manufaturciras fortes e in- Alexander GeGrersscc henkron | O atraso econôômmiic o em perspectiviva a histórica e outros ensaios daevenapcnceoçonnindtetredtraenaala rnt r te eqsus ti aqt iauis:s.a s ó n toe permnepa.c rieAessslaaaemss m aonclie hhma ar todndeaa f adsipaooa ad,argar o tnea olual — na aa a ttaataanabttbetrrelaolaaas a css aandadaíní stssesIirinpmigmoaloar a attoRe traU.rrs aa. sàsi ia a.R úsVissiStatad so se in palraetcuem ceto mi n al oAnlgeumm an—h aq uee * a ssããoM o emaa sa ndhimae ns“õ ePs rafácdei ae ms à Inglaterra. Essa posição nos impede de exami ' Pr di da história, ou seja, de perceber a industrialização : a O que é a história dos exemplos de industrialização na ar p Central sem o papel dos bancos nesse processo criada po trialização russa da década de 1890 sem o Ministério or ? ddaaoitj veuendEdrçasesãs-soaoness o n svd mfoo oéla rtvhaociimdmos oetmosnport rcioeao ddereorn drêad. fne ciriinnM adaasúsnos ,ct ipriairnmamoop.e bo nlrptetromae ans tedenocst r,eu ccircqaeoulsn etc eidxomdtseeo n,vt Peormé O -brisce neqdruuavismastrair rti oaos a econômica, a criação do chamado capit:o u ideológico na mudança des necessárias” » tudo isso são l“aSse qa uaciusi daesrs esd osP rféa-troerqeusi si“tsoisn guslãao reSsa”t Viaslfdoeocri ietaos ds eà ssf eeammvnú ovlrotcáliavvdpealli amseáa nro etfaooP ,rr dmoeagsrstTe iasnmpsae-o-- Vdcdáoiea| rsatE idesCaonss rsãt aeodssara c enhisoiPms soe tis ndóietr çoiõ aae X PsiPr nriodenuvssdãsusaotsiç rtvãiraoPaissa la,uvr.l iet,srsr e oe cmSroiusbaei alofn,sPtor reraogfmd creoueafrlnsinaaãgcstormrioe uês pn soVcoe dijidsasaCea t osa nasfiecá bnmcCedioopcilurn rtoscedotmdes raioiiazg t dereeurai a mlPaii rPiazsersda éciçe e-ãonu rodnsee.eif dq mifiucpeaçL aiírezõsreeeviseinses--s,-ia 204 Pós-escrito sobre a industrialização europeia tos de modo que ele pudesse se enquadrar na abordagem geral que tem por premissa a ideia de atraso relativo. Temo que, na mi- nha obra, essa seja a área mais sujeita à acusação de incoerência. Para citar um exemplo, fiz várias vezes a afirmação (em “O atraso econômico em perspectiva histórica”, em “Rússia: padrões e pro- blemas do desenvolvimento econômico, 1861-1958” e em “O de- senvolvimento econômico na história intelectual russa do século XIX?) de que abolir a servidão na Rússia era um pré-requisito ne- cessário ou até absoluto para a industrialização.” O que eu preten- dia dizer é que a emancipação dos camponeses russos, na década de 1860, deu uma contribuição material para o processo subse- quente de industrialização. Isso não está errado, mas deveria ter sido possível expressar a mesma ideia sem mobilizar termos gran- diloquentes e sem sentido. Deveria haver uma multa para o uso de palavras como “necessário” ou “necessidade” em textos de história. Ao examinarmos mais de perto o conceito de necessidade, tal como ligado aos pré-requisitos do desenvolvimento industrial, torna-se claro que é desprovido de sentido ou tende a ser tautoló- gico: a industrialização é definida em termos de certas condições que, em seguida, por uma virada imperceptível do pulso do autor, metamorfoseiam-se em precondições históricas. O recurso a tautologias e manipulações hábeis decorre de difi- culdades empíricas muito reais, ou pelo menos tem servido para disfarçá-las. Depois de nos convencermos de que, na Inglaterra, era sensato considerar que certos fatores haviam condicionado previamente a industrialização do país, a tendência foi e continua a ser elevá-los à categoria de pré-requisitos presentes em todos os processos de industrialização europeus. Infelizmente, essa tentati- Ya era incompatível com duas observações empíricas: (1) alguns fatores que tinham servido de pré-requisitos na Inglaterra não estiveram presentes em países menos avançados ou, quando mui- to, estiveram presentes em medida muito pequena; (2) nesses paí- Ses, apesar da ausência de tais pré-requisitos, ocorreram grandes arrancadas de desenvolvimento industrial. RR. Alexander Gerschen kron | O atraso eco nômico em perspectiva histórica e outros ensaios Quando t1aa0iis s coobssteurmvaeç õedes fnaãzeor , sãeol as igonroireandtasa m nea m pedseqsuciasrat adpaasr,a como se tem ousm ap aínsoevs a aqtureasstaãdco s»: dseu bqsutei tu maírnaemi rao s e prcéo-mr eqou iussiot odse fqaulatiasn terse?c urEssotsa pergucno ta o crucial, na qual se baseou “Reflexões sobre o conceito de “préõ- requisitos” da industrialização moderna”, gerou respostas im- portantes. Por um lado, parece que alguns dos supostos pré-requi- sitos não foram necessários em processos de industrialização que ocorreram em condições diferentes. Por outro, uma vez formula- da a pergunta, tornaram-se visíveis séries inteiras de variadas al- ternativas que puderam ser organizadas num padrão significativo, conforme o grau de atraso econômico. Voltando mais uma vez ao exemplo da tabela anterior, é fácil conceber que o capital for- necido às primeiras fábricas, nos países avançados, proveio da ri- queza previamente acumulada ou da reaplicação paulatina dos lucros; ao mesmo tempo, a ação dos bancos e do governo nos paí- ses menos avançados representou um conjunto de tentativas bem- -sucedidas de criar, no curso da industrialização, condições não criadas nos períodos “pré-industriais”, exatamente em decorrência do atraso econômico das áreas em questão. “Reflexões sobre o conceito de “pré-requisitos” da industrializa- ção moderna” mostrou que a oferta de capital é apenas um dos casos de substituição de pré-requisitos faltantes. Ao examinarmos os vários padrões de substituição nos diferentes países, levando em conta os efeitos da diminuição paulatina do atraso, ficamos tentados a formular mais uma proposição geral. Quanto mais atrasado era o país às vésperas de seu grande surto de desenvolvi- mento industrial, maior foi a probabilidade de que os processos de industrialização exibissem um quadro rico e complexo, propician- do um curioso contraste com sua própria história pré-industrial, que, não raro, foi relativamente estéril. Nos países avançados, ao contrário, a riqueza da história econômica nos períodos pré-in- dustriais possibilitou um curso relativamente simples e direto de sua história industrial moderna. 206 Pós-escrito sobre a industrialização europeia Portanto, o conceito de pré-requisitos deve ser visto como par- te integrante da abordagem geral da história industrial da Europa, tal como eu a vejo. Ao mesmo tempo, é importante ter em mente a natureza heurística do conceito. Não pretendo sugerir que os países atrasados tenham praticado atos deliberados de “substi- tuição” de algo que se evidenciara em países mais avançados. Nos países menos desenvolvidos, é possível que os homens te- nham simplesmente tateado e descoberto soluções compatíveis com as condições de atraso existentes. Seria possível iniciar o es- tudo dos processos de industrialização europeus pelo leste do continente, em vez do oeste, e ver certos elementos da história industrial inglesa como substitutos do modo alemão ou russo de agir. Não seria uma forma muito boa de proceder, pois ignora- ria a cronologia e seria flagrantemente artificial. Mas também há certo artificialismo intrínseco na abordagem inversa: é arbitrário escolher a Inglaterra como sede dos pré-requisitos. Mas essa é a arbitrariedade do processo de conhecimento, que deve ser julgada por seus frutos. A principal vantagem de ver a história europeia a partir de pa- drões regidos pelo grau vigente — e mutável — de atraso reside, paradoxalmente, na oferta de um conjunto de previsibilidades, ao mesmo tempo que isso impõe limitações à nossa capacidade pre- ditiva. Prever não é profetizar. Na pesquisa histórica, prever signi- fica examinar perguntas inteligentes, isto é, suficientemente espe- cíficas, na medida em que se abordam novos materiais. Quando realizei um estudo do desenvolvimento industrial italiano, minha pesquisa foi predominantemente orientada pela expectativa de encontrar bancos de investimento que desempe- nhassem um papel central no processo. Esse padrão de substitui- ção pôde ser “previsto” com base em estudos anteriores do cresci- mento industrial de outros países da Europa Central, sobretudo a Alemanha. Essa previsão foi corroborada pelo estudo do material disponível nos arquivos. Caberia assinalar que nem a literatura da época nem a bibliografia recente sobre o crescimento industrial TT — » Alexander Gerschenkron | O atraso econômico em perspectiva histórica e outros ensaios italiano antes da Primeira Guerra Mundial avaliaram adequada- mente a contribuição dos bancos à industrialização. Como mostra o exemplo italiano, padrões de substituição des- sa natureza podem espalhar-se de um país para outro de maneira deliberada. Mas também é verdade que o conceito de substituição tem por premissa a atividade criativa inovadora, ou seja, algo que é intrinsecamente imprevisível a partir do nosso aparato normal de pesquisa. Isso deve levantar o importante problema dos limites a que está sujeita a presente abordagem. Mas há outras razões. As hipóteses históricas não são proposições gerais ou univer- sais. Não podem ser refutadas por uma única exceção. Testá-las significa, sobretudo, tentar descobrir os limites do contexto em que elas parecem ser razoavelmente válidas. Quando a pesquisa esbarra nesses limites e os desvios das expectativas tornam-se sig- nificativos, há duas maneiras de enfrentar a situação: ou a hipóte- se é descartada — não necessariamente como “errada”, mas como tendo esgotado seu valor explicativo — ou os desvios são sistema- tizados e incorporados à hipótese, enriquecendo-a e estimulando novas pesquisas. À hipótese desenvolvida pode vir a se distanciar muito de sua origem. Em certo sentido, a abordagem geral, aqui apresentada, pode ser vista como uma tentativa de sistematizar os desvios do paradigma inglês, tendo no grau de atraso um conceito organizador. Mas também essa abordagem pode e deve ser levada até os limites de sua aplicabilidade. O exame de certo conjunto de dados pode concorrer com a abordagem histórica. Em vários ensaios meus, o atraso da econo- mia russa teria determinado os elementos específicos da grande arrancada industrial desse país na década de 1890. Afirmei, por exemplo, que os russos deram preferência aos bens de capital, em vez dos bens de consumo, por causa da importância da tecnologia que os países muito atrasados podem tomar emprestada, aliada à circunstância acidental de que o progresso tecnológico do período imediatamente anterior tinha sido maior na produção de bens de capital." Essa assimetria da estrutura industrial, natural em con- 208 Pós-escrito sobre a industrialização europeia dições de atraso, teria sido apenas acentuada pelas medidas políti. cas do governo russo. É possível, contudo, fazer uma abordagem primordialmente política da história industrial do período, considerando que a ên- fase nos bens de capital decorreu das necessidades militares ime- diatas do governo. Tal abordagem, que tem longos antecedentes históricos, permitiria considerável elaboração. Porém, depois de examinar a evolução industrial da Rússia não apenas na década de 1890, mas também nos anos que antecederam a eclosão da Primeira Guerra Mundial, apareceram razões muito consistentes para considerar esse país como integrante de um padrão europeu de desenvolvimento industrial. Julguei que a abordagem geral, tal como apresentada aqui, oferecia uma explicação mais completa e mais plausível do desenvolvimento total. Persiste o fato de que alguns aspectos desse desenvolvimento — como certas fases da construção de ferrovias, algumas técnicas de administração tribu- tária ou decisões governamentais com respeito às comunas rurais — seriam explicados de maneira mais natural em termos de um conjunto de hipóteses políticas, em vez de econômicas.!? Esta deve ser considerada uma limitação do esquema explicativo principal. Outras limitações foram mencionadas em diferentes ensaios. A presente abordagem versa sobre o desenvolvimento industrial da Europa. Mas há limitações geográficas dentro da Europa. Ao longo de todo o texto, usei países individualizados como unidades de observação. Mas isto não quer dizer que o desenvolvimento industrial de qualquer área europeia atrasada que se organize como um Estado venha a se conformar às expectativas expostas nas páginas anteriores. À economia de uma pequena nação sobe- rana pode estar entrelaçada com a de um país mais avançado a ponto de, na prática, se tornar parte integrante desta última. Assim, sua evolução econômica pode ocorrer sem qualquer des- continuidade grave, pois o caráter paulatino de seu crescimento industrial espelha o curso dos acontecimentos no país maior. Na ausência de algo que se assemelhe a uma grande arrancada, os 209 Alexander Gerschenkron | O atraso econômico em perspectiva histórica e Outros ensaios outros elementos específicos dos processos de industrialização em condições de atraso também tendem a estar ausentes, Parece ser esse o caso da Dinamarca, tal como mencionado em “O atraso econômico em perspectiva histórica”, O caso da industrialização búlgara merece ser mencionado neste contexto, pois ilustra bem o fato de que a presente aborda- gem não foi concebida para prever a ocorrência de um grande surto de industrialização. A previsão — no sentido técnico do ter- mo — possível está fadada a ser condicional. Se a Bulgária tivesse passado por uma arrancada de desenvolvimento industrial, seria natural buscar certos traços desta, inclusive alguns padrões de substituição. Como a grande arrancada não se deu, tudo que nos- sa abordagem pode fazer é atribuir essa falha à incapacidade ou à falta de disposição do governo para descobrir e usar o padrão de substituição apropriado. No caso da Bulgária, é plausível que o padrão tenha consistido num esforço concentrado simultâneo dos bancos e do governo. É útil sermos guiados para esses problemas e formularmos algumas dessas suposições. No entanto, o valor principal da experiência búlgara está no fato de ela sugerir forte- mente a ideia de uma oportunidade perdida. Este parece ser o as- pecto mais importante do problema das limitações. Em “O atraso econômico em perspectiva histórica”, o período que antecedeu a grande arrancada nos países atrasados foi descri- to a partir de uma crescente tensão entre a situação econômica vigente e a promessa oferecida pelo rápido desenvolvimento in- dustrial. Essa acumulação de energias potenciais? não foi vista como um processo gradual. Alguns acontecimentos políticos sig- nificativos — como a unificação nacional, ou reformas judiciais ou administrativas completas — puderam multiplicar repentina- mente as oportunidades existentes! e, em certas ocasiões, desen- cadear a grande arrancada. Ao mesmo tempo, o fluxo do progres- so tecnológico dos países mais avançados continuou a enriquecer O reservatório a que os países atrasados podiam recorrer em sua busca de equipamento técnico e conhecimento. Em seus emprés- 210 o A

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