Português se aprende cantando Copyrigth @ 2005 Darcilia Simões Darcilia Simões, Publicações Dialogarts (http://www.darcilia.simoes.com) Luiz Karol & Any Cristina Salomão (orgs.) Coordenadora/autora do volume: Darcilia Simões – [email protected] Co-coordenador do projeto: Flavio García – [email protected] PORTUGUÊS SE APRENDE Coordenador de divulgação: Cláudio Cezar Henriques: [email protected] CANTANDO Diagramação e Revisão: Darcilia Simões – [email protected] Logotipo: Rogério Coutinho Centro de Educação e Humanidades Faculdade de Formação de Professores – DELE Instituto de Letras – LIPO UERJ- DEPEXT – SR3 - Publicações Dialogarts 2007 2007 2 Darcilia Simões, Luiz Karol e Any Cristina Salomão (orgs.) Português se aprende cantando FICHA CATALOGRÁFICA EQUIPES DE PESQUISA DO PROJETO “A MÚSICA E O S407 Português se aprende cantando. Estratégias para o ENSINO ensino da língua nacional. Darcilia Simões, Luiz Karol & Any Cristina Salomão. DE LÍNGUA PORTUGUESA” (2004-2007): (orgs.) Rio de Janeiro: Dialogarts, 2007. p. 325 Publicações Dialogarts Bibliografia. PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA Natália Rocha Correia (UERJ/FAPERJ) ISBN 978-85-86837-29-6 Thaís de Araújo da Costa (FAPERJ) 1. Língua portuguesa. 2. Gramática. 3. Ensino. 4. Manuela Trindade Oiticica (Voluntária) Semiótica. Marilza Maia de Souza (Voluntária) I. Simões, Darcilia - II. Luiz Karol – III – Any Cristina Guilherme da Rocha Basílio (Voluntário) Salomão MESTRES E DOUTORANDOS – I - Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Adriane Gomes Farah II - Departamento de Extensão. III. Título. Claudia Moura da Rocha CDD.410.415 Ione Moura Moreira Lúcia Deborah A. de Salles Cunha Marcelo Beauclair Maria Noêmi Freire da Costa Freitas Correspondências para: UERJ/IL - a/c Darcilia Simões R. São Francisco Xavier, 524 sala 11.139-F Maracanã - Rio de Janeiro: CEP 20 569-900 Contatos: [email protected] [email protected] [email protected] URL: http://www.dialogarts.uerj.br 3 4 Darcilia Simões, Luiz Karol e Any Cristina Salomão (orgs.) Português se aprende cantando não fazê-lo? Assim sendo, agradecemos à equipe de Iniciação Científica – bolsistas e voluntários - Natália Rocha Correia, Thaís de Araújo da Costa, Manuela Trindade Oiticica, Marilza Maia de Souza e Guilherme da Rocha Basílio, que propiciaram estudos compartilhados de grande valia para todos AGRADECIMENTOS nós, ao mergulharem na tarefa de selecionar letras-de-música e discutir-lhes a estruturação verbal. Agradecemos aos alunos da turma de Mestrado 2004-1 - Esta é a sessão mais importante dessa obra e de qualquer obra. Adriane Gomes Farah É indispenssável agradecer a Deus por nos dar vida e Claudia Moura da Rocha, Ione Moura Moreira, Lúcia Deborah inteligência A. de Salles Cunha1 para que produzamos tudo o que necessitamos para nosso Marcelo Beauclair2 e Maria Noêmi Freire da Costa Freitas pela conforto ousadia espiritual e material. das incursões semióticas em suas análise, desafiando uma No plano das realizações intelectuais, é o espírito que discussão enriquece. que era alvo de desconfiança de muitos, por força da novidade Muito mais rico se torna o espírito quando tem a oportunidade da abordagem. de reunir-se com outros tantos na busca do aperfeiçoamento Aos parceiros Luiz Karol e Any Cristina Salomão que vêm nos sociocultural. acompanhando Impõem-se então outros agradeimentos. na trajetória de exploração das letras-de-música desde a À equipe de trabalho que tornou possível a existência desse produção de “Língua e estilo de Elomar”. livro. A todos, Muito Obrigada! Equipe complexa, contudo, única nos seus propósitos de contribuir para a Rio de Janeiro, dezembro 2007 subárea língua portuguesa, oferecendo caminhos outros para a Darcilia Simões produção www.darcilia.simoes.com de aulas proficientes porque dinâmicas e agradáveis. Há quem diga que aprender demanda sofrimento, mas se é possível amenizar o sofrimento na direção da aprendizagem, por que 1 Doutoranda da turma 2006. 2 Doutorando da turma 2006. 5 6 Darcilia Simões, Luiz Karol e Any Cristina Salomão (orgs.) Português se aprende cantando NO ACASO DA CANÇÃO, ENSINA-SE A LÍNGUA caminhos pode ser: Português se aprende cantando – como (À guisa de Prefácio) tão bem Geraldo Vandré nos ensinou: “Caminhando e Cantando e seguindo a canção / Somos todos iguais braços dados ou não / Nas escolas, nas ruas, campos, construções / A música transcende os espaços espirituais e materializados da Caminhando e Cantando e seguindo a canção (...) / humanidade. A música está em todos os seres desde os Caminhando e cantando e seguindo a canção / Aprendendo e primórdios da existência da vida. A canção surge nas ondas do ensinando uma nova lição” mar, nos gemidos das folhas e das pedras através dos ventos, nas chuvas batendo nos telhados e janelas. A música, o canto, Profa. Dra. Maria Suzett Biembengut Santade as vozes e os sons suscitam desde o bailar da vida no útero Pós-Doutora em Letras pela UERJ-Rio de Janeiro/Brasil materno até o instante da travessia final de nossa existência. A Professora Titular e Coordenadora do Curso de Letras na Graduação & Pós-Graduação FIMI/Mogi Guaçu/SP/Brasil canção nina a criança, alivia a dor do doente, ameniza a perda Professora Titular da FMPFM/Mogi Guaçu/SP/Brasil de alguém querido, alegra a estrada da sobrevivência das Professora Colaboradora na UERJ-Rio de Janeiro/Brasil pessoas... A canção está ‘no acaso’, ‘na primeiridade’, segundo Pesquisadora do GrPesq (SELEPROT) Semiótica, Leitura e Produção de a teoria semiótica de Peirce. Ela existe. Textos Quando se consegue cercar a música com palavras que ecoam o pensar do cantante, aí ela [a canção] descreve a cultura, o social, a crença, a paisagem, retratando cada ser em linguagem personificada. O livro Português se aprende cantando traz uma metodologia corajosa que já vem sendo aplicada em sala de aula por inquietos educadores. Profa. Dra. Darcilia Simões e seu grupo de pesquisadores têm levado as vozes dessa metodologia a eventos nacionais e internacionais através de trabalhos acadêmicos. Também é pertinente assinalar que tais trabalhos são gritos de rebeldia contra o ensino apagado e desanimador nas escolas do país. Ensinar a língua através da canção é explorar os sons da palavra na melodia dos fonemas, morfemas, lexemas, enfim, das vozes da língua e da linguagem. Parafraseando Ítalo Calvino, a leveza é uma das propostas para o ensino da língua – ensinar não significa repetir o que está pronto, mas criar possibilidades de compreender, desempenhar e avançar no processo da linguagem. A criatividade está na leveza das nossas ações didático-metodológicas e, assim, um desses 7 8 Darcilia Simões, Luiz Karol e Any Cristina Salomão (orgs.) Português se aprende cantando trazendo assim um estilo assemelhado ao das crônicas. Usamos esse argumento na mão contrária, apresentando-o como defesa do enquadramento das letras-de-música como gênero literário, com as mesmas ressalvas que se faz a certas crônicas que se prendem a fatos tão específicos que acabam por situar-se no rol dos textos jornalísticos. Os textos corpus – selecionados a partir do critério de representação da variedade lingüística – foram explorados nos seguintes planos: fonológico, morfológico, morfossintático, sintático, semântico e estilístico. Além desse enfoque APRESENTAÇÃO gramatical e estilístico, em alguns itens, foram feitas breves incursões semióticas respondendo a provocações dos próprios textos. É com grande satisfação que apresentamos aos docentes de Por conta do nível de exploração dos conteúdos textuais, nosso língua portuguesa o produto do projeto A música e o ensino de livro se dividiu em duas partes. língua portuguesa. Este foi desenvolvido no período de 2004 a A primeira parte do livro traz aos leitores letras-de-música 2007, estando nos dois últimos anos (ago-05 a ago-07) inserido distribuídas em sete planos de análise, quais sejam: fonológico, no Programa de Iniciação Científica – UERJ/FAPERJ. lexical, morfológico, morfossintático, sintático, semântico e Inicialmente, o projeto A música e o ensino de língua estilístico. Os aspectos gramaticais e estilísticos foram portuguesa pretendia deixar como legado um livro didático explorados sob o prisma funcional, propiciando uma visão para o Ensino Básico. Contudo, a equipe de pesquisa de mais objetiva e significativa dos fatos lingüísticos, observados Iniciação Cientfica entrou a preparar um material com uma em seu caráter ideacional, interacional e textual. qualidade que não se ajustava àquele nível de ensino. Assim O componente semiótico foi subsidiário das análises de cunho sendo, ao invés de propor uma filtragem na discussão semântico-estilístico que vez ou outra se impunham. gramatical das letras corpus, optamos por redefinir a meta do A segunda parte deste livro apresenta alguns estudos avançados material em elaboração, destinando-o não mais aos discentes, com letras-de-música que podem servir de sugestão para mas aos docentes, com vistas a oferecer-lhes estudos trabalhos de conclusão de curso ou mesmo como paradigmas gramaticais em textos do gênero letra-de-música. para planejamento de aulas no terceiro grau. Logo de início, é importante esclarecer que estamos inserindo Independentemente do grau de ensino, urge inserir de uma vez as letras de música nos estudos dos gêneros textuais – veículos por todas os componentes pragmático e variacionista, uma vez de comunicação que circulam na sociedade – uma vez que tais que se quer um estudo contextualizado pelos problemas textos constituem uma modalidade específica. Debate-se a cotidianos de comunicação. Assim sendo, as incursões inserção ou não das letras-de-música no rol dos textos semióticas vêm trazer à tona dados de natureza pragmática literários. Mas há opiniões contrárias baseadas no fato de (emergentes da natureza interacional dos enunciados) que não número relevante de letras tratarem de questões cotidianas, 9 10 Darcilia Simões, Luiz Karol e Any Cristina Salomão (orgs.) Português se aprende cantando podem ficar de fora de qualquer estudo textual mais ÍNDICE aprofundado. NO ACASO DA CANÇÃO, ENSINA-SE A LÍNGUA 7 Por isso, aparecem letras-de-música bastante diversificadas quanto ao uso lingüístico, com vistas a propiciar não só o (À guisa de Prefácio) 7 contraste entre estruturas comunicativas semanticamente correspondentes apesar de estruturalmente distintas, mas Por que ensinar português com música? 17 também a observação do tipo de sujeito sociocultural que se manifesta em tais textos, numa leitura semiótica dos cenários, Sons: nas palavras e nas músicas 22 dos contextos. A obra está aí, à disposição dos leitores. Extra, Extra! Uma abordagem fonológica que ultrapassa os A equipe de produção se põe ao dispor para futuras conversas. muros da semântica. 28 Boa leitura. Rio da Janeiro, 26 de novembro de 2007. Só o ôme – Uma abordagem léxico-fonética e semiótico- Darcilia M. P. Simões estílística. 32 Coordª do Curso de Doutorado em Língua Portuguesa - UERJ Representante Nacional na Federação Latino Americana de Semiótica – FELS Membro da Diretoria da Associação Internacional de Lingüística do Português - Só o ôme 32 AILP Líder do GrPesq Semiótica, Leitura e Produção de Textos – SELEPROT – CNPq Coordª do Projeto de Extensão Publicações Dialogarts -UERJ Sodade, meu bem, sodade: língua e cultura na letra de www.darcilia.simoes.com & www.dialogarts.uerj.br música 36 Ai, palavras! Ai, palavras! Que estranha potência a vossa! 42 Morfologia em “A novidade“ e “Nega do cabelo duro“ 50 A Novidade 58 A cura 66 Verbo – tempo e posição 66 Funções e valores: a Morfossintaxe. 74 Timoneiro 77 11 12 Darcilia Simões, Luiz Karol e Any Cristina Salomão (orgs.) Português se aprende cantando Além do espelho 88 Somos nós 184 Mais uma vez o “que” 99 Somos nós 184 Mais Uma Vez 99 Suburbano coração 188 Faz parte do nosso show: reflexões sobre o emprego dos Linha de Passe 194 pronomes oblíquos no Brasil 104 Madame Roquefort também tem approach 202 Quando o sol se for 118 Vozes em Monte Castelo 207 O quebra-cabeça das formas e funções 128 Outros Estudos 212 A sorte é cega 132 Um estudo semiótico da língua portuguesa a partir de letras Estudando a formação dos significados e sentidos... 140 de Zeca Baleiro 213 Lenda das sereias - Estudos Semânticos 144 Lenha 217 Lavadeira do Rio 150 O parque de Juraci 219 Metáfora: o que se diz, o que se entende 155 Maldição 222 Agora ou nunca: estudos semânticos, produção de textos e O hacker 224 leitura 162 Heavy Metal do Senhor 225 Quereres: o que quer, o que pode essa língua! 168 A música na sala de aula: um espelho da língua 229 O texto e as Individualidades 177 Tempo de Dondon 238 Chão de estrelas 179 Festa de Arromba 240 Noite cheia de estrelas 181 Malandragem dá um tempo 241 13 14 Darcilia Simões, Luiz Karol e Any Cristina Salomão (orgs.) Português se aprende cantando Inútil 242 A versatilidade lingüística de Aldir Blanc* 309 Asa Branca 243 O Ronco da cuíca 318 Cuitelinho 243 Carta de pedra 323 Tão Seu 244 Rosa 245 Samba do Approach 246 Arerê 247 O mundo é um moinho 248 As Rosas não Falam 248 Maria-fumaça – o Brasil de Kleiton e Kledir 251 Maria Fumaça 252 Ensino de língua materna: a música como elemento de interação e de apredizagem 260 Bola de Meia Bola de Gude 262 Música e língua portuguesa: uma parceria de sucesso 278 Deserança 285 Corban, de Elomar: uma toada entre a morte e a vida 292 Corban 294 15 16 Darcilia Simões, Luiz Karol e Any Cristina Salomão (orgs.) Português se aprende cantando POR QUE ENSINAR PORTUGUÊS COM MÚSICA? éticos que inspiram a Constituição e a LDB, organizados sob três consignas: sensibilidade, igualdade e identidade. Aqui começam a surgir os ingredientes que consubstanciam nosso A aprendizagem significativa é o mecanismo projeto metodológico. humano, por excelência, para adquirir e armazenar a vasta quantidade de idéias e informações Toma vulto um entendimento equivocado acerca do ensino da representadas em qualquer campo do conhecimento. Língua Portuguesa no Brasil a partir da difusão técnico- (Ausubel, 1963: 58) científico-política da variação lingüística. Apoiados na idéia de que aceitar a fala original é respeitar o sujeito falante, a escola acabou se desviando de seu compromisso com o ensino da Considerações iniciais língua padrão, a dos documentos, a língua em seu uso formal. As práticas didáticas vêm sendo permeadas por múltiplos A fala docente, contaminada pelo não-entendimento adequado problemas de natureza política, social, ética, religiosa, etc. da corrente político-didática de respeito às individualidades Contudo, participo de um grupo de estudiosos que acreditam (entre outras causas), em geral confunde-se com a fala original que a melhoria da qualidade das relações humanas – dentro e dos alunos e, por conseguinte, não acrescenta dados novos ao fora da escola – está intimamente ligada ao desenvolvimento saber lingüístico dos discentes. Aqui se conecta a epígrafe da capacidade de intercomunicação. Esta, por sua vez, extraída de Ausubel que focaliza a aprendizagem significativa sobretudo nos espaços urbanos, implica o domínio de como mecanismo humano de apreensão de dados. Isso se linguagens e códigos complexos que instrumentalizam a leitura associa à concepção de Novak (1996) de que a aprendizagem e a produção textual. A despeito disso e salvo exceções, há um significativa subjaz à integração construtiva entre pensamento, visível e crescente desinteresse pelas aulas de linguagem, sentimento e ação. Logo, parece-nos que o que está faltando na especialmente pelas de língua materna. reorganização didática de nossas aulas é a percepção de um novo contexto, do qual resultam novas expectativas, novos A curiosidade é motor da ciência, e a instrução escolar tem de interesses. Convém lembrar que o corpo discente de hoje difere se assentar no desejo de saber. Portanto, é preciso gerar um radicalmente daquele da década de 1950, pois enquanto o ambiente propício para o ensino-aprendizagem. A estimulação daquela época se compunha de crianças de classe média da curiosidade é condição indispensável para o êxito de urbana, com acesso a um letramento prévio; o de hoje qualquer processo, sobretudo no âmbito didático-pedagógico. compõem-se de crianças oriundas de segmentos mais pobres da periferia, com mais acesso às atuais tecnologias sofisticadas de Ainda na esteira do estímulo à curiosidade e à busca do comunicação que a um letramento suficiente para fazer face conhecimento, observem-se as bases legais dos Parâmetros àquela educação tradicional. Assim sendo, o aluno Curriculares Nacionais — PCN (Parecer CEB/CNE nº. 15/98) — contemporâneo não mais aceita uma aprendizagem imposta, que preconizam a formulação e implementação de políticas que sem conexão com seus interesses imediatos. Nessas deverão ser coerentes com os valores estéticos, políticos e considerações baseia-se a nossa proposta de aproveitamento 17 18 Darcilia Simões, Luiz Karol e Any Cristina Salomão (orgs.) Português se aprende cantando didático-lingüístico de letras de música brasileira como texto tanto transitam entre os diversos componentes da pluralidade produtivo na aquisição das estruturas do português em da expressão verbal nacional quanto a documentam – perspectiva sincrônica, sem deixar, contudo de estimular a instrumentalizar os falantes para a identificação de cada curiosidade pelos fatos históricos que envolvem o variedade ao mesmo tempo em que os apetrecharia para o uso conhecimento lingüístico. padrão, formal ou informal, com vistas a realizar de fato o que tem servido apenas como bordão político: inclusão social. Convém esclarecer que ao apontar o estudo da variação como problema na resposta didática não significa que adotemos outra Pensando os conteúdos perspectiva senão a variacionista. Muito pelo contrário, pretendemos por meio de nosso projeto (PIBIC-UERJ- Com base na perspectiva variacionista que subjaz à escolha da FAPERJ/2005-2007) A Música e o Ensino da Língua letra de música como corpus de trabalho nas aulas de Portuguesa subsidiar uma prática didática intimamente ligada à português, buscou-se, no projeto de pesquisa de Iniciação variação lingüística, sobretudo com vistas a contemplar os usos Cientifica A Música e o Ensino da Língua Portuguesa, que caracterizam a variada clientela escolar, muito produzir um material de apoio didático-pedagógico que especialmente levando em conta da migração interna em busca auxiliasse um planejamento de ensino significativo da Língua de melhores condições de vida. Cabe lembrar igualmente que, Portuguesa. Entendemos que o aluno só aprende o que lhe muitas vezes, o desvio, acima aludido, do compromisso da interessa, o que faz sentido para sua vida. Logo, trazer as letras escola com o ensino da língua padrão, dá-se mais pelo de música para as aulas e nelas explorar a estruturação desconhecimento ou interpretação errônea do que sejam as lingüística, identificar a variedade dos usos, apreender o correntes e perspectivas variacionistas que por problemas conteúdo extralingüístico ou enciclopédico nelas contido, em inerentes às teorias dessas escolas. Assim sendo, não diálogo com a contemporaneidade, mostrou-se estratégia de poderíamos propor um trabalho com a língua nacional que alta produtividade em nossas experiências diretas com alunos. abstraísse a variação. Por intermédio do Programa SBPC vai à escola, pudemos Considerando que o ensino da língua é base da formação apresentar e experimentar nossa proposta em 14 unidades humana e que o ser humano é um ser político, seria uma escolares (federais, estaduais, municipais e particular) nas sandice propor trabalhos didáticos e pedagógicos que não seguintes cidades: Armação dos Búzios (1), Belford Roxo (1), levassem em conta a pluralidade do povo brasileiro e sua Cabo Frio (2), Itaguaí (2), Miguel Pereira (1), Niterói (2), Nova manifestação na comunicação lingüística. Além disso, se se Iguaçu (1), Rio de Janeiro (2), São João de Meriti (1), Valença quer uma escola para todos é preciso reconhecer a variedade (1). Buscamos explorar todos os níveis da análise lingüística – lingüística brasileira e, a partir dela, buscar difundir o uso fonologia, morfologia, sintaxe, semântica, estilística – além de padrão que deveria funcionar como traço-de-união entre todos fazermos breves incursões semióticas para a construção do os brasileiros. diálogo ente o verbal e o não-verbal. Nas intervenções semióticas, procuramos situar os usos lingüísticos como Dessa forma, pretendemos, por meio das letras de música – que 19 20
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