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Por uma Educação Romântica PDF

103 Pages·2012·12.875 MB·Portuguese
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RUBEM ALVES POR UMA EDUCAÇÃO ROMÂNTICA •• • - --~-. -------~~ --~ PAPIRUS EDITORA Capa: Fernando Cornacchia Foto de capa: Rennato Testa Diagramação (9ª ed.): DPG Editora Copidesque: Lucia Helena Lahoz Morelli Revisão: Antônio Carlos Ramos da Silva Jr. e Maria Lúcia A. Maier Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Cãmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Alves, Rubem, 1933- Por uma educação romântica/Rubem Alves. - 9ª ed. - Campinas, SP: Papirus, 2012. ISBN 978-85-308-0671-2 1 . Crônicas brasileiras 2. Educação 3. Educação-Finalidades e objetivos. I. Título. 12-10416 CDD-370 Índice para catálogo sistemático: 1 . Educação: Textos: Coletâneas 370 Exceto no caso de citações, a grafia deste livro está atualizada segundo o l.l:::'. Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa adotado no Brasil a partir de 2009. 2~ Reimpressão 2014 Proibida a reprodução total ou parcial da obra de acordo com a lei 9.610/98. Editora afiliada á Associação Brasileira dos Direitos Reprográficos (ABDR). Para as crianças da Escola da Ponte que DIREITOS RESERVADOS PARA A LÍNGUA PORTUGUESA: me abriram os olhos e me fizeram pensar © M.R. Cornacchia Livraria e Editora Lida. - Papirus Editora R. Dr. Gabriel Penteado, 253-CEP 13041-305-Vila João Jorge Fone/fax: (19) 3272-4500-Campinas-São Paulo-Brasil pensamentos novos ... E-mail:· [email protected] www.papirus.com.br SUMÁRIO OS QUE ESTÃO LONGE VEEl\1 l\IEUIOR DO QUE OS QUE ESTÃO PERTO ........................................ 9 APH.ESENTAÇAO A EDIÇÃO PORTUGUESA ........ 13 Ademar Ferreira dos Santos GAIOLAS OU ASAS? ............................................................ 29 O OLIT AR DO PROFESSOR ................................................ 33 O Pl{AZER DA LEITURA ..................................................... 39 DÍC-;RAFO ............................................................................. 45 SOBRE DICIONÁRIOS E NECROTÉRIOS ........................... 51 SOBRE A FUNÇÃO CULTURAL DAS PIUVADAS ............... S7 ANil\IAIS DE CORPO MOLE ............................................... 63 SOB!{ E MOLUSCOS, CONCHAS E BELEZA ....................... 71 PH.IMEIRA LIÇÃO PARA OS EDUCADORES ...................... 75 A CASA- A ESCOLA ........................................................... ~! CASAS QUE EJVIBURRECEM ............................................... ~7 O IPÊ E A ESCOLA .............................................................. 93 PICOLÉPOLIS ....................................................................... 99 O CANTO DO GALO ......................................................... 103 CARO PROFESSOR ............................................................ 109 VOLTANDO A SER CRIANÇA ........................................... 115 UM DISCRETO BATER DE ASAS DE ANJOS ................... 121 OS QUE ESTÃO LONGE VEEM MELHOR DO QUE OS "QUE VONTADE DE CHORAR ... ·' ..................................... 129 QUE ESTÃO PERTO ... "O SENHOR COMPRA UM SALGADINHO PARA ME AJUDAR?" .......................................................... 137 Rubem Atues ELA NÃO APH.ENDEU A LIÇAO ........................................ HS SOBI~E A VIDA AMOEOSA DAS ESTH.ELAS DO !\lAR .... 151 EM LOUVOR À INUTILIDADE .......................................... 157 É preciso contar con1o a icleia deste livro nasceu. ". .. E UMA CRIANÇA PEQUENA OS c:;.UIAH.Á" ................ 163 Aconteceu há cerca ele dois anos: comecei a receber, via internet, rnensagens ele Portugal. Escrevia-me um QUALIDADE EM EDUCAÇAO ........................................... 169 desconhecido, Aclemar Ferreira dos Santos, educador, diretor O QUE É CIENTÍFICO? ..................................................... 173 elo "Centro de. Formação Camilo Castelo Branco", na Vila EM DEFESA DOS JOVENS ................................................ 179 Nova de Famalicão, vizinhança ele Braga. Havia recebido "O HOMEM DEVE REENCONTRAR O PARAÍSO ... " ........ 185 de uma amiga brasileira radicada em Portugal um livrinho RESUlVIINDO... . ................................................................. 191 intitulado Estórias de quem gosta de ensinar. Estórias curtas JARDINS ............................................................................. 197 sobre o cotidiano elas escolas, seus absurdos, o sofrimento das crianças e a confiança de que a educação pode ser " ... É ASSIM QUE ACONTECE A BONDADE ... ·' ................ 205 diferente, se formos inteligentes e sensíveis. O Ademar 9 sentiu imediatamente que o ~1utor daquele li\Tinh< l, H.uhem f: isso aí. Eu j~l confessei: educar é a forma que tenho de Alves, era um irmào seu, pois ele pensa\·a muito parecido, me imortalizar. Um educador rúo morre nunca ... por vezes igual. Foi assim que se iniciou, ~~ clistfmcia, a Est:1mos, agora, a dar continuidade ~~ experiência ele nossa ~unizac.le. Portugal, muito embora os li\-ros tenham ele ser vendidos, O Aclemar veio entào com uma proposta: perguntou posto que não há nenhuma Cfunara Municipal que se me se eu não poderia ir passar wna semana em Portugal. disponha a pagar as contas ... Esta ecliç:l.o brasileira não é "Mas claro", respondi. Aí veio ele com uma consulta. O igual à edição portuguesa. Textos inéditos foram incluídos Ademar é assim, sempre cheio ele ideias. Disse-me que enquanto outros foram retirados. Mas a ide ia é a n1esn1a: um gostaria ele publicar uma coletànea ele artigos meus, já bufê ele textos a serem lidos como quem come: a degustar, publicados no Brasil, sem objetivos comerciais. A Papirus vagarosan1ente, bovinarnente, rurninanten1ente ... Eclitor:1 nào se opôs, e fui para Portugal sabendo que lá O que permanece, de um texto, não é o que está estariam, ~~ minha espera, uns livrinhos ele edição barata escrito mas aquilo que ele faz pensar. Eu jamais pediria (pois nào iam ser distribuídos gratuitamente~), com wna que um aluno repetisse o que um autor escreveu, nu1n coleç;\o ele crônicas. texto. Jamais pediria que ele ·'interpretasse·· o autor. Pediria, Mas, quando vi os livros, fiquei assombrado. Eram ao contr~í.rio, que ele escrevesse os pensatnentos que ele lindos, artísticos, todas as crônicas com ilustraçôes feitas por pensou, pro\-ocado pelo que leu ... jovens adolescentes. E o m~lis assombroso: a conta tinha sido Pennanecc o título. Pennanece, tambérn, a ·'Apresentaçào" paga peb Cfunara Municipal da Vila Nova de Famalicào, que o Adernar escreveu para os leitores portugueses. Por que me recebeu numa sessão especial acolhedora e arniga. vezes aqueles que estão longe veem melhor do que ·aqueles O seu ·'Prefácio" foi escrito pelo seu presidente, senhor que estào perto ... Agostinho Fernandes, que notou a combinaçào que setnpre uso quando escrevo: é preciso que o textc; seja belo, é preciso que seja controvertido: uma colher de açúcar, unu mordida na pimenta ... O título do livro foi invençào elo Aclcmar: Por zuna educaçâo romântica: BrevÍ.''>Silnos e.1.·ercícios de inzo11alidade. 11 10 APRESENTAÇÃO À EDIÇÃO PORTUGUESA Pedagogo, poeta e filósofo de todas as horas, cronista do cotidiano, contador ele estórias, ensaísta, teólogo, acadêmico, autor ele livros para crianças, psicanalista, H.ubem Alves é um dos intelectuais mais famosos e respeitados do Brasil. Confessando ter horror ao ventriloquisn1o, Rubem Alves é uma voz singularíssima que não cabe nas taxonomias habituais dos profissionais da rotulagem: Tudo o que eu escre,·o (...) é sempre uma meditação sobre n1in1 mesn1o. Est:unos condenados ao nosso próprio n1undo. (A gestaçâo do futuro) N~tscido no dia I '5 de setembro ele 1933 em Dores Concluído o scminano, torna-se pastor ele uma da Boa Esperança, unu pequena cidade elo sul elo estado comunidade presbiterian~l no interior de 1\linas e casa com de 1\Iinas Gerais, Rubem Alves, educado no seio ele uma Lídia Noppes, de quem \·iria a ter três filhos, Sérgio, Marcos família protestante, muito cedo teve ele se confrontar com c RaqueL Depressa, porém, o pastor tomou consciência de a sua diferença. En1 Dogmatismo e to!erlincia, de conta que a sua ousadia e\·angélica o lcv~l\-a para terrenos difíceis. cotno a vergonha de ser diferente virou orgulho ele ser diferente e con1o, pouco a pouco, foi aprendendo a coragen1 Eu achava que religúo não era para garantir o céu, depois (e o imperativo ético) ele contrapor a voz ela consciência da n1or1e, nus para tornar esse rnundo rnelhor. enquanto individual à voz elas autoridades constituídas. O destino estamos vi\(>S. Claro que minhas idéias foram recebidas com inscrito na sua diferença leva-o, depois elo Liceu, a estudar clesconfian<,;a ... ( \VW\V .rubemalves.com.hr) teologia no seminário Presbiteriano do Sul, um elos mais conhecidos seminários evangélicos da América Latina. Em 1963. viaja para Nova York para fazer uma pós-gracluaç:lo. É aí que o Golpe 1viilitar ele 31 ele março '\leu pai era rico. quebrou. ficou pobre. Tiven1os de nos ele 1964 o surpreende, nas vésperas de conclus:lo elo mudar. Dos tempos de pobreza só tenho memórias de mestrado. Defendida a tese ("'A theological interprctation IL·licidade. Alhert Camus dizia que, para ele, a pobreza (n:lo a miserabilidade) era o ideal de vida. Pobre. foi feliz. of thc meaning of the Revolution in Brazil"), regressa ~l Conheceu a infdicidadc quando entrou para o Liceu c sua paróquia, em Lavras, onde deixara mulher e filhos. No coiiK'<,_'ou :t LtZt'r comrxtra(,·<)cs. A con1para.;,·ão é <>"início prefácio que escre·eu em 1987 para a tracluç:lo brasileira de d:t irn·cja que faz tudo :tpodrcccr. Aconteceu o n1esn1o Towards a theologv of libcration (título original, em inglês, comigo. Conheci o sofrimento quando melhoramos de \·ida ela sua tese de doutoramento, editada em 1969 nos Estados e nos mudamos para o Rio de Janeiro. 1\leu pai, com boas Unidos), Rubem Alves descreve as experiências elo medo e intenções, me matriculou num dos colégios mais famosos da covardia que viveu no seu regresso atribulado ao BrasiL do Rio. Foi cnt~ro que me descobri caipira. 1\leus colegas cariocas não perdoaram meu sotaque rnineiro c me fizerarn Voltei ao BrasiL Comecei a aprt'tKler a com iver com o medo. motivo de chacota. Gr:tnde soliclão, sem amigos. Encontrei Antes eram só as f:.mtasi:rs. :\gora, sua present,;a naquele acolhimento na religião. Religião é um bom refúgio para os ma rginaliz:tdos. ( \vww.ruhemalves.uol.com.br) homem que examinava o meu passaporte e o comparava com 14 15 un1a lista de nomes. Ali fic1va cu. pcnduL1do sobre o abisn1o, Cedo, de n1~mh:!. meus amigos me acon;-;elluram a sair da fingindo tranqüilidade (qualquer emo<,·ào pode denunciar), cidade. Só \'Oltei um m~s depois. E havia <tquelas <ICUS<t<,;ôes até que o passaporte me er~1 devoh-ido. No caminho do contra os seis pastores junto ao Supremo Concílio da Igreja aeroporto p~1ra a n1inha CIS~L no CIITO de un1 amigo, o início Presbiteriana do Brasil. Dirigi-me ;1 autoridade competente, cbs confirma(,'ücs: "-Olha, Euhcm. foi enviado ao Supremo solicitando uma cópia elo documento. Foi-me dito que eu Concílio um documento de acusa<,;ôes a seis pastores, e 1úo podia ser informado elas acus:t<,;l)es que pesavam sobre voe~ é um deles. E circula também o boato de que você foi mim. Só obtive uma cópia do mesmo porque um amigo a denunci:1do i"1 ID-IV, ele Juiz de Fora ... ·· funou. Eram mais de quarenta acusaçôes: que pregávamos Era o início de uma grande solicl~1o. Primeiro, eu tinha de que Jesus tinha rebçôes sexuais com uma prostituta, que voltar :1 paróquia da qual eu era pastor, lá em Minas. E eu nos deleit<ÍYamos quando nossos filhos escTe,·iam frases de n1e leinhro daquela noite, no ônibus. a cuninho de Lavras, ódio contra os americanos. nas latas ele leite em pó por eles a ,·iagem interrompida pelos militares que fiscaliza\·am a doadas (eram os anos do programa "Alimentos JXlLI a Paz"), Fcrnào Dias. e eles. pausadamente. indo de pessoa a pessoa, que éramos subYencion:lclos com fundos ,·inclos da Uniào no escuro, eu n;io pocli:1 \·er o.'i seus rostos, as lanternas SoYiética. O bom do documento esLIY:I justamente n~1 sua iluminando a lista elos procurados. que trazi:1m n:1s 1nàos. virulência: nem os mais obtusos podiam crer que fôssen1os ilun1in:mdo os documentos ele c1cla un1 e. finaln1ente, o foco culpados de tantos crimes. l\L1s o tr;ígico era precisamente de luz sobre o rosto. Eu j;í vira coisas assin1 no cinen1a: a isto: que pessoas ela igreja. ir111~1os. p:1stores e presbíteros. qualquer momento a possibilidade de ser arrastado para o nào tivessen1 mn mínimo de sentimentos éticos, e estivesscn1 escuro, sen1 s;1her se voltari<L Estas coincidências: just:unente assin1 tào prontos a nos delatar. naquele dia <I cidade tinha sido tomada. Militares vindos de Depois foi a delaç~1o direta aos militares. Era uma tarde fora realiz:l\'<lm o seu trabalho. O quanel ela polícia já estava bem fria. s{lbaclo. O Sílvio 1\Jenicucci, prefeito, amigo, me cheio de presos. Como explicar, quando chegasse a n1inha vez, telefonou. os livros da minha bibliotectí Foi uma noite inteira abrindo "-Venha aqui ao Hotel Central. H(l um advogado de Juiz de caixotes. separando lin·os, queimando, enfiando outros em Fora con1 docLllnentos que sào do seu interesse.'· sacos para serem jogados no rio. Lembro-me que um deles Nào disse mais nada. Nào precisava. Compreendi. E gelei. foi Commwzism and tbe tbeologians, ele Charles \'Vcst, coisa Lá estava o "clossiê ... resultado da incurs:!o militar de meses perfeitamente inocente. l'vlas a capa era ,·ennelha, e havia a antes. Eu era um dos indiciados. O que mais doeu foi que foice c o ma1telo. Lí se foi ele, consumido pelas chamas-e uma elas peças básicas ela denúncia era um documento e1n tudo o sentimento de um grande e absurdo pesadelo. da direçào elo Instituto Gammon, escob protestante. que 16 17 Foi ent;'to que· a l lnited Prcshvtc·tün Church - EU:\ (lgrcj;I funciona\·a num:t cltàcar;t que pcttc·ncc·u ao lllL'U his;IH~l, c l'reshitc-ri;lll:t l !nicb dos F.-,udos llnidos da América do Nonc l, que ;t \·endcra a< JS missi< HÜrios que fugiam da epidemia de em comhin;tl·:to com o prc·sicknte do scmin;írio tcok1gico de fchre ;unarela em Campinas. nos fins do século pass;tdo. :\s Princeton. me convidaram a fazer wn cloutoranu:nto. N}o :tcusa,·ôes n:Io c~ram frontais. Sugest()es. Nada ten1os a ver me csquec·o nunca do n1on1ento preciso quando o avi;lo com este senhor. 1\l:los b\·ad;ts. decolou. Respirei fundo c sotTi. dcscontraído, na delicios;I \'im a Catnpinas, para pedir que o "Uoard" diretor n1e euforia da liberdade. Ainda hoje. quando um avião decola, defendesse. Mas o que encontrei, de novo, foran1 núos ben1 sinto de novo aquele momento. Ll\·adas. E foi sempre assim. Parecia-me que os protestantes 1\las. se na JXllticla está a euforia da liberdade, na chegada tinham honor absoluto a qualquer pessoa que estivesse esr:t a tristeza do exílio. Aquele não era o meu mundo. sendo acusada. ''Quem não deve não teme'': o temor j:"i era pnl\·a suficiente da culpa. Além do mais, é muito perigoso s<:r amigo de quem foi debudo. Está lá no Cancioneiro da O exílio dura até 1968. Doutorado, volta ao Brasil Inconfidência: "Quando a desgraça t:· profunda, que amigo se para se despedir ela Igreja Presbiteriana e experimentar o etHnpadc·ce1·· Amigo de bruxa de\·e gostar de hruxarLt. Quem desemprego. Em 1969, uma faculdade do interior (a Faculdade ;qxtreccu para ajudar, de forma absolutamente gratuita. foi o de Filosofia de Rio Claro) acolhe-o. Aí pennanecerj até 1974, Eug&nio, mas·on, que cu mal conhecia. Enfermeiro, parteiro. ano em que finahnente ingressa no Instituto ele Filosofia da destas pessoas que conhecem a cic.bde inteira. Uatcu ;I minha UniYersidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde fará poru. Fui atender. a maior parte da sua carreira acadêrnica até se aposentar ··- N6s soubemos que o senhor está em dificuldades. nos primórdios da década de 1990. Queremos nos oferecer para ajuc.l:t-lo ..... Na Unicamp, foi colega ele Paulo Freire, um dos mais F b foi ele comigo, até Juiz de Fora, abrindo ponas com os m:ígicos sinais da m:t<,;onaria. Nào o esqueci. !\.las não havia celebrados pedagogos do século XX. O ingresso ele Freire na nada que pudesse ser feito. Unicarnp, em 1980, fica de resto rnarcado por wna tornada Eu estava muito ·cansado. Compreendi a inutilidade da luta. ele posição de Rubem Alves que espelha, ele uma forma Queria ir embora, para longe do medo: poder amar e brincar eticamente irrefragávcl, toda a sua estatura acadêrnica. sem sobressaltos, recuperar o prazer perdido de falar meus Cumprindo burocracias obsoletas, a reitoria ela pensamentos sen1 virar a cabeça, à procura de ou\·idus, sem Unicamp encarregara o professor titular Rubem Alves ele baixar minha voz ... elaborar um parecer sobre Paulo Freire que, de algurna 19 18 fon11a, a\·alizassc a sua ;tdmisS:to na universidade. Exigência tanto. em unus línguas. As teses que j:l se escrevcran1 sobre ridícula, dada a projcc;lo c o prestígio do ilustre pedagogo. seu pensamento formam bibliogr:dbs de n1uitas p:'tginas. E Aproveitando a oportuniclacle, Rubem elabora um não < >S :trtigos escritos sobre o seu pensamento c a sua pr:itica L'ducativa, se publicados, scri:un livros. parecer e111 que discorre·, ironicamente, sobre o absurdo da O seu nome. por si s(l, sem pareceres don1ésticos que o tarefa que lhe fora encon1encbcb. av:tlisem, transita pelas universidades da América do Norte c da Europa. E quen1 quisesse acrescentar a este nome a O objetivo de um parecer, como a própria palavra o sugere, sua própria "carta ele apresentaç~ro·· só faria papel ridículo. é dizer a alguém que supostamente nada ouviu c que, por NJo. NJo posso pressupor que este nome não seja conhecido isto n1esn1o. nada sabe. :rquilo que parece ser, aos olhos n:t Unicamp. Isto seria ofender aqueles que compõem seus do que Ltla ou escreve. Quem d:i um parecer empresta órg:los decisórios. os scus olhos e o seu discernimento :t um outro que n:lo Por isso o meu parecer é uma recusa em d:u· un1 p:u·ecer. E viu c nem pôde meditar sobre a qucst:lo em pauta. Isto é nesta rccus:t ,-ai. de forma implícita c explícita, o espanto de necess:írio porque os problemas são muitos c os nossos que cu ck·vesse acrcscenur o rneu nome :to de Paulo Frcire. olhos s:lo apenas dois ... Como SL'. sem o meu. ele n~to sc sustcnussc•. I b, c·ntrc·unto. certas questoes sobre a.~ quais en1itir um :\las ele se sustenu so;;:inho. Paulo Freire atingiu o ponto parcccr 0 qu~rse uma ofensa. En1itir un1 pareccr sobre m;'rximo que um educador pode atingir. Nietz.->che ou sobre Beethoven ou sobre Cccília 1\lcireles' Pa1·a A quest:lo é se desejamos tê-lo conosco. A quest~ro é se de isto seri:t necess:irio que o signat:irio elo documento fosse deseja trabalhar ao nosso lado. maior que eles e o seu nome n1ais conhecido c 1nais digno É bom dizer aos amigos: de confiança que aqueles sobre quem esu·e,·e .. -Paulo Frcire é mcu coleg:t. Temos salas no n1esmo corredor Um parecer sobre Paulo lkglus Neves Freire. da Faculdade de Educaç:lo ela Unicamp ... O seu nome é conhecido em universidades através do mundo Era o que me cumpria dizer. todo. NJo o ser:i aqui, na Unicamp1 E ser:i por isto que deverei acresccnta1· a minha assinatura (nome conhecido. doméstico) Autor ele uma vastíssima obra (a sua bibliografia como a\·alista1 Seus livros, 1Üo sei em quantas línguas estar;lo conta já mais ele SO títulos), ele forte pendor autobiográfico, publicados. Imagino (e hem pode ser que eu esteja errado) Ruben1 Alves é um dos mais lw11inosos artífices da língua que nenhun1 outro dos nossos docentes tcr:i publicado portuguesa, cuja plasticidade tem atingido nos seus 20 21

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