A interpretação tradicional das grandes doenças históricas já ensinou aos historiadores a distinguir duas fases. A primeira é representada por um período de crise espiritual na sociedade, associada ao esgotamento dos valores morais, religiosos e ideativos, que até então alimentavam a sociedade. O egoísmo aumenta entre os indivíduos e os grupos sociais, e as ligações entre a obrigação moral e as conexões sociais parecem se afrouxar. Assuntos sem importância, em seguida, dominam as mentes humanas em tal extensão que não há espaço sobrando para pensar sobre assuntos públicos ou para um sentimento de comprometimento com o futuro. Uma atrofia da hierarquia de valores no pensamento dos indivíduos e das sociedades é também uma indicação disso (…) O governo do país é finalmente paralisado, impotente frente aos problemas que poderiam ser resolvidos sem grande dificuldade sob outras circunstâncias.
As ações e reações de uma pessoa normal, suas idéias e critérios morais, tudo, muito frequentemente, atinge os indivíduos anormais como sendo algo anormal. Pois se uma pessoa com algum desvio psicológico se considera normal, o que é de fato significativamente mais fácil se ela possuir autoridade, então ela considerará uma pessoa normal como diferente e portanto anormal, na realidade ou como resultado do pensamento conversivo. Isso explica porque o governo dessas pessoas sempre terá a tendência de tratar qualquer dissidente como “mentalmente anormal”.