Polygala fontellana Marques & Aguiar (Polygalaceae), uma nova espécie para o Brasil

2007·1.2 MB·Portuguese

by  Maria Do Carmo Mendes Marques

&
POLYGALA FONTELLANA MARQUES AGUIAR (POLYGALACEAE), UMA
NOVA ESPÉCIEPARA OBRASIL
Maria do Carmo Mendes Marques' & Ana Cristina Andrade de Aguiar2
Resumo
(PolygalafontelianaMarques&Aguiar(Polygalaccae), umanovaespécieparaoBrasil) Umanovaespécie
de Polygalaceae é descritaparaosestadosda Bahiae Minas Gerais, atéomomentoendêmicadaCadeiado
&
Espinhaço. Polygalafontellana Marques Aguiar pertence ao subgênero Polygala por apresentar carena
cristada. São fornecidos descrição, diagnose, ilustração e comentários sobre a sua distribuição geográfica,
floraçãoefrutificação.
Palavras-chave:Taxonomia,camporupestre,flora.
Abstract
(PolygalafontellanaMarques&Aguiar(Polygalaceae),anewspeciesinBrazil) AnewspeciesofPolygalaceae
isdescribedfromBahiaandMinasGeraisState,currentlyendemictoCadeiadoEspinhaço.Polygalafontellana
Marques & Aguiarbelongs to subgenus Polygala by keel cristate. Description, diagnoses, illustrations and
commcnts about the geographic distribution, phenology are provided.
Keywords:Taxonomy,camporupestre,flora.
&
Introdução Polygalafontellana Marques Aguiarsp. nov.
A família Polygalaceae compreende Tipo: BRASIL. BAHIA: Morro do Chapéu,
atualmente 19 gêneros e aproximadamente 2.Vni.2001,fl.efr.,M.C.Marques423(Holótipo
1300 espécies, tendo uma distribuição RB; IsótipoCEPEC, F). Fig. 1
pantropicalcomumnúmeromaiordeespécies Specie nova Polygala angulata DC.
nos continentes americano e africano (Paiva affinis sed foliis petiolatis, marginibus
1998). É caracterizada pelo pólen revolutis, nervo centrali prominenti et
policolporado e pelo óvulo anátropo de rafe floribus minoribus differt.
ventral e epitrópo (Marques 2003). Polygala Ervaasubarbustoescandente,0,10-1,5m
é o maior gênero da família, distinto dos alt. Raiz axial ca. 15 cm compr., levemente
demais por seus racemos simples, flores sinuosa,ramificadacomraríssimasfibrilasfinais
zigomorfas, fruto cápsula rimosa, sementes ou de7 cm ramificadadesdeoterço médio por
com endosperma e embrião contínuo ou raízes secundárias que também se ramificam.
invaginado. Dos doze subgêneros de Caulesimplesou2-5partindodabase,delgado,
Polygala, apenascincoocorremem território estreitamente aladoàbasedopecíolo,estriado,
brasileiro - Acanthocladus, Gymnospora, pubérulo, com tricomas curtos e clavados.
mm
Ligustrina, Hebeclada e Polygala. De Folhascompecíolo0,8-1 compr.,pubérulo;
acordo com a classificação infragenérica de lâmina 1,7-3 x 0,7-1 cm, para a base menores
Paiva (1998), P. fontellana pertence ao de 1-1,5 x 0,3-0,4 cm, estreita-ovada a
subgênero Polygala por possuir flores com lanccolada, base aguda a raro obtusa, ápice
carena cristada. agudo e apiculado, margem revoluta,
Artigorecebidoem03/20O5. Aceitoparapublicaçãoem04/2(X)6.
'InstitutodePesquisasJardimBotânicodoRiodeJaneiro.RuaPachecoLeão915,22460-030,RiodeJaneiro,RJ,Brasil.
[email protected]
JPós-Graduaçâode Biologia Vegetal, Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia, Depto Botânica, Cx.
Postal 6109, 13083-970,Campinas, SP. Brasil, [email protected]
SciELO/JBRJ
cm 12 13 14 15 16 17
14 Marques, M. C. M. &Aguiar, C.A.
membranácea, pubérula em ambas as faces, aproximadamente duas vezes maior que as
com apenas a nervura central proeminente. laterais ovadas. Botão floral agudo no ápice.
Racemos terminais 2,5-4,5 cm ou, com raque Flores subcamosas, vinosas a liláses; pedicelo
desnudapelaquedadosfrutosaté 12cmcompr.; 0,2-0,4 mm compr., glabro; sépalas externas
raquepubérula,comtricomasclavados;bráctea abaxiais 1.6-1,7x0,8-0,9mm,ovadasestreitas,
e bractéolas caducas na flor, com escassos a adaxial 1,8-1,9 x 1,7-1,8 mm ovada, ápice
tricomas no dorso e nas margens; bráctea 1,2- obtuso aarredondado; sépalas internas 3,2-3,3
1,5 x 0,8-1 mm, ovada, atenuadapara o ápice. x 2,3 mm, elípticas, curto-ungüiculadas, ápice
Figura 1 - Polygalafontelkma Marques & Aguiar - a. hábito; b. bráctea e bractéolas; c. flor com a sépala interna
seccionada;d.sépalasabaxiais;e.sépalaadaxial;f.sépalainterna;g.androceuadnatoàspétalaslaterais;h.carenacristada;
i. gineceu;j. frutocom assépalaspersistentes;k. sementeapendiculada;1.embrião.
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SciELO/JBRJ
12 13 14 15 16 17
PolygalafontellanaMarques&Aguiar(Polygalaceae), umanovaespécieparaoBrasil
mm
retuso, margens revolutas na porção apical, extremidadefinal;embrião2,5-2,7 compr.,
glabras, do mesmo tamanhoou pouco maiores continuo;eixohipocótilo-radícula0,9-1,1 x0,5-
queacorola,comtrêsnervuraspartindodabase; O,6 mm, oblongo, cotilédones 1,6-1,8 x 0,8-1
carena cristada, incluindo a crista 3-3,2 mm mm,elípticos.
compr., crista com cerca de quatro pares de Parátipos: BRASIL. Bahia: Morro do Chapéu,
lobos bifurcados; parte apical do cúculo no 16.11.2004,fl.efr.,GPereira-Silva8462(CEN,RB);
interior dos lobos da crista com uma Morrão, 16.VII.1979, fi.efr.,G Hatschbach42386
protuberância sui generis lobos laterais da (MBM,RB);Utinga, l.VI.1980,fl.efr.,R.M.Harley
crista na alturado ápice da;aberturadocúculo; 22979(RB);estradaparaUtinga, 18.VII.2001,fl.efr.,
pétalas superiores 3,2-3,3 x 1,5-1,6 mm, V.C.Souza26400(ESA).MinasGerais:Grão-Mogol,
estradadocampodeaviação, 14.VI.1990,fl.efr.,R.
elípticas, ápice arredondado, alcançando a Simão-BianchiniCFCR13003(SPF);matamontana
carena cristada, com reentrâncias na basemdmo naestradaparaoRioVentania,5.IX.1990,fl.efr.,T
cúculo;estames8,bainhaestaminalca. 1,1 R.S.SilvaCFCR13392(SPF);estradaparaVentania,
compr.;fileteslivres0,2-0,3mmcompr.;anteras 13.XII.1989,fl.efr.,A. Freire-FierrosCFCR12702
deiscentes porporo apical; ovário 1 x 0,8 mm, (SPF); morro da Telemig, 12.VI.1990, fl. e fr., G
suborbicular; estilete ereto, terminado em uma Hatschbach54223(MBM, RB).
cavidade hipocampiforme cuja a extremidade Polygala angulata DC. táxon afim de
superior leva um apêndice bem evidente com P. fontellana, devido ao hábito delgado e
um tufode tricomasdecoberturaabundantes e escandente e às flores subsésseis. Porém,
a inferiorum estigmagloboso. Cápsularimosa apresenta lâmina foliar com três nervuras
3,4-4x3-3,2mm,suborbicular,maiorou,raro, proeminentes partindo da base.
do mesmo comprimento das sépalas internas; Polygalafontellana está restrita, até o
sementes 3-3,4 x 1,1-1,2 mm, ovadas muito momento, a Cadeia do Espinhaço nos estados
estreitas, densamente pilosas, com tricomas da Bahia e Minas Gerais (Fig. 2), sendo
eriçados, ultrapassando o corpo da semente, encontrada em altitudes de 750-1150 m s.m.,
apendiculadas; apêndices dois, espessos, em formações de campo rupestre, com flores
pubérulos, irregularmente crenulados na e frutos nos meses de fevereiro, junho, julho,
Figura2-DistribuiçãogeográficadePolygalafontellanaMarques&Aguiar.
Rodriguésia 58 (1): 013-016. 2007
SciELO/JBRJ
cm 13 14
2
16 Marques, M. C. M. &Aguiar, C.A.
agosto, setembro e dezembro. Já Polygala Referências Bibliográficas
angulata, apresenta uma distribuição maior, Paiva, J. 1998. Polygalarum africanarum et
ocorrendo além dos estados da Bahia e Minas madagascariensium prodromus atque
Gerais, em Goiás, São Paulo e Mato Grosso
gerontogaei generis Heterosamara
ceommffolrormeasçeõefrsutdoesncoesrrmaedsoesedceajamnpeoiror,upmeasrtçroe,, nKuonbtizse, adgeennueore Porleycgeapltai,segrsegyantoipestisa
abril, agosto, setembro, outubroenovembro.
O epítetofontellana é uma homenagem monographica.Fontqueria50(1-4): 1-347.
Marques, M. C. M. 2003. Estudo taxonômico
ao Dr. Jorge Fontella Pereira, atual professor do gênero Polygala L. subgênero
pesquisador no Museu Nacional do Rio de
Ligustrina (Chodat) Paiva(Polygalaceae).
Janeiro, que muito tem contribuído para o Tese de Doutorado. Universidade Federal
conhecimento da nossa flora. do RiodeJaneiro, Riode Janeiro.
Rodriguésia 58 (1): 013-016. 2007
SciELO/JBRJ
cm 2 13 14 15 16 17 18
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