POESIA LÍRICA LATINA POESIA URICA LATINA CLÁSSICOS J. Michelet O Povo — Machado de Assis Dom Casmurro — J.-J. Rousseau O Contrato Social — R. Descartes Discurso do Método — N. Maquiavel O Príncipe — Erasmo Elogio da Loucura — A. Comte Discurso sobre o Espírito Positivo — Voltaire Cândido — Aristóteles Política — C. Beccaria Dos Delitos e das Penas — T. Hobbes Do Cidadão — P. Verri — Observações sobre a Tortura Lancelot/Arnauld Gramática de Port-Royal — Vários Poesia Lírica Latina — Próximos lançamentos Montesquieu O Espírito das Leis — J.-J. Rousseau Emílio — D. Hume Diálogos sobre a Religião Natural — POESIA URICA LATINA ORGANIZAÇÃO Maria da Gloria Novak Maria Luiza Neri Martins Fontes São Paulo — 1992 © Copyright by Livraria Martins Fontes Editora Ltda., 1992 2? edição brasileira: abril de 1992 A primeira edição desta obra foi publicada pelo Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo Revisão tipográfica: Antonio Nazareno Favarin Tereza Cecília de Oliveira Ramos Leitura final e controle: Maria da Gloria Novak Esta obra foi incluída na coleção ‘‘Clássicos” por sugestão de Roberto Leal Ferreira Produção gráfica: Geraldo Alves Composição: Marcos de Oliveira Martins Paginação e arte final: Moacir K. Matsusaki Capa — Projeto: Alexandre Martins Fontes Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Poesia lírica latina / organização Maria da Gloria Novak, Maria Luiza Neri. — 2‘ ed. — São Paulo : Martins Fontes, 1992. — (Coleção Clássicos) 1. Poesia lírica 2. Poesia latina I. Novak, Maria da Gloria II. Neri, Maria Luiza 111. Série. ISBN 85-336-0059-3 92-0785 CDD-874 índices para catálogo sistemático: 1. Poesia lírica latina 874 Todos os direitos desta edição reservados à LIVRARIA MARTINS FONTES EDITORA LTDA. Rua Conselheiro Ramalho, 330/340 — Tel.: 239-3677 01325 — São Paulo — SP — Brasil SUMÁRIO Introdução.................................................................... IX CAIO VALÉRIO CATULO (c. 87-c. 54 a.C).... 1 Poemas. Trad. Lauro Mistura PÚBLIO VERGÍLIO MARO (71/70-19 a.C.)...... 41 Bucólicas. Trad. Zelia de Almeida Cardoso QUINTO HORÁCIO FLACO (65-8 a.C.).......... 69 Odes. Trad. Ariovaldo Augusto Peterlini Epodos. Trad. Paulo Sérgio de Vasconcellos ÁLBIO TIBULO (c. 50-19/18 a.C.)......................... 113 Elegias. Trad. Maria da Gloria Novak Homero Osvaldo Machado Nogueira Marcos Martinho dos Santos SULPÍCIA (I a.C.)....................................................... 137 Elegias. Trad. Zelia de Almeida Cardoso SEXTO PROPÉRCIO (47?—15? a.C.)...................... 143 Elegias. Trad. Zelia de Almeida Cardoso Maria da Gloria Novak Willians Shi Cheng Li PÚBLIO OVÍDIO NASO (43 a.C.-17/18 d.C.)... 181 Amores. Trad. Anna Lia A. de Almeida Prado Heroides. Trad. Maria da Gloria Novak Arte de amar. Trad. Anna Lia A. de Almeida Prado Remedios de amor. Trad. Anna Lia A. de Almeida Prado Metamorfoses. Trad. Maria da Gloria Novak Ruth Junqueira de Faria Cantos tristes. Trad. Maria da Gloria Novak Cartas do Ponto. Trad. Maria da Gloria Novak PÚBLIO PAPÍNIO ESTÁCIO (40P-96 d.C.)....... 255 Silvas. Trad. Antonio Chelini MARCO VALÉRIO MARCIAL (c. 40-c. 104 d.C.) 267 Epigramas. Trad. Ariovaldo Augusto Peterlini João Angelo Oliva Neto José Dejalma Dezzoti VIGÍLIA DE VÉNUS (II—III d.C.)......................... 287 Trad. Alice Cunio Machado Fonseca DÉCIMO MAGNO AUSÔNIO (c. 310-c. 395)... 299 Epigramas. Trad. João Pedro Mendes CLÁUDIO CLAUDIANO (c. 370-paulo post 404) 305 Epigramas. Trad. João Pedro Mendes CLÁUDIO RUTÍLIO NAMACIANO (IV-V) 311 Itinerário de seu regresso. Trad. João Pedro Mendes AURÉLIO PRUDÊNCIO CLEMENTE (348 - c. 410) 317 Livro das horas. Trad. Homero Osvaldo M. Nogueira À Professora Aída Costa INTRODUÇÃO Embora as primeiras manifestações poéticas latinas te nham sido formas líricas (hinos, canções), pouco se conhe ce dessa produção incipiente e anônima. Sabe-se, graças a informações posteriores, que os romanos, antes mesmo dos contatos culturais mais profundos com a civilização da Hé- lade — contatos que se deram durante o século III a.C. —, compunham cânticos de diversas espécies: religiosos, licen ciosos, heróicos, triunfais, funerários. Nesses cânticos esta vam os germes dos gêneros literários que floresceriam mais tarde sob a influência da literatura grega. A epopéia e a poesia dramática desenvolveram-se mais rapidamente. A poesia lírica, talvez por ser basicamente um gênero popular e oral, demorou um pouco mais em seu de senvolvimento. Só no século I a.C., graças à divulgação da poesia alexandrina em Roma, pôde a lírica ombrear com os demais gêneros, atingindo a maturidade das formas cultas. Dos primeiros líricos romanos pouco restou. Os neo- alexandrinos Licinio Calvo (82-47 a.C.), Hélvio Cina, Var- rão de Atax tiveram importância no seu tempo como ino vadores e desbravadores de caminhos, mas os seus poemas praticamente se perderam. Dessa forma, é de Caio Valério Catulo (c. 87-c. 54 a.C.) a primeira obra importante que sobreviveu no campo da poesia lírica latina. X POESIA LÍRICA LATINA Catulo, jovem rico, descendente de família eqüestre, vi veu grande parte de sua vida em Roma; ali travou relações com personalidades importantes da vida política e cultu ral, freqüentou a sociedade mundana e teria mantido um caso de amor com Clódia, mulher de antiga família mas co nhecida pela liberalidade dos seus costumes. O Poeta oferece-nos “retratos” dessa vida em seus poemas {Carmina). Homem de grande sensibilidade, versatilidade e talen to, compôs cento e dezesseis peças poéticas, que chegaram quase na íntegra até os nossos dias. As sessenta primeiras, que podem ser consideradas como peças de amor ou de cir cunstância, são curtas e foram compostas em metros diver sos. A linguagem é simples, espontânea e o sentimento se extravasa nos versos. O Autor dirige-se ora a amigos, ora a mulheres, tratando com especial paixão a que designa por Lésbia (identificada freqüentemente pelos biógrafos com a bela Clódia). As oito seguintes (61-68), longas e eruditas, são inspira das na poesia alexandrina. A linguagem é culta e artificial, chegando por vezes ao preciosismo pela abundância de ima gens, sofisticação de vocabulário e de construções, requin te de composição. As quarenta e oito peças finais (69-116) retomam a te mática das primeiras mas são compostas em dísticos ele gíacos. Embora, sem nenhuma dúvida, Catulo seja um grande poeta, engenhoso, criativo, delicado e sensível, é na época de Augusto que surgem as principais figuras da poesia líri ca latina. Públio Vergilio Maro (71/70-19 a.C.) inicia-se na vida poética escrevendo poemas líricos. Conquanto mais tarde se notabilize como autor de um poema didático, as Georgi cas {Georgica), e de uma das principais epopéias que o mundo conheceu, a Eneida {Aeneis), não se pode esquecer-lhe a obra lírica, sobretudo as Bucólicas {Bucolica). Publicadas entre 41 e 37 a.C., são dez poemas pastoris, inspirados em Teócri- to. Variados quanto ao assunto — em alguns explora-se o