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poesia de amor agudo PDF

298 Pages·2013·2.08 MB·English
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1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA PORTUGUESA MARCELO LACHAT A lírica amorosa seiscentista: poesia de amor agudo São Paulo 2013 2 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA PORTUGUESA A lírica amorosa seiscentista: poesia de amor agudo Marcelo Lachat Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Literatura Portuguesa do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Doutor em Letras. Orientadora: Profa. Dra. Adma Fadul Muhana São Paulo 2013 3 À Renata, interminável fio em labirintos de amor. 4 Agradecimentos Aos meus pais, Claudio e Nicea; aos meus irmãos, Claudia e Mauricio; aos meus cunhados, Paulo e Carol; e aos meus sobrinhos, Ricardo e Maria Clara. À minha orientadora, professora Adma Fadul Muhana. Aos professores Helder Garmes, Isabel Almeida, Jacqueline Penjon e Maria do Socorro Fernandes de Carvalho. Aos meus amigos, em especial, a Aline David, Bruno Penteado Natividade Moreto, Carla Cristina de Paula, Fernanda Canavêz, Flávio Antônio Fernandes Reis, Jonathan Boureau, Lauro Luiz Pereira Silva, Leandro Rodrigues Alves Diniz, Lenon Rogério de Melo Franco, Louise Aguiar, Marco Büchel, Marilena Inácio de Souza, Martje Geeraerts e Osmilto Moreira Silva. A Sebastião José da Silva e Célia Dalva da Silva. Aos funcionários da Biblioteca Nacional de Lisboa, da Biblioteca da Ajuda, do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, da Biblioteca Pública de Braga e da Biblioteca Pública de Évora. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e à Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Universidade de São Paulo. 5 Resiste um pouco, ó Fábio, a teu tormento, Que amor é labirinto sem saída. (Antônio Barbosa Bacelar) Amar sem padecer, é grande dita; mas dita, que não dá merecimento; que a pureza do amor, mais se acredita na ausência, na firmeza, e no tormento. (Bernardo Vieira Ravasco) 6 Resumo Este trabalho discute as especificidades da poesia seiscentista produzida em Portugal e no Brasil Colônia, propondo a noção de amor agudo para caracterizar sua variada lírica amorosa. Em busca desse objetivo, a leitura dos poemas segue os caminhos da imitação, termo fundamental para se compreender a produção retórico-poética dos séculos XVI e XVII. Os poemas líricos dos quais partem as análises, ou seja, tanto aqueles autorizados (ainda que, muitas vezes, com atribuições de autoria questionáveis) pelos nomes de reconhecidos poetas seiscentistas, como Antônio Barbosa Bacelar, D. Francisco Manuel de Melo, Frei Antônio das Chagas, Gregório de Matos, Jerônimo Baía, Manuel Botelho de Oliveira e Violante do Céu, quanto aqueles ditos anônimos ou de autoridades poéticas menos constituídas, como Bernardo Vieira Ravasco e Manuel de Faria e Sousa, todos eles, enquanto imitações, exigiam dos leitores ou ouvintes cultos da época o reconhecimento de seus modelos poéticos; por isso, este estudo recorre, frequentemente, a Camões e Góngora, por exemplo. Porém, imitar as auctoritates para se fazer auctoritas, no século XVII, não era apenas copiar servilmente; os poetas seiscentistas emulavam seus modelos, elaborando composições engenhosas e agudas mais adequadas ao decoro dos tempos. Desse modo, a agudeza é noção central na preceptiva retórico- poética seiscentista e, portanto, também o é neste estudo. Como se procura demonstrar, dessa poesia aguda decorre a confecção de um amor igualmente agudo, isto é, um amor que não é expressão subjetiva e original de indivíduo algum, mas que aparece em poemas cujos efeitos inesperados são retórica e poeticamente construídos. Fruto de imitações, o amor agudo é ovidiano, cortês, petrarquista, camoniano, marinista, gongórico; miscelânea de doutrinas, é platônico, estoico, epicurista, cristão; definindo- o, nesta tese, pretende-se reunir a variedade poética da lírica amorosa seiscentista, feito agudo caule que sustenta cultas flores. Palavras-chave: literatura portuguesa; poesia lírica do século XVII; poética e retórica; agudeza; amor. 7 Abstract The present work articulates the specificities of 17th-century poetry produced in Portugal and in Colonial Brazil as it proposes the notion of witty love to characterize its diverse love lyric poems. Pursuing this perspective, the reading of these poems follows the path of imitation, a fundamental term to understand the rhetorico-poetic production of the 16th and 17th centuries. The lyric poems from which the analyses depart, that is, both those penned (despite a questionable attribution of authorship in many cases) by well-known 17th-century poets such as Antônio Barbosa Bacelar, D. Francisco Manuel de Melo, Frei Antônio das Chagas, Gregório de Matos, Jerônimo Baía, Manuel Botelho de Oliveira, and Violante do Céu, and those deemed anonymous or with a less constituted poetic authorship, such as Bernardo Vieira Ravasco and Manuel de Faria e Sousa, all these poems, as imitations, demanded that the learned readers or listeners of the time recognize their poetic models; for this reason, this study often draws from Camões and Góngora, for instance. In any event, in the 17th century imitating the auctoritates to forge auctoritas did not only mean to copy obsequiously; 17th-century poets emulated their models, crafting ingenious and witty compositions that were more suitable to the decorum in vogue. Thus wit is a central notion in 17th-century rhetorico- poetic precepts, and it will also be so in this study. As I will demonstrate, from this wit poetry ensues the crafting of an equally witty love, that is, a love that is not the subjective and original expression of any individual, but one which is present in poems whose unexpected effects are rhetorically and poetically forged. The fruit of imitations, witty love is Ovidian, courtly, Petrarchan, Camonian, Marinist, Gongorian; miscellanea of doctrines, it is Platonic, Stoic, Epicurean, Christian; by defining it in this dissertation, I intend to gather the poetic variety of 17th-century love lyric, like an acute stem that supports learned flowers. Key words: portuguese literature; 17th-century lyric poetry; poetics and rhetoric; wit; love. 8 Sumário INTRODUÇÃO...............................................................................................................09 CAPÍTULO 1 A lírica seiscentista: gênero de cultivo do amor agudo...................................................14 CAPÍTULO 2 De cultas flores e fontes várias se compõe o amor agudo...............................................73 CAPÍTULO 3 As finezas amorosas do canto escrito seiscentista.........................................................148 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................217 ANEXO Saudades de Lídia e Armido Poema atribuído a Bernardo Vieira Ravasco.................................................................224 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................280 9 Introdução A poesia do século XVII é, ao mesmo tempo, singular e vária. Sua singularidade deve ser buscada em meio à variedade dos conceitos e à diversidade de gêneros e subgêneros poéticos. O que aproxima essa abundante produção seiscentista de sonetos, romances, décimas, canções, madrigais e glosas (apenas para citar os “gêneros de composição”1 mais correntes na lírica do século XVII) não é somente o aspecto temporal, mas também procedimentos poéticos comuns que determinam uma poética específica, centrada na noção de agudeza, como já o demonstrou Maria do Socorro Fernandes de Carvalho2 e como discutiremos, detidamente, no primeiro capítulo deste trabalho. Assim, a poesia aguda de que trataremos neste estudo, como se observará, é aquela produzida, principalmente, na Península Ibérica e no Brasil Colônia, entre fins do século XVI e começo do século XVIII. Embora a maior parte dessa poesia tenha sido composta no século XVII, ao denominá-la “seiscentista”, foca-se mais a predominância de modelos e procedimentos poéticos do que o momento de produção ou publicação dos poemas, que em diversos casos apresentam autoria e datação incertas. Nesse sentido, é preciso ressaltar que se evitará considerar a poesia do século XVII “barroca”, pois esse uso dedutivo do termo, estranho aos escritos seiscentistas, advém da manutenção de uma tradição idealista da historiografia da arte do século XIX; em especial, decorre da noção de “barroco” formulada por Heinrich Wölfflin, em sua obra Renaissance und Barock (1888).3 Até o começo do século XVIII, a palavra “barroco” não designava qualquer “estilo”, “período” ou “movimento” artístico ou literário, sendo empregada, principalmente, para significar uma pérola irregular, como se verifica, por exemplo, no Vocabulário Português e Latino de Raphael Bluteau:4 1 Manuel de Faria e Sousa, na quinta parte de sua Fuente de Aganipe (obra que será citada muitas vezes neste trabalho), é que utiliza a expressão “gêneros de composição”, ao intitular seu prólogo como um “discurso acerca de los generos de composiciones que ay en esa Parte quinta”. 2 Carvalho, M. S. F. de. Poesia de agudeza em Portugal: estudo retórico da poesia lírica e satírica escrita em Portugal no século XVII. São Paulo: Humanitas; Edusp; Fapesp, 2007. 3 Cf. Hansen, J. A. “Barroco, Neobarroco e Outras Ruínas”. In: REEL – Revista Eletrônica de Estudos Literários. Vitória, a.2, n.2, 2006, pp.1-4. Disponível em: http://www.ufes.br/~mlb/reel2/ JoaoAdolfoHansen.pdf 4 Vocabulario Portuguez, & Latino. Coimbra: No Collegio das Artes da Companhia de Jesu, 1712-1713, vols.1-4. Lisboa Occidental: Na Officina de Pascoal da Sylva, 1716-1721, vols. 5-8. Suplemento ao Vocabulario Portuguez, e Latino. 2v. Lisboa Occidental: Na Officina de Joseph Antonio da Sylva, 1727; 10 “Barroco. Pérola tosca, & desigual, que nem é comprida, nem redonda. Unio, divesæ ab rotunda, & turbata in figuræ”.5 E a própria escolha desse termo indica uma concepção dedutiva da história literária, que classifica autores e obras segundo estilos e épocas pré- determinados: as joias bem polidas e regulares do classicismo teriam dado lugar às pérolas toscas e deformadas do barroco. Como consequência desse modo de avaliar a “literatura” (uma palavra também bastante inadequada para designar a produção retórico-poética do século XVII), as representações seiscentistas foram, acriticamente, transformadas em “barroco”, cuja noção, conforme esclarece João Adolfo Hansen, promove uma interpretação idealista, “que generaliza as categorias neoclássicas para fundamentar as avaliações da poesia seiscentista como ‘excesso’, ‘jogo de palavras’, ‘alambicamento’, ‘artificialismo’, ‘formalismo’, ‘niilismo temático’, ‘afetação’, ‘pedantismo’ e mais anacronismos”.6 Para escapar de tal idealização, uma possível saída é recorrer àquilo que enforma os textos seiscentistas, em especial, às technai retórica e poética e às matérias elaboradas tecnicamente. Em vez de buscar aquelas características ditas “barrocas” de uma obra do século XVII, parece mais produtivo tentar identificar procedimentos retóricos e poéticos que, desenvolvendo com palavras as res, constituem o texto. No caso particular desta tese, procura-se reunir, discutindo-se as especificidades da poesia seiscentista produzida em Portugal e no Brasil Colônia, aquelas técnicas e a matéria principal de uma das vertentes dessa produção poética: daí propor-se a noção de amor agudo para caracterizar a variada lírica amorosa dos anos Seiscentos. Com essa concepção, pretende-se destacar que se trata de um amor construído retórica e poeticamente, ou seja, que segue preceitos, que atende à verossimilhança e ao decoro, que não é expressão subjetiva e original de indivíduo algum, mas que aparece em poemas cujos efeitos são racionalmente construídos. Além disso, referindo-se a um “amor agudo”, tenta-se reunir res e uerba, ou ainda, invenção e elocução, da mesma forma que nos poemas os conceitos e as palavras são indissociáveis. Visando a esse propósito de definir a concepção amorosa da poesia lírica do século XVII, nosso trabalho parte de uma discussão do gênero lírico que, diferentemente do épico ou do trágico, não contou, nos anos Seiscentos, com uma Na Patriarcal Officina da Musica, 1728. Consultamos a seguinte edição fac-similada: Hildesheim; Zürich; New York: Georg Olms Verlag, 2002. 10v. 5 Bluteau, R. Vocabulario Portuguez, & Latino, op.cit., volume 2, verb. “barroco”, p.58. 6 Hansen, J. A. “Fênix renascida & Postilhão de Apolo: Uma introdução”. In: Poesia seiscentista – Fênix renascida & Postilhão de Apolo. 1ªed. São Paulo: Hedra, 2002, p.26.

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ischnon uocant, alterum grande atque robustum, quod hadron dicunt, constituunt, tertium alii medium ex duobus, alii floridum (namque id antheron appellant) armado de otra dificultad: siendo assi, que Homero, i Virgilio, i toda su classe, en contrario, se parecen a hermosos, i dulces melocotones, i
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