JOSEPH C. MILLER PODER POLÍTICO E PARENTESCO OS ANTIGOS ESTADOS MBUNDU EM ANGOLA Tradução Maria da Conceição Neto ARQUIVO HISTÓRICO NACIONAL Ministério da Cultura Luanda 1995 ·. . I r ' Na capa: O mítico rei-ferreiro Ngoln Mussuri (NI(ola Musudi) " AJl;uare!a do Padre João António Cavazzi de Montecúccolo (meados do sec. XVII). M1ss1one Evange!ica ... ",manuscrito particular do Doutor Carlos Araldi (Modena, Itália) NOTA DO EDITOR •. O Arquivo Histórico Nacional tem como função principal a salva guarda, tratamento e classificação do vasto acervo documental do país, sobre variados suportes de informação, e ainda o desenvolvimento da pesquisa histórica. Dando hoje .à estampa a obra do professor Joseph FICHA TÉCNICA Miller, Kings and Kinsmen - Early Mbundu States in Angola, numa primeira edição em língua portuguesa, pretende, deste modo, cumprir a Autor: função de divulgação de obras de carácter científico cuja difusão, na Joseph C. Miller maioria dos casos, se vê condicionada pelas leis do mercado, porque Título: estas não se compadecem com os interesses dum público muito especí Poder político e parentesco. Os antigos estados Mbundu em Angola. fico (e entre nós ainda limitado) das ciências sociais. Pensamos Título original: que compete às instituições do Estado ajudar a suprir esta lacuna, Kings and Kinsmen. Early Mbundu States in Angola. Copyright © 1976 Oxford University Press desempenhando sempre e· cada vez mais o papel de mola impulsio Tradução: nadora para que o conhecimento da História e demais Ciências possa Maria da Conceição Neto coabitar connosco, na proporção dos interesses dos investigadores e dos Edição: interesses mais gerais da nossa sociedade. ARQUIVO HISTÓRICO NACIONAL Esta publicação não teria sido possível sem o empenho do Ministério da Cultura Ministério da Cultura que, no âmbito do programa de actividades do Execução gráfica: 20° Aniversário da Independência de Angola, financiou a tradução, e Fotocomposição e montagem: Litocdr, Lda., Rua Erm1io Mbidi, 68-A sem o apoio da Embaixada de Portugal, graças ao qual a Cooperação Impressão e acabamentos: Litotipo, Lda., Rua 1.° Congresso, 39/41 Portuguesa e o Instituto Camões financiaram a edição. Capa: Sérgio Carvalho Abriu o Arquivo Histórico Nacional esta vertente editorial ele Depósito legal n.O 1430/96 gendo o trabalho do Professor Miller porque entende que ele responde Tiragem: I 500 exemplares I' edição: Luanda, Dezembro de 1995 aos anseios de uma historiografia renovada que se reclam.a entre nós e se constrói com base numa metodologia de complementaridade das ~~-::::-...:,- 20.• ANIVERSÁRIO DA INDEPEND~NCIA DE ANGOLA fontes disponíveis para o exercício do "fazer" histórico. O recurso às EDIÇÃO SUBSIDIADA PELA COOPERAÇÃO PORTUGUESA fontes orais, aliado à exploração das fontes escritas, como se demons E O INSTITUTO CAMÕES tra no trabalho rigoroso de Joseph Miller, reveste-se de uma importân- I . ··. cia capital, tendo em conta as características das sociedades africanas ÍNDICE cujo passado pretendemos reconstituir. Não sendo novidade no meio científico tal prática, pois hoje, mais do que nunca, se reconhece PREFÁCIO ............................ ·. . . . . . . . . . . . . . . . . . . xi imntljlooância do testemunho oral como imprescindível para o estudo Índice de mapas, figuras e quadros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxi Abreviaturas usadas nas notas e na Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxii sociedade africanas,·é também verdade que, para o caso de Angola, o rrabalho do professor Miller foi pioneiro. Exemplo de investigação ·~)· INTRODUÇÃO ....... ' .......... ' . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . I O "Mito Hamita" e o seu legado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 onde se relacionam os métodos da História e da Antropologia A metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 (com apoio da Linguística), abriu um caminho essencial ao conheci A perspectiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 mento do passado angolano. II. O CENÁRIO ...............· ............................. 31 O meio físico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 I Outra razão para esta escolha prende-se com o próprio conteúdo Subdivisões etnolingufsticas no século dezasseis . . . . . . . . . . . . . . 37 da obra, simultaneamente contributo à problemática teórica sobre a Análise de alguns aspectos da estrutura social Mbundu . . . . . . . . . 42 origem e formação do Estado na nossa região de África e uma III. ORIGENS ENDÓGENAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 profunda análise interpretativa de factos históricos que marcaram A vinda do lunga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 O ngola como símbolo de linhagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 decisivamente, no século dezassete, o espaço onde emergiu a Angola Estados incipientes baseados no lunga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 actual. O impacto dos Imbangala e da instituição do kilombo, assim Reinos baseados no ngola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 como o conflito entre as estruturas do parentesco e os sucessivos poderes centralizadores, ultrapassam largamente o âmbito dos povos IV. NOVAS IDEIAS VINDAS DO SUL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 O kulembe , .. , ...................... : . . . . . . . . . . . . . . . . 89 de língua Kimbundu e dos célebres estados do Ndongo e Matamba. Expansão do Libo1o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 O presente livro, cujo ponto de partida foi uma pesquisa sobre Kasa Os Mbondo depois do declínio do Libolo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 nje, envolve também aspectos da história dos Lunda, Cokwe, Luvàle, V. O PROBLEMA DA FORMAÇÃO DO ESTADO ENTRE AS LINHAGENS Kongo, Ovimbundu e, no domínio metodológico, é igualmente impor.., SEGMENTARES A LESTE DOS MBUNDU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 Os primórdios da história polftica dos Songo . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 tante para outros povos que hoje são parte integrante de Angola. É, Crescimento de;instituições centralizadas entre os Lunda . . . . . . . . 114 portanto, com justificada satisfaÇão que o Arquivo Histórico Nacional A difusão de títulos políticos Lunda para o ocidente . . . . . . . . . . . 128 Estados Cokwe baseados no kinguri . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136 entrega esta obra ao público de língua portuguesa. O declínio das linhagens entre os Lunda do kinguri . . . . . . . . . . . . 140 (, VI. UMA SOLUÇÃO RADICAL O KILOMBO DOS IMBANGALA 149 Estados Songo baseados nos títulos Lunda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 Rosa Cruz e Silva Origens do kilombo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159 Directora do A.H.N. Formação dos lmbangala . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165 VII. OS IMBANGALA E OS PORTUGUESES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174 Os primeiros contactos: definindo um padrão de relacionamento . 175 Os Imbangala de Kulaxingo em Angola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 A fase de maturidade da aliança entre Portugueses e Imbangala . . 198 Os Imbangala a sul do Kwanza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217 VIII. INSTITUCIONALIZANDO A INOVAÇÃO POLÍTICA . . . . . . . . . . . 220 Os parentes e os não parentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221 O kilombo como máquina de guerra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228 Homens e não-homens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237 Desaparecimento do kilombo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 247 IX. CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 260 Definindo um "Estado" ............... :. . . . . . . . . . . . . . . . . 261 Como e porquê se formaram os estados Mbundu . . . . . . . . . . . . . . 266 Conclusões sobre a história dosMbundu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 275 BIBLIOGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 279 Glossário de termos africanos usados no texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 296 Índice remissivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 299 Prefácio Embora os historiadores estejam acostumados a· trabalhar com infor mação registada de modo imperfeito, ou pelo menos imperfeito em relação aos objectiyos de cada um, os dados em que se apoia este estudo têm características especiais que exigem uma declaração preliminar sobre a maneira como foram recolhidos e as técnicas que foram utilizadas para os NOTA DE TRADUÇÃO analisar. Qualquer estudo que se proponha combinar dados diversos, obti dos a partir de materiais etnográficos, linguísticos, documentais e trans O autor, há vinte anos, explicou as suas razões para a grafia usada mitidos oralmente, está necessariamente imbuído dos. estudos pioneiros do nos vocábulos em línguas bantu (p. xvi). Actualmente existe já, embora ainda não suficientemente divulgada, uma grafia angolana oficial para o Professor Jan Vansina sobre o significado histórico dos testemunhos não Kimbundu c outras lfnguas presentes no texto, que não se afasta muito da escritos. Visto que o nosso conhecimento dos primórdios da formação do que Miller usou. Considerando a variedade de leitores e da sua formação, Estado entre os Mbundu depende de todo este tipo de fontes e, sobretudo, em distintos países, decidimos nesta primeira tradução para o Português visto que alguns destes dados foram registados muito antes de qualquer manter no essencial a ortografia da versão original, opção discutível mas uma destas disciplinas ter atingido o seu grau actual de sofisticação, o que pareceu o menor dos males. A tentativa de "aportuguesar" termos das problema da metodologia adquire uma importância superior àquela que línguas bantu resultaria em distorções grosseiras, sendo mal aceite pelos eruditos. Alterámos o sh da versão inglesa para x, dado que aqui coincidem habitualmente teria. as línguas bantu e a língua portuguesa (leia-se como em "xadrês"). Os dados recolhidos durante o meu trabalho de campo de 1969-70 Os etnónimos mantiveram-se invariáveis, independentemente do género e entre os Imbangala de Angola requerem uma análise o mais aprofundada número, com maiúscula inicial mesmo quando funcionam como adjectivos. possível. Consistem em cerca de trinta horas de entrevistas gravadas em Reconhecendo o barbarismo que tal representa na língua portuguesa, é uso Kimbundu e em Português; para além disso, há uma quantidade um pouco consagrado internacionalmente e pareceu-nos de seguir. Lembramos aos menos familiarizados com as línguas bantu que o g se lê sempre como em mais pequena de traduções inglesas dos textos em Kimbimdu. Muito mais "gato", o s sempre como em "sapo", mesmo que seja intervocálico, horas de entrevistas foram registadas sob forma de notas manuscritas, em e o c corresponde ao som próximo de tch. bruto, e desenvolvidas depois sob a forma de fichas de trabalho dactilo Quando o autor se refere a vilas e cidades "portuguesas" (no século grafadas. Actualmente, todo este material está na minha posse e encontra-se, dezassete ou à data da pesquisa., 1969), manteve-se o nome por ele usado, evidentemente, à disposição de quem desejar utilizá-lo para fins de investi ~~-.;::> colocando-se entre r 1 o nome angolano actual. ·~~ gação. Espero que num futuro próximo se possam colocar cópias em locais ~\~ adequados em África e nos arquivos orais da Universidade de Indiana . . ;~. .... ' ~. .·· Gravei as primeiras entrevistas na íntegra, com a intenção de prepa rar transcrições e traduções segundo os padrões delineados pelo Professor Philip D. Curtin,1 mas as condições locais rapidamente fizeram com que fosse mais útil abandonar a gravação e continuar com notas de campo escritas. Não consegui obter nenhum tradutor capaz de produzir uma tradução portuguesa correcta - ou mesmo coerente - dos textos em Kimbundu. Isso obrigou-me a entrevistar tanto quanto possível em Por tuguês. Embora um certo número de entrevistas tenha sido gravado em ' Philip D. Curtin (1968b). r .I À memória de meu pai, John W. Miller 1903-1974 xií PREFÁCIO PREFÁCIO xiii Português, os problemas decorrentes de se narrarem histórias Imbangala Comecei por localizar os indivíduos que, de um modo geral, eram numa língua estrangeira, num contexto totalmente artificial, quase elimi considerados como tendo maior probabilidade de fornecer uma informação nou aquelas características de subtileza a cuja captação o gravador se aqrangente e exacta sobre o passado dos Imbangala. Afortunadame?te, adapta melhor. tendo em conta as limitações prevalecentes no plano da pesqmsa, O modelo de entrevista gravada também se tornou ineficaz devido a revelou-se que a maior parte das tradições históricas Imbangala sobrevi um certo desvio do conteúdo abrangido no decorrer de conversações ulte~ ventes eram conhecidas por apenas um punhado de indivíduos, dos quais riores com os informantes. A maior parte dos testemunhos posteriores todos falavam um pouco de Português. Estes homens, o ndala kandumbu consistiu em genealogias e discussões informais sobre informação linguís (historiador oficial da corte do antigo estado de Kasanje) e os baka a tica e etnográfica, as quais podiam ser preservadas de um modo tão exac musendo ("historiadores" não oficiais mas profissionais) tornaram-se os to e eficaz por meio de notas escritas como por meio de um gravador. informantes primários deste estudo. Tornou-se claro que a maioria das ou Embora no decurso das entrevistas posteriores tenham surgido algumas tras potenciais fontes de informação, a que poderemos dar o nome de in~or composições narrativas dignas de serem gravadas (no geral, as tentativas mantes secundários, pouco poderiam acrescentar aos dados que se pod1am de as repetir para gravação falharam), foi relativamente pouco o material obter dos informantes primários. Contudo, a presença de um informante deste tipo que ficou por gravar. A utilização de apontamentos escritos teve, secundário numa entrevista, estimulava muitas vezes um informante por outro lado, a vantagem de permitir uma investigação mais aprofunda primário (agindo ostensivamente como intérprete) a recordar algum.a infor da do que a que permitiria a gravação, sobre vários assuntos considerados mação que, de outro modo, não lhe viria tão prontamente à memóna. _ demasiado sensíveis para serem discutidos diante de um gravador. A maior parte das entrevistas começavam com uma declaraçao As limitações de tempo e de dinheiro, assim como certas restrições às voluntária por parte do informante, em que este dava a sua ve~são pessoal actividades de pesquisa em Portugal e em Angola, restringiram-me a da história do seu título e/ou linhagem. No caso de mformantes possibilidade de pôr em prática o plano de pesquisa que seria teoricamente secundários, estas declarações, muitas vezes expressas sem uma habili óptimo. É óbvio que os historiadores de África só utilizarão plenamente as dade ou mestria particulares, tinham tendência para ser muito breves e fontes disponíveis quando abordarem os dados obtidos dominando facil incompletas. Alguns informantes secundários decidiam omitir esta fase da mente tanto as línguas como as culturas implicadas. Naquela época, era entrevista. O informante primário, que no geral me acompanhava nas difícil para um historiador não residente adquirir o necessário aperfeiçoa entrevistas aos informantes secundários, a seguir à declaração inicial fazia mento nestes domínios. As linguas africanas de Angola ainda não foram perguntas que se destinavam a incitar o inf~rmante secun~.U:i~ a aper devidamente estudadas e, embora se possa adquirir em Lisboa um feiçoar óu resolver contradições internas. O mforman~e ?~1mano acom conhecimento duma variante de Kimbundu suficiente para trabalhar, uma panhante dava então a sua versão pessoal da mesma htstona, com o .pre familiaridade com a língua, que seja verdadeiramente útil, exige estudos texto de inspirar o informante secundário. A maior parte das entrev1st~s no terreno. A etnografia angolana sofre de uma negligência semelhante e terminavam com as minhas perguntas sobre pontos pouco claros, contradl impõe ao pesquisador constrangimentos da mesma ordem. De um modo ções que eu tinha notado e novos conceitos e termos que tinham surgido ideal, o historiador deveria fazer preceder os seus estudos históricos de no decorrer da entrevista. . uma prolongada aprendizagem linguística e de uma pesquisa etnográfica, As entrevistas iniciais com informantes primários seguiram mais ou mas a impossibilidade de dispor de materiais importantes forà de Angola menos 0 mesmo formato, mas levar~ a toda uma série de encontros subse torna isso impossível. As condições em Angola tornavam impossível quentes que tinham uma amplitude muito maior, não seguindo nenhum planificar um projecto de pesquisa metódico, que se estendesse por vários modelo particular. No geral, eu abria as sessões posteriores com um ponto meses ou anos. Por isso, considerei mais eficiente juntar a maior quanti histórico retirado de uma entrevista prévia e pedia ao informante que o dade de informação possível num curto espaço de tempo e optei por deixar repetisse ou se alargasse sobre ele. Geralmente, a discussão avançava · de lado um rigoroso e preliminar trabalho de fundo, etnográfico e linguísti rapidamente, por meio de mais perguntas e respostas, para problemas co, preferindo gravar o máximo de informação acessível o mais rapida emográficos e linguísticos gerais,. à medida que o in~ormante te?tava mente que fosse exequível. Esta estratégia orientou a minha pesquisa esclarecer pontos obscuros. O formato destas entrev1stas postenor~~· durante os cinco meses que passei vivendo perto dos Imbangala, no muitas vezes repetitivo, de pergunta-e-resposta, tornou supérflua a utlh Distrito de Malanje. zação do gravador para a maior parte delas. PREFÁCIO XV xiv PREFÁCIO espalhados pela Itália, Espanha, Inglaterra, França e Brasil, para nomear Embora talvez tivesse sido melhor basear os inquéritos etnográficos ~penas os repositórios mais importantes, só foi me possível consultar pes no método de observação participante, desenvolvido pelos antropólogos, os soalmente os do Múseu Britânico. As riquezas pouco exploradas do Arqui obstáculos que os investigadores ·estrangeiros brancos enfrent~vam em vo Histórico. de' Angola, que estavam facilmente acessíveis, dizem intei Angola impossibilitavam-nos de viver numa aldeia. Alguma da informação ram~riie respeito a períodos ulteriores. etnográfica deste' estudo provém de perguntas directas. sobre pontos que u;m '· · Dadás as limitações criadas pelas condições acima sintetizadas, ten pareciam importantes à luz do material histórico fonnal: segundo tei tomar um rumo entre Cila e Caribde, ou seja, entre reconhecer as método de investigação foi o de fazer perguntas com base mima lista de ter imperfi!iÇões dos dados a ponto de não dizer coisa nenhuma e buscar uma mos cm Kimbundu retirados de fontes escritas sobre os Imbangala, que reconstrução' coerente de acontecimentos que projectasse os dados para recuam até ao século dezasseis. Eu simplesmente apresentava cada palavra àlém das limitações que lhes são inerentes. Este dilema tem uma importân aos informantes, perguntava-lhes se a conheciam e, caso.afmnativo, () que cia especial no que respeita aos materiais orais, já que são menos bem significava. Esta técnica abriu caminho a várias novas e frutuosas linhas de conhecidos que os escritos e já que a análise depende deles em muitos pesquisa, muitas vezes em sítios bastante inesperados. Outras conclusões aspectos. Por isso dediquei uma secção do Capítulo I à descrição das sobre a estrutura e a cosmologia social dos Imbangala emergiram duma histórias formais e informais dos Imbangala e a uma análise do seu sig análise posterior, tanto das histórias formais como de outros dados. nificado para os historiadores ocidentais. Dito isto, apenas necessito O historiador tem de rogar aos seus colegas antropólogos que tenham explicar as considerações que me levaram a utilizar as tradições do modo paciência perante a falta de uma investigação etnográfica sistemática. como o fiz. Estas tradições são susceptíveis de serem estudadas a muitos A pesquisa linguística de base consistiu numa tentativa de coligir outros níveis - nomeadamente, a intrigante possibilidade de uma crítica vocabulários de 200 palavras em todos os dialectos orientais do Kimbundu, literária formal que vem sendo desenvolvida pelo Professor Harold com base na lista que os linguistas utilizaram em ligação com os seus estu Scheub da Universidade de Wisconsin mas os constrangimentos que dos sobre glotocronologia.2 A investigação etnográfica geral permitiu actuavam neste caso tornaram necessária a elaboração de um "denomi melhorar a compreensão linguística, e os diversos dicionários disponíveis nador comum" de um nível relativamente baixo, que fizesse com que as sobre as línguas bantu de Angola complementaram aquelas listas. tradições que eu coligi em 1969 pudessem ser comparadas a outras A documentação escrita sobre a Angola dos séculos dezasseis e dezas variantes registadas por escrito nos séculos dezassete, dezanove e início do sete encontra-se agora disseminada por três continentes, pelo menos. século vinte. A colecção de longe mais importante encontra-se nos vários arquivos de O rriétodo escolhido, dada a situação atrofiada das tradições, não Lisboa, grande parte da qual nas colecções de manuscritos da Biblioteca poderia estar dependente da comparação de um grande número de Nacional, do Arquivo Nacional da Torre do Tombo e da Biblioteca da variantes que já deixaram de existir. Nem poderia exigir um grau de Ajuda. Especialistas estrangeiros interessados em temas africanos viram, facilidade linguística impossível de obter neste caso. Foi também de vez em quando, restringido o acesso a alguns desses documentoS.3 necessário reconhecer que todas as tradições publicadas evidenciavam Solicitei, mas nunca recebi, autorização para consultar a ·colecção da mudanças drásticas em relação ao que deve ter sido a sua forma oral Biblioteca Nacional, enquanto que a reorganização que se dizia estar em original. As versões destas mesmas tradições por mim recolhidas sofrem curso na Biblioteca da Ajuda e nà Torre do Tombo me impediu de ver mais de mutilações semelhantes (embora menos extensas) já que fui i~capaz de do que uma pequena parte do importante material que aí se encontra. assegurar transcrições exactas ou traduções dos texto~ em K1~bun~u. Fiquei por conseguinte, em Lisboa, dependente de versões publicadas. da Mesmo as versões gravadas em Português devem ter sofndo mod1flcaçoes maior parte dos documentos, à excepção dos que se encontram no Arqmvo consideráveis à· medida que o informante as ia traduzindo, no meu Histórico Ultramarino. Por sorte, todos os documentos conhecidos do sécu interesse. Tal como fica claro no Capítulo I, assim espero, mesmo o facto lo dezasseis e anteriores, assim como uma grande quantidade de documen de se recitarem estas histórias para um investigador vindo de fora in tação do século dezassete foram publicados, e os mais importantes muitas fluenciou inevitavelmente a maneira como foram narradas. Não podia ser vezes em diversos sítios. Dos muitos documentos que se encontram d? empregue nenhuma análise que dependesse da explicação literal texto; as próprias palavras ou não tinham sido gravadas, ou não pod1am ser D. H. Hymes (1960), p. 6. . suficientemente compreendidas para justificar tal abordagem. Sobre as experiências de um outro estrangeiro, ver Salvadorini (1969), pp. 16-19. I xvi PREFÁCIO PREFÁCIO xvii é mais fonémica do que fonética e assim, por exemplo, a pronúncia A pesquisa que conduziu ao presente estudo começ~u · como umà ci- Mbangala/Cokwe/Lunda surge aqui naiorma geral em Kimbundu, ki-. ! investigação, bastante vaga, sobre a história de Kasanje, o reino)mbangala ! fundado no final do período que acabei por escolher como tema deste As referências na.s notas de rodapé são dadas de forma abreviada, mas a bibliografia contém as habituais citações completas que, assim trabalho. A mudança de período e de tema resultou do facto de' os estudos espero, virão clarificar algumas das referências obscuras que se encontram existentes não fornecerem antecedentes úteis sobre os quais base~. umà etn muitas· publicações mais· antigas sobre este tema. Muitos dos docu ,I história de Kasanje. No geral, a bibliografia confundia os Imbangala com mentos utilizados foram publicados em vários sítios por diversos editores os chamndos ".Tngn", guerreiros famosos e temíveis que, provavelmente, ,I e, nestes casos, tentei incluir todas as localizações que conhecia. Ao pôr os nunca existiram da maneira como foram descritos. Além disso, não tinham '. nomes portugueses por ordem alfabética, segui as regras da Biblioteca do sido publicados estudos sistemáticos sobre a etnografia dos :Mbundu;' em. ~~:::.~ Congresso dos Estados l)nidos, embora a maior parte dos leitores devam ~~~~ geral, e menos ainda sobre os Imbangala. Resumindo, er~ impossívei ~ ":--:~~ -:.:-. descrever o ambiente em que os Imbangala fundaram Ka!;anje, ou mesmo estar conscientes de que diferentes· bibliotecas (sobretudo as localizadas fora dos Estados Unidos) podem seguir convenções diferentes. As citações saber quem tinham sido os Imbangala no século dezassete. Não me pare~ ~ .. ---- cia que se pudesse esperar escrever uma história daquele reino, que fizesse do "testemunho" de um indivíduo fazem referência, em todos os casos, a entrevistas realizadas durante o meu trabalho de campo em Angola sentido, sem uma certa compreensão das condições que os Imbangala en (para a lista de informantes,·ver Bibliografia). contraram quando atingiram o seu lar actual e sem um collhecimento ' Segui a convenção inglesa, geralmente aceite, de não utilizar prefixos razoavelmente seguro das tendências que trouxeram consigo. Bantu antes dos nomes de grupos etnolinguísticos, à excepção do nome · A incidência do presente trabalho em processos de formação do Esta- Ovimburidu (correctamente, os Mbundu) para distinguir esses habitantes dos do resultou da minha compreensão de que pouco do que havia lido sobre planaltos do Sul, dos Mbundu que vivem a norte do Kwanza. O plural da a emergência de estados falava do que eu sentia que constituíao problema maior parte das palavras Bantu aparece entre parênteses depois da sua central no espírito dos Imbangala com quem tinha falado: a tensão entre as primeira ocorrência no texto e um glossário de termos Bantu, que se encon suas lealdades ao parentesco e o seu respeito pelos reis. Uma primeira a tra no final deste estudo, deve facilitar a identificação de termos que não vista geral da bibliografia sobre o tema convenceu-me de que experiên sejam familiares ao leitor. · cia dos Mbundu poderia realçar um aspecto da história política e social africana que tinha passado relativamente despercebido. Foi com bastante É um prazer agradecer, de forma mais breve do que desejaria, a algu prazer que descobri, enquanto estava a escrever este estudo, que mas das pessoas e instituições que contribuíram para a realização deste estu historiadores e antropólogos na Nigéria, como Abdullahi Smith, Robin do. O Doutor David Birrningham e a sua farru1ia acolheram-nos em Londres Horton e E.J. Alagoa, tinham exposto teoria e factos, duma maneira que e contribuíram para que da nossa estadia ali retirássemos proveito e prazer. de imediato clarificou o meu próprio pensamento e explicou certas Mme Marie-Louise Bastin Ramos deu-me a conhecer alguns dos materiais incertezas persistentes que obscureciam a minha visão sobre opassado dos que se- poderiam encontrar no Musée Royal de l'Afrique Centrale em Mbundu. Espero que eles concordem q'ue a história dos Mbundu po~e sei Tervuren, Bélgica. Em Lisboa, • acrescento a minha gratidão aos agradeci sujeita ao tipo de análise de que eles foram pione1ros. · · . · mentos de muitos outros que beneficiaram dos amigáveis conselhos e do Na ausência de uma ortografia oficialmente padronizada do Ki apoio prestável do Professor Doutor António da Silva Rego. Desejo também mbundu, tentei empregar uma versão da "ortografia prática das línguas exprimir o meu apreço ao Doutor Alberto Iria, director do Arquivo Histórico africanas", simplificada para se adaptar às possibilidades dum alfabeto Ultramarino e ao pessoal desse arquivo e ao da Biblioteca da Sociedade de padrão da língua inglesa.4 A maior divergência entre o sistema sugerido Geografiá de Lisboa, que me apoiaram no exame das ricas colecções docu pelo Instituto Internacional de Línguas e Culturas Africanas e o que mentais de Lisboa. O Doutor Dauril Alden partilhou comigo, de modo mais utilizei aqui, é a minha utilização do "j" francês para indicar o som repre do que generoso, os frutos das suas explorações tanto nos arquivos como nos sentado por -s- na palavra inglesa pleasure. Isto não poderá levar a locais menos bem conhecidos e contribuíu certamente para a educação de um ambiguidades, já que o "j" inglês não ocorre em Kimbundu. A ortografia historiador noviço num novo país. A Sra. Asta Rose J. Alcaide, o Sr. Roberto Bently e esposa, o Sr. Grayson Tennison e esposa, também contribuíram para ' International Institute of African Languages and Cultures (1930). Para esta edição em Português, o prO$seguimento da minha investigação enquanto estive em Lisboa. ver "nota de tradução". - r~ PREFÁCIO xix iri; Sua Excelência o Dr. Carlos::::o de Azevedo, Governador do Dis soai de todos estes arquivos, demasiado numerosos para os poder citar r trito de Malanje em Angola e o Sr. Administrador José Manuel Fernandes aqui, que de bom grado e com eficiência localizaram os muitos volumes de Mota Torres concederam a autorização necessária para levar a cabo o de documentos que. requisitei. O Sr. Adjunto Sá Pereira, da Missão de trabalho de campo no Concelho do Quela. O Sr. Eng. o Agrónomo Manuel Inquéritos Agrícolas de Angola, e o Eng. o Mendes da Costa, dos Serviços António Correia de Pinho, director do Instituto do Algodão, gentilmente Geográficos e Cadastrais, permitiram-me que examinasse documentos me concedeu facilidades de alojamento em instalações dp Instituto, sem as úteis que estavam à sua guarda. O Sr. Acácio Videira, da Companhia de quais não poderia ter trabalhado com êxito no seio dos Imbangala. Para Diamantes de Angola, apresentou-me a informantes cujo conhecimento além <.la <.lfvida profissional que tenho para com os padres e irmãos leigos contribuiu para completar os meus estudos. Estou também agradecido, da Missão Católica dos Bângalas, pelo trabalho que realizei na missão, a por muitas razões, a Michael Chapman, ao Dr. Luis Polonah e esposa, ao minha família e eu jamais poderemos retribuir a gentileza e a cordial hos Sr. Peter de Vos e esposa, ao Sr. Richard Williams e ao Sr. Lester Glad e pitalidade do Padre Alfredo Beltrán de Otalora, do Padre José Luis esposa. Rodríguez Sáez, de Esteban Arribas, Carmelo Ortegas e de José Luis Mar Ninguém que tenha estudado sob orientação do Professor Jan tinez. Outros que gentilmente contribuíram para o sucesso, das minhas Vansina poderá deixar de beneficiar do exemplo e dos encorajamentos investigações no terreno incluem o Sr. Adjunto Vitor António dos Santos que ele dá aos seus estudantes e colegas. A sua larga experiência marcou e esposa, o Sr. Administrador Amândio Eduardo Correia Ramos e esposa, a pesquisa e a redacção deste estudo desde o seu início; a ele devo o Sr. Administrador Adelino Correia da Silva e esposa, o Sr. Administra originalmente a escolha do assunto. Inevitavelmente sente-se que, afinal, dor Frederico de Mello Garcês e esposa, o Sr. Administra<forSigurd.von o estude;> corresp_onde a pouco mais do que a investigação pormenorizada Viller Salazar, o Sr. Alberto Manuel Pires, o Padre Pedro Uría, o Sr. Lloyd sobre uma ideia por ele mencionada uma vez, num contexto de algo muito Schaad e esposa, e muitos cidadãos do Quela. Evidentemente, a minha mais vasto. Os professores Philip D. Curtin, John Smail e Harold Scheub obra tem a sua maior dívida para com os lmbangala cujos nomes aparecem da Universidade de Wisconsin leram os primeiros rascunhos e nas notas de rodapé ao longo de todo o livro e cujo conhecimento históri ofereceram as suas inestimáveis críticas. Durante os meus anos em Madi co especializado fornece os fundamentos sobre os quais foi construído son, o Professor Curtin, em especial, exerceu uma influência constante e qualquer um dos outros aspectos deste estudo. Uma expressão especial de disciplinada sobre o meu pensamento e a minha maneira de escrever. gratidão vai para o Sr. Sousa Calunga e o Sr. Apolo de Matos que vieram Uma estadia de um ano do Professor Steven Feierman na Universidade de a aceitar-me, segundo espero, como colega de profissão. Wisconsin, como professor visitante, deu-me a oportunidade de beber da Em Luanda, o falecido Sr. Eng.0 Agrónomo Virgílio Cannas Martins sua visão profunda e das suas agudas capacidades analíticas; ele gentilmente pôs à minha disposição os recursos do Instituto d'e Investi orientou-me para muito do material teórico sobre formação do Estado. gação Científica de Angola. A Dra. Maria Angelina Teixeira Coelho aju Se outros encontrarem algo de si próprios no meu trabalho, a minha falha dou-me pacientemente a abrir caminho através da vastíssima documen em não reconhecer explicitamente o seu contributo não resulta de uma tação do Arquivo Histórico de Angola e forneceu-me orientação e falta de gratidão. Nenhum dos citados é responsável por qualquer assistência de muitas outras formas; a sua ajuda generosa e os seus fraqueza que possa restar e aceito plena responsabilidade por todas as que conselhos abriram novas rotas de pesquisa. O Sr. Arquitecto Fernando existam. Batalha e o Dr. José Redinha gentilmente partilharam os frutos da sua A pesquisa nem sequer teria tido lugar sem o generoso financia~- ~---- incomparável familiaridade com o passado angolano. O falecido mento do "Foreign Area Fellowship Program" de Nova Iorque, que me Dr. Mário Milheiros dispôs benevolamente do seu tempo para me ajudar permitiu viajar para a Europa e África e gastar, na preparação da disser a familiarizar-me com os arquivos de Luanda. Desejo também agradecer tação original (Universidade de Wisconsin, 1972), mais tempo do que, de ao Padre António Custódio Gonçalves, director do Arquivo da Câmara outro modo, teria sido possível. Contudo, o Programa não tem relação ~=~:~?:? Eclesiástica e ao Vice-Presidente Ramos do Amaral, da Câmara Munici com as conclusões expressas. Estou também grato à Universidade de ~ ~ ~ ~ pal, pela autorização concedida para consultar as colecções da Biblioteca Virgínia pela bolsa de investigação do Wilson Gee Institute e os fundos e do Arquivo da Câmara Eclesiástica e a Biblioteca da Câmara Munici adicionais que apoiaram a preparação do manuscrito revisto. Glyn Hew- pal. O Coronel Altino A.P. de Magalhães deu-me a conhecer o Arquivo son, Beth Roberts e Paul Zeigler permitiram que eu beneficiasse das suas Histórico do Quartel General. Tenho uma especial dívida para com o pes- especiais competências. XX PREFÁCIO Apreciei o olhar atento e o bom senso dos e<Utores da Clarendon Press na preparação do manuscrito para publicaç·ão. Embora as notas de rodapé já não estejam de acordo com o estilo preferido nos textós históricos, aceitei a forma mais económica sugerida pelos editores, reconhecendo as actuais realidades da indústria editorial. A minha maior gratidão pessoal dirige-se, evidentemente, à minha Índice de Mapas esposa Janet e aos meus filhos, que seguiram de bom grado os trilhos, por vezes sinuosos, que levaram à forma final deste trabalho.· De :algum modo Janet encontrou tempo para dar conselhos editoriais·valiosos, ·para I. Geografia dos Mbundu e seus vizinhos (c. 1970) .................. . 33 além de manter a família em funcionamento, e a ela pertence uma boa II. Autoridades lunga na Baixa de Cassanje (século dezasseis e mais cedo) .. 71 parte de quaisquer louvores que este estudo possa vir a merecer. III. Subgrupos Mbundu e instituições políticas anteriores ao século dezassete 77 IV. Expansão do Ngola a Kiluanje (antes de 1560) .................... . 80 J.C.M. V. Kulembe e Libolo (c. secs. XV-XVI?) .......................... . 91 VI. Primórdios da história dos Songo e dos Mbondo .................. . 107 Londres, Fevereiro de 1975 VIL Expansão do reino Mbondo .do ndala kisua e estados subsidiários (c. século dezasseis?) ....................................... . 110 VIII. Dispersão das instituições políticas Lunda (antes de c. 1600) ......... . 141 IX. Os Imbangala e os Portugueses (c. 1600-1650) .................... . 193 X. Os Imbangala a sul do Kwanza (século dezassete) ................. . 211 Índice de Figuras I. Uma genealogia musendo representativa .................... · · · · · · 17 II. Diagrama mostrando como as genealogias se combinam para descrever um reino ............................... ··················· 20 III. Diagrama esquemático da estrutura e inter-relações das genealogias históricas Mbundu .................................... · · · · · · 22 IV. Inter-relações dos títulos ngola ........................ · .. · · · · · · 85 V. Genealogia ilustrativa das alegadas origens de antigos títulos políticos Lunda ........................ · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 121 Índice de Quadros I. Cronologia do ngola a kiluanje ................ · · .. · . · · · · · · · · · · 85