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Pesquisa em Artes Cênicas : Textos e Temas PDF

139 Pages·2012·0.843 MB·Portuguese
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Narciso Telles organizador PESQUISA EM ARTES CÊNICAS Textos e Temas Rio de Janeiro, 2012 © Narciso Telles (Org.)/E-papers Projeto gráfi co, diagramação Serviços Editoriais Ltda., 2012. e capa Todos os direitos reservados a Sheila Neves do Rêgo Narciso Telles (Org.)/E-papers Serviços Editoriais Ltda. É proibida Imagem da capa a reprodução ou transmissão desta Memorial de Silêncios e Margaridas. obra, ou parte dela, por qualquer Dramaturgia: Luiz Carlos Leite e meio, sem a prévia autorização dos Narciso Telles editores. Atuação: Narciso Telles Impresso no Brasil. Direção: Mara Leal Foto: Luana Diniz (Magrela) ISBN 978-85-7650-358-3 Revisão Comitê Editorial – Publicações Nancy Soares GEAC Produção Editorial Prof. Dr. André Luiz Carreira Thaís Garcez (UDESC) Prof. Dr. Arão Paranaguá de Santana Esta publicação encontra-se à (UFMA) venda no Prof. Dr. Fernando Manoel Aleixo site da E-papers Serviços Editoriais. (UFU) http://www.e-papers.com.br Profª Dra. Mara Lucia Leal (UFU) Profª Dra. Maria Beatriz Mendonça E-papers Serviços Editoriais Ltda. (Bya Braga) (UFMG) Rua Mariz e Barros, 72, sala 202 Prof. Dr. Mário Ferreira Piragibe Praça da Bandeira – Rio de Janeiro (UFU) CEP: 20.270-006 Prof. Dr. Narciso Larangeira Telles Rio de Janeiro – Brasil da Silva (UFU) Prof. Dr. Paulo Ricardo Merisio (UNIRIO) Prof. Dr. Rogério de Oliveira Santos (UFOP) Profª Dra. Vilma Campos Leite (UFU) CIP-Brasil. Catalogação na fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ P564 Pesquisa em artes cênicas : textos e temas / Narciso Telles, orga- nizador. - Rio de Janeiro : E-papers, 2012. 138p. Inclui bibliografi a ISBN 978-85-7650-358-3 1. Artes cênicas - Pesquisa - Brasil. 2. Artes cênicas - Estudo e ensino - Brasil. I. Telles, Narciso, 1970- 12-6656. CDD: 792.0981 CDU: 792(81) SUMÁRIO 5 Prefácio Fernando Aleixo 13 Apresentação Narciso Telles 15 Pesquisa como construção do teatro André Carreira 35 Ter experiência da arte: para uma revisão das relações teoria/prática no contexto da nova teatrologia Marco de Marinis 45 Paragens de um artista-docente-pesquisador Narciso Telles 59 As artes circenses e a pesquisa no Brasil Mario Fernando Bolognesi 69 A pesquisa em teatro: a questão da palavra e da voz Silvia Davini 111 A pesquisa nas artes do corpo: método, linguagem e intencionalidade Milton de Andrade 123 A pesquisa qualitativa em artes cênicas: romper os fios, desarmar as tramas Adilson Florentino Prefácio Fernando Aleixo Ator e Professor do Programa de Pós-graduação em Artes da UFU Este livro apresenta um conjunto de artigos que constitui uma importante contribuição para pensarmos a pesquisa em ar- tes cênicas na contemporaneidade. Cada texto desenvolve um ponto de vista específi co e, ao mesmo tempo, constitui um todo ancorado nas experiências fundadoras dos conceitos-pesquisas aqui apresentados. Neste sentido, para a apresentação de alguns pontos sobre a pesquisa em artes cênicas, levantados neste li- vro, farei o uso provisório de um “entre parênteses”. Penso ser importante proceder assim: recentemente muitas foram as su- perações conceituais e práticas envolvendo confrontos entre a arte e a ciência e entre a pesquisa acadêmica e a criação artís- tica. E, portanto, acredito que qualquer abordagem generalista poderá desconsiderar problematizações importantes para o en- tendimento de conquistas e, também, de novos enfrentamentos necessários. Segundo as palavras de Teixeira Coelho, “um conceito rara- mente surge à luz do dia “tal qual”, pronto, defi nido e acabado” (apresentação do livro “Sobre Performatividade”, publicado pela Letras Contemporâneas no ano de 2009). Acredito que o conceito de “pesquisa em artes” está situado exatamente nesta defi nição de inacabado, indefi nido e em constante movimento de constru- ção. Me ocorre neste ponto (da difícil tarefa de defi nição sobre a pesquisa nesta área) a metáfora da liquidez apontada por Lucia Santaella na abordagem sobre as linguagens líquidas. Assim, ob- servo que muitas tentativas de formulação de conceitos acabam escapando das mãos, escorrem líquidas e caem em transforma- ção: “os líquidos se movem facilmente. Eles fl uem, escorrem, es- vaem-se, respingam, transbordam, vazam, inundam, borrifam, pingam, são fi ltrados, destilados,…” (Bauman. Modernidade Lí- quida). Observamos o que considera Lucia Santaella: “Já não há lugar, nenhum ponto de gravidade de antemão garantido para qualquer linguagem, pois todas entram na dança das instabilidades. Tex- to, imagem, e som já não são o que costumavam ser. Deslizam uns para os outros, sobrepõem-se, complementam-se, confraternizam-se, unem-se, separam-se e entrecruzam-se. Tornaram-se leves, perambulantes. Perderam a estabilidade que a for- ça de gravidade dos suportes fi xos lhe empresta- vam.” (SANTAELLA, Lucia. Linguagens líquidas na era da mobilidade, 2007. p. 24)1 Esta mobilidade do conceito e do entendimento sobre o que é a pesquisa em arte surge, dentre outras possibilidades, de um acúmulo histórico paradoxal: as experiências constituintes de uma espécie de contorno conceitual chegaram até nós carregadas de estreitas comparações com referências, parâmetros e estrutu- ras de pesquisas de outros campos do conhecimento como, por exemplo, os das ciências exatas, sociais e das tecnologias. Observa- se, ainda hoje, um certo desconforto nestas comparações quando estas se debruçam sobre a concepção – que muitas vezes se pre- tendem defi nitivas – de princípios, metodologias de investigação 1. As referências citadas no prefácio são de fontes de obras já publicadas e dos artigos que compõem este livro. 6 Pesquisa em artes cênicas e análise, delimitação de hipóteses e objetivos e, ainda, divulgação e aplicação direta de resultados alcançados, além, é claro, das con- dições de distribuição de recursos e investimentos. No entanto, cabe um destaque sobre a experiência de traba- lhos artísticos no âmbito da academia e das práticas criativas de artistas e coletivos. Estes reivindicaram, no percurso já constru- ído, especifi cidades próprias do campo das artes cênicas e atin- giram, assim, importantes ganhos que possibilitam uma com- preensão, se não mais confortável, mais delimitada e capaz de evidenciar as diferenças, as tensões e as aproximações entre os distintos campos do conhecimento. Ou melhor, o acúmulo des- tas pesquisas colaborou com uma certa mudança no padrão do olhar para este campo de pesquisa. Consideremos as palavras de Maffesoli: “É indispensável recuar um pouco para circuns- crever, com a maior lucidez possível, a socialidade que emerge sob nossos olhos. Esta, por mais estra- nha que seja, não pode deixar ninguém indiferente […] Mas resta ainda saber apreciá-la em seu justo valor. E isso não poderá ser feito se o que está em estado nascente for medido com base no padrão daquilo que já está estabelecido.” (MAFFESOLI, Michel. Elogio da Razão Sensível. 1998. p. 11) A especifi cidade da pesquisa em artes cênicas em relação a outros campos do conhecimento é ainda esclarecida por outra distinção: entre a arte e a ciência, considerando aqui o sentido metodológico e não de relevância. O teatro não é uma manifes- tação lacônica, fechada no “em-si-mesmo”. Sua prática é, essen- cialmente, complexa e transdisciplinar. A questão apresentada, com efeito, no âmbito da pesquisa é que a análise necessária não poderá ser regrada na quantidade, tampouco na classifi cação pautada na compartimentação de estilos, formas, gêneros e ca- racterísticas técnicas e estéticas. A questão será melhor aborda- da pelo procedimento do relativismo e da subjetividade, o que impõe outras muitas difi culdades de dimensionamento e preci- são. Mas acredito que é justamente nesta difi culdade que está o Prefácio 7 fundamental ponto para o pesquisador: a liberdade de ocupar uma espécie de “não-lugar” (melhor defi nido como lugar-expan- dido) permite o rompimento de fronteiras e, consequentemente, o trânsito em diferentes campos do conhecimento e em distintas experiências da vida humana. A bem dizer, não falei aqui ainda do aspecto processual e coletivo da pesquisa em artes cênicas. Uma maneira signifi cativa de problematizarmos a pesquisa é instalar parâmetros que permitam a análise da criação no con- texto da própria criação, ou seja, sem comparações com parâ- metros outros que não os próprios determinados pela obra ou processo. O campo da pesquisa aqui abordado permaneceu sob muitos aspectos em meio às lutas conceituais e disputas de visões de mundo (acadêmica, científi ca, artística etc.). Para melhor com- preendermos o divórcio gerador de certas dicotomias, André Carreira apresenta em seu artigo que compõe este livro uma me- táfora do casamento “para se refl etir sobre o lugar e os sentidos da pesquisa em artes cênicas no âmbito acadêmico”. Esta área de pesquisa em consolidação põe em jogo, por exemplo, a aptidão do teatro de dar conta de colocar diferentes princípios e proce- dimentos de construção de pensamentos e conhecimentos em uma mesma experiência, em um mesmo processo criativo. Neste sentido, considerando a defi nição de Carreira, pesquisar passa ser a criação de “espaços de diálogo com as diferentes tramas do fazer teatral, construindo olhares que inquiram e que refl itam desde uma posição cuja especifi cidade contribui para a produ- ção de uma tensão transversal ao eixo criação – fruição”. Antes mesmo da visão dicotômica entre criação e investiga- ção acadêmica está o “dualismo” entre teoria e prática. Sobre este ponto De Marinis nos proporciona uma refl exão sobre a aproximação ciência-teatro, chamando-nos a atenção para a ne- cessidade de fuga das armadilhas dos conceitos estabelecidos e, ainda, para uma revisão “radical das relações entre a teoria e a prática e, antes ainda, das noções mesmas de teoria e de prática no caso do teatro”. Do mesmo modo, Milton Andrade em seu artigo sobre a pes- quisa nas artes do corpo apresenta questões atuais sobre o con- 8 Pesquisa em artes cênicas texto da pesquisa que nos permite retornar, assim, ao mesmo nível que se situavam os questionamentos sobre a cisão entre ci- ência e arte, objetivo e intuição, mente e corpo, inteligível e sen- sível, acadêmico e artístico: “como lidar com o logos acadêmico científi co (comunicante), quando se trabalha com uma forma de produção simbólica ambivalente, como a linguagem do corpo (que, por natureza, “corrompe” o próprio discurso)”. Com efeito, certas hegemonias ou “padrões do olhar” são co- locadas em discussão. Sobretudo, como nos adverte Jorge Du- batti em seu livro “Filosofía del teatro II: cuerpo poético y fun- cíon ontológica”, é a partir da prática do teatro que podemos pensar a pesquisa e o conhecimento sobre o teatro: “‘regresar el teatro al teatro’ […] el teatro es un ente complejo que se defi ne como acontecimiento, un ente que se constituye historicamen- te en el acontecer”. É justamente no compartilhamento refl exivo de uma prática que o pesquisador Narciso Telles nos apresenta suas “paragens”: detalhamento de um percurso de construção ativa da pesquisa em artes cênicas, onde podemos observar re- levantes problematizações que nos permitem compreender que os “cânones da pesquisa científi ca e suas estruturas metodológi- cas determinaram a forma compreensão do fenômeno artístico aceito no “mundo acadêmico”, seguindo modelos hegemônicos que balizam o sistema de produção do conhecimento”. Deste modo, para uma visão mais concreta e ativa dos mo- vimentos construídos a partir dos embates destas indagações e questionamentos, ou, para a “encarnação” dos amplos sistemas e conceitos envolvidos na pesquisa, a experiência prática, ma- terial, concreta, palpável, corporifi cada, faz-se necessária. Nes- te sentido, a apresentação do mapeamento da pesquisa sobre o circo e suas especifi cidades no âmbito nacional, realizado por Mário Bolognesi e, ainda, a cartografi a das vocalidades em per- formance realizada por Silvia Davini, nos fornece subsídios para dimensionarmos a pesquisa enquanto vivência e experiência sensível. Nas palavras de Michel Maffesoli no seu livro “Elogio da Razão Sensível” compreendemos que a “encarnação” é a possibi- lidade de “enriquecer o saber, de mostrar que um conhecimento digno deste nome só pode estar ligado ao objeto que é seu”. Prefácio 9

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