E D G AR R O D R I G U ES A e x p l o s ão de uma i m p r e n sa o p a i â i la que a l i m e n t a v a, a p a r t ir do f i n al do s é c u lo X I X, uma c o n t r a c u l t u ra l i b e r t ai Ia é o tema e r a z ão d e s te l i v r o. Um a s s u n to que a p e s q u i sa h i s t ó r i ca a c a d é m i ca p r a t i c a m e n te i g n o r a: a e x i s t ê n c ia da i m p r e n sa s o c i a l. N e s ta o b ra e n c o n t r a - it a h i s t ó r ia do m o v i m e n to o p e r á r io e das i d e i as s o c i a is no B r a s il r e f l e t i da nas p u b l i c a ç õ es l i b e r t á r i a s. S ão j o r n a ia que c i r c u l a r am p or t o do o p a í s, t r a n s cendendo e s p o n t a n e i d a d e, i n c o n f o r m i s m o, c r í t i ca e v o n t a de de s a b e r, a l go h o je t ão r a ro nas s o c i e d a d es m a s s i f i c a d as p e la c o n s e r v a ç ão dos p r i v i l é g i os dos p o d e r o s o s. A OBRA Esta Pequena História da Imprensa Social no Brasil é a mais importante contribuição para o esclarecimento e conhecimento de um dos mais relevantes períodos PEQUENA HISTÓRIA da construção do movimento DA IMPRENSA SOCIAL operário e libertário brasileiro. Edgar Rodrigues vem coletando NO BRASIL há quase quarenta anos - jornais que expressam a inconformidade com a injustiça e a miséria que dominam nosso país. Neste livro, sem pretensões de esgotar o ;issunto, estamos publicando alguns destes memoráveis títulos, uma inestimável fonte para novas pesquisas e investigações. EDGAR RODRIGUES PEQUENA HISTÓRIA DA IMPRENSA SOCIAL NO BRASIL Editora Insular I JIIOM Insular PEQUENA HISTÓRIA DA IMPRENSA SOCIAL NO BRASIL (O 1997 liIXiAR KODRKiUI.S < ««It-s-*• • Repensando Nossa 111m• • ri-« KrviOn | |>m-|>.m.(«,.».• de originais: mp /. \//rw. Nrlwn Rulim dr Moura r Tàma Hamtii l diloraçlo cktftaici ecapa: í §rtm Si 'ra Dados di- Catalofaçlo na PuMksçio ((111') Internacional licha lilaborada pela bibliotecária Maria Helena de Amorim CRB-M/OIX Rodrigues. Edgar RéMp Pequena História da Imprensa Social no Brasil /Edgar Rodrigues. Florianópolis : Insular, 1997. I60p. Inclui biografia do autor. Dedicatória I. Imprensa social - Brasil 2. Jornalismo - Aspectos políticos - Brasil 3. Imprensa trabalhis ta - Brasil 4 Imprensa operária - Brasil I. Titulo PEDRO CATAIA) CDD- I8.cd. SOUSA PASSOS (FELIPE GIL) 070.4493010981 JOSÉ MARQUES DA COSTA 070.4493209X1 JOSÉ ROMERO 070.449333IXX09XI 070.4493310981 RODUZINDO COIMENERO 85-85949-20-1 FLORENTINO DE CARVALHO O PEDRO AUGUSTO MOTA RUDOLEO FELIPE Editora Insular Lida. GIGI DAMIANI Kua lrh|>c Schmidt, 51 - sala 111 - Shopping Center Plaza NENO VASCO MK 010-000 - Florianópolis - Santa Catarina - Brasil ADELINO TAVARES DE PINHO I....e/fax: (048) 223-3428 EDGARD LEVENRO TH 1,1.4.1... > l i aiiMM< JUfiiHWii»lrvror*>SNH-S^ JOSÉ OH K l( . I índice I (KíAR RODRIGUES 9 INIHODUÇÃO 13 O SURGIMENTO DAS IDF IAS SOCIALISTAS 15 NASCE A IMPRENSA SOCIAI NO BRASIL 16 A SI Ml NTEIRA PROSSEGUE. GERMINA E ASSUSTA A NOVA BURGUESIA 21 O DESPERTAR DO NOSSO SÉCULO 22 SINDICATOS. CONGRESSOS OPERÁRIOS E REIVINDICAÇÕES 25 III I I FXOS DO FUZILAMENTO DE FERRER NO BRASIL. O TEATRO (HM RARIO E A IMPRENSA LIBERTARIA 26 A (iULHRA DE 1914-1918. A REVOLUÇÃO POPULAR DE FEVEREIRO Dl 1917 E A DITADURA BOLCHEVISTA DE OUTUBRO NA RÚSSIA 29 A MIOPIA LIBERTÁRIA INQUIETA STALINISTAS E ESTREMECE AS BASES DO ESTADO BRASILEIRO 32 CONCLUSÃO 34 PRINCIPAIS TÍTULOS DA IMPRENSA OPERÁRIA E SOCIAL BRASILEIRA - em ordem alfabética A 37 B 59 C 60 D 61 1 63 F 63 O 64 I 68 J 70 K 72 L 72 M 79 N 85 0 88 P 121 R 122 • 125 T 126 U 128 V 129 2 131 PÔSFACIO 132 Al'f NDICE 134 EDGAR RODRIGUES E pesquisador de história social, escritor e historiador autodi- data. Nasceu no Norte de Portugal cm 1921, filho de militante anarco- lindicalista português do Sindicato da Construção Civil. Participou da luta contra a ditadura salazarista e exilou-se no Brasil em 1951, Bituralizando-se brasileiro. No Rio de Janeiro relacionou-se com os velhos militantes Malquistas, como José Oiticica e Edgard Leuenroth, participando ilas atividades do movimento e colaborando na imprensa libertária. Em 1969 foi um dos presos e indiciados durante a repressão |UC i ditadura militar desfechou contra os anarquistas do Centro 'l< Estudos José Oiticica, no Rio de Janeiro. A pedido de publicações libertárias do Uruguai, começou a pesquisar a história do movimento operário e das lutas sociais no IW.isil, escrevendo dezenas de artigos e livros sobre o assunto. Escre veu .unda cm quatro volumes uma história do movimento operário c d" anarquismo em Portugal. Sua obra é um manancial de infor ma», .lo para os pesquisadores da história social do Brasil e de Portu gal. Podendo-se dizer que foi um precursor dos estudos do movi- Riento operário no Brasil, sendo reconhecido por pesquisadores como I lélio Silva, Azis Simão e Foot Hardman. Nas suas atividades de pesquisa percorreu o Brasil recolhendo depoimentos de militantes e seus descendentes, coletando documen- tOI de importantes militantes operários e ativistas anarquistas, como Neno Vasco, Maria Lacerda de Moura e anarquistas ucranianos do l li i' .I.Inde do Sul, conseguindo um importante acervo da história vn ia! brasileira. 9 No Rio de Janeiro, participou da luta antifascista contra a - A Resistência Anarco-Sindicalista cm Portugal, Lisboa. Se ditadura cm Portugal. Suas obras contra Sala/ar tornaram-no menteira. 1981. um dos autores proibidos do regime fascista português, só vol - A Oposição Libertária á Ditadura. Lisboa, Sementeira, 1982. tando a visitar seu país de origem após a derrubada da ditadura. - Lavoratori Italiani in Brasilc, Itália, (ialzerano Editore. 1985. Os seus mais de trinta e seis livros e mil e quinhentos - ABC do Sindii ahstno Revolucionário. R10 de Janeiro, Aehiame. artigos publicados em vários países fizeram-no o mais prolifero 1987. dos escritores libertários de língua portuguesa. - Os Libertários, Petrópolis, Editora Vozes, 1988. - Os Anarquistas. Trabalhadores Italianos no Brasil, Sào Pau lo, (ilobal Editora, 1989. Florianópolis. Abril de 1997 - O Anarquismo no Teatm, na Escola e na Poesia. Rio de Janei ro, Achiamé,1992. Jorge E. Silva - Quem Tem Medo do Anarquismo. R io de Janeiro, Achiamé,1992. - Entre Ditaduras, Rio de Janeiro, Acluame. 1993. - O Ressurgir do Anarquismo, Rio de Janeiro, Aehiame, 1993. O B R AS DO AUTOR: - A Nova Aurora Libertária, Rio de Janeiro, Aehiame, 1993. - Os Libertários, Rio de Janeiro. VJR Editores, 1993. - Na Inquisição de Salazar, Rio de Janeiro, 1957. - O Homem em Busca da Terra Livre. Rio de Janeiro. VJR Edi- - A Fome em Portugal, Rio de Janeiro, 1958. lores. 1993. - Portugal lloy, Caracas, 1963. - O Anarquismo no Banco dos Réus, Rio de Janeiro. VJR Edi - Socialismo e Sindicalismo no Brasil. Rio de Janeiro, Laemmert, tores, 1993. 1969. • Osi ompanheiros l. Rio de Janeiro, VJR Editores, 1994. - Nacionalismo c Cultura Social. R io de Janeiro - Os ( 'ompanheiros 2. Rio de Janeiro. VJR Editores. 1995. Laemmert, 1972. - Diga Nào à Violência, Rio de Janeiro. VJR Editores, 1995. - Novos Rumos, Rio de Janeiro, Mundo Livre, 1972. - Sem Fronteiras, Rio de Janeiro, VJR Editores. 1995. - ABC do Anarquismo, Lisboa. Assírio e Alvim, 1976. - Breve História das Lutas Sociais cm Portugal, Lisboa. Assírio e Alvim, 1977. - Deus Vermelho, Porto, 1978. -Alvorada Operaria. Rio de Janeiro. Mundo Livre, 1979. - Socialismo: Uma Visão Alfabética, Rio de Janeiro. Porta Aber ta. 1980. - O Despertar Operário em Portugal, Lisboa. Sementeira. 1980. (A Anarquistas e os Sindicatos.Lisboa, Sementeira, 1981. 10 11 UMA CONTRIBUIÇÃO AO FUTURO Nossas anotações sobre a imprensa operária e o seu envolvi mento social e ideológico começaram nos anos 60. Depois paramos para pesquisar outros aspectos da história do movimento operário e das lutas sociais. Com este objetivo percorremos outros caminhos, INTRODUÇÃO alargamos investigações no campo libertário e perdemo-nos no tem po. Nessas andanças pelo Brasil recolhemos jornais, revistas, pan A "pré-história" das lutas sociais no Brasil remonta ao início fletos, boletins, atas, correspondência antiga, adquirimos livros so da ocupação branca. Colónia antes de ser nação, esie imenso terri ba* a questão operária, sindicalista, anarquista, socialista, comunis tório foi povoado pelo trabalhador-escravo, a maiona negro, ven ta. Escrevemos artigos e incluímos, como apêndice, neste livro, par dido e comprado em leilões públicos aos lotes, como mercadoria de te dos títulos recolhidos nestes mais de trinta anos. consumo diário, dando ao mercador branco, lucros e o direito de Revendo agora essas anotações me dei conta que está tudo vida e de morte sobre outros seres humanos('). reunido por ordem alfabética, com breves e necessários esclareci Tratado a chicote e recebendo como salário um punhado de mentos em alguns casos, e que juntando ilustrações de alguns jor farinha, um pedaço de pão, um pouco de sal c água, o trabalhador nais menos conhecidos que sacudiram as bases políticas da burgue negro reagia através do ato rebelde ou das fugas, individuais ou co- sia daquela época, podiam aguçar a curiosidade de alguns estudiosos letivas, que originaram verdadeiras "aldeias" comunitárias, os Quilombos. e pesquisadores da questão social e ser úteis aos que buscam no movimento ácrata matéria-prima para suas pesquisas e investiga O mais importante foi o Quilombo dos Pa/mares, um reduto ções. populacional que chegou a abrigar 20 mil pessoas, derrotou 17 ex O autor tem consciência das lacunas deste levantamento e pedições militares enviadas pelos colonizadores para destruir essa tem claro que sua investigação está distante de ser um trabalho com experiência de comunidades livres e resistiu quase um século! pleto, mas não podendo continuá-lo pensa, com os dados consegui E, se este movimento refletc um desejo de libertação física, económica e social, não podemos esquecer também que foram estes dos, contribuir para que outros o ampliem e completem, contribu trabalhadores negros os primeiros a formar uma pequena nação den indo para o conhecimento de um dos períodos mais relevantes da tro de uma nação grande, convertendo sua deserção no primeiro construção do movimento operário brasileiro e da história da im grito de Independência do Brasil, aníecipandosea Tiradenles em mais de prensa social, que ajudou a formar durante décadas o imaginário dois séculos\ dos trabalhadores inconformados com a injustiça e a miséria que dominam este país. Rio de Janeiro, 1996 Meu. Ru,defemno) hu*..u MI Hmnm tmm m* Ih, KIMMKM MM inpi.ii.jnii Num, Edgar Rodrigues fatt. r.Kur,r cnton.rou o hvro * IVdro Kropo.kmc A*** m Um fa** lomprou-o P monc. cm m«, no Rio dc J^ncim, MM 74 mm M íd^dc. 12 i 3 O Quilombo dos Palmares é, na história do Brasil, uma epopeia O SURGIMENTO DAS IDEIAS SOCIALISTAS que os historiadores ocultaram durante séculos e, quando não o As mudanças sociais e económicas, que começavam a se mos puderam encobrir mais, trataram de não registar o seu subversivo trar ao mundo em consequência da industrialização do século XIX, modelo de organização social. Uma sociedade de iguais, uma comu também atingiram o Brasil. O tufão revolucionário soprava na Eu nidade de irmãos, onde tudo era de todos: terras, produção agrícola ropa, empurrava o povo, reunia o proletariado, contagiava os inte e trabalhos artesanais. lectuais liberais, invadia fronteiras, galgava os mares e chegava à Depositando em celeiros públicos o produto do esforço cole- América Latina para fixar residência no Brasil. tivo, segundo as capacidades de cada um, era distribuído também Refugiados da Comuna de Paris de 1871 < hegavam em terras publicamente em conformidade com as necessidades de cada habi brasileiras para escapar à ferocidade do governo francês. No senado. tante. Sem patrões, empregados ou autoridade para além daquela Cândido Mendes de Almeida, Jose Inát io Silveira da Mota e Fran que provinha da inteligência, privilégio que não dava aos que a pos cisco Otaviano contestavam o pedido de extradição do governo suíam o direito de mandar nos menos favorecidos, puderam, a par Thiers e Gallifet, despertando a i uriosidade da população mais ilus tir do ano de 1600, desafiar a administração económica e militar trada para as ideias dos revolucionários loragidos. Muitos compra dos colonizadores-governantes e prosperar dentro de uma igualda vam livros, que os jornais da época anunciavam, chegados da França de de admirável harmonia coietiva. às livrarias da rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro. A iniciativa durou 92 anos (o governo destruiu-a incendian O desejo de realizar as utopias sociais, que motivou Saint- do as casas e matando homens com sua 18* expedição militar em Simón, Owen, Fourier, Cabet, Dézamy e Rossi, trouxe para o Brasil Benoit-Jules Mure, médico francês, que agrupou 500 pessoas —ouri 1694). Vencido o reduto de Palmares, outros foram implantados no ves, engenheiros, médicos, serralheiros, carpinteiros e outros profis imenso território brasileiro, destacando-se muito mais tarde as co sionais —, formando em Santa Catarina, no ano de 1841, um munidades de Canudos e do Caldeirão. Falanstério, istoé, uma comunidade socialista influenciada pelas ideias A rebeldia desses povos contra as autoridades e a exploração de Fourier. do homem pelo seu semelhante, de 1602 a 1694, oferece-nos um O engenheiro Luis Vauthier, socialista, também discípulo de exemplo colossal. Um equilíbrio extraordinário numa população Fourier, chega a Pernambuco contratado pelo governo. Durante sua de 20 mil vidas, dentro dos padrões de igualdade económica e soci permanência formou uma escola ideológica, arregimentou seguido al, com propriedades e trabalho coletivo, sem leis escritas e autori res e a imprensa falou do socialismo. Os jornais socialistas france dades constituídas, que desafia a nossa interpretação e leva-nos a ses, que Vauthier mandava vir, começavam a circular nos meios in concluir que a forma de vida no Quilombo dos Palmares era anárqui telectuais progressistas do Recife. ca, que as ideias dos quilombos eram libertárias! Na "inconfidência insurrecional de Pernambuco de 1817 já listas formas de anarquismo que remontam a uma tradição se encontraram ideias igualitárias roussianas", como também na comunitária e libertária, que subsistiu na Africa e mesmo na Euro- "Revolução Praieira de 7 de Novembro de 1848, que teve a partici p.i durante séculos, anda por terras brasileiras há muitos e muitos pação dos trabalhadores gráficos, ourives, funilciros, barbeiros, al .hl .s trazida pelos negros escravizados e mais tarde pelos novos es faiates, seleiros, cocheiros, lavradores, negros libertos, chamados então lavos i»\s imigrantes. de anarquistas". 15 Tempos depois (1860) aparece um livro intitulado//w</r<//w/</< te da ignorância, falsa educação e imitação sem critério; a introdu e a Civilização, cujo autor assinava "Um Pernambucano". Foi im ção de novidades no progresso universal; enfim, todo o aperfeiçoa presso no Rio de Janeiro, na Tipografia Universal de I.aemert, à rua mento de que for susceptível a sociedade, provincial, nacional e dos Inválidos, 61-B. Seu conteúdo destacava-se pela ferocidade com universal, quer na parte moral, quer na material, em que natural a qual atacava os "partidários da Anarquia Social". mente está dividida a morada humana no mundo terreno. Assim, Na sua passagem pelo Brasil, em 1893, o famoso geógrafo pois, 0 O Socialista tratará da agronomia pratica, economia social, anarquista Eliseu Reclus "encontrou traços dos revolucionários fran didática jacetista, política preventiva e medicina doméstica e sobre ceses Leroux, Proudhon e Comte. marcadamente na vida do brasi tudo do Socialismo ciência, novamente explorada, da qual basta leiro e nos seus movimentos insurrecionais". dizer que seu fim é ensinar aos homens a se amarem uns aos ou Muitos anarquistas chegaram ao Paraná, Rio Grande do Sul, tros". S.lo Paulo e Rio de Janeiro. Na última década do século 19 o enge No terceiro número ainda se lê: "As grandes ideias que des nheiro agrónomo Giovani Rossi, membro da Associação Internaci cansam sobre bases sólidas nunca podem deixar de progredir; e tal é onal do Trabalhador-AIT e militante anarquista italiano, chegou ao a força da verdade que nem ensaios infelizes da sua aplicação po Paraná com dezenas de companheiros para formar a Colónia Cecília. dem tomar-se obstáculos a seu triunfo. A ciência socialista, desde Artur Campagnoli, também italiano e anarquista, desembarca cm Fourier, progride a passos agigantados..." São Paulo e funda a Comunidade de Cuararema. Em Niterói, no ano de 1845, este posicionamento ideológico Em Pelotas, no Rio Grande do Sul, o primeiro anarquista a era um rasgo de coragem política, mas a partir do terceiro número, chegar foi o sapateiro italiano José Saul. O Socialista da Província do Rio de Janeiro, envolveu-sc nos debates acalorados da Assembleia Legislativa da Província, perdendo-se na teia dos interesses partidários. Em 1840 chegou ao Recife (Pernambuco) o engenheiro fran cês Vauthier, discípulo de Charles Fourier, Saint-Simon, Robcrt Owen NASCE A IMPRENSA SOCIAL NO BRASIL e outros socialistas europeus. Não demorou a relacionar-sc com bra sileiros de ideias avançadas, inclusive o professor Antonio Pedro de A partir de l de agosto de 1845 encontramos em Niterói, Figueiredo c este logo começou a publicar O Progresso, cm 1846- 9 1848. desafiando os poderosos, O Socialista da Província do Rio de Janeiro, que saía a cada três dias. Sob a égide das ideias do francês Charles 0 Progresso era um periódico que correspondia plenamente ao Fourier, tinha entre os fundadores e colaboradores o seu discípulo seu título c refletia com fidelidade o pensamento progressista de seu Dr. Mure, médico homeopata, idealizador da Colónia do Sai, em diretor, homem arguto e bem informado acerca dos problemas eco Santa Catarina, no ano de 1841. nómicos de seu tempo. As tendências socialistas reveladas em seus artigos decorrem, naturalmente, da sua receptividade às ideias de No seu primeiro número O Socialista da Província do Rio de Fourier, Saint-Simon, Owen e outros da mesma natureza. Janeiro definia-se: "O vocábulo — Socialismo — cuja denominação sai hoje à luz a nossa folha define exuberantemente o objetivo prin Também em Pernambuco publica-se, cm 1847, O Proletário e. cipal com que ela é publicada: a conservação e melhora do pouco de cm 1848, em Niterói, O Grito slnan/uial, periódicos distantes um do bem que existe entre nós; a extirpação de abusos e vícios previamen- outro, mas os dois propondo-se a defender os humildes. 16 17