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PAULA ANDRÉA PINHO ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS EM CONSTRUÇÃO: Aids, Biomedicina e PDF

160 Pages·2010·0.99 MB·Portuguese
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PAULA ANDRÉA PINHO ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS EM CONSTRUÇÃO: Aids, Biomedicina e Religião Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências São Paulo 2010 1 PAULA ANDRÉA PINHO ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS EM CONSTRUÇÃO: Aids, Biomedicina e Religião Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo para obtenção de título de Mestre em Saúde Coletiva. Área de concentração: Ciências Humanas em Saúde. Orientador: Prof. Dr. Pedro Paulo Gomes Pereira. São Paulo Março de 2010 2 Pinho, Paula Andréa ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS EM CONSTRUÇÃO: Aids, Biomedicina e Religião / Paula Andréa Pinho – São Paulo, 2010. 159 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva. Título em inglês: THERAPEUTICS ITINERARIES IN CONSTRUCTION: Aids, Biomedicine and Religion 1. Aids 2. Itinerários Terapêuticos 3. Biomedicina 4. Religião 1. Aids 2. Therapeutic Itineraries 3. Biomedicine 4. Religion 3 PAULA ANDRÉA PINHO ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS EM CONSTRUÇÃO: Aids, Biomedicina e Religião BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Pedro Paulo Gomes Pereira - Presidente Prof. Dr. Marcos Pereira Rufino Prof. Dr. Renato Sztutman Prof. Rubens de Camargo Ferreira Adorno Prof. Dr. Wilza Vieira Vilella São Paulo, 24 de março de 2010 4 AGRADECIMENTOS Minha gratidão inefável aos interlocutores da pesquisa que gentilmente concederam entrevistas e tornaram esse trabalho possível. Aos funcionários do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, que permitiram a realização da etnografia. Agradeço particularmente à Analice de Oliveira que me abriu caminhos. À generosa acolhida pelo Grupo de Trabalho Religiões, em especial a sua coordenadora Paula de Oliveira e Sousa, pelo trabalho louvável. Ao professor Pedro Paulo Gomes Pereira, meu orientador, sou grata pelos preciosos apontamentos na feitura da dissertação, os quais fizeram amadurecer meus questionamentos, desde a elaboração do projeto de pesquisa. Agradeço-lhe a orientação segura e incentivos na confecção do texto, bem como a confiança em sua efetivação. Agradeço a Renato Sztutman, Marcos Rufino e José Quirino por terem contribuído com valiosas indicações na defesa da qualificação. Sou grata a Luiz H. Passador por compartilhar idéias e experiências de seu campo em Moçambique. Meu reconhecimento ao Departamento de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UNIFESP e à seus funcionários, pela estrutura e pelo auxílio com informações burocráticas, principalmente Sandra e Malina sempre solícitas. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo apoio material. Meus sinceros agradecimentos aos meus pais, Oswaldo e Sandra, aos meus irmãos Daniela e Fábio e ao Edu, pelo apoio incondicional e compreensão diante de minhas perplexidades. À Julia pelo sorriso. Ao Band pelo aconchego. À minha família, avó, tios e tias, primos e primas que entenderam minha ausência. Aos amigos com os quais compartilhei idéias e incertezas e que foram sempre uma escuta atenta e paciente, em especial ao André, obrigada. 5 Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que haviam zangado um com o outro. Cada um me contou a narrativa de por que haviam se zangado. Cada um me disse a verdade. Cada um me contou as suas razões. Ambos tinham razão. Ambos tinham toda a razão. Não era que um via uma coisa e outro outra, ou que um via um lado das coisas e o outro um lado diferente. Não: cada um via as coisas exatamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao do outro, mas cada um via uma coisa diferente, e cada um, portanto, tinha razão. Fiquei confuso desta dupla existência da verdade. Fernando Pessoa, Livro do desassossego 6 RESUMO O texto que se segue é uma etnografia dos itinerários terapêuticos de pessoas com HIV/Aids. O objetivo é efetuar uma aproximação das relações entre saúde/doença e religião a partir da apreciação desses itinerários construídos e experienciados. A idéia que norteará o estudo é a de que, embora a biomedicina detenha o monopólio legitimado das soluções curativas referentes às questões de enfermidade, ela não se constitui como referência única para pensá-las. Por isso, admitindo a existência de numerosas terapias, intenta-se aqui mapear as articulações que se estabelecem entre as soluções biomédicas e religiosas no contexto da epidemia. A etnografia realizada no Centro de Referência em DST/Aids da cidade de São Paulo – centro que atende pacientes soropositivos – permitiu verificar itinerários complexos nas quais os sujeitos recorrem a diversas terapias e mesclam os tratamentos biomédicos oficiais a terapias religiosas. O empreendimento etnográfico procurou seguir essas trajetórias e verificar como essas pessoas representam, articulam e vivenciam essas terapias. Pondero que na acepção dos soropositivos ouvidos, a relação que se anuncia entre as categorias da doença e tratamento não separa a terapia biomédica da religiosa: ao invés disso, foi possível observar um continuum entre as duas práticas curativas. E aqueles que por elas circulam promovem a articulação dos universos simbólicos de cada qual, compondo-os em seu itinerário terapêutico sempre passível de transformação. Palavras-chave: Itinerários Terapêuticos; Aids; Biomedicina; Religião 7 ABSTRACT The following text is an ethnography of the therapeutic itineraries of people with HIV/Aids. The goal is to make an approximation of the relationship between health/illness and religion, from the assessment of therapeutic constructed and experienced. The idea that guides the study is that, although biomedicine holds the legitimate monopoly of therapeutic solutions, it does not constitute a single reference for thinking about them. Therefore, assuming the existence of numerous therapies, the objective is to map the joints that are established between the biomedical and religious solutions in context of the epidemic. The ethnography at the Centro de Referência e Treinamento in STD/Aids in São Paulo – a center that serves HIV-infected patients – has shown complex itineraries in which the subjects use a range of therapies and blend biomedical treatments and religious therapies. The ethnographic enterprise tried to follow these paths and verify how these people represent, articulate and experience these therapies. For the patients from this study, the relationship announced between the categories of disease and treatment does not separate the religious and biomedical therapies: instead, it was observed a continuum between the two healing practices. And those who circulate among them by promoting the articulation of their symbols make them in their therapeutic itinerary always suitable for further transformation. Key Words: Therapeutics Itineraries; Aids; Biomedicine; Religion 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 9 CAPÍTULO 1 – O ITINERÁRIO DA ANTROPÓLOGA EM SAÚDE 15 1.1 – O princípio do itinerário 16 1.2 – Outsider 21 1.3 – Formas e formulários: uma antropologia de papéis 23 CAPÍTULO 2 – O ITINERÁRIO “BIO” E O CAMPO EM EVIDÊNCIA 29 2.1 – Aceitação no espaço “biocêntrico” 30 2.2 – Grupo de Trabalho Religiões 34 2.3 – Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids 38 CAPÍTULO 3 – O ITINERÁRIO DA AIDS E APRESENTAÇÃO DOS 47 SUJEITOS DA PESQUISA 3.1 – O princípio da epidemia 48 3.2 – Os interlocutores 57 CAPÍTULO 4 – OS ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS: VIVÊNCIA, 76 ARTICULAÇÃO E MANIPULAÇÃO DAS TERAPIAS 4.1 – Aids e as igrejas 78 4.2 – Os itinerários em construção 89 CAPÍTULO 5 – ITINERÁRIO DE TERAPIAS 101 5.1 – A Institucionalização da biomedicina 101 5.2 – Certas semelhanças 114 5.3 – A eficácia simbólica 121 CONSIDERAÇÕES FINAIS 132 BIBLIOGRAFIA 138 ANEXOS 149 9 INTRODUÇÃO Esta dissertação é resultado da pesquisa realizada durante meu período de mestrado, de fevereiro de 2008 a fevereiro de 2010. A idéia que norteou este estudo foi a de que, embora a biomedicina detenha o monopólio legitimado das soluções curativas referentes às questões de enfermidade nas sociedades ocidentais contemporâneas, mesmo nelas, ela não se constitui a única referência para pensá-las (cf., por exemplo, CAMARGO Jr., 2003; LAPLANTINE, 2004). Por isso, admitindo a existência de numerosas terapias disponíveis1, empenhei-me em analisar os itinerários justamente na confluência com as terapias denominadas pelos meus interlocutores como de “tipo religiosa” na sua relação com o modelo biomédico. À luz da articulação entre Antropologia e Saúde Coletiva, pretendo tornar apreensíveis os itinerários terapêuticos experienciados por pessoas com HIV/Aids. Busco identificar de que maneira aqueles que recorrem a ambos os tratamentos vivenciam, articulam e representam essas trajetórias na prática cotidiana. Isto é, a doença é aqui abordada como experiência vivenciada, em que os sujeitos manipulam as terapias ao modo que lhes é mais adequado. Em etnografia feita no Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids da cidade de São Paulo2 – onde intentei compreender a adoção conjunta das duas terapias no evento de saúde/doença – pude averiguar essa articulação entre os tratamentos, evidenciando, a partir das narrativas dos sujeitos da pesquisa, suas impressões acerca deles. No que diz respeito à escolha dos interlocutores, esta se deu em decorrência dos impasses a que a temática do HIV e sua síndrome clínica, a Aids, continuam a nos impor. No decorrer de um pouco mais que uma década, o HIV/Aids tornou-se um dos mais graves problemas de saúde pública mundial. Na atualidade, existem mais de 30 milhões de pessoas vivendo com a infecção viral, configurando a epidemia em uma das maiores da história. Dessa totalidade, 90% da população contaminada residem nos chamados países em desenvolvimento. 1 Não é intenção aqui investigá-las, mas somente para citar algumas: psicoterapia, naturopatia, nutroterapia, cromoterapia, musicoterapia, talassoterapia, hipnoseterapia, hidroterapia, quiropraxia, reike, shiatsu, florais de Bach, meditação. 2 A descrição detalhada do campo será explicitada adiante.

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de transformação. Palavras-chave: Itinerários Terapêuticos; Aids; Biomedicina; Religião fundadores da disciplina quando de sua gênese. 64.
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