(…) já depois de lido, relido, analisado, estudado e quase sabido de cor, Para Sempre continua a suscitar em mim aquele arrepio total, físico e psíquico, abalo de todas as fibras, que nos faz reconhecer, com Pessoa, que o que em nós sente também pensa e o que em nós pensa também sente. Choque, revelação, surpresa – o sobressalto que só nos provoca a descoberta a descoberta daquilo de que já sabíamos. Comoção totalizadora e excessiva que vai (e vem) das entranhas ao cérebro, do coração à inteligência e que é, estou convicta, a mais plenamente humana das sensações.
Não quero falar de Para Sempre, quero deixar Para Sempre falar-me na memória comovida de um silêncio espesso em que ritmicamente perpassa “o murmúrio do Tempo”. Romance para ler, reler e sentir, antes (ou mesmo em vez) de qualquer explicação. Obra que rejeita liminarmente, por supérfluo e excessivo, qualquer prefácio ou posfácio, tudo o que sobre ela possa escrever-se para figurar num mesmo livro, para anteceder ou seguir um