UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS LITERATURA PORTUGUESA SÔNIA MARIA DE ARAÚJO CINTRA Paisagens Poéticas na Lírica de Albano Martins: Natureza, Amor, Arte. TESE DE DOUTORADO versão corrigida São Paulo 2016 1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA PORTUGUESA SÔNIA MARIA DE ARAÚJO CINTRA Paisagens Poéticas na Lírica de Albano Martins: Natureza, Amor, Arte. Tese apresentada à Banca Examinadora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Letras. Área de Concentração: Literatura Portuguesa Orientador: Profª. Drª. RAQUEL DE SOUSA RIBEIRO SÃO PAULO 2016 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo Cintra, Sônia Maria de Aráujo C574p Paisagens Poéticas na Lírica de Albano Martins: Natureza, Amor, Arte / Sônia Maria de Aráujo Cintra ; orientadora Raquel de Sousa Ribeiro. - São Paulo, 2016. 223 f. Tese (Doutorado)- Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas. Área de concentração: Literatura Portuguesa. 1. Poesia lírica. 2. Sujeito poético. 3. Natureza. 4. Amor. 5. Arte. I. Ribeiro, Raquel de Sousa, orient. II. Título. 2 SÔNIA MARIA DE ARAÚJO CINTRA Paisagens Poéticas na Lírica de Albano Martins: Natureza, Amor, Arte. Tese apresentada à Banca Examinadora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo como exigência parcial para obtenção do título de Doutor em Letras sob orientação da Professora Doutora Raquel de Sousa Ribeiro. Aprovada em 24 de maio de 2016. BANCA EXAMINADORA Profª. Drª. RAQUEL DE SUSA RIBEIRO Profª. Drª. MARIA HELENA NERY GARCEZ Prof. Dr. JOSÉ RENATO NALINI Profª. Dra. AURORA GEDRA RUIZ ALVAREZ Profª. Dra. ANNIE GISELE FERNANDES 3 DEDICATÓRIA À memória de minha mãe Maria Godoy de Araújo Cintra e de meu pai Roberto de Araújo Cintra que me ensinaram o amor à vida e à poesia. À memória de meus avós Maria Luzia Soares de Arruda Godoy e Carlos Alves de Godoy e Mercedes Carvalho de Araújo Cintra e Herculano de Araújo Cintra que cultivaram em mim o amor à natureza e à literatura. À esperança de que meus filhos Fernando e Sandra, meu genro Fernando e meu neto João Marcos edifiquem com esse legado um mundo melhor. Ao Beto, meu irmão. À tia Lúcia, minha madrinha. À Dona Sebastiana Gebram. Ao Araken, companheiro de caminho, com quem tenho partilhado tudo isso. 4 AGRADECIMENTOS Pela orientação na tese e pela amizade agradeço à Profª. Drª. Raquel de Sousa Ribeiro. Pela motivação e lições agradeço ao Prof. Dr. Massaud Moisés e à esposa, Antonieta Moisés. Pela generosidade e inspiração agradeço aos Poetas Albano Martins e Paulo Bomfim. Pela acolhida e confiança agradeço aos professores, colegas e funcionários do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Biblioteca Florestan Fernandes e da Secretaria de Pós-Graduação. Pelos cursos de extensão cultural e participação em congressos nacionais e internacionais de Literatura Portuguesa e Literatura Comparada, agradeço aos organizadores. Agradeço à Profª. Drª. Lílian Lopondo (in memoriam) e ao Prof. Dr. José Renato Nalini, componentes da Banca Examinadora da Dissertação de Mestrado (USP-2009), e à Profª. Drª. Aurora Gedra Ruiz Alvarez, membro da Banca Examinadora de Qualificação ao Doutorado (2013), pelo acompanhamento de minha trajetória intelectual. À Profª. Drª. Nélida Piñon, Coordenadora da Cátedra José Bonifácio 2015, agradeço pelas aulas magnas e, por meio do Prof. Dr. Pedro Bohomoletz de Abreu Dallari, à comunidade do Instituto de Relações Internacionais da USP. Agradeço à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Pontifícia Universidade Católica de Campinas pelo conhecimento e experiência adquiridos durante a graduação e na docência de Literatura Portuguesa e Dialetologia. Pela convivência e aprendizado agradeço à Academia Paulista de Letras, presidida pelo Prof. Dr. Gabriel Chalita, e ao Clube de Leitura da APL, coordenado pelos Acadêmicos Anna Maria Martins e José Fernando Mafra Carbonieri, bem como às Academias de Letras de Jundiaí, Amparo, Campinas, entre outras do Estado de São Paulo. Agradeço aos amigos e familiares, companheiros de trabalho, alunos e a tantas outras pessoas conhecidas e desconhecidas pelos incentivos e críticas, ambas formas de manifestação solidária, e pela ajuda e estímulo, ambos sempre comoventes. A muitos agradeço pela possibilidade de poder contribuir com os acertos para a construção de um mundo mais sensível e melhor, ressalvando, desde já, que os equívocos dessa tese são todos meus e que estou pronta para retificá-los a qualquer momento. À Universidade de São Paulo agradeço pelas oportunidades de estudar e de servir à Educação e à Cultura no Brasil e no exterior. A Deus agradeço pelo dom da vida e por tantas outras dádivas, esperando possa retribuir à altura do bem e das graças recebidas. 5 A Literatura é um espaço privilegiado para se travar a luta contra a desumanização do ser humano, no culto das idéias e das crenças que lhe permitam regressar a si mesmo, à sua intrínseca natureza, e a dos seus semelhantes, para fazer face à crise de valores que nos ameaça de todos os lados, ou, ao menos, para suscitar que se desenvolva ao nosso redor a consciência da sua necessidade, para, em suma, como diziam os surrealistas, inspirados em Rimbaud, “mudar a vida”. Massaud Moisés 6 RESUMO CINTRA, S. M. A. Paisagens Poéticas na Lírica de Albano Martins: Natureza, Amor, Arte. 2016. 225 fs. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Esta tese se propõe a demonstrar como, na poesia de Albano Martins, o sujeito poético se constitui um “eu” que se depara com paisagens entendidas como um conjunto de formas em mútuas relações que se apresentam tais quadros, despertando nele sensações e significados, obrigando-o a mobilizar valores, sentimentos, memórias relativas a experiências individuais e coletivas. As formas do mundo organizam-se em poemas pelo olhar do sujeito lírico e provocam nele emoções ligadas à sua percepção e vivência, que estão à flor da pele ou nas suas profundezas. Tudo isto em ebulição no eu lírico, na medida em que cria, erige-se como uma força criadora, Eros, uma capacidade de dar vida a uma folha de papel ou tela em branco, preenchendo-as com sua imaginação. O sujeito poético, após experimentar a angústia da criação, recria formas que lhe são oferecidas pela natureza em si ou por sua transfiguração em arte por outros artistas, com seu poder de verbalização poética. O resultado, trabalho de dotar o mundo de paisagens novas, são conjuntos de formas e significados na procura de preenchimento, poemas. Neste jogo de forma e vazio, múltiplo, perene e sempre renovado, modula-se a identidade criativa do sujeito poético, do poeta e sua cosmovisão. A visão de mundo na poesia de Albano Martins é a de busca angustiada que passa por perdas e ausências mas que alcança a plenitude nos encontros. Neste processo, envolve o leitor, ora atraindo-o, ora distanciando-o, ora fazendo-o coautor, Eros também ele na recriação da Natureza, do Amor e da Arte. Palavras-chave: Sujeito Poético. Eros. Natureza. Amor. Arte. 7 ABSTRACT CINTRA, S. M. A. The Poetic Landscapes in the lyric of Albano Martins: Nature, Love, Art. 2016. 225 fs. Thesis (Doctored) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2016. This thesis intends to show, in the poetry of Albano Martins, how the poetic subject consistis of a lyric self, who faces landscapes understood as a set of forms in mutual relationships, which present themselves like paintings, arousing sensations, emotions, meanings, and leading him to mobilize values, feelings, memories related to the individual and collective experiences. The shapes of the world organize themselves into poems through the vision of lyric self and bring to him sensations and emotions linked to his superficial and profound perceptions and experiences. All this boiling in the lyric self, while he creates, emerges as creative force, as Eros, a capacity to give new life to a sheet of paper or a blank screen, by filling them up with his imagination. The lyric subject, after the anguish of creation, recreates forms which are offered from nature itself or from its transfiguration into art by other artistes, with his power of poetic verbalization. The result, work of endowing the word with new landscapes, are groups of forms and significances searching for fulfillment, poems. In this multiple, perennial and always renewed game of forms and emptiness is modulated the creative identity of the poetic subject, of the poet and his cosmic vision. The view of the world in the poetry of Albano Martins is one of anguish search which passes through losses and absences but reaches plenitude in the encounters. This creative process involves the reader, sometimes attracting him, sometimes pushing him away, sometimes making him co- author, himself Eros in the recreation of Nature, of Love and of Arte. Keywords: Poetic Subject. Eros. Nature. Love. Art. 8 RÉSUMÉ CINTRA, Sônia. M. A. Paysages Poétiques dans le Lyrique d' Albano Martins: De la Nature, de l’Amour, de l’Art. 2016, 225 fs. Thèse (Doctorat) -- Université de Filosophie, Lettres et Sciences Humaines, Université de São Paulo, São Paulo, 2016. Cette thèse souhaite démontrer comment, Albano Martins dans sa poésie, le sujet poétique se constitue d'un "moi" qui se confond avec des paysages compris comme un ensemble de formes em relations reciproques qui apparaissent sous formes de tableaux, réveillant em lui- même des sensations, des signifiants, l'obligeant ainsi à mobilizer des valeurs, des sentiments, des souvenirs relatifs à des expériences individuelles et collectives. Les formes du monde s'organisent en poèmes à travers le regard du sujet lyrique et lui suscitent des émotions liées à sa perception à son vécu, qui sont à fleur de peau ou dans ses profondeurs. Tout celà en ébullition dans le "moi" lirique, le poète, au fur et à mesure qu'il crée, se soulève comme une force créatrice, Eros, une capacite de donner de la vie à une feuille de papier ou une toile en blanc, en les comblant avec son imagination. Le sujet poétique après avoir goûté l'engoisse de la création, recrée des formes qui lui sont parvenues par la nature elle même ou par as transfiguration em art par d'autres artistes, avec leurs pouvoir de verbalisation poétique. Le résultat, c'est un travail de fournir au monde de nouveaux paysages, ceux sont des ensembles de formes et de signifiants à la recherche de témoignage des poèmes. Dans ce jeu de formes et de vide, multiple, pérène et toujours renouvelé, se module l'identité créative du sujet poètique, du poète et as cosmovision. Le regard du monde dans la poèsie d'Albano Martins est d'une recherche angoissante qui passe par des vides et des pertes mais qui atteint la plenitude dans les rencontres. Dans ce processos il engage le lecteur, or em l'éloignant, ou en l'attirant, ou bien en le rendant coauteur, Eros aussi dans la recréation de la Nature, de l'Amour et de l'Art. Mots-clés: Sujet Poétique. Eros. Nature. Amour. Art.
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