UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS ORIENTAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS JUDAICOS E ÁRABES FABIO FALDINI Os Primórdios da Fonética e da Fonologia na Literatura Hebraica Medieval na Andaluzia em uma “Nova” Leitura da Messorá por Abū Zakariyaʾ Yaḥya Ibn Dāwūd Ḥayyūdj Alfesi Versão corrigida São Paulo 2013 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS ORIENTAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS JUDAICOS E ÁRABES Os Primórdios da Fonética e da Fonologia na Literatura Hebraica Medieval na Andaluzia em uma “Nova” Leitura da Messorá por Abū Zakariyaʾ Yaḥya Ibn Dāwūd Ḥayyūdj Alfesi Fabio Faldini Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Estudos Judaicos e Árabes do Departamento de Letras Orientais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Mestre em Letras Orientador: Prof. Dr. Reginaldo Gomes Araújo Versão corrigida São Paulo 2013 Nome: Fabio Faldini Título: Os Primórdios da Fonética e da Fonologia na Literatura Hebraica Medieval na Andaluzia em uma “Nova” Leitura da Messorá por Abū Zakariyaʾ Yaḥya Ibn Dāwūd Ḥayyūdj Alfesi Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Estudos Judaicos e Árabes do Departamento de Letras Orientais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Aprovado em: 08 de maio de 2013 Banca Examinadora Prof. Dr. Reginaldo Gomes de Araújo Instituição: FFLCH-USP Julgamento: ___________________________ Assinatura: __________ Prof. Dr. Moacir Amancio Instituição: FFLCH-USP Julgamento: ___________________________ Assinatura: __________ Prof. Dr. Leopoldo Osório Carvalho de Oliveira Instituição: UFRJ Julgamento: ___________________________ Assinatura: __________ DEDICATÓRIA À minha querida mãe, pelo estímulo e por me apoiar principalmente nos momentos mais adversos. AGRADECIMENTOS – ao Prof. Dr. Reginaldo Gomes de Araújo, orientador, pelos ensinamentos, pelas valiosas sugestões, discussões e críticas, pela experiência transmitida, pela amizade, e pela paciência, – à Profa. Dra. Rifka Berezin por ter me oferecido a oportunidade de ingressar no programa de pós-graduação, pelos conselhos e pelo material fornecido, – à Profa. Dra. Eliana Langer, por ter me acolhido em momento de dificuldades, pelos aconselhamentos e pela amizade, – à Profa. Dra. Safa Jubran, pelos ensinamentos da língua árabe e pelo apoio em momentos difíceis, – ao Prof. Dr. Moacir Amâncio, pelas valiosas correções, críticas, sugestões e colaboração, – ao Prof. Dr. Paulo, pelo material de linguística e pelas críticas e sugestões, – ao Prof. Dr. Gideon Goldenberg, professor Emérito da Universidade de Tel-Aviv, por ter respondido com muita paciência à todas as minhas perguntas a respeito das teorias de Ḥayyūdj e por ter me fornecido seus importantíssimos artigos, – ao Prof. Dr. Nasir Basal da Universidade Hebraica de Tel-Aviv, por ter me enviado, pelos Correios, sua tese de doutorado sobre Ḥayyūdj e por todo o material fornecido eletronicamente, – ao Prof. Dr. José Martinez Delgado, por ter me enviado, eletronicamente, uma série de artigos de sua autoria e por esclarecer pacientemente as minhas dúvidas a respeito das teorias de Ḥayyūdj, – ao Prof. Dr. Gavriel Birnbaum membro da Academy of Hebrew Language, pelos aconselhamentos, ensinamentos, discussões sobre diversos temas gramaticais e por revisar o resumo em hebraico, – ao Prof. Dr. Rafael (Singer) Zer da Universidade de Jerusalém, pelos ensinamentos, aconselhamentos e por responder a todas minhas indagações a respeito da Messorá, – ao Prof. Dr. Yossef Ofer da Universidade Bar-Ilan, por responder com boa vontade aos meus questionamentos sobre a Messorá, – ao Prof. Dr. Aron Dotan, professor emérito da Universidade de Tel-Aviv, pelas valiosas sugestões, – ao Prof. Dr. Cyril Aslanov, da Universidade de Hebraica de Jerusalém, pelos ensinamentos, críticas, material enviado pelos Correios e pela amizade, – ao Prof. Dr. Felice Israel, professor emérito da Universidade de Genova, pelas sugestões, – ao Prof. Dr. Angel Sáenz-Badillos, por ter passado partes da nova edição do Maḥberet Menaḥem, – ao Prof. Dr. Geoffrey Khan da Universidade de Cambridge, pelos esclarecimentos e pelo material enviando eletronicamente, – à minha querida tia, Giacomina Del Valle Faldini, pelas críticas e pelas valiosas correções, – ao engenheiro Gabriel Priven pela revisão do abstract, – aos Profs. Drs. Carlos Del Valle e Giuseppe Mandalá da Universidade Complutense de Madrid, ao Prof. Dr. Anthony J. Klijnsmith de Amsterdã, à Profa. Dra. Luisa P. Faldini da Universidade de Genova, à Profa. Dra. Cleonice Ugolotti Serventi da Biblioteca Palatina e à Dra. Daniela Segre. – à minha gerente Sra. Maria Janice Quevedo Cafasso, ao Dr. Fernando José de Moura Marcellino e a todos os meus colegas da Petrobras que me apoiaram. SÍMBOLOS E ABREVIATURAS א = Keter Aram Tsová ש = Códice Sasson ש = Códice Sasson 1 1 ל = Códice Leningrado )מ(ל = Códice Leningrado Mordekhai (Breuer) ב – Códice de Berlim SUMÁRIO DEDICATÓRIA ...................................................................................................................................... IV AGRADECIMENTOS .............................................................................................................................. V SÍMBOLOS E ABREVIATURAS ........................................................................................................ VII SUMÁRIO ............................................................................................................................................. VIII RESUMO ................................................................................................................................................ XII ABSTRACT .......................................................................................................................................... XIII ריצקת ........................................................................................................................................................XIV 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 15 2 OBJETIVO ...................................................................................................................................... 20 3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................................... 22 4 METODOLOGIA ........................................................................................................................... 27 5 ḤAYYŪDJ ....................................................................................................................................... 34 5.1 QUEM FOI ḤAYYŪDJ?.................................................................................................................... 34 5.2 QUANDO E ONDE VIVEU ḤAYYŪDJ? .............................................................................................. 35 5.3 A IDENTIFICAÇÃO DE ḤAYYŪDJ COM O HOMÔNIMO ALUNO DE MENAḤEM ................................... 36 5.4 QUANDO ḤAYYŪDJ ESCREVEU SUAS OBRAS? ................................................................................ 40 5.5 AS OBRAS DE ḤAYYŪDJ ................................................................................................................ 41 5.5.1 - - .................. 41 5.5.2 A obra gramatical menos famosa – - q ṭ ........................................................ 43 5.5.3 A obra exegética de Ḥ ū j – o -nutaf ................................................................ 44 5.5.4 A ordem cronológica das obras gramaticas ....................................................................... 45 5.6 A (LETRA) EM REPOUSO FRÁGIL نّتَل تكِ اسَ ןִּיّלַ ןכִּ אסַ SĀKIN L YYIN – A BASE DA DOUTRINA GRAMATICAL DE ḤAYYŪDJ .................................................................................................................... 46 5.6.1 A origem da terminologia de Ḥ ū j ................................................................................ 46 5.6.2 pçã “ ” “ p ” M á .......... 46 5.6.3 O á ū < ْ > “ p ” v h vá < ְ > tiberiense .. 48 5.6.4 O termo نّتَل ןִּיّלַ “ á ” ............................................................................................ 48 5.6.5 A propriedade do نّتَل تكِ اسَ ןִּיّלַ ןכִּ אסַ “ p frágil”. ..................................... 49 5.6.6 Uma analogia do نّتَل تكِ اسَ ןִּיّלַ ןכִּ אסַ “ p á ” p p português .......................................................................................................................................... 49 5.6.7 O نّتَل تكِ اسَ ןִּיّלַ ןכִּ אסַ “ p á ” p ê .................... 50 5.6.8 Os critérios para a tradução de نّتَل تكِ اسَ ןִּיّלַ ןכִּ אסַ ............................................ 51 6 A CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA ................................................................................... 54 6.1 ANDALUZIA .................................................................................................................................. 54 6.1.1 O apogeu cultural muçulmano ........................................................................................... 54 6.1.2 As comunidades judaicas na Andaluzia antes do apogeu cultural muçulmano ................. 55 6.1.3 h j ô O R v N P ...... 57 6.1.4 A ascensão sócio-política, financeira e cultural das comunidades judaicas andaluzas ..... 59 6.1.5 O afastamento das academias babilônicas ......................................................................... 60 6.1.6 O desenvolvimento linguístico na Andaluzia ...................................................................... 61 6.1.6.1 O desenvolvimento linguístico na Andaluzia entre os muçulmanos ..................................... 61 6.1.6.2 O desenvolvimento linguístico na Andaluzia entre os judeus ............................................... 61 6.2 OS CENTROS LITÚRGICOS ISRAELENSES ........................................................................................ 63 6.3 AS ACADEMIAS BABILÔNICAS ....................................................................................................... 64 6.3.1 A epístola do Rav Sh G ........................................................................................ 66 6.3.2 Yeshivá de Sura, Yeshivá de Pumbedita e os centros massoréticos babilônicos ................ 67 6.3.3 A preocupação e o empenho nos estudos talmúdicos ......................................................... 68 6.3.4 Os métodos de estudo dos textos bíblicos ........................................................................... 69 6.3.5 Sh H N çõ B ô ........................................................... 71 6.4 A INTERAÇÃO ENTRE AS ACADEMIAS BABILÔNICAS E OS CENTROS ISRAELENSES ......................... 72 6.4.1 Conflitos entre os centros israelenses e babilônicos .......................................................... 72 6.4.2 A migração de sábios babilônicos a Israel ......................................................................... 72 6.5 A INTERAÇÃO ENTRE OS CENTROS ISRAELENSES, ITALIANOS E ANDALUZES ................................. 73 7 A CONTEXTUALIZAÇÃO MASSORÉTICA ............................................................................ 76 7.1 A ORIGEM DOS TERMOS MESSORÁ OU MASSORET ............................................................................ 77 7.2 MESSORÁ OU MASSORET NA LITERATURA ATÉ ḤAYYŪDJ ............................................................. 78 7.3 O INÍCIO DAS ANOTAÇÕES MASSORÉTICAS EM TEXTOS BÍBLICOS .................................................. 79 7.4 MESSORÁ E MASSORET ................................................................................................................. 80 7.4.1 Messorá .............................................................................................................................. 81 7.4.1.1 Qere–ketiv “escreve-se/lê-se” ................................................................................................. 82 7.4.1.1.1 Qere– v “ ê-se/escreve- ” h ó ............................................................ 83 7.4.1.1.2 Qere–ketiv de palavras relativo à tradição ........................................................................ 83 7.4.1.1.3 Qere–ketiv de palavras compostas ..................................................................................... 84 7.4.1.1.4 Qere–ketiv onde a superfície vocálica contradiz a superfície consonantal........................ 86 7.4.1.2 Malê–ḥasser “pleno–defectivo” ............................................................................................. 87 7.4.1.3 Malê–ḥasser versus qere–ketiv ............................................................................................... 88 7.4.1.4 Qere–ketiv nas obras de Ḥayyūdj ........................................................................................... 89 7.4.2 Massoret ............................................................................................................................. 90 7.5 A ABRANGÊNCIA DA MESSORÁ ..................................................................................................... 91 7.6 O INÍCIO DA MESSORÁ ESCRITA ..................................................................................................... 92 7.7 QUESTÕES MASSORÉTICAS NO TALMUDE...................................................................................... 93 7.7.1 Talmude Hierosolimitano ................................................................................................... 94 7.7.2 Talmude Babilônico ............................................................................................................ 95 7.7.3 Tratado de Sofrim ............................................................................................................... 95 7.8 A MESSORÁ PÓS-TALMÚDICA ....................................................................................................... 96 7.8.1 A Messorá Babilônica ........................................................................................................ 96 7.8.1.1 Os estudos modernos sobre a Messorá Babilônica ................................................................ 96 7.8.1.2 O período de atuação dos centros massoréticos babilônicos ................................................. 97 7.8.1.3 Os centros massoréticos de Sura e Neharda e outros centros babilônicos ........................... 98 7.8.1.4 Os dialetos judaicos babilônicos ............................................................................................ 98 7.8.1.5 Os sistemas massoréticos judaicos babilônicos de vogais ................................................... 102 7.8.1.5.1 Pinsker – a identificação das seis vogais judaicas babilônicas ....................................... 102 7.8.1.5.2 O sistema de pontinhos .................................................................................................... 104 7.8.1.5.3 Comparação entre os sistemas massoréticos de vogais simples de origem judaica babilônica,e os sistemas siríaco e tiberiense ........................................................................................ 104 7.8.1.5.4 O ḥitfa < ְ > ..................................................................................................................... 110 7.8.1.5.5 A reclassificação dos sistemas de sinais massoréticos de origem judaica babilônica segundo Yeivin ...................................................................................................................................... 111 7.8.1.5.6 O surgimento dos sistemas massoréticos de sinais de origem judaica babilônica........... 112 7.8.1.6 A conexão da Tradição Babilônica à Babilônia .................................................................. 113 7.8.2 A Messorá Tiberiense ....................................................................................................... 114 7.8.2.1 Ḥayyūdj – o precursor dos estudos sobre a Messorá Tiberiense ......................................... 114 7.8.2.2 Os estudos modernos sobre a Messorá Tiberiense .............................................................. 115 7.8.2.3 Os centros tiberienses citados em ensaios gramaticais próximos a Ḥayyūdj ...................... 117 7.8.2.4 Por dentro dos centros tiberienses ....................................................................................... 120 7.8.2.5 O início e o término das atividades massoréticas tiberienses .............................................. 123 7.8.2.6 As três fases das atividades massoréticas ............................................................................. 123 7.8.2.7 ʾAharon Ben ʾAsher ............................................................................................................. 124 7.8.2.7.1 çã B h p â ........................................................ 127 7.8.2.7.2 O p í h B h ép Ḥ ū j ............................................... 128 7.8.2.7.3 O h B h í j ................................................... 130 7.8.2.8 O sistema massorético tiberiense de sinais e Ḥayyūdj ......................................................... 131 7.8.2.8.1 O sistema massorético tiberiense de vogais ..................................................................... 131 7.8.2.8.2 O sistema massorético tiberiense de diacríticos .............................................................. 133 7.8.2.8.3 O sistema massorético tiberiense de melismas ................................................................ 134 7.8.3 A Messorá israelense não tiberiense ................................................................................ 136 7.8.3.1 O início e o término das atividades massoréticas israelenses não tiberienses e a sua distribuição geográfica .............................................................................................................................. 136 7.8.4 A Messorá Andaluza ......................................................................................................... 137 7.9 TEXTO MASSORÉTICO ................................................................................................................. 137 8 A CONTEXTUALIZAÇÃO GRAMATICAL............................................................................ 138 8.1 OS ESTUDOS LINGUÍSTICOS ANTERIORES A ḤAYYŪDJ................................................................. 138 8.2 ORTOGRAFIA .............................................................................................................................. 140