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Os Porões da Contravenção: Jogo do Bicho e Ditadura Militar PDF

200 Pages·2015·1.215 MB·Portuguese
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DADOS DE COPYRIGHT Sobre a obra: A presente obra é disponibilizada pela equipe Le Livros e seus diversos parceiros, com o objetivo de oferecer conteúdo para uso parcial em pesquisas e estudos acadêmicos, bem como o simples teste da qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura. É expressamente proibida e totalmente repudiável a venda, aluguel, ou quaisquer uso comercial do presente conteúdo Sobre nós: O Le Livros e seus parceiros disponibilizam conteúdo de dominio publico e propriedade intelectual de forma totalmente gratuita, por acreditar que o conhecimento e a educação devem ser acessíveis e livres a toda e qualquer pessoa. Você pode encontrar mais obras em nosso site: LeLivros.site ou em qualquer um dos sites parceiros apresentados neste link. "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível." 1ª edição 2015 CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ J93p Jupiara, Aloy Os porões da contravenção: [recurso eletrônico] : jogo do bicho e ditadura militar:a história da aliança que profissionalizou o crime organizado / Aloy Jupiara, Chico Otávio. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Record, 2015. recurso digital Formato: epub Requisitos do sistema: adobe digital editions Modo de acesso: world wide web Inclui bibliografia Sumário, notas ISBN 978-85-01-10715-2 (recurso eletrônico) 1. Jogos de azar. 2. Ditadura - Brasil. 3. Governo militar - Brasil. 4. Crime organizado. 5. Livros eletrônicos. I. Otávio, Chico. II. Título. 15-28519 CDD: 981.063 CDU: 94(81)’1964/1985’ Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Copyright © Aloy Jupiara e Chico Otavio, 2015 Checagem: José Figueiredo Todos os esforços foram feitos para localizar os fotógrafos das imagens reproduzidas neste livro. A editora compromete-se a dar os devidos créditos, em uma próxima edição, caso os autores as reconheçam e possam provar sua autoria. Nossa intenção é divulgar o material iconográfico que marcou uma época, sem qualquer intuito de violar direitos de terceiros. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissão de partes deste livro através de quaisquer meios, sem prévia autorização por escrito. Direitos exclusivos desta edição reservados pela EDITORA RECORD LTDA. Rua Argentina, 171 – Rio de Janeiro, RJ – 20921-380 – Tel.: (21) 2585-2000. Produzido no Brasil ISBN 978-85-01-10715-2 Seja um leitor preferencial Record. Cadastre-se e receba informações sobre nossos lançamentos e nossas promoções. Atendimento direto ao leitor: [email protected] ou (21) 2585-2002. Sumário Introdução 1. GUIMARÃES A dívida fatal Bobearam! Guimarães e o nefasto comunismo Vila Militar, o laboratório da guerra suja A senha para a barbárie Eremias e o tiro em Guimarães “Também temos o direito de matar vocês” Prisão e fim da linha nos porões 2. ANÍSIO Sonhar com rei O regime do medo na Baixada Política, jogo e drogas Torturador e lugar-tenente de Anísio Da Casa da Morte à quadra da Beija-Flor Um torturador na revolução de “Ratos e urubus” “Sentávamos o dedo neles” “O desaparecimento é mais importante do que a morte” Chefe de barracão da Beija-Flor envolvido no caso Rubens Paiva Doutor Léo, o pesadelo Pai e filho na polícia e na contravenção Anísio nos arquivos da ditadura: bicho, suspeita de tráfico e ameaça a policiais A ordem do progresso empurra o Brasil para a frente Ao cantar a liberdade, sambistas desafiam a censura O palpite certo é Beija-Flor 3. CASTOR De cartola do Bangu a contraventor preso pelo AI-5 A prisão de Castor na Ilha Grande: oito quartos e empregados Sou muambeiro? Castor e o time escalado na repressão Geisel desiste de caçar bicheiros Brasil, Brasil, avante, meu Brasil O gigante Brasil e a conexão italiana 4. GUIMARÃES II A nova tropa do Capitão Perdigão, o feroz aliado A irmandade do Careca Aguiar, o irmão O fim do “homem de ouro” Matança no Espírito Santo Exibindo a patente no carnaval SNI: Guimarães, contrabando de armas e traficantes do Morro dos Macacos 5. ANÍSIO II Misaque, Jatobá e o bom bicheiro A carta de Eliana: “Enrolei muita maconha para que ele e eu tivéssemos uma sobrevivência” Em família 6. CASTOR II Operação tramada no SNI salva Castor “Viva Figueiredo” Castor nunca esquece Um monumento vai aos ares EPÍLOGO “A contravenção não tem culpa que o governo mude a toda hora” Liesa, uma fachada de legalidade na redemocratização O comandante e o medo O jogo na hora do voto SNI defende a legalização do bicho Churrasco e Beatles “Faria melhor se fosse morar em Cuba” A máfia da jogatina na prisão O Clube Barão de Drummond: formação de quadrilha, corrupção e lavagem de dinheiro Agradecimentos Notas Acervos e periódicos Bibliografia Sobre os autores Introdução O jogo do bicho nasceu nas ruas do Rio, em 1892, explorando a esperança da população pobre da cidade. Começou inocente, no Jardim Zoológico do barão de Drummond, em Vila Isabel. No primeiro sorteio, com 25 bichos, deu avestruz, erroneamente conhecido como a ave que enterra a cabeça em um buraco para se esconder. Logo o jogo ganhou as esquinas e prosperou. Quando o poder público se deu conta, era tarde. À medida que foi crescendo, infiltrou-se no aparelho de Estado. O bicho se impôs pela violência e pela corrupção. Nada foi capaz de detê-lo. Um século depois da primeira extração, o jogo do bicho chegou ao auge como organização criminosa. Uma operação da Polícia Federal, chamada Furacão, flagrou-o em 2007 subornando um integrante do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a segunda mais alta corte do país. Até então, não se sabia de tamanha audácia. Paulo Medina, o ministro que teria vendido uma sentença aos bicheiros por R$ 1 milhão, acabou afastado. Dos caixotes de frutas onde colhia as apostas de rua, a máfia do jogo migrara para as máquinas caça-níqueis. Para atropelar autoridades que ousavam atrapalhar os negócios, foi buscar blindagem judicial em Brasília. Como nunca respeitou limites, só precisou precificar as necessidades. O bicho que profanou o STJ não é um traço da cultura popular. A imagem bairrista e romântica deu lugar a uma organização mafiosa com planejamento, controle do fluxo de caixa, divisão territorial e outros cuidados. Para adotar este modelo empresarial, os chefões se aproveitaram de uma encruzilhada da nossa história. Começaram a preparar o bote nos anos 1960, enquanto parte da sociedade brasileira travava uma luta renhida contra o regime militar. Sob o pretexto de livrar a nação da ameaça comunista, os generais haviam montado uma máquina letal com autoridade irrestrita para aniquilar a esquerda armada. Seus integrantes não precisavam aparar os cabelos, acordar com o toque da corneta, fazer ordem unida ou usar farda. Contavam com verbas secretas, equipamentos especiais e bunkers clandestinos. Mais do que isso, tinham acesso livre a dados privados e poder de vida e de morte sobre as pessoas. Assim que terminou o período mais sangrento do regime militar, o desmonte da máquina de torturar, matar e desaparecer com os corpos das vítimas frustrou os agentes da repressão. Muitos se sentiram traídos e abandonados. De volta à farda e à rotina enfadonha dos quartéis, viraram presas fáceis. E foi aí, entre os anos 1970 e 1980, que os chefões do bicho deram o bote. Ofereceram um projeto de poder que setores radicais julgavam perdido. Nos últimos suspiros da ditadura, a organização criminosa serviu de porto seguro, uma terra de oportunidades para quem tivesse disposição e topasse ser recrutado para compartilhar o vasto conhecimento adquirido nas masmorras do regime. O Brasil não é uma experiência única. Na ânsia por democracia, após um período obscuro e sangrento, a população tem pressa. Faz concessões e não prepara o desmonte dos porões. Outros países que emergiram da ditadura também deixaram os seus agentes da repressão à deriva. E não foram poucos os cooptados pelas máfias locais. No Brasil, contudo, a parceria bicho-ditadura foi singular, porque mudou para sempre o perfil do crime organizado. Amparada nos pilares de hierarquia e disciplina aprendidas com os militares, a máfia do jogo se organizou, se diversificou e cresceu. Conhecimentos de logística, estado-maior, administração financeira, divisão de trabalho e espionagem moldaram o tamanho e a força da mais estruturada facção criminosa do país. Este pelotão de agentes que migrou dos porões da tortura para as fileiras do jogo do bicho, levando junto a brutalidade, a arapongagem e a disciplina da guerra contra as esquerdas, foi tema de uma série de reportagens publicada pelo jornal O Globo entre os dias 6 e 9 de outubro de 2013. Para mostrar como os bicheiros ajudaram a perseguir inimigos do regime, e a ditadura retribuiu com proteção e impunidade, recorremos a documentos de dois arquivos públicos e da Biblioteca do Exército e a depoimentos de militares, ex-agentes, ex-presos políticos, sambistas, historiadores e cientistas políticos, além de consultas a acervos de jornais. Uma das fontes, o coronel Paulo Malhães, um dos mais brutais agentes do regime, revelou, em entrevista até então inédita, detalhes de sua própria experiência com o crime organizado. Assassinatos do período misturaram interesses militares e civis, envolvendo bicheiros e torturadores. A guarnição da 1ª Companhia de Polícia do Exército (PE), da

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