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Os Pensadores - História das Grandes Idéias do Mundo Ocidental - Volume 1 PDF

286 Pages·1972·193.44 MB·Portuguese
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HISTÓRIA DAS GRANDES IDÉIAS DO MUNDO OCIDENTAL 1 HISTORIA DAS GRANDES IDEIAS DO MUNDO OCIDENTAL EDITOR: VICTOR CIVITA ©COPYRIGHT MUNDIAL 1972 - ABRIL S.A. CULTURAL E INDUSTRIAL caixa postal 2372 - SÃO PAULO - BRASIL Composto e impresso em oficinas próprias da ABRIL S.A. CULTURAL E INDUSTRIAL São Paulo - Brasil Editor: VICTOR CIVITA Diretor de Publicações: Roberto Civita Diretor da Divisão Fascículos: Pedro Paulo Poppovic Diretor Editorial de Fascículos: Ary Coelho Conselho Editorial: Diretor de Grupo: José Américo Motta Pessanha Editor Chefe: Édson Araújo Cabral (livros) Secretário Editorial: Ely Mello Soares (fascículos) Editoria de Texto: Hélio Leite de Barros (fascículos) Remberto Francisco Kuhnen, Nestor Deola, Arnildo Devegili (livros) Pesquisa: Israel Betenas Arte: Constantino Kouzmin-Korovaeff (livros) Ricardo Amadeo Junior (fascículos) Roberto Galvão Paes, Antonio Carlos Vignati Serviços Editoriais Auxiliares: Janete de Castro Santos Departamento de Pesquisa Iconográfica: Derli Barroso (chefe), Renata Lucia Bottini, Walquíria Dutra de Oliveira, Cleonice Lima, Miriam Tabarro, Miriam Almeida, Aida Yaeko Supervisão de Arte: Elifas Andreatto Planejamento da Coleção: Andreas Max Pavel Consultoria: Marilena Chauí-B'erlinck Montaigne Angelo Ricci Dante Carlos Estevam Martins Maquiavel Carlos Lopes de Mattos Sto. Anselmo e Abelardo. Sto. Tomás, Duns Scot e Ockham José Aluysio Reis de Andrade Bacon José Américo Motta Pessanha Do Mito à Filosofia Pré-socráticos Sócrates Platão Aristóteles Epicuro, Lucrécio, Cícero, Sêneca e Marco Aurélio S. Agostinho Erasmo e Thomas More Bruno, Galileu e Campanella DO MITO À FILOSOFIA Q ue terá levado o homem, a partir própria e completamente diferente da de determinado mom'ento de sua dos ""bárbaros" orientais. Assim é qué história, a fazer ciência teórica e Diógenes Laércio, em sua Vida dos Filó filosofia? Por que surge no Ocidente, sofos, já se refere à fabulosa antiguidade mais precisamente na Grécia do século da filosofia entre persas e egípcios. Foi, VI a.e., uma nova mentalidade, que porém, entre os neoplatônicos, os neopi passa a substituir as antigas construções ta$Óri_cos, co~ Filo, º. J ~deu, e com _os mitológicas pela aventura intelectual, primeiros escritores cr1staos que surgm, expressa através de investigações cientí mais definida, a tese da filiação do pen ficas e especulações filosóficas? samento grego ao oriental. Em nome de Durante muito tempo o problema do afirmações nacionais ou doutrinárias, começo histórico da filosofia e da ciên passou-se a atribuir ao Oriente a condi cia teórica foi colocado em termos de ção de fonte originária da tradição filo relação Oriente-Grécia. Desde a própria sófica, que os gregos teriam apenas con Antiguidade confrontaram-se duas li tinuado e expandido. nhas de interpretação: a dos ""orientalis Ainda no século XIX os historiadores tas", que reivindicavam para as antigas se dividem a respeito do começo histó civilizações orientai~ a criação de uma rico da filosofia e da ciência teórica. Ao sabedoria que os gregos teriam depois orientalismo de Rõth e de G ladisch apenas herdado e desenvolvido; e a dos opõe-se, por exemplo, o ocidentalismo ""ocidentalistas", que viam na Grécia o de Zeller ou de Theodor Hopfener. As berco da filosofia e da ciência teórica. disputas continuariam indefinidamente Inte'ressante é observar que os próprios em termos da relação ""empréstimo" ou gregos dos séculos V e IV a.e., como ""herança" entre Oriente e Grécia, exa Platão e Heródoto, estavam ciosos da minada freqüentemente com bases ape originalidade de sua civilização no nas conjeturais, se dois fatores não vies càmpo científico-filosófico, embora re sem, a partir do final do século XIX, conhecessem que noutros setores, parti deslocar o eixo da questão: a expansão cularmente na arte e na religião, os hele das pesquisas arqueológicas e o inte nos tinham assimilado elementos resse pela natureza da chamada menta orientais. Nos gregos do período alexan lidade primitiva ou arcaica. drino ou helenístico, porém, desaparece A arqueologia veio substituir muitas essa pretensão de absoluta originali das elucubrações por indicações bem dade: a perda da liberdade política e a mais seguras e convincentes, demolindo inclusão da Grécia nos amplos impérios preconceitos e, às vezes, propondo hipó macedônio e romano alteram a visão que teses novas de trabalho. O interesse pela os próprios gregos têm de sua cultura. mentalidade arcaica veio, por suà vez, Já não se sentem - como pretendia Aris mostrar que o principal aspecto da ques tóteles - dotados de uma ""essência" tão da origem histórica da filosofia resi- I OS PENSADORES de na compreensão de como se processa longo processo de racionalização da cul a passagem entre a mentalidade mito tura, acelerado a partir da demolição da poética (""fazedora de mitos") e a menta a11tiga civilização micênica. A partir lidade teorizante. daí, a convergência de vários fatores - . Embora a questão do início histórico econômicos, sociais, políticos, geográ da filosofia e da ciência teórica ainda ficos - permite a eclosão do ""milagre contenha pontos controversos e continue grego", que t~'<e na ciência teórica e na um ""problema aberto" - na dependência filosofia sua mais grandiosa e impres inclusive de novas descobertas arqueoló sionante manifestação. gicas - , a grande maioria dos historia O nascimento da epopéia dores tende hoje a admitir que somente com os gregos começa a audácia e a xn aventura expressas numa teoria. Às con A chegada dos dórios, no século quistas esparsas e assistemáticas da a.e., às circunvizinhanças do mar Egeu ciência empírica e pragmática dos orien constitui momento decisivo na formação tais, os gregos do século VI a.e. contra do povo e da cultura grega. Na penmsula põem a busca de uma unidade de e nas ilhas - cenário natural da Grécia compreensão racional, que organiza, em ~estação - está então instalada a integra e dinamiza os conhecimentos. civilização micêni-ca ou aqueana, que se Essa mentalidade, porém, resulta de desenvolvera em estreita ligação com a II DO MITO À FILOSOFIA Grécia pré-filosófica: terra de heróis e de deuses. (Ao lado, baixo-relevo do séc. /Va.C., com cenas da "Odisséia" de Homero; Kunsthistorisches Museum, Viena. Abaixo, Zeus, estátua de bronze do séc. V a. C.; Stiftung Pressischer Kunsbesitz, Berlim.) III OS PENSADORES Os deuses antropomórficos da mitologia grega constituem uma racionalização do divino e uma exaltação da "medida humana", responsável também pela eclosão da filosofia. (Afrodite de Eros.) civilização cretense e em contato com povos orientais. A sociedade micênica apresenta-se composta por grande número de famílias principescas, que reinam sobre pequenas comunidades. Essa pluralidade, decor rente da originári'a divisão em d.às, é fortalecida pelas próprias caracterís ticas fisicas da re$ião: o relevo, compar timentando o território, torna alguns lo cais mais facilmente interligáveis através do mar. Assim, muito antes que as condições geográficas contribuam para que as cidades-Estados (polis) ve nham a se desenvolver como unidades autônomas, já são motivo para que, desde suas raízes micênicas, a cultura grega se constitua v.oltada para o mar: via de comunicação e de comércio com ou~os povos, de intercâmbio e de con fronto com outras civilizações, ao mesmo tempo que incentivo a aventuras reais e a construções imaginárias. Chegando em bandos sucessivos, vin dos do norte, os dórios dominam a região. Embora da mesma raiz étnica dos aqueus, apresentam índice civiliza tório mais baixo. Possuem, porém, uma incontestável superioridade: o uso de utensílios e armas de ferro, fator deci sivo para a vitória sobre os inicênicos, que permaneciam na Idade do Bronze. As invasões dóricas acarretam migra ções de grupos de aqueus, que se trans ferem para as ilhas e as costas da Ásia Menor e aí fundam colônias, tentando preservar suas tradições, suas institui ções e sua organização social de cunho patriarcal e gentílico. As novas condições de vida das colô nias e a nova me~talidade delas decor rente encontram sua primeira expressão através das epopéias: em poesia o homem grego canta o declínio das arcai cas formas de viver ou pensar, enquanto prepara o futuro advento da era cientí fica e filosófica que a Grécia conhecerá a partir do século VI a.C. Resultantes da fusão de lendas eólias IV DO MITO À FILOSOFIA Nas origens da cultura grega situa-se a civilização micénica, desenvolvida em estreita relação" com Creta e com povos orientais. (Acima, Agamenão, rei de Micenas; máscara de ouro do século XVI a.C.; Museu Arqueológico de Atenas. Ao lado, afresco egípcio do século XII a.C., do túmulo de Ramsés VI, representa a deusa Nut e a "viagem noturna do Sol".) V OS PENSADORES A cultura grega apresentou duas faces complementares: a "apolínea ", de luminosidade, ordem, medida, e a "dionisíaca", de incontinência, desmedimento, paixão. (Vaso do séc. V a.C. mostrando dança dionisíaca; M. Arqueológico de Ferrara; ao lado, Apolo do Belvedere. Na outra página, "Helena de Tróia assistindo a uma batalha", relevo em cálcário; Kunsthistorisches Museum, Viena.) e JOmcas, as epopéias incorporaram Guerra de Tróia. Desses numerosos poe relatos mais ou menos fabulosos sobre mas, apenas dois se conservaram: a Ilía expedições marítimas e elementos pro da e a Odisséia de Homero, escritos venientes do contato do mundo helênico, entre o século X e o VIII a.C. em sua fase de formação, com culturas orientais. A língua desses primeiros poe Tempo de deuses e heróis mas da literatura ocidental é uma mistu ra dos dialetos eólio e jônico, com Da vida de Homero praticamente predominância do último. Entremeando nada se sabe com segurança, embora lendas e ocorrências históricas - rela dados semilendários . sobre ele fossem tando particularmente os aconteci-: transmitidos desde a Antiguidade. Sete mentos referentes à derrocada da socie cidades gregas reivindicam a honra de dade micênica -, surgem então cantos e ter. sido sua terra natal. Homero é sagas que os aedos (poetas e declama freqüentemente descrito como velho e dores ambulantes) continuamente foram cego, perambulando de cidade em cida enriquecendo. Constituídos por seqüên de, a declamar seus versos. Chegou-se cias de episódios relativos a um mesmo mesmo a duvidar de sua existência e de evento ou a um mesmo herói, surgem, que a Ilíada e a Odisséia fossem obra de assim, ''ciclos" que cantam principal uma só pessoa. Poderiam ser coletâneas mente as 'duas guerras de Tebas e a de cantos populares de antigos aedos e, VI

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