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Os Pensadores - Ensaios Econômicos PDF

486 Pages·1976·250.101 MB·Portuguese
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XLVII J. M. KEYNES M. KALECKI P. SRAFFA J. ROBINSON ENSAIOS ECONÔMICOS Seleção de Paulo Israel Singer EDITOR: VICTOR CIVIT A Títulos originais: J. M. Keynes: Essays in Persuasion (Part li: Intlation and Deflation) M. Kalecki: Theory of Economic Dynamics -An Essay on Ciclical and Long-Run Changes in Capitalist Economy P. Sraffa: Production of Commoàities by mean of Commodities -Prelude to a Cri ti e of Economic Theory J. Robinson: Essays in the Theory of Economic Growth - Freedom and Necessity An Introduction to che Study of Society. 1. a edição - julho 1976 e - Copyright desta edição, l 976, Abril S. A. Cultural e Industrial, São Paulo. Textos pubiicados com autorização de W. Norto11 & Co. lnc., Nova York (Inflação e Deflação); de Geoige Alien & Unwin Ltd., Londres (Liberdade e Necessidade; Teoria da Dinâmica Econômica); de Cambridge University Press, Cambridge (Produção de Mercadorias por meio de Mercadorias); de Mac.:millan Press Ltd., Londres (Ensaios sobre a Teoria do Crescimento Econômico). Tradução publicada com licença de Zahar Editores, Rio de Janeiro (Liberdade e Necessidade). Direitos exclusivos sobre as demais traduções constantes deste voíume .. i 976, Abril S. A. Cultural e Industrial, São Paulo. SUMÁRIO INFLAÇÃO E DEFLAÇÃO 7 TEORIA DA DINÂMICA ECONÔMICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 PRODUÇÃO DE MERCADORIAS POR MEIO DE MERCADORIAS .. .. ... .. . . 209 ENSAIOS SOBRE A TEORIA DO CRESCIMENTO ECONÔMICO . ...... .. . . . . 291 LIBERDADE E NECESSIDADE . . ... ....... ..... ...... ..... .... .... ... . . 387 JOHN MAYNARD KEYNES INFLAÇÃO E DEFLAÇÃO* Tradução de Rolf Kuntz * Traduzido do original inglês: Essays in Persuasion (Part II: Inflation and Deflation), Nova York, 1963, W. Norton & Co. Inc., Nova York, 1963, pp. 77-178. 1. Inflação (1919) Lênin, segundo se diz, declarou que a melhor maneira de destruir o sistema capitalista é desmoralizar a moeda. Por um contínuo processo de inflação, os governos podem confiscar, de modo secreto e despercebido, parte importante da riqueza de seus cidadãos. Com este método, eles não apenas confiscam, mas con fiscam arbitrariamente; e, enquanto o processo empobrece a muitos, de fato enri quece a alguns. A visão desse arbitrário remanejo repercute não somente na segu rança, mas também na confiança quanto à equidade da existente distribuição da riqueza. Aqueles a quem o sistema traz ganhos extraordinários, além de seus merecimentos e mesmo além de suas expectativas e de seus desejos, se tornam "especuladores", objeto do ódio da burguesia - empobrecida pelo inflacionismo - assim como do ódio do proletariado. Na medida em que a inflação avança e o valor real da moeda flutua selvagemente de um mês para outro, todas as rela ções permanentes entre devedores e credores, que formam o fundamento último do capitalismo, se tornam tão completamente desordenadas que passam quase a não ter sentido; e o processo de aquisição da riqueza degenera em jogo e loteria. Evidentemente Lênin estava correto. Não há meio mais sutil nem mais segu ro de revirar a base da sociedade do que corromper a moeda. O processo mobili za, para a destruição, todas as forças ocultas da lei econômica -- e o faz de modo tal que nem mesmo um só homem em um milhão é capaz de diagnosticar. Nas últimas etapas da guerra, todos os governos beligerantes praticaram, por necessidade ou incompetência, o que um bolchevista teria feito deliberadamente. Mesmo agora, terminada a guerra, a maioria deles continua, por fraqueza, nos mesmos desmandos. Além disso, contudo, os governos da Europa, muitos dos quais são neste momento tão imprudentes nos seus métodos quanto fracos, tentam desviar para a chamada classe dos "especuladores" a indignação popular contra as mais óbvias conseqüências de seus métodos. Esses "especuladores", falando em sentido amplo, são a classe empreendedora dos capitalistas, isto é, o elemento ativo e construtivo do conjunto da sociedade capitalista, o qual, num período de preços rapidamente ascendentes, não podem deixar de enriquecer, queiram ou não. Se os preços crescem continuadamente, todo negociante que formou estoques ou que tem propriedade ou fábrica inevitavelmente realiza lucros. Dirigindo o ódio contra esta classe, portanto, os governos europeus estão levando a um passo 10 KEYNES adiante o processo fatal que a mente sutil de Lênin conscientemente concebeu. Os aproveitadores são uma conseqüência e não uma causa dos preços em alta. Com binando o ódio popular à classe dos empresários com o golpe já desferido na segu~ança social pela violenta e arbitrária perturbação do contrato e do equilíbrio estabelecido da riqueza - o que resulta inevitavelmente da inflação -, esses governos rapidamente estão tornando impossível a continuação da ordem econô mica e social do século XIX. No entanto, não têw .um plano para substituí-la. 2~ Conseqüências sociais das mudanças no valor da moeda ( 1923) O dinheiro só é importante pelo que proporciona. Assim, se uma mudança na unidade monetária fosse uniforme em sua operação e afetasse todas as transa ções igualmente, sua conseqüência seria nula. Se, por alteração no padrão estabe lecido de valor, uma pessoa passasse a receber e a possuir o dobro do dinheiro de antes, em pagamento de todos os direitos e de todos os esforços, e se também passas~e a pagar o dobro por todas as compras e por todas as satisfações, ele em nada seria afetado. Segue-se, portanto, que uma variação no valor do dinheiro, isto é, no nível dos preços, só é importante para a sociedade na medida em que sua incidência seja desigual. Tais mudanças produziram no passado, e agora produzem, as mais amplas conseqüências sociais, pois, como sabemos, quando muda o valor da moeda, ele não muda igualmente para todas as pessoas e para todas as finalida des. Os ganhos e as despesas de um homem não são todos modificados numa proporção uniforme. Assim, uma alteração nos preços e nos ganhos, medida em dinheiro, geralmente afeta diferentes classes desigualmente, transfere riqueza de uma para outra, produz aqui a opulência e ali necessidade, e redistribui os favores da Fortuna de tal forma que se frusta o desígnio e se desaponta a esperança. As flutuações no valor da moeda, desde 1914, foram em escala bastante grande para constituir, com tudo que envolvem, um dos eventos mais significantes da história econômica do mundo moderno. A flutuação do padrão - ouro, prata ou papel - não só alcançou uma violência sem precedente, mas, além disso, ocorreu numa sociedade cuja organização econômica depende mais da crença num padrão de valor moderadamente estável do que a de qualquer outra de tem pos anteriores. Durante as guerras napoleônicas e no período imediatamente posterior, a extrema flutuação dos preços ingleses, num só ano atingiu 22 por cento; e o maior nível de preços alcançado no primeiro quarto do século XIX, que costumávamos julgar o período mais conturbado da história de nossa moeda, era menos que o dobro do mais baixo, e com um intervalo de treze anos. Comparem-se com isso os extraordinários movimentos dos passados nove anos. De 1914 a 1920, todos os países experimentaram uma expansão na oferta de dinheiro para gastar, relativamente à oferta de coisas que se podiam comprar - isto é, Inflação. Desde 1920, os países que recuperaram o controle de sua situação financeira,

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