Os norte-americanos e o planejamento do campus no Brasil Fúlvio Teixeira de Barros Pereira

227 Pages·2017·30.56 MB·Portuguese

Universidade de São Paulo | Instituto de Arquitetura e Urbanismo
exporting progress
Os norte-americanos e o planejamento do campus no Brasil
Fúlvio Teixeira de Barros Pereira
São Carlos, julho de 2017
Fúlvio Teixeira de Barros Pereira

exporting progress
Os norte-americanos e o planejamento do campus no Brasil

Versão Corrigida

(Versão original encontra-se na unidade
que aloja o Programa de Pós-Graduação)

Tese apresentada ao Instituto de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade de São Paulo
(IAU/USP) para obtenção do título de
Doutor em Arquitetura e Urbanismo.
Área de concentração: Teoria e História da
Arquitetura e do Urbanismo.
Orientador: Prof. Renato Luiz Sobral Anelli

São Carlos, julho de 2017
AUTORIZO A REPRODUCAO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,
POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRONICO, PARA FINS
DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do Instituto de Arquitetura e Urbanismo
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
Pereira, Fúlvio Teixeira de Barros
P436e Exporting progress: os norte-americanos e o
planejamento do campus no Brasil / Fúlvio Teixeira
de Barros Pereira; orientador Renato Luiz Sobral
Anelli. -- São Carlos, 2017.
226 p.
Tese (Doutorado - Programa de Pós-Graduação em
Arquitetura e Urbanismo, Teoria e História da
Arquitetura e do Urbanismo) -- Instituto de
Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo,
2017.
1. Campus universitário. 2. Universidades
(Arquitetura). 3. Reforma universitária. 4.
Urbanismo - Brasil; Estados Unidos. 5. Rudolph
Atcon. I. Anelli, Renato Luiz Sobral, orient. II.
Título.

Agradecimentos
Iniciado em junho de 2013, o desenvolvimento desta tese foi, além de um período de
formação acadêmica e pessoal, um período de transformação do país, no qual seu presente
tornou-se muito similar ao passado aqui estudado. E, nesses quatro anos marcados por
questionamentos de pesquisa e incertezas quanto ao destino da nação, a ajuda de um
conjunto de pessoas foi fundamental para o início, o desenvolvimento e a conclusão da
tese, às quais devo muito gratidão.
A Nelci Tinem, pela ajuda no plano de pesquisa da seleção, não obstante seus demais
afazeres acadêmicos na UFPB, além do auxílio de Marcus Vinicius e Fabiano Melo, na
realização da entrevista à distância.
Ao ex-reitor Edílson Amorim, pelo apoio a meu afastamento da UFCG.
Ao ex-prefeito universitário Geraldo Baracuhy, ao atual prefeito universitário Mário
Neto, aos arquitetos e funcionários do Setor de Estudos e Projetos (Eva Miranda, Érica
Accioly, Glauro Duda, Paulo Alexandre, Berenice Oliveira, Vera Chaves e Edmilson Julião)
e a todos os professores da Unidade Acadêmica de Engenharia de Produção, pela
aprovação do meu afastamento por três anos para cursar doutorado e de sua posterior
prorrogação por mais um ano.
A Lia, minha esposa e companhia constante nesse processo, mesmo quando a
distância geográfica era mais uma dificuldade a ser enfrentada, pelo apoio incondicional,
pelas opiniões variadas, pelo ouvido paciente e pela compreensão das minhas ausências,
nos solitários momentos de leitura e escrita.
A Hugo, meu filho, nascido nos momentos finais da pesquisa, por trazer mais
felicidade ao dia a dia com seu “sorrisão” matinal.
A meu pai, minha mãe e irmãos, dos quais provém minha formação inicial, pela
torcida silenciosa ou declarada pelo bom resultado da pesquisa.
A Fabíola Barrocas, minha sogra, pelo olhar crítico à história da educação no Brasil.
A Marcus Vinicius e Sales Trajano, pelas frequentes ajudas em diversos momentos da
pesquisa, que se estenderam da entrega de relatórios de avaliação do afastamento da UFCG
até a execução da capa e a sugestão de título da tese. Assim como a Adriana Almeida, pelas
“consultorias” em variadas questões acadêmicas.
A Ingrid Wanderley, Pedro Malta, Milena Silva, Maryá Aldrigue, Júlio Botega, Layane
Nunes, Camila Leal, Vládia Cantanhede, Fabrício Godoi e Lucas Pereira, pelo prazer do
convívio em São Carlos. E a Cecília Almeida e a Mariana Bonates, pelas ajudas à distância.
A Renato Anelli, pela liberdade propiciada à condução da pesquisa, pela objetividade
nas orientações, pela agilidade nas repetitivas questões burocráticas e pela ideia e empenho
de realizar parte da pesquisa no exterior, fundamental à tese.
A Fernando Lara, pelos quatro meses (de novembro de 2014 até fevereiro de 2015)
de supervisão do estágio de doutorado no exterior, na School of Architecture da Universidade
do Texas em Austin (Texas), Estados Unidos, assim como aos funcionários da
Universidade do Texas, em especial da Benson Collection, pela ajuda no acesso aos
documentos pesquisados.
A Carlos Andrade (“Mancha”), presente em distintas etapas da pesquisa (seleção,
disciplinas e qualificação), pelas críticas relevantes e pelas numerosas sugestões de leitura.
A Alberto Sato, por seu olhar latino-americano no exame de qualificação e em sua
disciplina no início do doutorado.
A Carlos Martins, Cibele Rizek, Luciana Bongiovanni, Márcio Minto, Sarah Feldman,
pelos conhecimentos adquiridos em suas disciplinas.
A Aline Sanches, Carlos Martins e Eulália Negrelos, pela experiência didática no
estágio do Programa de Apoio ao Ensino (PAE).
Aos funcionários do IAU/USP, Marcelo Celestini, Mara Lino, Flávia Macambyra,
Geraldo, Marcelo Brocco, Felipe Romano, pela constante disponibilidade em ajudar.
A Maria Vieira, pela paciência, atenção e ampla ajuda na localização e acesso aos
documentos do Centro de Documentação e Informação do Conselho de Reitores das
Universidades Brasileiras (CRUB).
E a CAPES, por concessão, de 01 de novembro de 2014 até 28 de fevereiro de 2015,
de bolsa de Estágio de Doutorado Sanduíche no Exterior, Processo nº. BEX 4723/14-7.
Nesta versão corrigida da tese, agradeço também as críticas e sugestões da banca
examinadora: Fernando Lara, Ester Buffa, Carlos Martins, Carlos Andrade (“Mancha”) e
Renato Anelli.
Resumo

PEREIRA, Fúlvio Teixeira de Barros. Exporting progress: os norte-americanos e o
planejamento do campus no Brasil. 2017. Tese (Doutorado) – Instituto de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Carlos, 2017.

Aborda a transferência cultural de ideias dos Estados Unidos ao Brasil, a partir da
assistência técnica norte-americana ao planejamento do campus no país, em seu período
mais intenso: de 1961, criação da USAID e da Aliança para o Progresso, até 1975, retirada
do principal consultor em atividade no Brasil: Rudolph Atcon. Parte da hipótese que tal
assistência técnica se baseava numa ação seletiva, que estabelecia um preciso quadro de
referências a ser transferido, ao levar em consideração as diferenças culturais entre ambos
os países, afora os interesses políticos-ideológicos envolvidos nessa assistência. Por isso,
busca analisar a seletividade da assistência técnica norte-americana ao planejamento do
campus no Brasil, sob três eixos de investigação: caracterizar as tensões e resistências
culturais no processo de assistência técnica, apontar a racionalidade econômica dirigida ao
campus e identificar as demandas políticas e disciplinares no planejamento do campus.
Emprega como fonte documental os discursos estabelecidos pelos consultores norte-
americanos então atuantes no Brasil, em seus relatórios, apresentações em seminários e
livros publicados, além dos relatórios gerais de avaliação do programa de assistência
técnica. Conclui que as ideias transferidas ao Brasil sobre planejamento do campus foram
seletivas e mais condicionadas por questões políticas e econômicas, com vistas à
despolitização e à instrumentação da universidade ao desenvolvimento econômico. Foi
promovido um ideário de campus centrado na economia, ordem e disciplina do espaço
físico, em grande parte apoiada nos escritos de Atcon, sobretudo seu ensaio de 1961.
Palavras-chave: Campus Universitário. Universidades (Arquitetura). Reforma Universitária.
Urbanismo – Brasil; Estados Unidos. Rudolph Atcon.
Abstract

PEREIRA, Fúlvio Teixeira de Barros. Exporting progress: the Americans and campus
planning in Brazil. 2017. Thesis (Doctorate) – Instituto de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo, São Carlos, 2017.

The cultural transference of ideas from United States to Brazil is dealt here and this is
based on US technical assistance to campus planning in the country during its most intense
period: from 1961, creation of USAID and Alliance for Progress, to 1975, the departure of
the greatest advisor in activity in Brazil: Rudolph Atcon. Such technical assistance was fixed
on selective action which established a precise frame of reference to be transferred is the
initial hypothesis, taking into account the cultural differences between the two countries
and the political-ideological interests involved in this assistance. Therefore the selectivity of
the US technical assistance to campus planning in Brazil is analyzed under three axes of
research: characterize the tensions and cultural resistances in the technical assistance
process, point out the economical rationality directed to the campus and identify the
political and disciplinary demands in campus planning. The speeches established by the US
advisors then active in Brazil in their reports, presentation in seminaries and published
books, in addition to the general evaluation reports of the technical assistance program, are
used as documentary source. The ideas transferred to Brazil about campus planning were
selective and more conditioned by political and economic issues with a view to the
depoliticization and the instrumentation of the university to economic development is the
conclusion reached. A campus ideology centered in economy, order and discipline of
physical space, largely based on writings of Atcon, especially his 1961 essay, was promoted.
Keywords: Campus. Universities (Architecture). University Reform. Urbanism – Brazil;
United States. Rudolph Atcon.
Lista de figuras

Figura 1. Símbolo da Aliança para o Progresso. 21
Figura 2. Símbolo da United States Agency for International Development 21
(USAID).
Figura 3. Sala especial “Universidades” na X Bienal de Arquitetura, em 1969. 21
Figura 4. Quadro histórico dos campi das 32 universidades federais existentes em 22
1974, além da USP e da UNICAMP.
Figura 5. Esquemas de Hélio Duarte para organização acadêmica da Cidade 43
Universitária da Universidade Federal da Santa Catarina (1956).
Figura 6. Plano de 1956 de Hélio Duarte para “core” da Cidade Universitária da 43
Universidade de São Paulo, com base no VIII CIAM.
Figura 7. Plano de 1952 da Cidade Universitária da Universidade do Brasil (atual 44
UFRJ), na Ilha do Fundão, desenvolvido por Jorge Machado Moreira e equipe.
Figura 8. Localização do campus da UnB. 59
Figura 9. Estudo de Oscar Niemeyer para a Praça Maior do campus da Universidade 59
de Brasília (UnB).
Figura 10. Plano piloto do campus da Universidade de Brasília (UnB), elaborado em 60
1962 por Lúcio Costa.
Figura 11. Apresentação de Rudolph Atcon, em “La Universidad Latinoamericana”. 75
Figura 12. Ficha consular de Rudolph Atcon, em 1951. 75
Figura 13. Perspectiva de 1958 do campus da Universidade de Concepción, no Chile, 76
segundo plano de Emílio Duhart.
Figura 14. Maquete da “cidade universitária” da Universidade da Costa Rica, 76
desenvolvida por Jorge Emílio Padilla.
Figura 15. Perspectiva do bloco de moradias da Cidade Universitária da 89
Universidade de Bariloche, na Argentina...
Figura 16. Esquema do “conceito de agrupação”, adaptação do diagrama funcional 89
às características da localização e da implantação do campus.
Figura 17. Capa de livro do CONESCAL ilustrada com a “cidade universitária” da 90
Universidade Católica do Peru, projetada por Caudill Rowlett Scott (1967).
Figura 18. Plano da “cidade universitária” da Universidade Católica do Peru, 90
desenvolvido por Caudill Rowlett Scott (1967).
Figura 19. Planta baixa do auditório da Universidade de Miami, projeto de Robert 99
Fitch Smith (1961)...
Figura 20. Diagrama de organização de usos do plano geral da Universidade Circle 99
(1957), em Cleveland (Ohio), publicado no livro de Dober.
Figura 21. Revista TIME de 1969 sobre as manifestações estudantis nas 100
universidades dos Estados Unidos: “fúria e reforma no campus”