ebook img

os fios da memória nos teares da imaginação de ana maria machado PDF

146 Pages·2010·1.59 MB·Portuguese
by  
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview os fios da memória nos teares da imaginação de ana maria machado

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE LETRAS LUCIETE DE CÁSSIA SOUZA LIMA BASTOS OS FIOS DA MEMÓRIA NOS TEARES DA IMAGINAÇÃO DE ANA MARIA MACHADO: O NARRADOR EM DO OUTRO MUNDO BELO HORIZONTE 2010 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE LETRAS LUCIETE DE CÁSSIA SOUZA LIMA BASTOS OS FIOS DA MEMÓRIA NOS TEARES DA IMAGINAÇÃO DE ANA MARIA MACHADO: O NARRADOR EM DO OUTRO MUNDO Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós- graduação em Letras: Estudos Literários da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Letras, área de concentração: Teoria da Literatura, elaborada sob a orientação do Prof. Dr. Marcus Vinícius de Freitas. BELO HORIZONTE 2010 Ficha catalográfica elaborada pelos bibliotecários da Biblioteca FALE/UFMG Bastos, Luciete de Cássia Souza Lima. M149d.Yb-f Os fios da memória nos teares da imaginação de Ana Maria Machado [manuscrito] : o narrador em Do outro mundo / Luciete de Cássia Souza Lima Bastos. – 2010. 145 f., enc. Orientador: Marcus Vinícius de Freitas. Área de concentração: Teoria da Literatura. Linha de Pesquisa: Literatura, História e Memória Cultural. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Letras. Bibliografia : f. 127-145. 1. Machado, Ana Maria, 1941 - Do outro mundo – Crítica e interpretação – Teses. 2. Literatura infanto - juvenil brasileira – História e crítica – Teses. 3. Memória na literatura – Teses. 4. Imaginação – Teses. I. Freitas, Marcus Vinícius de. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Letras. III. Título. CDD : 808.068 Dedico Aos meus alunos da vida inteira, por serem motivo para o meu crescimento, e à minha mãe, Lázara Bernardes (in memoriam), que me ensinou a ler o mundo e com ele me encantar. AGRADECIMENTOS A principal necessidade de nossas vidas é alguém que nos obrigue a fazer o que podemos fazer. Eis a tarefa do amigo. Ralph Waldo Emerson (1836) O texto que escrevi é povoado pela presença incrustada de todos aqueles que me aceitaram exercer uma imaginação fértil e contínua em narrativas que arrasto pela vida afora. Por isso mesmo vivo. Com elas percorri verdadeiras fontes de conhecimento e de prazer “brotante”. Fingires e viveres. Fui fada e fui bruxa no Sítio de Lobato, fingi ser fingidora com Pessoa e Manoel de Barros, percorri os sertões de Guimarães e me encontrei nas cidades invisíveis de Calvino. Mesmo assim, continuo devedora de séculos de literatura que não li. Nessa minha busca encontro gente. Muita. Gente que veio. Gente que foi. Todas permanecem em mim escritas e na minha escrita se presente-ficam. Caminhos poéticos e outros tantos não. Sou grata a Deus, por não me abandonar nos momentos dolorosos de solidão e por iluminar meus caminhos que pareciam demasiadamente obscuros. Deu-me asas. À “tia” Celeste, com quem aprendi a separar e juntar letras de tantos e infinitos jeitos, pura magia. Agradeço de coração à professora Belma, com quem ganhei intimidade com a língua portuguesa e a quem peço perdão por não ter correspondido à altura aos ensinamentos da mestra. A ela também agradeço o carinho e o zelo com que leu esta dissertação, afinando-a com a norma culta. Às professoras: Celuta e Maria Elvira, na graduação, por terem acreditado no meu potencial. Lembro também os professores da especialização: Maria Afonsina e Hélder Pinheiro, com os quais descobri as possibilidades teóricas em Literatura Infantil. Às colegas professoras da UNEB: Fátima Pires e Zoraide Portela, pelas sugestões ao projeto, e ao Edmilson Morais, ao Romar Souza e à Zélia Malheiro, pelo incentivo e pelo socorro na hora certa. Aos professores do mestrado agradeço pelas valiosas discussões acadêmicas: à Ana Clark, pelas sugestões sérias e precisas dispensadas durante o processo de qualificação; à Marli Fantini, pela apresentação das teorias sobre autobiografia; à Silvana Pessôa, pela generosidade em compartilhar seus conhecimentos e dar-me a conhecer Agustina Bessa-Luís, e à Constância Duarte, que não foi minha professora, mas me ensinou que “ciência [pode] rimar com amor”. Tantas foram as reivindicações prontamente atendidas, que preciso também agradecer às funcionárias do PÓS-LIT, principalmente à Letícia, e às da Biblioteca da Universidade Federal de Minas Gerais. Agradeço inclusive aos colegas de turma no mestrado pela permuta de conhecimentos, lembro Gerlane, com quem firmei vínculos mais estreitos de amizade. Agradeço também a Ana Maria Machado, por ser escritora de uma obra múltipla e significativa, que constitui um universo infindável de possibilidades de pesquisa. E agradeço às escritoras: Anna Cláudia, pela disponibilidade e pelo rico trabalho sobre a obra de Ana Maria, e Gláucia de Sousa pela leitura do primeiro capítulo, pelas críticas e sugestões preciosas. À UFMG, por propiciar um curso de excelência, o que muito contribuiu para a minha formação, e à Universidade do Estado da Bahia, ao Departamento do Campus VI e ao Colegiado, instituição à qual sou vinculada, pela concessão da licença. Aos membros da Banca Examinadora, pelas sugestões, valiosas contribuições que enriqueceram esta dissertação. Para um agradecimento especial ao professor Marcus Vinícius, pela orientação confiante e segura, por compreender as minhas inseguranças, limitações e por permitir que eu fosse a autora deste discurso, tomo emprestado à escritora Cora Coralina o pensamento: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina !” Peço desculpas à minha família, incluindo nela as amigas Rita e Vera, pelas ausências, o mau humor e o distanciamento. Aos meus filhos, Homero, Felipe e Gabriel, grandes amigos, agradeço pelo carinho, pelo amor e pela “torcida”. Ao José Homero, companheiro de todas as horas, meu lastro desde 1982, pela compreensão e segurança, imprescindíveis a esta conquista. São tantos os merecedores de serem lembrados e reconhecidos... Devo agradecer a todos que foram fios que me ajudaram a construir a teia deste discurso, sem a qual eu não seria. Discurso que pertence a teóricos, escritores, pesquisadores que me precederam e educadores que deixaram marcas indeléveis na minha formação. A todos os que acreditaram que este trabalho seria possível e que estiveram ao meu lado durante todo esse tempo, mesmo que seus nomes não tenham sido mencionados, o meu reconhecimento e carinho. Desculpas aos conhecidos e desconhecidos que suportaram minhas crises de quase histeria. Um agradecimento final ao leitor, sem o qual esta dissertação não teria razão de existir. A gratidão de quem recebe um benefício é sempre menor que o prazer daquele que o faz. Machado de Assis (1872) Quando era criança Quando era criança Vivi, sem saber, Só para hoje ter Aquela lembrança. É hoje que sinto Aquilo que fui. Minha vida flui, Feita do que minto. Mas nesta prisão, Livro único, leio O sorriso alheio De quem fui então.1 Fernando Pessoa (uma das paixões de Ana) Mais difícil do que escrever ficção é, certamente, escrever sobre a realidade. Mais difícil do que inventar é, na certa, lembrar,juntar, relacionar, interpretar-se. Explicar-se é mais difícil do que ser. E escrever é sempre um ato de existência. Quando se escreve conta-se o que se é. Parece que se inventa, mas não: vive-se. Parece que se cria mas, na realidade, aproveita-se. A história como que está pronta dentro da gente. É como a pedra bruta da qual o escultor tira os excessos. O que sobra é a obra. No espírito, no fundo, no íntimo, a história espreita. Ela existe antes que o escritor suspeite. A história é mais real do que qualquer explicação. A realidade do que sou está mais no que escrevo do que nas racionalizações que eu possa fazer.2 Ruth Rocha (irmã do coração) 1 Poema ortônimo, escrito por Fernando Pessoa em 2 de Outubro de 1933. 2 Ruth Rocha. In: BASTOS, 1995, p.47. RESUMO A publicação, em 1929, de A menina do narizinho arrebitado, de Monteiro Lobato, foi o marco da revolução na literatura infantil brasileira, consolidado por uma literatura criativa e distanciada dos objetivos meramente pragmáticos. Na década de 1970, após um período de estagnação, com o boom da literatura infantil brasileira, uma nova tendência começou a ser delineada. Nesse novo quadro, despontam grandes escritores, dentre eles, Ana Maria Machado, um dos expoentes por criar uma literatura de linguagem extremamente cuidadosa. Ana conseguiu conciliar o que, em princípio, parecia se opor: o emprego de uma linguagem comunicativa que se nega ao hermetismo e o apelo a imagens poéticas que buscam o prazer estético, procurando tornar o texto acessível ao pequeno leitor e interessante ao adulto. Esta pesquisa teve por objetivo o estudo da memória na obra de Ana Maria com ênfase na novela Do outro mundo, produção infanto-juvenil, pelo intercurso do narrador, procurando articular a memória das experiências vividas pela autora e a (re)construção, pela escrita, das sensações/impressões do vivido, atualizadas pelo sujeito que narra; plano em que se interpenetram o autor e o narrador. Ana Maria torna possível o diálogo entre o que poderia ter sido, resgatado pela memória e interpretado pelo sujeito que escreve, e o que é (re)construído pelo narrador que no presente relata. Procurei focar a não linearidade da trama, cujos enlaces espaço/temporais se abrem à multiplicidade, articulando passado (memória da infância), presente (re-criado) e futuro (imaginado), em arranjos que caminham pela sobreposição de planos narrativos. Nesse percurso em que o pretérito é (re)criado no presente narrativo, via autor que o atualiza na voz do narrador, procurei sustentação na teoria sobre o escritor criativo de Sigmund Freud (1908), na teoria sobre o fictício e o imaginário de Wolfgang Iser (1976- 1979), na teoria da narrativa de Oscar Tacca (1978) e na teoria e história sobre a literatura infantil e juvenil de Nelly Novaes Coelho(1983-2000), que foram de grande valia para esta pesquisa. Não tive a pretensão de esgotar a reflexão sobre experiência vivida e ficção na obra de Ana Maria, pelo contrário, tive a expectativa de compor uma base teórica que pudesse contribuir para futuros estudos sobre o texto literário destinado às crianças, propiciar elementos que possibilitassem o cotejo literário com outros campos de conhecimento e ratificar a importância de Ana Maria Machado para a literatura brasileira. Palavras-chaves: Literatura Infantil. Ana Maria Machado. Narrador. Memória. Imaginação. ABSTRACT The publication, in 1929, “The girl with the turned up nose” (A menina do narizinho arrebitado) of Monteiro Lobato was the main point for the revolution in Brazilian Children’s literature. It was consolidated by a creative writing free from purely pragmatic purposes. In the 1970s, after a period of stagnation, with the boom in Brazilian Children’s literature, a trend began to be delineated. In this new scenario, great writers appeared. Among them, there is Ana Maria Machado, one of the exponents to create a literature of language extremely careful. Machado was able to reconcile what at first seemed to oppose: the use of a communicative language that refuses the hermetic writing aspects and the appeal to the poetic images aimed to aesthetic pleasure, trying to make the text accessible to children and interesting to adults. This research has as objective the study of memory in the work of Ana Maria Machado with emphasis on the tale “The other World” (Do outro mundo), a children and youth production where the narrator, by the conversation, tries to articulate the memory of the author’s lived experiences and the (re)construction, through the writing, of sensations / impressions of what was lived, updated by the person who narrates; a tale where the author and narrator are intertwined. Ana Maria Machado makes possible the dialogue between what could have been remembered by the memory and judged by the subject who writes, and what is (re)constructed by the narrator that reports. I tried to focus on the nonlinearity of the plot whose timeline links open themselves to the diversity, articulating past (childhood memory), present (recalled childhood thoughts) and future (imagined pictures) in arrangements that approach narrative plans. Along the way in which the past is (re)created in the present time in the narrative via the narrator's voice and updated by the author, I based my writing on the theory about the creative writer of Sigmund Freud (1908), on the theory about the fictional and the imaginary of Wolfgang Iser (1976-1979), on Oscar Tacca’s theory of narrative (1978) and on the theory and history about children and youth literature of Nelly Novaes Coelho (1983-2000) which were very important to this research. I did not have the pretension to exhausting the reflection of lived experiences and fiction in the work of Ana Maria Machado. On the contrary, I expected to make a theoretical basis that could contribute to future studies of literary texts for children, providing information that would enable to collate data between literature and other fields of knowledge and to confirm the importance of Ana Maria Machado in the Brazilian literature. Keywords: Children’s literature. Ana Maria Machado. Narrator. Memory. Imagination.

Description:
Dedico. Aos meus alunos da vida inteira, por serem motivo para o meu crescimento, e à minha mãe,. Lázara Bernardes (in memoriam), que me ensinou a ler o mundo e com ele me encantar.
See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.