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os estudiosos pentecostais norte-americanos e os dilemas da carreira acadêmica PDF

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Preview os estudiosos pentecostais norte-americanos e os dilemas da carreira acadêmica

DOI: http://dx.doi.org/10.23925/1677-1222.2017vol17i2a10 SUBSÍDIOS Em busca de legitimidade: os estudiosos pentecostais norte-americanos e os dilemas da carreira acadêmica* Jonathan W. Olson** Resumo: No tempo presente, os estudiosos pentecostais estªo come(cid:231)ando dar notÆveis contribui(cid:231)ıes para os campos mais amplos da Teologia, Hist(cid:243)ria da Igreja e estudos b(cid:237)blicos. Embora muitos desses estudiosos ainda permane(cid:231)am na periferia da academia americana, eles formam a espinha dorsal de uma subcultura intelectual florescente. Este artigo utiliza os mØtodos quantitativo e qualitativo para reunir dados sobre algumas das vozes mais formativas dessa subcultura. Argumenta-se que muitos desses indiv(cid:237)duos parecem ocupar um espa(cid:231)o intersticial repleto de apreensªo e incerteza, onde cada um deve negociar como buscar maior legitimidade no bojo da comunidade acadŒmica sem, de alguma forma, perder parte da sua identidade pentecostal. O artigo conclui refletindo sobre o que o soci(cid:243)logo Peter Berger denominou como estruturas de plausibilidade - um quadro te(cid:243)rico que possa conduzir a alguns insights sobre o futuro da comunidade acadŒmica pentecostal nos Estados Unidos e alhures. Palavras-chave: Pentecostalismo, Estudiosos, Intelectualismo, Estat(cid:237)stica, Estrutura de plausibilidade. Abstract: Pentecostal scholars today are beginning to make noticeable contributions to the wider fields of theology, church history, and biblical studies. Although many of these scholars still remain on the periphery of America(cid:146)s academy, they form the backbone of a burgeoning intellectual subculture. This article utilizes both quantitative and qualitative methods to gather data on some of this subculture(cid:146)s more formative voices. It argues that many of these individuals seem to occupy an interstitial space rife with apprehension and uncertainty, where each must negotiate how to pursue greater legitimacy in the larger academic community without somehow forfeiting a part of their Pentecostal identity. The article concludes by reflecting on what sociologist Peter Berger labeled plausibility structures (cid:150) a theoretical framework that might led some insight into the future of the Pentecostal scholarly community in the United States and beyond. Keywords: Pentecostalism, Scholars, Intellectualism, Statistics, Plausibility Structure. * Texto publicado originalmente como The Quest for Legitimacy: American Pentecostal Scholars and the Quandaries of Academic Pursuit, na Intermountain West Journal of Religious Studies, v. 4, n. 1, pp. 93-115, Utah, 2013. Traduzido por Marcelo Lopes (Doutorando e Mestre em CiŒncia da Religiªo (cid:150) UFJF), com a permissªo do autor, Jonathan W. Olson, e da editora da revista, Christine Elyse Blythe. ** Jonathan W. Olson Ø doutor em Filosofia pela Florida State University, mestre em Estudos de Religiªo pela Missouri State University e bacharel em Teologia pela Evangel University. E-mail: [email protected] REVER · Ano 17 · N” 2 · mai/ago 2017 180 Jonathan W. Olson Introdu(cid:231)ªo: o conhecimento pentecostal americano a partir de uma perspectiva hist(cid:243)rica Imediatamente ap(cid:243)s o reavivamento de 1906 da Rua Azusa, os santos pentecos- tais de todo o pa(cid:237)s come(cid:231)aram a elaborar (formal e informalmente) certas opiniıes teol(cid:243)gicas e ideol(cid:243)gicas que os situou (tanto intencionalmente quanto inadvertida- mente) no que muitos entenderam como sendo (cid:224) margem da comunidade acadŒmica profissional da AmØrica. Os primeiros pentecostais anteciparam o iminente retorno de Cristo e, ao fazŒ-lo, investiram pouco nos assuntos do mundo, incluindo a reforma pol(cid:237)tica e seguran(cid:231)a econ(cid:244)mica. A educa(cid:231)ªo tambØm caiu no esquecimento. AlØm de uma sØrie de escolas b(cid:237)blicas, cujo œnico prop(cid:243)sito era instruir jovens pentecostais nas formas de evangeliza(cid:231)ªo, de missıes e planta(cid:231)ªo de igrejas, a maioria dos primeiros santos viram inst(cid:226)ncias mais formais do ensino superior (por exemplo, o clÆssico de forma(cid:231)ªo das Humanidades) como um desperd(cid:237)cio de tempo precioso, na melhor das hip(cid:243)teses, e prejudicial (cid:224) vitalidade espiritual, na pior delas. Embutida em tal filosofia nªo estava apenas uma expectativa apocal(cid:237)ptica, mas tambØm uma forte suspeita da pr(cid:243)pria mente como um espa(cid:231)o facilmente ocupado por for(cid:231)as diab(cid:243)licas; a mente era fraca, carnal e suscet(cid:237)vel (cid:224)s ciladas do diabo. Assim, dar demasiada aten(cid:231)ªo a um desenvolvimento intelectual atravØs da aquisi(cid:231)ªo de conhecimentos humanos foi, para muitos dos primeiros pentecostais, uma perspectiva perigosa que amea(cid:231)ava ou pelo menos distraia o cultivo de um maior fortalecimento espiritual, que muitos consideravam ser, ao mesmo tempo, uma alternativa mais segura e mais valiosa. O historiador Robert Mapes Anderson (1979) argumenta que a classe tambØm foi um fator significativo, pois vÆrios foram v(cid:237)timas de extrema pobreza. Casos, por exemplo, de Smith Wigglesworth e Frank Bartleman, ambos descritos por suas fam(cid:237)lias como muito pobres. Anderson destaca que um outro l(cid:237)der pentecostal, de nome J. H. King, (cid:147)lembrou de sua inf(cid:226)ncia como uma situa(cid:231)ªo constante de luta e priva(cid:231)ªo(cid:148). Seu pai, um fazendeiro inquilino (cid:147)sem educa(cid:231)ªo, sem dinheiro, sem casa e sem cavalo, (cid:145)migrou frequentemente ao redor do sertªo da Carolina do Sul(cid:146), arrastando a mulher e os onze filhos de uma pequena cabana de um œnico quarto para outro(cid:148) (Anderson, 1979, p. 100). Nªo s(cid:243) o relato pessoal de King invoca um profundo sentimento de priva(cid:231)ªo, como tambØm revela um cenÆrio agrÆrio pobre no qual muitos dos primeiros l(cid:237)deres pentecostais nasceram. A maioria foi criada em fazendas modestas, onde o trabalho duro e rendimentos diminutos eram comuns. Essa avalia(cid:231)ªo funesta da situa(cid:231)ªo econ(cid:244)mica pentecostal inicial nªo ficou, certamente, sem seus detratores. O historiador Grant Wacker (2001), em seu livro REVER · Ano 17 · N” 2 · mai/ago 2017 Em busca de legitimidade 181 Heaven Below, argumenta que ela era muito mais diversificada do que Anderson sugere. Ele afirma que os integrantes do movimento nªo estavam empobrecidos, mas, ao invØs disso, (cid:147)representavam uma amostra da popula(cid:231)ªo norte-americana(cid:148) (Wacker, 2001, p. 199). Apenas uma minoria era, na verdade, membro da classe mais baixa. A maioria, por outro lado, se assemelhava (cid:224) classe mØdia de trabalhadores americanos, com exce(cid:231)ªo de um pequeno grupo afluente de convertidos. No entanto, nas primeiras dØcadas do sØculo XX, especialmente durante os anos da Grande Depressªo, no que se refere (cid:224) mØdia nacional, a seguran(cid:231)a financeira nªo estava, necessariamente, garantida. De fato, muitos dos primeiros pentecostais, embora de classe mØdia, sofreram sob a pressªo das mÆs condi(cid:231)ıes econ(cid:244)micas. Ainda que a teoria de Wacker estivesse correta, certamente podemos assumir que a grande maioria dos primeiros pentecostais era qualquer coisa, menos abastada. Sob tais restri(cid:231)ıes financeiras, poucos tiveram tempo ou recursos para buscar o tipo de aprendizagem formal que satisfizesse as defini(cid:231)ıes normativas de uma forma(cid:231)ªo acadŒmica. Contudo, mudan(cid:231)as come(cid:231)aram a ocorrer no final de 1940. A partir das cinzas da Segunda Guerra Mundial, seguiu-se um forte per(cid:237)odo de crescimento econ(cid:244)mico nos Estados Unidos que afetou a sociedade como um todo, e os pentecostais nªo foram exce(cid:231)ªo. Durante esse per(cid:237)odo, eles experimentaram uma significativa ascensªo social, que os posicionou firmemente nas fileiras de uma classe mØdia em expansªo, cada vez mais profissionalizada. AlØm disso, por volta de meados do sØculo, muitos pentecostais tinham se desencantado com ideias de um retorno iminente de Cristo e, portanto, come(cid:231)aram a investir mais profundamente em sua existŒncia terrena. Para alguns, isso incluiu o desenvolvimento do intelecto, jÆ nªo mais visto como um impedimento ao seu fortalecimento espiritual; ao contrÆrio, o intelecto foi interpretado por muitos como uma ferramenta œtil para promover a causa do Reino de Deus. Com a promulga(cid:231)ªo da Lei do Reajuste de Militares em 1944 (mais comumente conhecida como (cid:147)G. I. Bill(cid:148)), muitos jovens pentecostais come(cid:231)aram a ponderar mais seriamente a op(cid:231)ªo e os benef(cid:237)cios de uma educa(cid:231)ªo universitÆria. Para atender (cid:224) demanda, algumas denomina(cid:231)ıes pentecostais se mobilizaram, como, por exemplo, a Assembleia de Deus, que estabeleceu sua primeira escola de humanidades em 1955, conhecida como Evangel College. Outras denomina(cid:231)ıes seguiram, quer seja estabelecendo institui(cid:231)ıes de humanidades, quer seja aumentando as ofertas dos graus ou o rigor acadŒmico como um todo das faculdades b(cid:237)blicas existentes. Associada ao crescimento do ensino superior, a Society for Pentecostal Studies (Sociedade para Estudos Pentecostais) foi formada em 1970 e REVER · Ano 17 · N” 2 · mai/ago 2017 182 Jonathan W. Olson continua a servir como organiza(cid:231)ªo acadŒmica de vanguarda. Em meados daquela dØcada, a base de uma subcultura acadŒmica pentecostal americana estava praticamente estabelecida. Com base nos avan(cid:231)os de gera(cid:231)ıes anteriores, parece que os estudiosos pentecos- tais de hoje estªo come(cid:231)ando a dar contribui(cid:231)ıes notÆveis para os campos mais amplos da Teologia, da Hist(cid:243)ria da Igreja e dos Estudos B(cid:237)blicos. Embora muitos desses estudiosos ainda permane(cid:231)am na periferia do que muitos considerariam a torre de marfim da AmØrica, eles formam a espinha dorsal de um movimento que passa por um surto de crescimento intelectual vis(cid:237)vel. Num esfor(cid:231)o para identificar os atores intelectuais mais relevantes do movimento, uma pesquisa de reputa(cid:231)ªo foi enviada para 140 estudiosos pentecostais de todo o pa(cid:237)s, seguidas de entrevistas aprofundadas com os treze nomes que apareceram com maior frequŒncia. O que veio (cid:224) tona a partir desses dados quantitativos e qualitativos foi o retrato de uma subcultura cujos participantes parecem estar sendo levados a ocupar um espa(cid:231)o intersticial repleto de apreensªo e incerteza, em que cada um deve negociar como buscar maior legitimidade na comunidade acadŒmica sem, de alguma forma, perder parte de sua identidade pentecostal. No entanto, alØm dessas disputas internas existe algo praticamente inØdito nesta pesquisa, qual seja, com a crescente confian(cid:231)a e um forte senso de otimismo para o futuro dos eruditos pentecostais americanos, ou, conforme sugeriu o soci(cid:243)logo Peter Berger: Ø o in(cid:237)cio de uma nova estrutura de plausibilidade, em que o r(cid:243)tulo de estudioso pentecostal pode existir como uma categoria viÆvel e veross(cid:237)mil. Explora(cid:231)ıes quantitativas: pesquisa de reputa(cid:231)ªo No in(cid:237)cio de 2007, 140 estudiosos pentecostais de todo o pa(cid:237)s receberam um breve questionÆrio1. O questionÆrio foi dividido em cinco partes. A primeira parte pedia aos entrevistados para listar trŒs dos estudiosos pentecostais mais conhecidos. A segunda parte pedia aos entrevistados para listar trŒs dos estudiosos pentecostais de 1 Esses estudiosos foram escolhidos para participar da pesquisa de reputa(cid:231)ªo pelo fato de pertencerem (cid:224) Ærea de Estudos B(cid:237)blicos, Teologia ou departamentos de Religiªo em suas respectivas institui(cid:231)ıes. Uma vez que sªo as disciplinas nas quais os pentecostais estªo causando o maior impacto na academia, ou seja, Estudos B(cid:237)blicos, Teologia e Hist(cid:243)ria da Igreja, dentro destes departamentos esses estudiosos parecem estar em posi(cid:231)ªo de nos fornecer os dados mais informativos. Se tivØssemos pesquisado pentecostais nos campos das CiŒncias Naturais, dos Neg(cid:243)cios, da Medicina ou atØ mesmo das CiŒncias Sociais, haveria pouqu(cid:237)ssima liga(cid:231)ªo entre as suas respostas. Seus campos escolhidos sªo muito diferentes. AlØm disso, a maioria dos pentecostais nesses campos certamente teria pouco conhecimento da erudi(cid:231)ªo pentecostal nas Humanidades e, portanto, nªo teria sido capaz de nos fornecer quaisquer dados a serem aproveitados. REVER · Ano 17 · N” 2 · mai/ago 2017 Em busca de legitimidade 183 ponta, e a terceira parte pedia-lhes para listar trŒs dos mais influentes. A quarta parte pedia aos entrevistados para listar trŒs estudiosos pentecostais que mais tinham lido e a quinta parte, que listassem trŒs estudiosos cristªos nªo pentecostais que mais tinham lido (apenas destinatÆrios que classificaram sua cren(cid:231)a religiosa pessoal como Pentecostal foram convidados a responder a parte cinco). Embora pretendŒssemos encontrar nas cinco partes da pesquisa perspectivas œnicas, houve alguma sobreposi- (cid:231)ªo entre as questıes, como apontado por alguns entrevistados que acharam dif(cid:237)cil distinguir entre as trŒs primeiras categorias (mais conhecidos, os de ponta e os mais influentes). Isto, no entanto, nªo foi necessariamente um problema, porque todas as cinco partes do questionÆrio tiveram, em termos de signific(cid:226)ncia, correspondŒncia. O principal objetivo da pesquisa de reputa(cid:231)ªo era gerar uma lista dos principais estudiosos pentecostais americanos atravØs da sondagem de indiv(cid:237)duos que estariam em condi(cid:231)ıes de fornecer os dados mais informativos acerca dos pr(cid:243)prios estudiosos pentecostais. Especificamente, 140 estudiosos receberam a pesquisa, 51 (36%) responderam, e dos 51 que responderam, 45 (32%) forneceram dados. Isso significa que 6 (4%) pessoas responderam, mas resolveram, pelas mais variadas razıes, nªo completar toda a pesquisa. Assim, a classifica(cid:231)ªo foi produzida a partir dos dados fornecidos pelos 45 que responderam, senªo todo, pelo menos a maior parte do questionÆrio. A tabela 1 ilustra os resultados iniciais. Tabela 1. Os quinze principais estudiosos pentecostais americanos. Com base no nœmero e percentagem de entrevistados. Nœmero de entrevista- Percentual de entrevista- Nome dos dos Amos Yong 34 75% Mel Robeck 27 60% Frank Macchia 24 53% Vinson Synan 22 48% Gordon Fee 21 46% Chris Thomas 12 26% Grant Wacker 12 26% Steven Land 12 26% Veli-Matti Karkkainen 9 20% Gary McGee 9 20% Stanley Burgess 6 13% Craig Keener 6 13% Cheryl Bridges-Johns 6 13% James K. A. Smith 6 13% REVER · Ano 17 · N” 2 · mai/ago 2017 184 Jonathan W. Olson Embora a classifica(cid:231)ªo preliminar na Tabela 1 seja œtil, nªo Ø necessariamente a representa(cid:231)ªo mais precisa. Por exemplo, um estudioso que foi mencionado uma vez por vÆrias pessoas pode realmente ter menos nomea(cid:231)ıes do que um estudioso que foi mencionado vÆrias vezes por menos pessoas. Assim, foi mais preciso determinar a classifica(cid:231)ªo com base no nœmero total de nomea(cid:231)ıes, como a Tabela 2 demonstra. Tabela 1. Os quinze principais estudiosos pentecostais americanos. Com base no nœmero total de indica(cid:231)ıes. Nœmero de Nome indica(cid:231)ıes Amos Yong 61 Mel Robeck 53 Frank Macchia 47 Gordon Fee 43 Vinson Synan 36 Chris Thomas 20 Grant Wacker 19 Steven Land 18 Veli-Matti Karkkainen 16 Gary McGee 12 Stanley Burgess 11 Miroslav Volf 11 Craisg Keener 10 Cheryl Bridges-Johns 8 James K. A. Smith 7 Stanley Horton 7 Rick Moore 5 Os resultados das consultas individuais foram tªo reveladores quanto o pr(cid:243)prio ranking geral. Quando instados a listar os trŒs estudiosos pentecostais mais conhecidos nos EUA, 22 (48%), indicaram o historiador chamado Vinson Synan, 20 (44%) mencionaram o historiador Mel Robeck, e 19 (42%) entrevistados listaram o estudioso do Novo Testamento Gordon Fee. Estes trŒs estudiosos tŒm duas caracter(cid:237)sticas em comum: idade e influŒncia. Devido (cid:224) sua longevidade (cid:151) todos os trŒs estªo nos seus sessenta, setenta ou oitenta anos (cid:151) eles tiveram um impacto vis(cid:237)vel sobre a trajet(cid:243)ria do conhecimento pentecostal americano e tŒm ajudado formar essa crescente subcultura de forma original e din(cid:226)mica. Por exemplo, REVER · Ano 17 · N” 2 · mai/ago 2017 Em busca de legitimidade 185 tanto Vinson Synan quanto Mel Robeck estava entre os primeiros historiadores pentecostais que pesquisaram os prim(cid:243)rdios do movimento com um n(cid:237)vel de objetividade respeitado por membros de boa parte da comunidade acadŒmica por sua abordagem inovadora e, em alguns casos, por suas conclusıes controversas. AlØm de ser um escritor prol(cid:237)fico, Gordon Fee tambØm causou impacto atravØs de seu sucesso na condu(cid:231)ªo de estudos b(cid:237)blicos pentecostais para alØm dos limites do movimento, permitindo-lhe participar de conversas acadŒmicas mais amplas. Apesar de bem conhecidos, Synan, Robeck, e Fee nªo sªo necessariamente consi- derados os detentores do pensamento mais avan(cid:231)ado. Quando perguntados sobre quem eles viam como os mais de vanguarda em suas respectivas disciplinas, 32 entrevistados (71%) citaram o te(cid:243)logo Amos Yong, seguido pelo te(cid:243)logo Frank Macchia com 15 indica(cid:231)ıes (33%), e te(cid:243)logo finlandŒs-estadunidense Veli-Matti Karkainen e o fil(cid:243)sofo/te(cid:243)logo James K. A. Smith fecharam com 6 indica(cid:231)ıes cada um (13%). O que distingue esses estudiosos Ø a sua vontade e, atØ mesmo a determina(cid:231)ªo, de transcender os paradigmas teol(cid:243)gicos e hist(cid:243)ricos habituais que, por dØcadas, tŒm dominado o conhecimento pentecostal. Abordagens pneumatol(cid:243)- gicas din(cid:226)micas e o diÆlogo ecumŒnico ou mesmo interreligioso caracterizam grande parte de sua pesquisa2. No caso do te(cid:243)logo sistemÆtico Amos Yong (que recebeu mais indica(cid:231)ıes nessa categoria do que os outros trŒs combinados), envolvido no diÆlogo pentecostal-budista, os estudos sobre Pneumatologia e ciŒncia, e atØ mesmo pesquisas sobre a rela(cid:231)ªo entre Teologia e deficiŒncia f(cid:237)sica estªo entre as marcas de sua pesquisa como de vanguarda. Simplificando, a capacidade de Young e alguns de seus colegas pesquisadores em ampliar os limites dos estudos pentecostais alØm da maioria dos pesquisadores pentecostais como um todo, lhes confere certo respeito dentro da comunidade acadŒmica pentecostal. Em certa medida, eles atØ mesmo sintetizam o surgimento desse movimento acadŒmico. Como uma combina(cid:231)ªo das duas primeiras questıes, a terceira questªo da pesquisa pedia aos entrevistados para listar, segundo sua (cid:243)tica, os trŒs principais acadŒmicos pentecostais mais influentes. Nªo foi de surpreender que as listas geradas pelos entrevistados correspondessem com aquelas jÆ feitas anteriormente. Dos trŒs primeiros, Mel Robeck ficou em primeiro lugar, com 17 indica(cid:231)ıes (38%), Gordon 2 Pneumatologia Ø uma Ærea de investiga(cid:231)ªo teol(cid:243)gica amplamente definida como o estudo de Deus na forma do Esp(cid:237)rito Santo. Quando aplicada a temas fora do (cid:226)mbito dos estudos teol(cid:243)gicos, a pneumatologia torna-se uma metodologia pr(cid:243)pria que diferencia o conhecimento pentecostal. Para alguns exemplos concretos sobre a aplica(cid:231)ªo da abordagem pneumatol(cid:243)gica, consulte Amos Yong, Para alØm do impasse: rumo a uma teologia pneumatol(cid:243)gica das religiıes (Grand Rapids, Mich.: Baker, 2003) e Rumo a uma tipologia do (cid:145)Esp(cid:237)rito(cid:146) no diÆlogo entre a religiªo e a ciŒncia, A espiral global, 26 de outubro de 2004, http://www.metanexus.net/Magazine/ArticleDetail/tabid/ 68/id/9140/Default.asp (acessado em 10 abr. 08; link descontinuado). REVER · Ano 17 · N” 2 · mai/ago 2017 186 Jonathan W. Olson Fee ficou em segundo lugar, com 15 indica(cid:231)ıes (34%), e em terceiro lugar Frank Macchia, com 13 indica(cid:231)ıes (34%). Do mesmo modo, tanto o erudito de vanguarda Amos Yong como o estudioso bastante conhecido Vinson Synan vieram em quarto e quinto lugar, respectivamente. Da mesma forma, a quarta questªo pedia aos entrevistados para listar os trŒs principais estudiosos pentecostais cujo trabalho eles mais leram. Com base nas respostas jÆ dadas (cid:224)s trŒs perguntas anteriores, os nomes mencionados nesta quarta questªo tambØm nªo foram totalmente surpreendentes. Com 12 indica(cid:231)ıes (27%), Amos Yong ficou em primeiro lugar, seguido por Mel Robeck, com 11 indica(cid:231)ıes (25%). Em terceiro lugar, houve um empate entre Gordon Fee e Chris Thomas, ambos com 10 indica(cid:231)ıes cada um (22%). A quinta e œltima pergunta sobre a pesquisa de reputa(cid:231)ªo pedia aos entrevistados para listar trŒs estudiosos cristªos nªo pentecostais que eles mais leem. Esta questªo em particular, se destinou a sondar a rede de estudos pentecostais alØm dos limites do pr(cid:243)prio movimento, ou em outras palavras, para determinar quais estudiosos fora do Pentecostalismo estavam/estªo influenciando o conhecimento pentecostal. O primeiro lugar, com 7 indica(cid:231)ıes (17%) ficou com N. T. Wright. O segundo lugar foi um empate entre Clark Pinnock e Mark Noll, com 4 indica(cid:231)ıes cada (10%), e no terceiro lugar houve um empate triplo entre Grant Wacker, Alister McGrath e Harvey Cox, com 3 indica(cid:231)ıes cada (7%). O denominador comum entre esses estudiosos Ø que eles sªo todos, com exce(cid:231)ªo de Cox, de cren(cid:231)a evangØlica. Isso demonstra que muitos estudiosos pentecostais valorizam e respeitam o trabalho de estudiosos evangØlicos. Isso tambØm sugere que muitos estudiosos pentecostais nªo estªo olhando para alØm do conhecimento do Protestantismo conservador. Pode ser o caso de que eles estejam satisfeitos com a literatura evangØlica ou estejam simplesmente insatisfeitos com a linha mestra do conhecimento protestante, cat(cid:243)lico, ou da academia laica como um todo. Independentemente das razıes espec(cid:237)ficas, parece que muitos dos acadŒmicos pentecostais atuais estªo escolhendo estudar os conhecimentos produzidos por seu parente evangØlico ao invØs dos conhecimentos gerados por aqueles que estªo fora da tradi(cid:231)ªo protestante conservadora. Consequentemente, essa informa(cid:231)ªo demonstra nas caracter(cid:237)sticas do conhecimento pentecostal americano um tema dominante (entre outros) a ser explorado nas entrevistas subsequentes. REVER · Ano 17 · N” 2 · mai/ago 2017 Em busca de legitimidade 187 Explora(cid:231)ıes qualitativas: entrevistas pessoais As consultas sobre a pesquisa de reputa(cid:231)ªo, embora perspicazes, forneceram apenas dados limitados. A composi(cid:231)ªo de uma descri(cid:231)ªo substanciosa da subcultura acadŒmica pentecostal americana exigiu o uso de mØtodos mais qualitativos. Usando o sistema de classifica(cid:231)ªo da pesquisa, as entrevistas pessoais foram realizadas com alguns dos mais importantes estudiosos pentecostais da na(cid:231)ªo. Foi dupla a finalidade de cada entrevista, quais sejam: recolher informa(cid:231)ıes sobre cada acadŒmico, isto Ø, a sua educa(cid:231)ªo, a jornada acadŒmica e situa(cid:231)ªo atual; e obter a perspectiva de cada estudioso sobre o estado do conhecimento pentecostal em geral. As entrevistas come(cid:231)aram com algumas informa(cid:231)ıes preliminares dos participantes, como nome completo, t(cid:237)tulo do trabalho e idade. Embora a faixa etÆria entre o acadŒmico mais jovem e o mais antigo tenha sido bastante significativa, a maioria estava em seus quarenta, cinquenta ou sessenta anos, com uma idade mØdia de 54 anos. No que diz respeito (cid:224) questªo da filia(cid:231)ªo disciplinar, cinco eram te(cid:243)logos ou fil(cid:243)sofos, quatro eram estudiosos b(cid:237)blicos, quatro eram historiadores da Igreja e trŒs estavam fortemente envolvidos em estudos ecumŒnicos. Outro denominador comum entre esses treze estudiosos foi de que todos eles ensinavam em institui(cid:231)ıes protestantes conservadoras, variando de faculdades das Humanidades a seminÆrios teol(cid:243)gicos, com exce(cid:231)ªo do historiador Grant Wacker, que atualmente leciona na hist(cid:243)rica Faculdade Metodista da Universidade Duke. Mesmo que virtualmente todos ensinem em institui(cid:231)ıes protestantes conservadoras, apenas metade dos estudiosos entrevistados (sete dos treze) ensinaram em escolas de cunho pentecos- tal/carismÆtico, como a Universidade Regent, SeminÆrio Teol(cid:243)gico da Igreja de Deus, Universidade Vanguard e o SeminÆrio Teol(cid:243)gico das Assembleias de Deus. A outra metade estava ligada a institui(cid:231)ıes que estªo acolhendo os pentecostais e cristªos carismÆticos, mas nªo sªo abertamente afiliadas com essa tradi(cid:231)ªo. Essas escolas consistem em lugares como SeminÆrio Teol(cid:243)gico Fuller, SeminÆrio Teol(cid:243)gico Palmer, Universidade Azusa do Pacifico e a Faculdade Calvin. Essa informa(cid:231)ªo sumÆria (como suas preferŒncias de leitura) indica que a comunidade acadŒmica pentecostal, embora crescente, Ø ainda bastante localizada. Nesse quesito, houve concenso entre a maioria dos treze estudiosos. (cid:147)As limita(cid:231)ıes [do conhecimento pentecostal americano], predominantemente, sªo o seu paroquialismo e medo de envolver-se no mundo acadŒmico externo(cid:148) (Wacker, 2007), afirmou Grant Wacker (2007). E ele continuou: REVER · Ano 17 · N” 2 · mai/ago 2017 188 Jonathan W. Olson Acho isso muito, muito triste e eu nªo vejo isso mudando muito rapidamente. Pen- so que estÆ mudando, mas muito lentamente. HÆ ainda uma escassez de pentecos- tais no TAA ou na Sociedade Americana de Hist(cid:243)ria. Os pentecostais se retiraram para o seu pr(cid:243)prio pequeno santuÆrio, a Sociedade de Estudos Pentecostais. Esta come(cid:231)ou como uma sociedade acadŒmica e, penso eu, tornou-se, ao invØs disso, um refœgio seguro para as pessoas que muitas vezes nªo tŒm coragem de entrar no mundo acadŒmico mais amplo. Essas sªo palavras fortes, contudo eu os apoio. Isso me toca profundamente e fico bastante angustiado por eles. Mas percebo que a ti- midez dos pentecostais Ø indesculpÆvel, pois nªo hÆ razªo alguma para ser t(cid:237)mido (Wacker, 2007). Wacker nªo estÆ s(cid:243) em suas convic(cid:231)ıes. James K. A. Smith, professor de Filoso- fia no Calvin College, criticou o conhecimento pentecostal por ser (cid:147)sectÆrio, tribalista, [e] territorialista(cid:148) (Smith, 2007), enquanto outros sugeriram que ele Ø limitado em termos de disciplina acadŒmica. Frank Macchia, Professor de Teologia na Vanguard University, argumentou que os Estudos B(cid:237)blicos e a prÆtica ministerial permanecem as œnicas Æreas apropriadas para se investir energias intelectuais em muitos c(cid:237)rculos pentecostais. O te(cid:243)logo Veli-Matti K(cid:228)rkk(cid:228)inen nªo poderia estar mais alinhado quanto a essa reivindica(cid:231)ªo, de que hÆ uma propensªo dentro da erudi(cid:231)ªo do movimento em dire(cid:231)ªo a Estudos B(cid:237)blicos e que hÆ uma inerente carŒncia de trabalhos mais conceituais ou te(cid:243)ricos (Karkkainen, 2007). Para alguns, essas limita(cid:231)ıes tŒm produzido certas tensıes internas que tŒm, por sua vez, diminu(cid:237)do a velocidade do avan(cid:231)o do conhecimento pentecostal em geral. Gary McGee, professor de Hist(cid:243)ria da Igreja e de Estudos Pentecostais no SeminÆrio Teol(cid:243)gico das AssemblØias de Deus, sugeriu que a luta sobre as origens do movimento pentecostal tem sido um obstÆculo, enquanto James K. A. Smith argumentou que hÆ muitas disputas sobre questıes banais. (cid:147)N(cid:243)s temos muita bagagem(cid:148), observou ele. (cid:147)Viemos dessas institui(cid:231)ıes beligerantes e nossas conferŒn- cias ainda estªo em [pequenas faculdades]. Acho que (cid:224)s vezes por causa disso, ainda hÆ uma quantidade razoÆvel de estranhos combates que acontecem no conhecimento pentecostal, portanto, ao gastarmos energia com isso, nªo temos energia para expandir(cid:148) (Smith, 2007). Tensıes externas sªo igualmente preocupantes. Durante as entrevistas, ternas mem(cid:243)rias de antigas experiŒncias pentecostais foram ofuscadas, na ocasiªo, por mem(cid:243)rias igualmente indelØveis de desaprova(cid:231)ªo dos pais. Para a maior parte dos treze estudiosos, seus pais eram membros da classe mØdia baixa. Eles eram mØdio- burgueses que, apesar de nªo ter uma educa(cid:231)ªo formal, trabalharam duro para suprir suas fam(cid:237)lias de suas necessidades cotidianas. Para ilustrar, Gary McGee comentou que seu pai tinha sido um empreiteiro da constru(cid:231)ªo civil que, em termos de REVER · Ano 17 · N” 2 · mai/ago 2017

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