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Os Austríacos em Lourenço Marques PDF

374 Pages·2000·14.681 MB·Portuguese
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9s AustrLACOS em Lonrenço M, AIQUES Alexandre Lobato Arquivo Histórico de Moçambique Os AustriACOS em Lonrenço Marques Alexandre Lobato Introdução de Gerhard Liesegang Estudos 16 Arquivo Histórico de Moçambique Agosto de 2000 Título: Os Austríacos em Lourenço Marques Autor: Alexandre Lobato Editor: Arquivo Histórico de Moçambique Registo: 01786/RLINLD/2000 Impressão: Imprensa da Universidade Eduardo Mondlane Maputo, Agosto de 2000 Índice Introdução Capítulo I: Guilherme Bolts, homem de acção /. Lourenço Marques e a época sa O homem segundo os portugueses EA O homem nos seus actos Capítulo II: Rio Mafumo, 17777 4. Os tratados formais A terra, a gente e a sua vida. A política local As relações humanas e o estado da civilização Política e administração Bolts na Índia mNO% SN avegação, negócio, custos e preços Capítulo III: Forte de Santa Maria, 17778 101 70. A vida quotidiana 101 11. Os grandes planos do director geral 124 12. O governo e administração do residente 148 13. Viagens, carregações e negócios 168 14. Primeiras reacções portuguesas contra a ocupação de Lourenço Mar- 188 ques, o protesto de Goa e o aviso de Moçambique 15. O primeiro relatório chegado a Viena 194 Capítulo IV: Forte de Santa Maria, 1779 207 76. A vida quotidiana 207 17. As directivas de Bolts e os negócios da Índia 216 18. A administração de Pollet em Delagoa 223 19. Informações relativas ao negócio em 1779 238 20. Reacções portuguesas: as instruções da Metrópole e uma experiência de 245 Moçambique Capítulo V: Inhaca, 1780 21. Notícias de Delagoa 22. Notícias de Bolts e do seu agente em Bombaim 23. Os negócios da companhia em Delagoa 24. Insistências da metrópole e medidas de Goa Capítulo VI: Lourenço Marques, 1781 25. A política de Manuaring em Delagoa e o massacre dos austríacos na Catembe 26. A última carregação da Companhia Imperial 27. A expedição de Goa e as instruções do capitão- general da Índia 28. A expedição de Goa em Lourenço Marques 29. O regresso da expedição e as primeiras reacções austríacas 50. A expedição em Goa Capítulo VII: Goa — Lisboa — Viena, 1782 357 31. EmGoa 32. EmLeishoa 33. Em Viena Introdução Pretendo, com esta introdução, apresentar Alexandre Lobato, o autor desta monografia sobre a Companhia Austríaca, caracterizar a presente obra e seus antecedentes, referir outras linhas de investigação sobre o te- ma, esboçar alguns contextos locais e internacionais e, finalmente, trazer alguns dados sobre a pessoa do protagonista principal, Guilherme Bolts. A monografia que se segue abre uma janela para a compreensão da ac- tividade estrangeira em Moçambique no século XVIII, e da contribuição portuguesa na formação do território moçambicano actual, e traz-nos também informações sobre os estados africanos da época. 1. O Autor Alexandre Lobato foi sem dúvida o mais notável dos historiadores luso- moçambicanos que se formaram e participaram nas estruturas de inves- tigação e ensino do império colonial português, entre 1935 e 1974. Nas- ceu em Lourenço Marques (hoje Maputo), em 9 de Fevereiro de 1915, e faleceu em Lisboa, em 16 de Fevereiro de 1985. Oriundo de uma família de recursos modestos, frequentou o liceu em Lourenço Marques e, em 1933, foi estudar direito para Coimbra com uma bolsa de estudos.! In- terrompeu o curso no terceiro ano para transitar para o curso de histó- ria. Entre 1938 e 1946 serviu como oficial miliciano em Portugal, Mo- çambique e Índia, aproveitando parte do tempo passado em Moçam- bique, mais propriamente na velha Ilha, para se dedicar à investigação. Em 1949 concluiu o curso universitário. A sua dissertação foi publicada nesse mesmo ano com o título “História do Presídio de Lourenço Mar- ques I: 1782-1786”. Juntou-se assim a Caetano Montez, primeiro direc- tor do Arquivo Histórico de Moçambique, na celebração da fundação do Presídio de Lourenço Marques. O segundo volume, que leva a história até 1799, foi publicado em 1960. Constitui, na sua terceira parte, uma história administrativa de Moçambique e da sua economia em finais do século XVIII. Entre 1954 e 1960, Alexandre Lobato esteve envolvido em trabalhos que lhe permitiram ver e utilizar a documentação sobre Moçambique do século XVI2 e de meados e finais do século XVIII, assim como aprofun- !Na escola secundária dependeu da Assistência Pública, instituição à qual de- dicou um dos seus primeiros trabalhos. Agradeço a João Paulo Borges Coelho o convite para escrever esta introdução. Agradeço igualmente as informações de Antônio Sopa, José Capela, Manuel Lobato, R. Baldwin do National Maritime Museum de Greeenwich, e Andrew S. Cook da British Library (Oriental and India Office Collections). 2Lobato deve ter participado ou beneficiado da recolha de documentos micro- filmados para os primeiros volumes da série “Documentos sobre os Portugueses em Moçambique e na África Central”, editados em português com tradução in- glesa, mas as notas biográficas não esclarecem este assunto. dar os seus conhecimentos sobre a história da Índia Portuguesa e de Lourenço Marques no século XIX. Esses trabalhos resultaram em várias publicações de vulto sobre duas fases da fundação de Moçambique como unidade administrativa e político-económica: os primórdios da presença portuguesa, no período entre 1500 e 1530, e a autonomização administrativa em relação à India, em 1752. Lobato estudou igualmente episódios da história de Lourenço Marques na primeira parte do século XIX, e preparou várias pequenas publicações. Os primeiros dois trabalhos de Lobato, sobre Lourenço Marques e a Nha de Moçambique, foram publicados no Moçambique, Documentário Tri- mestral e no Boletim da Sociedade de Estudos de Moçambique, possivelmente com o apoio de Caetano Montez. Para os trabalhos posteriores contou já com apoios do Ministério do Ultramar, em Lisboa. Entre 1968 e 1977, Lobato trabalhou em Moçambique, ligado ao ensi- no da História na Universidade de Lourenço Marques. Foi director do Arquivo Histórico de Moçambique entre 1970 e 1977. Envolveu-se tam- bém activamente na Comissão de Monumentos e Relíquias Históricas, que organizava a proclamação dos monumentos históricos e culturais e zelava pela sua preservação. Em 1977 Lobato partiu para Lisboa, onde durante alguns anos conti- nuaria envolvido em actividades de docência. Segundo antigos alunos seus e um colega, nos conturbados anos de 1974-76 Lobato considerava-se um historiador português em Moçambi- que. Mas há já nos seus trabalhos da década de sessenta sobre a ex- pansão portuguesa em Moçambique nas primeiras décadas do século XVI, algumas formulações que deixam claro que considerava a conquis- ta como uma imposição violenta que abria espaço ao direito à resistência e à defesa locais. Testemunhos relatam que anteriormente, em 1973, em momento de crise, Lobato se afirmara “medularmente português” e, em anos posteriores, “tanto português como moçambicano”.! Pensamos que esta última formulação, melhor que todas descreve a sua maneira de estar. Parece-me que Lobato deixou Moçambique sem acalentar grandes ressentimentos. Entre 1938 e a sua morte, Alexandre Lobato teve em Adélia Lobato para além de companheira uma colaboradora na actividade de investi- gação.é Um dos seus filhos, Manuel Lobato, tornou-se também um his- toriador notável. 3Sobre este assunto, falei com Aurélio Rocha, Carlos Serra, Inês Nogueira da Costa e António Rita-Ferreira. Com a excepção de Carlos Serra, todos deixaram algum testemunho escrito. *Mendes 1990: 25; Moreira 1990: 30. Ver ainda Lobato 1990: 24, e o cap. 1, onde salienta a sua identidade portuguesa. 5Cf., também, Mendes 1990: 27. “Baseio-me principalmente nos trabalhos de António Sopa (“Alexandre Loba- to: Notícia bio-bibliográfica (1915-1985)), Adélia Lobato (“Um homem feliz porque não era ambicioso de bens materiais”), Orlando Mendes (“Sou medular- O manuscrito que aqui se publica é um dos dois grandes manuscritos inéditos do autor. O outro é o segundo volume da obra Lourenço Mar- ques; Xilunguíne: biografia da cidade que, com o material iconográfico, pare- ce ter sido perdido na editora ou impressora.” 2. A Presente Obra A maior parte dos documentos utilizados neste estudo havia já sido lo- calizada pelo autor no curso da investigação sobre a fundação do pre- sídio, em 1945-7.8 O trabalho tem sete capítulos divididos em sub-capítulos numerados de 1 a 33. Lobato começou possivelmente a escrevê-lo depois de 1967, incorporando no capítulo introdutório partes de textos e formulações já publicadas anteriormente.!º Na biblioteca do Arquivo Histórico de Mo- cambique existia em 1977-80 uma fotocópia encadernada do processo organizado na India, principal documento utilizado, com anotações fei- tas por Lobato. E possível que ele se tenha baseado nesta cópia quando retocou o texto, em Portugal. Certos capítulos devem ter sido escritos por volta de 1970-71. Penso que alguns dos sub-capítulos, e talvez mes- mo alguns capítulos, foram transferidos de outros lugares para O sítio ac- tual pouco antes da conclusão do trabalho. Isso explicaria porque é que, por exemplo, num parágrafo se refere ao plano de introdução de escra- vos de Inhambane numa colónia agrícola ou plantação como assunto já descrito anteriormente, enquanto que, na realidade, tal plano só é deta- lhado posteriormente.!! De certa forma este trabalho é típico da maneira como Lobato inves- tigava e estruturava os seus textos. Dispensa geralmente a revisão da lite- ratura sobre o período e o tema, assim como as justificações sobre a organização do trabalho. Segundo o seu antigo aluno e amigo José Mo- reira, Lobato insistiu demasiado na visão jurídica e legal da História sem — intransigente — abdicar do velho estilo literário.!? Prefere também uma narração cronológica, repetitiva em certos pontos devido à grande ex- tensão do texto, que narra acontecimentos entre 1777 e 1782. Alguns dos títulos dos capítulos indicam apenas elementos novos na narração, mente português— a fismou arrebatado”), e Inês Nogueira da Costa (“Um professor exigente mas muitíssimo justo”), em Boletim Informativo dos Serviços Culhurais da Embaixada de Portugal, Maputo, Inverno de 1990. 7Informação oral de António Sopa, Agosto de 2000. Lobato 1948. Agradeço a Manuel Lobato esta observação. Opinião de Adélia Lobato transmitida por Manuel Lobato. Um exemplo é a afirmação, já publicada em 1961 e aqui retomada, de que nunca teria existido comércio de escravos em Lourenço Marques. Afirmação aliás criticada por dois ou três historiadores na base da existência de uma expor- tação substancial de escravos entre 1825 e 1831. HPossivelmente existem versões diferentes do manuscrito. Penso ter visto, na década de noventa, uma versão diferente do texto que aqui se publica. Moreira 1990: 29. como por exemplo os capítulos III e IV (respectivamente Forte de Santa Maria, 1778 e Forte de Santa Maria 1779), estruturados da mesma manei- ra, e que não tratam só do estabelecimento mas também de muitos ou- tros assuntos. Lobato escolheu um estilo de narração que encontramos nas novelas e que obriga o leitor a tirar as suas próprias ilações e a inter- relacionar os assuntos. Procura abordar as ações no contexto cultural e social daquele tempo. Daqui bastou apenas um pequeno passo para ex- plorar explicitamente, nos seus últimos anos de actividade, a história das mentalidades;!ê a acção histórica era, portanto, vista dentro do padrão cultural vigente na época.!! É também neste contexto que Lobato evita emitir juízos de valor com base nos actuais sistemas de valores. Tenta apontar erros técnicos nos planos de colonização e procurava entender o comportamento humano nas estruturas de poder, por exemplo quan- do refere a impossibilidade de manutenção de segredos de estado em Moçambique. Se exceptuarmos talvez o Capítulo 1, o trabalho que aqui se apresenta liberta-se um pouco da história patriótica portuguesa, da discussão de feitos e figuras nacionais portuguesas, na medida em que os seus actores principais locais, Bolts e Pollet, não são portugueses. O primeiro era ex- funcionário da companhia britânica das Índias Orientais e empresário flamengo-austríaco, enquanto que o segundo descendia talvez de pro- testantes franceses refugiados, era natural de Danzig (antiga cidade-livre, hoje Gdansk, na Polónia) e tinha familiares em Lisboa. O contexto africano local é tratado com bastante atenção. Embora não seja amplamente investigado à luz de referências históricas anterio- res e posteriores sobre os estados e povos locais (o que teria permitido compreender melhor a situação), Lobato permite-nos entender de algu- ma maneira a estrutura do poder real, por exemplo quando aponta algu- mas lutas pelo poder entre Tembe e Matola. O facto de neste estudo a defesa da soberania portuguesa (tanto como factor na origem do território moçambicano colonial como do actual)!5 ter um lugar importante, esconde a perspectiva do empreendimento de Bolts como paradigma de um processo de colonização (cf. Sub-capítulo 7). E os processos de colonização, com as suas várias facetas, foram uma das linhas temáticas mestras na obra de Lobato, que aparece tam- bém aqui, na introdução. Por isso, e por estar ligada à história de Lou- renço Marques e da baía de Maputo, esta obra permanece no âmbito dos trabalhos de Lobato mas está muito mais enquadrada no meio africano do que os seus primeiros trabalhos. Moreira 1990: 30. Moreira 1990. O contexto cultural surge numa obra de edição póstuma (Lo- bato 1987) onde a conquista de Ceuta é descrita como parte de um rito de inicia- ção cuidadosamente preparado. 5Ver a interpretação feita por Lobato em 1975, Notícias, 7 de Maio de 1975; cf. Rita-Ferreira 1994: 108.

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